(UFU - 2018 - 1a FASE)
TEXTO I
Nada mais lindo que um açude sangrando [...]. Não há como não se arrupiar todinho diante de tal fenômeno. Levo essa ideia da chuva para onde for, só a chuva nos importa [...]. A chuva é meu gol, minha Copa do Mundo, Deus gozando a glória, meu amor.
SÁ, Xico. Chove no sertão e não tem nada mais bonito. El País, 24 fev. 2018.
Disponível em: <https://goo.gl/D2k4eA>. Acesso em: 27 abr. 2018
TEXTO II
Oh! Deus,
Perdoe esse pobre coitado,
Que de joelhos rezou um bocado,
Pedindo pra chuva cair,
Cair sem parar.
GORDURINHA; NELINHO. Súplica cearense. In: O RAPPA. 7 vezes. Álbum, 2008.
Considere as seguintes afirmações.
I. Em ambos os textos, a palavra Deus é um elemento do predicado.
II. No texto I, a palavra Deus integra o predicativo do sujeito.
III. No texto II, a palavra Deus exerce a mesma função sintática que a expressão “meu amor”, presente no texto I.
IV. Em ambos os textos, a palavra Deus constitui um termo acessório da oração.
São corretas as afirmações apresentadas em
I e II
II e III.
I e III.
III e IV.
Gabarito:
II e III.
[B]
I. FALSO. Por ser um vocativo, a palavra "Deus", no texto II, é um termo isolado, ou seja, não pertence nem ao sujeito nem ao predicado. No texto I, ainda que seja sujeito do verbo "gozar", aparece no predicado nominal, como predicativo do sujeito "chuva" ("a chuva é [...] Deus gozando a glória");
II. VERDADEIRO. A palavra "Deus", no texto I, é parte do predicativo do sujeito "chuva", em uma oração com predicado nominal (mediado pelo verbo "ser", de ligação) e três predicativos: "a chuva é meu gol, minha Copa do Mundo, Deus gozando a glória, meu amor";
III. VERDADEIRO. Nos dois casos, as palavras atuam como vocativos, ou seja, partículas utilizadas na oração como forma de chamamento de um terceiro, ao qual se dirige diretamente. Essa função é isolada por vírgulas, presentes nos dois casos;
IV. FALSO. O predicativo do sujeito não é um termo acessório da oração. Portanto, no texto I, "Deus" integra uma expressão cujo valor é integrante. No texto II, o vocativo é, sim, classificado como acessório.
(UFU/MG)
Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.
Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.
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(UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.
“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.
A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)
(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”
Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.
Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.
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(Ufu 2016) O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.
O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.
Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.
Só afrouxa a rédea depois do gozo.
Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.
BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82
Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina
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(UFU - 2016 - 1ª FASE)
DIONISOS DENDRITES
Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas
Ramos nascem de seu peito
Pés percutem a pedra enegrecida
Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.
Acorre o vento ao círculo demente
O vinho espuma nas taças incendiadas.
Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços
Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas
E o vaticínio do tumulto à Noite –
Chegada do inverno aos lares
Fim de guerra em campos estrangeiros.
As bocas mordem colos e flancos desnudados:
À sombra mergulham faces convulsivas
Corpos se avizinham à vida fria dos valados
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.
Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos
Mergulham no vórtice da festa consagrada.
E quando o Sol o ingênuo olhar acende
Um secreto murmúrio ata num só feixe
O louro trigo nascido das encostas.
SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.
Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso
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