(FGV - 2019)
Leia o texto para responder à questão.
O sertanejo, assoberbado de reveses, dobra-se, afinal.
Passa, certo dia, à sua porta, a primeira turma de “retirantes”. Vê-a, assombrado, atravessar o terreiro, miseranda, desaparecendo adiante numa nuvem de poeira, na curva do caminho... No outro dia, outra. E outras. É o sertão que se esvazia.
Não resiste mais. Amatula-se num daqueles bandos, que lá se vão caminho em fora, debruando de ossadas as veredas, e lá se vai ele no êxodo penosíssimo para a costa, para as serras distantes, para quaisquer lugares onde o não mate o elemento primordial da vida.
Atinge-os. Salva-se.
Passam-se meses. Acaba-se o flagelo. Ei-lo de volta. Vence-o saudade do sertão. Remigra. E torna feliz, revigorado, cantando; esquecido de infortúnios, buscando as mesmas horas passageiras da ventura perdidiça e instável, os mesmos dias longos de transes e provações demoradas.
(Euclides da Cunha. Os Sertões)
Assinale a alternativa que atende à norma-padrão de colocação pronominal.
Vai-se o sertanejo no êxodo para a costa, para as serras distantes – esvazia-se o sertão, ainda que a saudade acompanhe o retirante.
Quando acaba-se o flagelo, é como se todos os problemas fossem esquecidos, e tudo se reestabelecesse como antes.
Por fim, o sertanejo se dobra e, depois de tantos retirantes à sua porta, rapidamente amatula-se em um daqueles bandos.
Ainda que o flagelo tenha ameaçado-o, o sertanejo volta ao sertão, movido pela saudade por estar meses longe de sua casa.
Se vê, com assombro, a primeira turma de retirantes atravessar o terreiro, e depois outras seguem-se nos dias posteriores.
Gabarito:
Vai-se o sertanejo no êxodo para a costa, para as serras distantes – esvazia-se o sertão, ainda que a saudade acompanhe o retirante.
a) CORRETA, pois quando iniciam orações os verbos os pronomes sofrem ênclise, sendo colocados após o verbo, além disso, no verbo "esvazia-se" há uma longa pausa após, então a ênclise também é utilizada.
b) INCORRETA, uma vez que "quando" é uma conjunção subordinativa, portanto o pronome deve vir antes do verbo, ou seja, ocorrer uma próclise, a frase então seria correta caso estivesse: "Quando se acaba o flagelo, é como se todos os problemas fossem esquecidos, e tudo se reestabelece como antes."
c) INCORRETA, uma vez que "rapidamente" é um advérbio, então sugere que o verbo sofra próclise, a frase correta ficaria: "Por fim, o sertanejo se dobra e, depois de tantos retirantes à sua porta, rapidamente se amatula em um daqueles bandos."
d) INCORRETA, visto que não ocorre ênclise quando o verbo está no particípio, como é o caso de "ameaçado", então a frase deveria ser: "Ainda que o flagelo tenha o ameaçado, o sertanejo volta ao sertão, movido pela saudade por estar meses longe de sua casa."
e) INCORRETA, pois não se deve iniciar uma frase com um pronome oblíquo átono, então a frase correta seria: "Vê-se, com assombro, a primeira turma de retirantes atravessar o terreiro, e depois outras seguem-se nos dias posteriores."
(FGV - 2005)
Assinale a alternativa correta a respeito da frase "Toninho não era muito caprichoso. Vestiu a camisa de trás para a frente e saiu".
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(FGV - 2008)
No plural, a frase - Imposto direto sobre o contracheque era coisa, salvo engano, inexistente. - assume a seguinte forma:
Com a sociedade de consumo nasce a figura do contribuinte. Tanto quanto a palavra consumo ou consumidor, a palavra contribuinte está sendo usada aqui numa acepção particular. No capitalismo clássico, os impostos que recaíam sobre os salários o faziam de uma forma sempre indireta. Geralmente, o Estado taxava os gêneros de primeira necessidade, encarecendo-os. Imposto direto sobre o contra-cheque era coisa, salvo engano, inexistente. Com o advento da sociedade de consumo, contudo, criaram-se as condições políticas para que o imposto de renda afetasse uma parcela significativa da classe trabalhadora. Quem pode se dar ao luxo de consumir supérfluos ou mesmo poupar, pode igualmente pagar impostos.
Fernando Haddad, Trabalho e classes sociais. Em: Tempo Social, outubro de 1997.
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(FGV - 2008)
Assinale a alternativa em que a mudança da posição do adjetivo no texto altera o sentido da frase.
ESTAMOS CRESCENDO DEMAIS?
O nosso "complexo de vira-lata" tem múltiplas facetas. Uma delas é o medo de crescer. Sempre que a economia brasileira mostra um pouco mais de vigor, ergue-se, sinistro, um coro de vozes falando em "excesso de demanda" "retorno da inflação" e pedindo medidas de contenção.
O IBGE divulgou as Contas Nacionais do segundo trimestre de 2007. Não há dúvidas de que a economia está pegando ritmo. O crescimento foi significativo, embora tenha ficado um pouco abaixo do esperado. O PIB cresceu 5,4% em relação ao segundo trimestre do ano passado. A expansão do primeiro semestre foi de 4,9% em comparação com igual período de 2006.(...)
A turma da bufunfa não pode se queixar. Entre os subsetores do setor serviços, o segmento que está "bombando" é o de intermediação financeira e seguros - crescimento de 9,6%. O Brasil continua sendo o paraíso dos bancos e das instituições financeiras.
Não obstante, os porta-vozes da bufunfa financeira, pelo menos alguns deles, parecem razoavelmente inquietos. Há razões para esse medo? É muito duvidoso. Ressalva trivial: é claro que o governo e o Banco Central nunca podem descuidar da inflação. Se eu fosse cunhar uma frase digna de um porta-voz da bufunfa, eu diria (parafraseando uma outra máxima trivializada pela repetição): "O preço da estabilidade é a eterna vigilância".
Entretanto, a estabilidade não deve se converter em estagnação. Ou seja, o que queremos é a estabilidade da moeda nacional, mas não a estabilidade dos níveis de produção e de emprego.
A aceleração do crescimento não parece trazer grande risco para o controle da inflação. Ela não tem nada de excepcional.
O Brasil está se recuperando de um longo período de crescimento econômico quase sempre medíocre, inferior à média mundial e bastante inferior ao de quase todos os principais emergentes. O Brasil apenas começou a tomar um certo impulso. Não vamos abortá-lo por medo da inflação.
(Folha de S.Paulo, 13.09.2007. Adaptado)
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