(UFU - 2017 - 1ª FASE)
Em uma situação hipotética da saída dos homens do estado de natureza, o pacto social, firmado por um grupo de indivíduos, implica a renúncia ao direito individual absoluto, o qual será transferido para um soberano encarregado de promover a paz, e que merecerá desse grupo a obediência total – salvo na situação em que esse soberano se tornar impotente para a manutenção da paz e da prosperidade.
Essas afirmações estão contidas no pensamento político de um filósofo contratualista moderno. Assinale a alternativa que nomeia o filósofo em questão.
Jean-Jacques Rousseau
Jean Bodin
John Locke
Thomas Hobbes
Gabarito:
Thomas Hobbes
d) Correta. Thomas Hobbes
Hobbes possui uma visão negativa do estado do ser humano. O estado de natureza, para o autor, é concebido a partir do egoísmo, sendo o ser humano mau por natureza; o homem é o lobo do homem. Por isso, são todos, no estado de natureza, inimigos uns dos outros, sem a possibilidade de qualquer associação ou sociedade, o que gera, constantemente, insegurança, angústia e medo quanto à própria vida e sobrevivência.
A vida social só é possível a partir poder de um comum para punir o mal, que garanta a ordem social. A instituição do estado civil ocorre com a abdicação de seus direitos naturais em favor do soberano, cujo poder é ilimitado e irrevogável; esse movimento ocorre pela lei natural da razão, por meio da qual o homem esforça-se pela paz, abdicando-se de seu direito natural, sob a condição de que os outros também façam o mesmo. Porém, sem um poder comum que mantenha a todos em respeito, esse contrato pode ser facilmente rompido.
Dessa forma, Hobbes fundamenta o absolutismo não com base numa justificação divina, pela autoridade de Deus, como eram os poderes monárquicos anteriores, mas com base numa investigação mecanicista da realidade, na política.
a) Incorreta. Jean-Jacques Rousseau
A partir do mito do bom selvagem, Rousseau constitui a natureza do homem como essencialmente boa, considerando-a em um contexto de isolamento na natureza e no meio ambiente, lugares ideais onde ele pode desenvolver o amor de si mesmo e a piedade. Logo, o filósofo possui uma visão negativa da sociedade, no sentido de que, ao entender o ser humano como essencialmente bom, a sua corrupção ocorre, justamente, na sociedade, nas suas relações sociais. A noção de sociedade surgiu no momento em que um terreno foi cercado e homem teve o sentimento de posse e apropriação de espaço. Uma maneira de vida em conjunto foi forçadamente estabelecida e os homens criaram a percepção dessas relações à medida que interagiam com seu contexto e suas necessidades. Por isso, Rosseau considerava que o interesse de um povo concentrado nas mãos de um único governate se tornaria um interesse privado e não social. Dessa forma, seria necessário cada um colocar sua pessoa e potência sob a direção suprema da vontade geral. Isso se fixa no contrato social, que não deve ser corrompido em nenhuma hipótese (reside aqui a soberania do povo).
b) Incorreta. Jean Bodin
Jean Bodin foi um teórico e jurista francês que forneceu bases para o absolutismo a partir da teoria do Direito Divino dos Reis.
c) Incorreta. John Locke
O homem natural de Locke, apesar de ser naturalmente racional, não era invariavelmente “bom”. Isso quer dizer que o egoísmo, a vingança e o ímpeto pela destruição ainda fariam parte da constituição humana. Assim, o estado de guerra ainda era uma ameaça ao homem natural de Locke. A única saída era a concepção de um contrato social em que todos aceitariam submeter-se à regência de um Estado maior. Por isso, constitui-se aí uma relativa paz que implica na necessidade do contrato. Logo, o Estado é fundado para garantir a segurança e os direitos individuais por meio das leis, cuja função, se não cumprida, não teria razão de existir. O indivíduo, por não ser radicalmente egoísta, tem capacidade de estabelecer um pacto comum com os outros em direção a uma sociedade justa, na qual os males eventuais, isto é, que firam a segurança, a vida, a liberdade e a propriedade privada, podem ser punidos pelo poder público.
(UFU/MG)
Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.
Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.
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(UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.
“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.
A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)
(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”
Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.
Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.
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(Ufu 2016) O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.
O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.
Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.
Só afrouxa a rédea depois do gozo.
Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.
BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82
Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina
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(UFU - 2016 - 1ª FASE)
DIONISOS DENDRITES
Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas
Ramos nascem de seu peito
Pés percutem a pedra enegrecida
Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.
Acorre o vento ao círculo demente
O vinho espuma nas taças incendiadas.
Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços
Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas
E o vaticínio do tumulto à Noite –
Chegada do inverno aos lares
Fim de guerra em campos estrangeiros.
As bocas mordem colos e flancos desnudados:
À sombra mergulham faces convulsivas
Corpos se avizinham à vida fria dos valados
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.
Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos
Mergulham no vórtice da festa consagrada.
E quando o Sol o ingênuo olhar acende
Um secreto murmúrio ata num só feixe
O louro trigo nascido das encostas.
SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.
Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso
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