(UNICAMP - 2017 - 1ª FASE)
No conto “Amor”, de Clarice Lispector, após ver um cego mascando chicletes, a personagem passa por uma situação que, segundo o narrador, ela própria chama de “crise”:
“O que chamava de crise viera afinal. E sua marca era o prazer intenso com que olhava agora as coisas, sofrendo espantada. O calor se tornara mais abafado, tudo tinha ganho uma força e vozes mais altas.”
Clarice Lispector, Laços de Família. Rio de Janeiro: Rocco, 2009, p.23.
Essa crise, que transforma a relação da personagem com o mundo e com a família,
nasce do colapso da vontade de viver da personagem, em razão do doloroso prazer com que passou a ver as coisas.
revela o conflito vivido pela personagem entre o tipo de vida que havia escolhido e as coisas que passou a desejar.
constitui, para a personagem, uma alteração no modo de vida que antes a fazia sofrer e do qual agora havia se libertado.
remete à excitação da personagem por ter conseguido harmonizar sua antiga vida com os novos desejos e sensações.
Gabarito:
revela o conflito vivido pela personagem entre o tipo de vida que havia escolhido e as coisas que passou a desejar.
Comentário: a alternativa B "revela o conflito vivido pela personagem entre o tipo de vida que havia escolhido e as coisas que passou a desejar." é considerada como afirmativa correta.A personagem presente no conto “Amor” está atrelada à vida de uma mulher aprisionada às tarefas domésticas e ao zelo perante aos filhos e ao marido Entretanto, a protagonista, no bonde, passa por uma situação epifânica, instauradora da crise existencial da própria personagem, ao ver um homem cego na rua mascando chicletes.As demais alternativas(B,C,D) não estão consideradas coerentes com a ideia central do texto e com o enunciado da questão.
Resolução:
Alternativas
a) nasce do colapso da vontade de viver da personagem, em razão do doloroso prazer com que passou a ver as coisas.Comentário: alternativa incorreta. Há um epifania por parte da personagem a qual passou a enxergar de outra maneira as coisas mais simples presentes em sua vida.
b) revela o conflito vivido pela personagem entre o tipo de vida que havia escolhido e as coisas que passou a desejar. Comentário: alternativa correta.A personagem presente no conto “Amor” está atrelada à vida rotineira de mantenedora das tarefas domésticas e do cuidado da família. Entretanto, a protagonista, no bonde, passa por uma epifania, ou seja, um sentimento que expressa uma súbita sensação de entendimento ou compreensão da essência de algo, instauradora da sua crise existencial, ao ver um homem cego mascando chicletes.
c) constitui, para a personagem, uma alteração no modo de vida que antes a fazia sofrer e do qual agora havia se libertado.Comentário: alternativa incorreta. A revelação existencial, simbolizada pela observação da personagem diante de um cego mascando chicletes na rua não a leva para uma atitude emancipadora frente à sua rotina
d) remete à excitação da personagem por ter conseguido harmonizar sua antiga vida com os novos desejos e sensações.Comentário: alternativa incorreta. Há um questionamento de sua vida doméstica e tradicional e aspira por um panorama existencial que nunca viveu.
(Unicamp 2016)
Em sua versão benigna, a valorização da malandragem corresponde ao elogio da criatividade adaptativa e da predominância da especificidade das circunstâncias e das relações pessoais sobre a frieza reducionista e generalizante da lei. Em sua versão maximalista e maligna, porém, a valorização da malandragem equivale à negação dos princípios elementares de justiça, como a igualdade perante a lei, e ao descrédito das instituições democráticas.
(Adaptado de Luiz Eduardo Soares, Uma interpretação do Brasil para contextualizar a violência, em C. A. Messeder Pereira, Linguagens da violência. Rio de Janeiro: Rocco, 2000, p. 23-46.)
Considerando as posições expressas no texto em relação à valorização da malandragem, é correto afirmar que:
Ver questão
(UNICAMP - 2016 - 1ª fase)
É possível fazer educação de qualidade sem escola
É possível fazer educação embaixo de um pé de manga? Não só é, como já acontece em 20 cidades brasileiras e em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique.
Decepcionado com o processo de “ensinagem”, o antropólogo Tião Rocha pediu demissão do cargo de professor da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) e criou em 1984 o CPCD (Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento).
Curvelo, no Sertão mineiro, foi o laboratório da “escola” que abandonou mesa, cadeira, lousa e giz, fez das ruas a sala de aula e envolveu crianças e familiares na pedagogia da roda. “A roda é um lugar da ação e da reflexão, do ouvir e do aprender com o outro. Todos são educadores, porque estão preocupados com a aprendizagem. É uma construção coletiva”, explica.
O educador diz que a roda constrói consensos. “Porque todo processo eletivo é um processo de exclusão, e tudo que exclui não é educativo. Uma escola que seleciona não educa, porque excluiu alguns. A melhor pedagogia é aquela que leva todos os meninos a aprenderem. E todos podem aprender, só que cada um no seu ritmo, não podemos uniformizar.”
Nesses 30 anos, o educador foi engrossando seu dicionário de terminologias educacionais, todas calcadas no saber popular: surgiu a pedagogia do abraço, a pedagogia do brinquedo, a pedagogia do sabão e até oficinas de cafuné. Esta última foi provocada depois que um garoto perguntou: “Tião, como faço para conquistar uma moleca?” Foi a deixa para ele colocar questões de sexualidade na roda.
Para resolver a falência da educação, Tião inventou uma UTI educacional, em que “mães cuidadoras” fazem “biscoito escrevido” e “folia do livro” biblioteca em forma de festa) para ajudar na alfabetização. E ainda colocou em uso termos como “empodimento”, após várias vezes ser questionado pelas comunidades: “Pode [fazer tal coisa], Tião?” Seguida da resposta certeira: “Pode, pode tudo”.
Aos 66 anos, Tião diz estar convicto de que a escola do futuro não existirá e que ela será substituída por espaços de aprendizagem com todas as erramentas possíveis e necessárias para os estudantes aprenderem.
"Educação se faz com bons educadores, e o modelo escolar arcaico aprisiona e há décadas dá sinais de falência. Não precisamos de sala, recisamos de gente. Não precisamos de prédio, precisamos de espaços de aprendizado. Não precisamos de livros, precisamos ter todos os nstrumentos possíveis que levem o menino a aprender.”
Sem pressa, seguindo a Carta da Terra e citando Ariano Suassuna para dizer que “terceira idade é para fruta: verde, madura e podre”, Tião diz se entir “privilegiado” de viver o que já viveu e acreditar na utopia de não haver mais nenhuma criança analfabeta no Brasil. “Isso não é uma política e governo, nem de terceiro setor, é uma questão ética”, pontua.
(Qsocial, 09/12/2014. Disponível em http://www.cpcd.org.br/portfolio/e_possivel_fazer_educacao_de_qualidade_100_escola/.)
A partir da identificação de várias expressões nominais ao longo do texto, é correto afirmar que:
Ver questão
(Unicamp 2016)
Em relação ao trecho “E ainda colocou em uso termos como ‘empodimento’, após várias vezes ser questionado pelas comunidades: ‘Pode [fazer tal coisa], Tião?’ Seguida da resposta certeira: ‘Pode, pode tudo’”, é correto afirmar
Ver questão
(Unicamp 2015)
Dados numéricos e recursos linguísticos colaboram para a construção dos sentidos de um texto.
Leia os títulos de notícias a seguir sobre as vendas do comércio no último Dia dos Pais.
Venda para o Dia dos Pais cresceu 2% em relação ao ano passado.
Adaptado de O Diário Online, 15/08/2014. Disponível em http://www.odiarioonline.com.br/noticia/26953/. Acessado em 20/08/2014.
Só 4 em cada 10 brasileiros compraram presentes no Dia dos Pais.
Época São Paulo, 17/08/2014. Disponível em http://epoca.globo.com/regional/sp/Consumo. Acessado em 20/08/2014.
Podemos afirmar que:
Ver questão