Questão 53068

(UFU - 2018 - 2ª FASE)

ORIENTAÇÃO GERAL

Leia com atenção todas as instruções.

A) Você encontrará três situações para fazer sua redação. Leia as situações propostas até o fim e escolha a proposta com a qual você tenha maior afinidade.
B) Após a escolha de um dos gêneros, assinale a opção no alto da Folha de Resposta e, ao redigir seu texto, obedeça às normas do gênero.
C) Se for o caso, dê um título para sua redação. Esse título deverá deixar claro o aspecto da situação escolhida que você pretende abordar.
D) Se a estrutura do gênero selecionado exigir assinatura, escreva no lugar da assinatura: JOSÉ ou JOSEFA.
E) Em hipótese alguma, escreva seu nome, pseudônimo, apelido, etc. na folha de prova.
F) Utilize trechos dos textos motivadores, parafraseando-os.
G) Não copie trechos dos textos motivadores, ao fazer sua redação.

 

SITUAÇÃO A

Leia o texto abaixo.

Num café em Nova York, tentando se reerguer da ressaca do brunch, um homem e uma mulher de meia idade discutiam quem tinha antepassados há mais tempo em solo americano, listando parentes distantes na lista de bordo dos primeiros barcos europeus a atracar por essas terras centenas de anos atrás.

"Minha família começou com a colônia da Virgínia", dizia Robert Slaughter, dono de um antiquário, lembrando o lugar onde viveram John Smith e a índia Pocahontas. "Sou aquilo que pareço, um europeu ocidental, com um pouco de escandinavo e uma pitada de espanhol no meio."

Ele e a nova amiga, como milhões de americanos em tempos de nacionalismo exacerbado, tinham na ponta da língua um resumo cristalino de suas árvores genealógicas.

Não é que tenham se tornado especialistas no assunto da noite para o dia, mas a febre em torno de testes caseiros de DNA que inundam o mercado no país mais rico do mundo criou uma enorme legião de nerds geneticistas amadores.

Em comerciais na TV, empresas como 23andMe, Ancestry e MyHeritage não cansam de contar as histórias de descoberta de seus clientes, um mais caricato do que o outro, do rapaz que descobriu ser mais escocês que alemão e trocou os suspensórios por um kilt à mulher que passou a usar cocares quando soube de um antepassado indígena.

"Há uma onda de pessoas querendo aprender mais sobre o seu passado", diz Rafi Mendelsohn, porta-voz da MyHeritage, empresa com 80 milhões de usuários no mundo, a maioria deles nos Estados Unidos, e 3 bilhões de árvores genealógicas já arquivadas em seu sistema online.

Todas essas plataformas, que cobram em média R$ 300 pelo teste de DNA, operam da mesma forma. Quem quiser saber detalhes de sua composição genética cospe num tubinho de ensaio, embrulha num saco plástico e manda pelo correio ao laboratório - o resultado chega em semanas. [...]

Emma Krenstler, uma jovem branca que cresceu ouvindo falar de seus antepassados alemães e italianos, também ficou chocada quando viu traços do norte da África e do Oriente Médio nos resultados do teste de DNA que ela fez.

"Isso abriu meus olhos para muitas outras possibilidades. Pensei que tudo que eu sabia até agora sobre mim mesma podia ser uma mentira", diz Krenstler. "Fiquei tão surpresa que passei a cavar mais fundo agora. Meus pais, meus tios e avós também estão todos fazendo esse mesmo exame."

Enquanto ela descobriu origens insuspeitadas, o estudante de urbanismo Mikhi Woods teve certeza daquilo que já pensava sobre a sua composição étnica. Mesmo de olhos puxados, que despertavam perguntas de seus amigos sobre parentes orientais, ele dizia não ter dúvidas sobre as suas raízes africanas.

“Descobri que faço parte de alguma coisa e que tenho um passado", ele conta. "Sou mais confiante em relação a tudo agora porque isso reforçou minha identidade como um homem negro.

"Woods, Krenstler e Wederfoort estudam juntos na Universidade West Chester, na Pensilvânia. Eles todos, curiosos com suas origens étnicas, fizeram testes de DNA como voluntários num projeto acadêmico que tenta avaliar o impacto do conhecimento da própria genética sobre a construção de uma identidade social.

"Fiquei chocada quando vi tantos alunos formando filas para fazer os testes", conta Anita Foeman, a professora à frente do estudo. "Mas o fato é que a proliferação desses exames está gerando novas discussões sobre raça e cultura. Muita gente mudou toda a narrativa sobre suas origens."

Faz mais de uma década que Foeman começou esse levantamento, mas o número de voluntários e o volume de dados arquivados vêm batendo recordes nos últimos anos. [...]

"Há um desejo cada vez maior de saber mais sobre as nossas origens. Esses testes viraram uma extensão do selfie", diz a professora. "As pessoas querem novas maneiras de se enxergar, querem brincar mais com a identidade."

Mas também querem atacar. Em tempos de supremacias dos brancos, violência policial contra negros e discursos de ódio cada vez mais explícitos, pesquisas sobre etnia acabaram virando uma ferramenta política, dando origem ao que ativistas chamam de genealogia da resistência.

Irritada com os ataques a imigrantes que ouvia de comentaristas e políticos ultraconservadores nos canais de notícias na televisão, a jornalista Jennifer Mendelsohn passou a pesquisar as árvores genealógicas dessas personalidades para mostrar que as famílias de muitas delas também vieram de outro lugar para tentar fazer a América. [...]

"Se pessoas soubessem mais sobre a história da imigração neste país, haveria mais compaixão", diz a jornalista. Ela completa: "Esses testes de DNA e as árvores genealógicas, às vezes, revelam que as pessoas não são quem pensam que são e mostram que todos estamos conectados".
MARTÍ, Silas - https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/04/avanco-do-nacionalismo-impulsiona-testes-deorigem-genetica-nos-eua.shtml Acesso em 23/04/18 (Adaptado)

Suponha-se que você esteja fazendo um curso avançado de Biologia em uma universidade e seu(sua) professor(a) esteja investigando como tema de pesquisa o impacto do conhecimento da própria genética sobre a construção de uma identidade social e que, para isso, precisa saber, inicialmente, o que as pessoas pensam sobre os testes genéticos.

Com base nessa situação, redija um texto de opinião, em que fique evidenciado a importância ou não de se fazerem testes genéticos.

 

Gabarito:

Resolução:



Questão 2399

(UFU/MG)

Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.

Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.

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Questão 2545

 (UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.

“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.

A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)

(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”

 

Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.

 

Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.

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Questão 3019

(Ufu 2016)  O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.

O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.

Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.

Só afrouxa a rédea depois do gozo.

Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.

 

BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82

 

 

Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina

 

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Questão 3021

(UFU - 2016 - 1ª FASE)

 

DIONISOS DENDRITES

Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas

Ramos nascem de seu peito

Pés percutem a pedra enegrecida

Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.

 

Acorre o vento ao círculo demente

O vinho espuma nas taças incendiadas.

Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços

Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas

E o vaticínio do tumulto à Noite –

Chegada do inverno aos lares

Fim de guerra em campos estrangeiros.

 

As bocas mordem colos e flancos desnudados:

À sombra mergulham faces convulsivas

Corpos se avizinham à vida fria dos valados

Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.

Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos

Mergulham no vórtice da festa consagrada.

 

E quando o Sol o ingênuo olhar acende

Um secreto murmúrio ata num só feixe

O louro trigo nascido das encostas.

 

SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.

 

Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso  

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