Questão 44129

(UNICAMP - 2020 - 1ª FASE)

O poema abaixo vem impresso na orelha do livro Psia, de Arnaldo Antunes.

Psia é feminino 
              de psiu; 
que serve para chamar a atenção
        de alguém, ou para pedir 
silêncio. 
    Eu berro as palavras
no microfone 
          da mesma maneira com que 
                   as desenho, com cuidado,
         na página. 
   Para transformá-las em coisas,
em vez de substituírem 
                                      as coisas. 
Calos na língua; de calar. 
      Alguma coisa entre a piscina e a pia.
                   Um hiato a menos.

Arnaldo Antunes, Psia. São Paulo: Iluminuras 2012.

Na orelha do livro, Antunes apresenta ao leitor seu processo de criação poética. É correto dizer que o autor se propõe a 

A

revelar a primazia da comunicação oral sobre a escrita das palavras. 

B

discutir a flexão de gênero, que torna a palavra “psia” um substantivo.

C

defender a conversão das palavras em coisas, mudando seu estatuto.

D

explorar o poder de representação da interjeição exclamativa “psiu!”.

Gabarito:

defender a conversão das palavras em coisas, mudando seu estatuto.



Resolução:

Comentário geral Kuadro: a alternativa C “defende a conversão das palavras em coisas, mudando seu estatuto.” é considerada como a correta porque Arnaldo Antunes explora o recurso linguístico relacionado com o processo de formação de palavras, alterando-as de maneira morfológica e semântica, como pode ser observado nos seguintes exemplos: “Psia” / “Psiu”; “calos” / “calar”; “piscina” / “pia”. É também marcado pela semelhança dos sons das palavras utilizadas em contextos diferentes do que é convencional entre os falantes da língua portuguesa, ou seja, abrange em diferentes contextos de uso.

Resolução UNICAMP: A alternativa correta é a c, única que faz referência ao “transformar palavras em coisas”, presente no poema. A alternativa a é incorreta, porque diz que a comunicação oral tem prioridade sobre a comunicação escrita e no poema não há primazia, como se confirma com “da mesma maneira que as desenho”. A alternativa b é incorreta, pois afirma que a função do poema é discutir a flexão de gênero pelo fato de apontar “psia” como um substantivo (no poema diz apenas que é feminino de “psiu"). A alternativa d afirma que o poema diz respeito à interjeição “psiu” e não à “psia”, sendo, portanto, incorreta. Nenhuma dessas três alternativas traz a ideia de criação poética.



Questão 2440

(Unicamp 2016)

Em sua versão benigna, a valorização da malandragem corresponde ao elogio da criatividade adaptativa e da predominância da especificidade das circunstâncias e das relações pessoais sobre a frieza reducionista e generalizante da lei. Em sua versão maximalista e maligna, porém, a valorização da malandragem equivale à negação dos princípios elementares de justiça, como a igualdade perante a lei, e ao descrédito das instituições democráticas.

(Adaptado de Luiz Eduardo Soares, Uma interpretação do Brasil para contextualizar a violência, em C. A. Messeder Pereira, Linguagens da violência. Rio de Janeiro: Rocco, 2000, p. 23-46.)

Considerando as posições expressas no texto em relação à valorização da malandragem, é correto afirmar que:

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Questão 2558

(UNICAMP - 2016 - 1ª fase)

É possível fazer educação de qualidade sem escola

É possível fazer educação embaixo de um pé de manga? Não só é, como já acontece em 20 cidades brasileiras e em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique.

Decepcionado com o processo de “ensinagem”, o antropólogo Tião Rocha pediu demissão do cargo de professor da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) e criou em 1984 o CPCD (Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento).

Curvelo, no Sertão mineiro, foi o laboratório da “escola” que abandonou mesa, cadeira, lousa e giz, fez das ruas a sala de aula e envolveu crianças e familiares na pedagogia da roda. “A roda é um lugar da ação e da reflexão, do ouvir e do aprender com o outro. Todos são educadores, porque estão preocupados com a aprendizagem. É uma construção coletiva”, explica.

O educador diz que a roda constrói consensos. “Porque todo processo eletivo é um processo de exclusão, e tudo que exclui não é educativo. Uma escola que seleciona não educa, porque excluiu alguns. A melhor pedagogia é aquela que leva todos os meninos a aprenderem. E todos podem aprender, só que cada um no seu ritmo, não podemos uniformizar.”

Nesses 30 anos, o educador foi engrossando seu dicionário de terminologias educacionais, todas calcadas no saber popular: surgiu a pedagogia do abraço, a pedagogia do brinquedo, a pedagogia do sabão e até oficinas de cafuné. Esta última foi provocada depois que um garoto perguntou: “Tião, como faço para conquistar uma moleca?” Foi a deixa para ele colocar questões de sexualidade na roda.

Para resolver a falência da educação, Tião inventou uma UTI educacional, em que “mães cuidadoras” fazem “biscoito escrevido” e “folia do livro”  biblioteca em forma de festa) para ajudar na alfabetização. E ainda colocou em uso termos como “empodimento”, após várias vezes ser questionado pelas comunidades: “Pode [fazer tal coisa], Tião?” Seguida da resposta certeira: “Pode, pode tudo”.

Aos 66 anos, Tião diz estar convicto de que a escola do futuro não existirá e que ela será substituída por espaços de aprendizagem com todas as  erramentas possíveis e necessárias para os estudantes aprenderem.

"Educação se faz com bons educadores, e o modelo escolar arcaico aprisiona e há décadas dá sinais de falência. Não precisamos de sala,  recisamos de gente. Não precisamos de prédio, precisamos de espaços de aprendizado. Não precisamos de livros, precisamos ter todos os  nstrumentos possíveis que levem o menino a aprender.”

Sem pressa, seguindo a Carta da Terra e citando Ariano Suassuna para dizer que “terceira idade é para fruta: verde, madura e podre”, Tião diz se  entir “privilegiado” de viver o que já viveu e acreditar na utopia de não haver mais nenhuma criança analfabeta no Brasil. “Isso não é uma política e  governo, nem de terceiro setor, é uma questão ética”, pontua.

(Qsocial, 09/12/2014. Disponível em http://www.cpcd.org.br/portfolio/e_possivel_fazer_educacao_de_qualidade_100_escola/.)

 

A partir da identificação de várias expressões nominais ao longo do texto, é correto afirmar que:

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Questão 2559

(Unicamp 2016)

 

Em relação ao trecho “E ainda colocou em uso termos como ‘empodimento’, após várias vezes ser questionado pelas comunidades: ‘Pode [fazer tal coisa], Tião?’ Seguida da resposta certeira: ‘Pode, pode tudo’”, é correto afirmar

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Questão 2560

(Unicamp 2015)

 

Dados numéricos e recursos linguísticos colaboram para a construção dos sentidos de um texto.

Leia os títulos de notícias a seguir sobre as vendas do comércio no último Dia dos Pais.

 

Venda para o Dia dos Pais cresceu 2% em relação ao ano passado.

Adaptado de O Diário Online, 15/08/2014. Disponível em http://www.odiarioonline.com.br/noticia/26953/. Acessado em 20/08/2014.

 

Só 4 em cada 10 brasileiros compraram presentes no Dia dos Pais.

Época São Paulo, 17/08/2014. Disponível em http://epoca.globo.com/regional/sp/Consumo. Acessado em 20/08/2014.

 

 

Podemos afirmar que:

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