(UFU - 2021 - MEDICINA)
Esse “meme" da internet remete a elementos centrais da obra de Karl Marx. Um deles é a forma como se estabelece a troca de mercadorias no capitalismo. Nas palavras do autor, essa troca “É apenas a relação social determinada dos próprios homens que assume aqui a forma fantasmagórica de uma relação entre coisas. Para encontrar uma analogia, daí devemos escapar para a região nebulosa do mundo religioso. Aqui os produtos da cabeça humana parecem dotados de vida própria, relacionando-se uns com os outros e com os homens em figuras autônomas. Assim se passa no mundo das mercadorias com os produtos da mão humana”.
MARX, Karl. A mercadoria. São Paulo: Ática, 2006. pp. 69.
A partir do “meme” e do texto acima,
A) interprete o sentido da frase “você vendeu a sua força de trabalho” de acordo com a obra de Karl Marx.
B) analise de que maneira é possível aproximar a concepção de fetichismo da mercadoria em Marx e os hábitos de consumo.
Gabarito:
Resolução:
a) Marx considera que o sistema de produção é determinante para definir as posições da classe social, de acordo com as relações de produção estabelecidas entre elas desenvolvidas historicamente, a partir da exploração da força de trabalho da classe proletária. Dessa forma, a classe burguesa se apropria do trabalho do proletariado, numa relação de exploração entre proprietários dos modos de produção e dos produtos do trabalho e os não proprietários, o que contribui para a manuntenção do capitalismo. Isso é legitimado pela concepção de propriedade privada, que leva os trabalhadores a venderem sua força de trabalho para assegurarem sua sobrevivência, o que tem relação direta como o conceito de mais-valia. A mais-valia é utilizada para compreender a relação entre o tempo gasto para realizar um trabalho e a remuneração recebida por ele. Segundo Marx, as relações de trabalho no sistema capitalista se baseiam na exploração do proletariado, ou seja, daqueles que vendem sua força de produção, pois tanto o valor do trabalho quanto a remuneração recebida por ele significam desigualdade. A mais-valia é, assim, a diferença entre o montante produzido pelo operário e o valor recebido por ele como salário.
b) O fetichismo está ligago a essa falta de compreensão da exploração do trabalho implícito na mercadoria, quando o indivíduo dá um valor ao produto sem compreender as relações desiguais de produção que estão por trás dele, como se o produto tivesse surgido magicamente, sem envolver exploração. O “feitiço” (fetiche) provocado pela mercadoria parece devolver ao indivíduo a essência perdida e, assim, as pessoas passam a se identificarem e interagirem pelos produtos que consomem. A partir disso lhe é atribuído valores e significações, como o valor de uso e valor de troca. O primeiro, constitui a utilidade da mercadoria, sua potencialidade ou finalidade de existência. O segundo, é pautado na possibilidade de equiparação de um produto por outro, ou seja, na troca de um determinado produto por certa quantidade de outro. Desse modo, a quantidade de tempo gasto para produzir um produto vai determinar o seu valor de uso ou de troca. Dessa maneira, o fetichismo contribui para os hábitos de consumo, para a formação do consumismo.
(UFU/MG)
Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.
Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.
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(UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.
“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.
A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)
(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”
Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.
Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.
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(Ufu 2016) O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.
O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.
Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.
Só afrouxa a rédea depois do gozo.
Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.
BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82
Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina
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(UFU - 2016 - 1ª FASE)
DIONISOS DENDRITES
Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas
Ramos nascem de seu peito
Pés percutem a pedra enegrecida
Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.
Acorre o vento ao círculo demente
O vinho espuma nas taças incendiadas.
Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços
Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas
E o vaticínio do tumulto à Noite –
Chegada do inverno aos lares
Fim de guerra em campos estrangeiros.
As bocas mordem colos e flancos desnudados:
À sombra mergulham faces convulsivas
Corpos se avizinham à vida fria dos valados
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.
Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos
Mergulham no vórtice da festa consagrada.
E quando o Sol o ingênuo olhar acende
Um secreto murmúrio ata num só feixe
O louro trigo nascido das encostas.
SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.
Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso
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