Questão 77525

(UFU - 2022)

 

Ao analisar os sistemas de classificação que garantem a preeminência da mão direita, o sociólogo Robert Hertz, aluno de Durkheim, afirma:

 

Portanto, não é porque seja fraca, ou sem poder, que a mão esquerda é desprezada: o contrário é verdade. Esta mão é submetida a uma verdadeira mutilação, que apesar disso não é marcada porque afeta a função e não a forma externa do órgão, porque é fisiológico e não anatômica. Os sentimentos de um canhoto, numa sociedade atrasada, são análogos àqueles de um homem não circuncisado em sociedades nas quais a circuncisão é lei. O fato é que não se aceita ou se cede à desteridade como uma necessidade natural: ela é um ideal ao qual todos precisam conformar-se e o qual a sociedade nos força a respeitar por meio de sanções positivas.

HERTZ, Robert. A preeminência da mão direita: um estudo sobre a polaridade religiosa. Religião e Sociedade, Rio de Janeiro, v. 6, p. 99-127, 1980.

 

Essa passagem demonstra a influência da teoria de Durkheim, considerando que Robert Hertz, autor do trecho,

A

leva em conta o papel da coerção social como força originada pela livre associação entre indivíduos.

B

denuncia o caráter arbitrário e preconceituoso dos fatos sociais, causador da anomia social.

C

alinha-se à ideia de que os valores e representações sociais podem ser analisados objetivamente, a partir da dinâmica social.

D

concebe a vida social como uma entidade superior e perfeita, embora subordinada à dimensão biológica.

Gabarito:

alinha-se à ideia de que os valores e representações sociais podem ser analisados objetivamente, a partir da dinâmica social.



Resolução:

c) Correta. alinha-se à ideia de que os valores e representações sociais podem ser analisados objetivamente, a partir da dinâmica social.
A passagem demonstra a influência da teoria de Durkheim, considerando que Robert Hertz, autor do trecho, alinha-se à ideia de que os valores e representações sociais podem ser analisados objetivamente, a partir da dinâmica social. Hertz menciona a preeminência da mão direita como um exemplo de como a sociedade impõe normas e valores que devem ser seguidos por seus membros. Ele compara a desteridade (ser canhoto) em uma sociedade atrasada à não circuncisão em sociedades onde a circuncisão é uma lei. Essa comparação indica que a desteridade é vista como uma não conformidade com o ideal social, algo que deve ser rejeitado e punido. Essa visão está alinhada com a perspectiva durkheimiana de que a sociedade impõe suas normas e valores aos indivíduos e exerce coerção social para mantê-los.

 

a) Incorreta. leva em conta o papel da coerção social como força originada pela livre associação entre indivíduos.
A coerção social não é originada pela livre associação entre indivíduos, pois tem papel coercitivo sobre os indivíduos.

b) Incorreta. denuncia o caráter arbitrário e preconceituoso dos fatos sociais, causador da anomia social.
Hertz não condena os fatos sociais como causador da anomia social, até porque Durkheim não faz isso.

d) Incorreta. concebe a vida social como uma entidade superior e perfeita, embora subordinada à dimensão biológica.
A vida social não é concebida como uma entidade superior e perfeita, mas como determinante, e não se subordina à dimensão biológica.



Questão 2399

(UFU/MG)

Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.

Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.

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Questão 2545

 (UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.

“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.

A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)

(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”

 

Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.

 

Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.

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Questão 3019

(Ufu 2016)  O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.

O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.

Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.

Só afrouxa a rédea depois do gozo.

Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.

 

BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82

 

 

Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina

 

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Questão 3021

(UFU - 2016 - 1ª FASE)

 

DIONISOS DENDRITES

Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas

Ramos nascem de seu peito

Pés percutem a pedra enegrecida

Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.

 

Acorre o vento ao círculo demente

O vinho espuma nas taças incendiadas.

Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços

Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas

E o vaticínio do tumulto à Noite –

Chegada do inverno aos lares

Fim de guerra em campos estrangeiros.

 

As bocas mordem colos e flancos desnudados:

À sombra mergulham faces convulsivas

Corpos se avizinham à vida fria dos valados

Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.

Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos

Mergulham no vórtice da festa consagrada.

 

E quando o Sol o ingênuo olhar acende

Um secreto murmúrio ata num só feixe

O louro trigo nascido das encostas.

 

SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.

 

Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso  

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