(UFU - 2020 - 1ª FASE) Em A moratória de Jorge Andrade, Joaquim, o patriarca da família, repete várias vezes a frase “Nós somos o que fomos”, ou variações dessa mesma ideia. No entanto, essa afirmação do personagem é constantemente desmentida por outras personagens ou pelas circunstâncias do enredo.
A este respeito, assinale a alternativa que analisa de forma correta mudanças que atingem a família de Joaquim, mas que ele não aceita ou não percebe.
Fazendeiro sem fazenda, Joaquim tenta manter os vestígios do passado, plantando um jardim na casa simples, porém se angustia por não poder mais sustentar a família. Para desespero dele, o cabeça da casa passa a ser o filho Marcelo, com quem sempre teve conflitos políticos e emocionais.
Atingido pela crise do café, Joaquim perde a fazenda da família, enquanto esperava ser protegido pelo governo – o que era norma até então. O patriarca não percebeu que o novo governo pretendia mudar radicalmente o país, deixando, assim, de zelar pela preservação da antiga oligarquia cafeeira.
O sobrenome da família de Joaquim nem aparece na peça, indicando a perda de status que eles sofreram. Uma opção para se manterem na elite seria o casamento de Lucília com Olímpio, contudo Joaquim mantém o orgulho e proíbe a filha de se casar com o moço, um antigo inimigo político.
Desde o início, o público sabe o destino da família, mas é aos poucos que o enredo apresenta os detalhes da derrocada. É já no 3º ato que se revela como a dor de Joaquim é ainda maior porque a fazenda foi para as mãos de estranhos, ingleses que instalaram um frigorífico moderno no local.
Gabarito:
Atingido pela crise do café, Joaquim perde a fazenda da família, enquanto esperava ser protegido pelo governo – o que era norma até então. O patriarca não percebeu que o novo governo pretendia mudar radicalmente o país, deixando, assim, de zelar pela preservação da antiga oligarquia cafeeira.
(UFU/MG)
Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.
Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.
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(UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.
“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.
A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)
(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”
Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.
Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.
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(Ufu 2016) O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.
O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.
Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.
Só afrouxa a rédea depois do gozo.
Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.
BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82
Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina
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(UFU - 2016 - 1ª FASE)
DIONISOS DENDRITES
Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas
Ramos nascem de seu peito
Pés percutem a pedra enegrecida
Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.
Acorre o vento ao círculo demente
O vinho espuma nas taças incendiadas.
Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços
Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas
E o vaticínio do tumulto à Noite –
Chegada do inverno aos lares
Fim de guerra em campos estrangeiros.
As bocas mordem colos e flancos desnudados:
À sombra mergulham faces convulsivas
Corpos se avizinham à vida fria dos valados
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.
Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos
Mergulham no vórtice da festa consagrada.
E quando o Sol o ingênuo olhar acende
Um secreto murmúrio ata num só feixe
O louro trigo nascido das encostas.
SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.
Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso
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