Questão 32446

(EsPCEx - 2018)

Quase duas décadas depois da Conjuração Baiana, durante a estada da Família Real portuguesa no Brasil e o governo de D. João VI, ocorreu um levante emancipacionista em Pernambuco que ficaria conhecido como Revolução Pernambucana. Um dos motivos desta revolta foi

A

o fim do monopólio comercial de Portugal sobre a colônia. 

B

a grande seca de 1816.

C

a elevação do Brasil a Reino Unido a Portugal e Algarves. 

D

a liberação da atividade Industrial no Brasil.

E

a cobrança forçada de impostos atrasados. 

Gabarito:

a grande seca de 1816.



Resolução:

A Revolução Pernambucana ocorrida em 1817 foi o último movimento separatista antes da Independência, de 1822, e teve papel fundamental no período. As semelhanças com as revoltas anteriores eram várias, sobretudo a base intelectual iluminista e liberal. A grande diferença, por sua vez, é que conseguiram colocar em prática o estado revolucionário.

O contexto brasileiro no início do século XIX era muito particular. Em 1808 D. João VI e a corte portuguesa fugiram para o Brasil. Dessa forma, toda a administração do Império português se instalou no Rio de Janeiro, que se tornara capital da colônia em 1763. Com a chegada de toda a comitiva real, a estrutura política brasileira mudou, principalmente com a Abertura dos portos às nações amigas, dando à Europa, com destaque à Inglaterra, o poder do comércio direto com o Brasil. Nesse período, a elite colonial obteve mais autonomia econômica, aumentando seus lucros ao vender seus produtos primários. Mesmo com essas mudanças, o descontentamento com a coroa não tinha acabado por completo. Os interesses portugueses ainda eram prioridade e a estadia da corte era subsidiada pelos colonos, o que significava mais custos. Para Pernambuco havia o agravante geográfico em relação à capital. O impacto da vinda da Família real, seja positivo ou negativo, foi maior no Sudeste, o que aumentou a desigualdade entre as regiões.

A sociedade nordestina se sentia desprestigiada perante os privilégios concedidos aos que se instalaram no Rio de Janeiro. A capitania de Pernambuco era a mais lucrativa mesmo na crise, o que significou uma cota maior de impostos destinados a ela.  Além disso, os pernambucanos são conhecidos por terem protagonizado diversas revoltas no período colonial. Junto do destaque econômico, aquela sociedade estava sempre buscando mudanças e a concretização de seus interesses.

O movimento revolucionário teve uma grande diversidade de participantes, desde a elite, passando pelos grandes proprietários, funcionários públicos, militares, clero, até a população no geral. A independência de Pernambuco era uma questão de identidade e orgulho regionais, abraçava a todos. Dois grupos se destacaram na liderança dos revolucionários: os clérigos, com Frei Caneca, Antônio de Andrada e Silva, Domingos Teotônio Jorge Martins Pessoa, Padro João Ribeiro, Padre Miguelinho e Padre Roma; e comerciantes como Domingos José Martins. Os ideais iluministas e liberais, base teórica do movimento, teve espaço e divulgação a partir do clero, desde o Seminário de Olinda até as regiões que aderiram à causa. Este é outro ponto que caracteriza a Revolução Pernambucana. Como ela saiu do papel e realmente conseguiu executá-la, a expansão para outras capitanias foi uma realidade. Partindo de Recife e Olinda, alcançaram o sertão nordestino, entre eles a Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas. O sentimento antilusitano uniu as diferentes classes sociais, mesmo que os seus objetivos fossem divergentes. O fim era a independência e a proclamação da República, os detalhes de como governariam a partir daí poderia ser resolvido depois. 

Após meses de organização, o estopim da mudança ocorreu no dia 06 de março de 1817 quando militares conspiradores mataram o comandante português Manoel Joaquim Barbosa de Castro. Este, sob ordens do governador, se encaminhava para dar voz de prisão ao capitão José de Barros Lima, o que atesta o conhecimento por parte da administração colonial da existência de insurretos na sociedade. A partir daí o movimento cresceu e tomou toda Recife, que depôs o governo central e proclamou a conquista de Pernambuco com a instalação do Governo Provisório, que era regido pela Lei Orgânica, que significava:

- Proclamação da República: com a divisão em três poderes;

- “Igualdade de direitos”: de base iluminista, mas não se aplicava, na prática, a todos;

- Tolerância religiosa

- Liberdade de imprensa

Apesar disso, a escravidão ainda era um tópico sensível, principalmente aos grandes proprietários que queriam a independência e a abertura comercial, mas não abriam mão do trabalho escravo. Este era lucrativo não só como força laboral, mas também como propriedade, mesmo que o valor dos escravos tenham caído de modo considerável no final do século XVIII e início do XIX. A economia agroexportadora vivia uma crise por diversos motivos, entre eles a concorrência com o açúcar das Antilhas, algodão dos Estados Unidos e a queda no preço das comodities. A intenção dos revolucionários era legitimar o regime republicano e, para isso, buscaram o apoio nacional – com a expansão para outras capitanias – e internacional – com o envio de representantes para os Estados Unidos, Argentina, Inglaterra, entre outros.

As notícias sobre a tomada de poder no Recife, e sua extensão, chegaram aos ouvidos das autoridades portuguesas e logo enviaram reforços ao Nordeste. A repressão colonial começou por Alagoas e se agravou com o embargo das cidades mais importantes em Pernambuco. Quando defrontados pelas tropas reais, bem treinadas e preparadas para o combate, a inaptidão dos revolucionários foi exposta, pois foram facilmente dominados pelo exército da coroa. Além disso, transpareceu os problemas ideológicos dentro do grupo, já que os pontos de vista diferentes entraram em conflito, minando as lideranças do movimento.

Após 70 dias de governo republicano, Recife foi restaurada como parte da colônia portuguesa mais especificamente em 19 de maio de 1817. Os líderes foram presos e condenados à morte, sendo que a punição de praxe era o enforcamento seguido de esquartejamento do corpo. Mesmo com o desfecho amargo para os revolucionários, reconhece-se o avanço dos ideais separatistas em relação aos movimentos ocorridos em Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro. A instalação de um governo dentro da colônia alarmou a coroa ao mesmo tempo em que mostrou que a estrutura colonial de dominação perdia cada vez mais espaço, pois era menos aceita pela sociedade do início do século XIX.

A Revolução Pernambucana foi um dos movimentos separatistas mais importantes do Brasil Colônia. Isso se deu porque conseguiram avançar no processo revolucionário pois quase conseguiram tomar o poder. Entender como e o porquê conseguiram chegar tão longe na independência e como se deu a repressão.

a) o fim do monopólio comercial de Portugal sobre a colônia. 

Incorreta. O fim do monopólio comercial de Portugal era uma das reivindicações da Revolução e não um motivo para esta.

b) a grande seca de 1816.

Correta. Em 1816 o nordeste brasileiro foi atingido por uma grande seca que devastou a agricultura, provocou fome e espalhou a miséria pela região dependente da atividade agrícola. O açúcar e o algodão era os principais produtos produzidos na região que já sofriam com a forte concorrência dos EUA e das Antilhas, com a seca foi impossível concorrer.  

c) a elevação do Brasil a Reino Unido a Portugal e Algarves. 

Incorreta. A elevação do Brasil a Reino Unido de Portugal e Algarves não se apresentou como um dos motivos das insatisfações dos revoltosos.

d) a liberação da atividade Industrial no Brasil.

Incorreta. A liberação da atividade Industrial no Brasil era um ponto positivo para a sua população, entretanto, quase não acarretou mudanças significativas, pois esta ocorreu ao mesmo tempo da abertura dos portos que inundou o Brasil de produtos estrangeiros.

e) a cobrança forçada de impostos atrasados. 

Incorreta. Um dos motivos da insatisfação dos revoltosos são as altas taxas de impostos sobre Pernambuco, entretanto, não ocorreu a cobrança forçada destes impostos atrasados.



Questão 1793

(Espcex (Aman) 2016)

Leia o trecho do romance São Bernardo e dê o que se pede.
“(...)
O que estou é velho. Cinquenta anos pelo S. Pedro. Cinquenta anos perdidos, cinquenta anos gastos sem objetivo, a maltratar-me e a maltratar os outros. O resultado é que endureci, calejei, e não é um arranhão que penetra esta casca espessa e vem ferir cá dentro a sensibilidade embotada.
(...)
Cinquenta anos! Quantas horas inúteis! Consumir-se uma pessoa a vida inteira sem saber para quê! Comer e dormir como um porco! Levantar-se cedo todas as manhãs e sair correndo, procurando comida! E depois guardar comida para os filhos, para os netos, para muitas gerações. Que estupidez! Que porcaria! Não é bom vir o diabo e levar tudo?
(...)
Penso em Madalena com insistência. Se fosse possível recomeçarmos... Para que enganar-me? Se fosse possível recomeçarmos, aconteceria exatamente o que aconteceu. Não consigo modificar-me, é o que mais me aflige.
(...)
Foi este modo de vida que me inutilizou. Sou um aleijado. Devo ter um coração miúdo, lacunas no cérebro, nervos diferentes dos nervos dos outros homens. E um nariz enorme, uma boca enorme, dedos enormes.
(...)”

Quanto ao trecho lido, é correto afirmar que:

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Questão 1822

(EsPCEx - 2011)

Quando a intenção do emissor está voltada para a própria mensagem, quer na seleção e combinação das palavras, quer na estrutura da mensagem, com as mensagens carregadas de significados, temos a função de linguagem denominada

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Questão 2232

(EsPCEx - 2012) 

Leia a estrofe que segue e assinale a alternativa correta, quanto às suas características.

“Visões, salmos e cânticos serenos
Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...
Dormências de volúpicos venenos 
Sutis e suaves, mórbidos, radiantes...”

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Questão 2252

(EsPCEx - 2013)

Assinale a única alternativa que contém a figura de linguagem presente no trecho destacado:

" As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia lusitana,
Por mares nunca dantes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana"

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