Questão 77670

(UFU - 2022)

 

Um mito muito repetido é que só usamos 10% do cérebro. Não se sabe bem como isso se originou, mas pode ser visto em anúncios e brochuras de autoajuda desde o final do século XIX. A ideia é usada hoje com frequência em contextos semelhantes e para promover práticas e produtos que afirmam destravar ou dar acesso a mais poder cerebral. Mas é totalmente um mito. Os estudos do cérebro com as modernas técnicas de imagiologia não encontram nele nenhuma parte significativa que fique inativa sob uma variedade de estímulos, nem mesmo no sono. As lesões no cérebro provocam problemas, no mínimo de curto prazo, até que se estabeleçam novas vias em torno da lesão. Ninguém optaria por perder 90% do cérebro com base em que continuaria bem com 10%. Finalmente, a evolução não nos permitiria desperdiçar parte tão grande de um órgão de funcionamento tão caro: o cérebro corresponde a cerca de 2% de nosso peso, mas usa 20% do oxigênio que consumimos. É quase certo que ele faça alguma coisa com todo esse oxigênio!

ROONEY, Anne. Cérebro preguiçoso. In: A História da Neurociência. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda., 2018, p. 67. (Fragmento)

 

A) Explique a função do termo “totalmente” no enunciado “Mas é totalmente um mito”.

B) Considerando-se a direção argumentativa do texto apresentado, explique o sentido do enunciado “É quase certo que ele faça alguma coisa com todo esse oxigênio!”.

Gabarito:

Resolução:

A) O candidato deve explicar a função do termo “totalmente” no enunciado em questão, evocando a relação que estabelece com a alegação citada no início do texto: “usamos apenas 10% de nossa capacidade cerebral”. Por exemplo: atribuir um caráter ilusório à totalidade da alegação; expressar a certeza da autora de que a alegação é falsa; reiterar/intensificar o caráter ilusório da alegação.

B) O candidato deve explicar que o sentido do enunciado é apontar para a conclusão de que, se o cérebro usa 20% de todo o oxigênio que o corpo consome, pode-se inferir que sua atividade envolve muito mais do que apenas 10% do cérebro E/OU que o sentido do enunciado é apontar ironicamente para a incongruência entre o grande consumo de oxigênio pelo cérebro e o suposto uso mínimo que faríamos da capacidade cerebral.



Questão 2399

(UFU/MG)

Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.

Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.

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Questão 2545

 (UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.

“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.

A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)

(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”

 

Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.

 

Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.

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Questão 3019

(Ufu 2016)  O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.

O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.

Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.

Só afrouxa a rédea depois do gozo.

Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.

 

BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82

 

 

Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina

 

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Questão 3021

(UFU - 2016 - 1ª FASE)

 

DIONISOS DENDRITES

Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas

Ramos nascem de seu peito

Pés percutem a pedra enegrecida

Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.

 

Acorre o vento ao círculo demente

O vinho espuma nas taças incendiadas.

Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços

Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas

E o vaticínio do tumulto à Noite –

Chegada do inverno aos lares

Fim de guerra em campos estrangeiros.

 

As bocas mordem colos e flancos desnudados:

À sombra mergulham faces convulsivas

Corpos se avizinham à vida fria dos valados

Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.

Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos

Mergulham no vórtice da festa consagrada.

 

E quando o Sol o ingênuo olhar acende

Um secreto murmúrio ata num só feixe

O louro trigo nascido das encostas.

 

SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.

 

Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso  

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