(IFCE - 2020)
Nos últimos meses o Nordeste tem enfrentado o maior desastre ambiental relativo à derramamento de óleo no litoral, estando tomado de manchas de petróleo que estão se espalhando pelos principais pontos turísticos da região, como as praias de Ponta Grossa, Redoma e Jericoacoara, no Ceará, Boa Viagem, Porto de Galinhas e Praia dos Carneiros, no Recife, e a Foz do Rio São Francisco, em Sergipe. Em setembro, as manchas negras já tinham atingido 99 locais em 46 municípios de 8 estados, de acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente(Ibama), conforme o G1 de 26 de set. de 2019. A maior parte (41%) está no Rio Grande do Norte (veja a situação por estado mais abaixo).
G1 - 26 de set. de 2019. Fonte:
https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/09/26/manchas-de-oleo-nas-praias-do-nordeste-ja-atingem-99-ibama-diz-que-elas-tem-a-mesma-origem-e-nao-sao-do-brasil.ghtml
A imagem acima reproduz as áreas onde foram identificadas manchas de óleo no Nordeste brasileiro. É correto afirmar-se que a imagem
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Um corpo de massa 4Kg é abandonado de uma altura de 320m em relação ao solo. A aceleração da gravidade no local vale 10m/s². A energia cinética ao atingir o solo, em J, é igual a
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(Cftrj 2020)
Racismo contra imigrantes no Brasil é constante, diz pesquisador
Na tese Dois Séculos de Imigração no Brasil: A Construção da Identidade e do Papel dos Estrangeiros pela Imprensa entre 1808 e 2015, [o pesquisador Gustavo] Barreto analisou a cobertura do tema em jornais como O Globo, O Estado de S. Paulo, Folha da Manhã (hoje Folha de S. Paulo), Correio da Manhã, O País e Gazeta do Rio de Janeiro ao longo de 207 anos.
Em entrevista à BBC Brasil, ele explica como os termos são usados de forma diferente na imprensa. "O refugiado é sempre negativo, um problema grave a ser discutido. O imigrante é uma questão a ser avaliada, pode ser algo positivo ou negativo, mas em geral a visão é de algo problemático. Já o estrangeiro é sempre positivo, inclusive melhor do que o brasileiro. É alguém com quem podemos aprender", diz.
Veja os principais trechos da entrevista:
Quanto ao racismo, é possível identificar avanços? Como tem sido a cobertura da chegada de imigrantes haitianos e bolivianos ao Brasil, mais recentemente?
Barreto – O racismo era algo natural e aceitável no século 19, incluindo o destaque às ideias de supremacia de raças, entre 1870 até o governo Vargas. A partir da Segunda Guerra, os grupos começam a ser valorizados. Judeus, alemães e italianos no Brasil começam a recontar sua história, assim como os japoneses, depois de um momento muito difícil. Após as cartas de direitos humanos, os valores eugenistas1 já não são mais declarados, o que é um avanço.
Mais recentemente, o país passou a receber um número considerável de bolivianos e haitianos. Mas também chegam portugueses e espanhóis. A imprensa, no entanto, costuma destacar muito os problemas que os haitianos trazem, e rapidamente começa a ser construída uma visão de que eles são um problema. Enquanto isso, os imigrantes europeus recentes são valorizados por sua cultura e contribuição ao Brasil.
Contribuições culturais ou produtivas dos haitianos e bolivianos, que têm uma riqueza cultural enorme, dificilmente viram notícia. O racismo atual se dá pelo não dito, pelo que a imprensa omite. Quando aparecem na mídia estão atrelados a problemas, crises, marginalizações, ou ligados à ideia de uma invasão. (...)
Suas observações não contrastam com a ideia tão difundida do Brasil como um país hospitaleiro, e do brasileiro como um povo acolhedor, famoso no mundo todo pela simpatia e boa recepção aos estrangeiros?
Barreto – Na verdade entre os pesquisadores do assunto há a noção do "mito da hospitalidade". Há uma diferença entre a maneira como nos vendemos para o mundo e a verdadeira hospitalidade a qualquer estrangeiro ou a democracia racial.
O estudo de como a imigração é retratada no país entre 1808 e 2015 mostra que a hospitalidade é seletiva, mas que essa noção sempre foi difundida, em benefício do Brasil. Esta é uma das minhas principais conclusões na tese, a de que a nossa famosa hospitalidade é um mito. (...)
Você citou um editorial do jornal Folha da Manhã, de 1926, intitulado "Fechem-se as fronteiras". Esta seria um pouco a noção de que o Brasil enxergou durante muito tempo a imigração de forma unilateral e seletiva? Ainda vemos este discurso?
2Barreto – Sim, o tema do editorial de 1926 é justamente a noção de que o país já teria recebido todos os imigrantes necessários. Já chegaram todos que nós queremos, após a vinda em massa de alemães e italianos, foi cumprida a função da imigração no Brasil. Já ocupamos e populamos o país, e agora as fronteiras devem ser fechadas e quem entrar deverá ser muito bem selecionado.
Hoje em dia a posição continua, mas travestida por outro argumento. A imprensa trabalha com o mito de que somos um país pobre, em desenvolvimento, e não temos condições de receber mais ninguém. Vamos receber somente os melhores e mais úteis. São evidências no discurso da imprensa e na visão da sociedade brasileira que contrastam diretamente com a ideia do "Brasil hospitaleiro, onde todos são bem-vindos".
No contexto atual, de crise económica e política, há que se observar atentamente a maneira como o imigrante será retratado na imprensa, por ele ser um excelente bode expiatório para os problemas. Não tem grande chance de defesa, não está integrado ao país, é o outro, o diferente, que traz dificuldades.
Desemprego, inflação e crise tendem a tornar a visão dos imigrantes ainda mais negativa.
(PUFF, Jefferson. Racismo contra imigrantes no Brasil é constante. 26 ago. 2015. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/08/150819_racismo_imigrantes_jp_rm. Acesso em: 8 set. 2019)
Vocabulário
1 Eugenista: adepto da eugenia, teoria desenvolvida no século XIX que defendia a superioridade e o melhoramento das raças, estimulando o embranquecimento da população
Leia o fragmento abaixo, destacado do texto:
"Barreto – Sim, o tema do editorial de 1926 é justamente a noção de que o país já teria recebido todos os imigrantes necessários. Já chegaram todos que nós queremos, após a vinda em massa de alemães e italianos, foi cumprida a função da imigração no Brasil. Já ocupamos e populamos o país, e agora as fronteiras devem ser fechadas e quem entrar deverá ser muito bem selecionado." (ref. 2)
O efeito de sentido provocado pelo uso da primeira pessoa do plural é:
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(Cftmg 2020) Poesia, minha tia, ilumine as certezas dos homens e os tons de minhas palavras. É que arrisco a prosa mesmo com balas atravessando os fonemas. É o verbo, aquele que é maior que o seu tamanho, que diz, faz e acontece. Aqui ele cambaleia baleado. Dito por bocas sem dentes e olhares cariados, nos conchavos de becos, nas decisões de morte. A areia move-se no fundo dos mares. A ausência de sol escurece mesmo as matas. O líquido-morango do sorvete mela as mãos. A palavra nasce no pensamento, desprende-se dos lábios adquirindo alma nos ouvidos, e às vezes essa magia sonora não salta à boca porque é engolida a seco. Massacrada no estômago com arroz e feijão a quase palavra é defecada ao invés de falada.
Falha a fala. Fala a bala.
Paulo Lins. Fragmento de Cidade de Deus. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
Esse fragmento de texto ressalta a importância da literatura como forma de
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(CM - RJ - 2020)
A oposição passado/presente é essencial na aquisição da consciência do tempo. Não é um dado natural, mas sim uma construção. Com efeito, o interesse do passado está em esclarecer o presente. O processo da memória no homem faz intervir não só na ordenação de vestígios, mas também na releitura desses vestígios.
(Jacques Le Goff)
Colecionar fotos é colecionar o mundo. As fotos são, de fato, experiência capturada, e a 1câmera é o braço ideal da consciência, 2em sua disposição aquisitiva. 3Imagens fotografadas não parecem manifestações a respeito do mundo, 4mas sim pedaços dele, miniaturas da realidade que qualquer um pode fazer ou adquirir.
Fotos, que enfeixam o mundo, parecem solicitar que as enfeixemos também. São afixadas em álbuns, emolduradas e expostas em mesas, pregadas em paredes, projetadas como diapositivos. Por meio de fotos, 5cada família constrói uma família é, em geral, um álbum sobre a família ampliada - e, muitas vezes, o que dela resta.
7Assim como 8as fotos dão às pesssoas a posse imaginária de um passado irreal, 9também as ajudam a tomar posse de um espaço 10em que se acham inseguras.
(SONATO, Susa. Sobre a fotografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. p. 14-15 e 19. Texto adaptado.)
Vocabulário
Diapositivo: imagem positiva, estática e translúcida, de modo geral em película, e que se pode projetar; imagem fotográfica.
Enfeixar: amarrar ou prender em feixe; colocar junto; ajunta; reunir.
"Assim como as fotos dão às pessoas a posse imaginária de um passado irreal, também as ajudam a tomar posse de um espaço em que se acham inseguras". (referência 7)
Nessa passagem, o trecho sublinhado apresenta o valor de
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(G1 - cftmg 2020) Eu, quando via uma árvore daquelas gigantescas, que fazem de um homem uma coisinha ridícula, me desmanchava em admiração. Respirava com mais largueza, abrindo os braços, e sentia os raios do sol no meu rosto, como se eu também fosse uma criatura privilegiada pela natureza. É sério. Sempre fui assim, piegas profissional. A Mayumi, diante da mesma árvore, tecia considerações sobre a evolução genética da espécie.
Ela era a fusão perfeita de dois mundos que eu imaginava absolutamente incompatíveis: o cientificismo e a feminilidade.
LACERDA, Rodrigo. O Fazedor de Velhos. São Paulo: Companhia das Letras, 2017. p. 86.
Ao caracterizar a personagem feminina, o trecho traz à tona um discurso marcado pela
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(G1 - cftmg 2020)
Foi uma experiência estranha, que começou diante da tela do computador e me jogou num estado de excitação mental absurdo. A sombra tinha uma inquietação contagiante. Tive até sintomas físicos. Um batimento acelerado no coração e um formigamento maluco, que começou nas minhas mãos, foi para os meus braços e chegou até as minhas pernas.
Uma certa hora, de repente, senti um tranco. Era a sombra, despregando de mim e ganhando liberdade total. Ela subiu no ar, enquanto eu dedilhava o teclado. Olhei perplexo para o seu rosto escuro e vazio. Flutuando, ela desceu até mim e pegou a minha mão. A sombra indomável imediatamente me suspendeu como se eu fosse um balão de gás.
Era incrível porque, mesmo estando longe do chão, e ganhando cada vez mais altura com a minha sombra mágica, parecia que os botões do teclado do meu computador continuavam sendo apertados, e sendo apertados por mim.
LACERDA, Rodrigo. O Fazedor de Velhos. São Paulo: Companhia das Letras, 2017. p. 122.
No fragmento, a descoberta da vocação para a literatura manifesta-se como
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(ENEM - 2020 - PROVA AZUL)
As estatísticas mais recentes do Brasil rural revelam um paradoxo que interessa a toda sociedade: o emprego de natureza agrícola definha em praticamente todo o país, mas a população residente no campo voltou a crescer, ou pelo menos parou de cair. Esses sinais trocados sugerem que a dinâmica agrícola, embora fundamental, já não determina sozinha os rumos da demografia no campo. Esse novo cenário é explicado em parte pelo incremento do emprego não agrícola no campo. Ao mesmo tempo, aumentou a massa de desempregados, inativos e aposentados que mantém residência rural.
SILVA, J. G. Velhos e novos mitos do rural brasileiro. Estudos Avançados. n. 43. dez, 2001.
Sobre o espaço brasileiro, o texto apresenta argumentos que refletem a
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(ENEM - 2020 - PROVA AZUL)
Embora inegáveis os benefícios que ambas as economias têm auferido do intercâmbio comercial, o Brasil ter reiterado seu objetivo de desenvolver com a China uma relação comercial menos assimétrica. Os números revelam com clareza a assimetria. As exportações brasileiras de produtos básicos, especialmente soja, minério de ferro e petróleo, compõem, dependendo do ano, algo entre 75% e 80% da pauta, ao passo que as importações brasileiras consistem, aproximadamente, em 95% de produtos industrializados chineses, que vão desde os mais variados bens de consumo até máquinas e equipamentos de alto valor.
LEÂO, V. C. Prefácio, In: CINTRA, M. A. M.; SILVA FILHO, E. B.; PINTO, E. C. (Org.).
China em transformação: dimensões econômicas e geopolíticas do desenvolvimento.
Rio de Janeiro; Ipea, 2015.
Uma ação estatal de longo prazo capaz de reduzir a assimetria na balança comercial brasileira, conforme exposto no texto, é o(a)
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(ENEM - 2020 - PROVA AZUL)
A propriedade compreende, em seu conteúdo e alcance, além do tradicional direito de uso, gozo e disposição por parte de seu titular , a obrigatoriedade do atendimento de sua função social, cuja definição é inseparável do requisito obrigatório do uso racional da propriedade e dos recursos ambientais que lhe são integrantes. O proprietário, como membro integrante da comunidade, se sujeita a obrigações crescentes que, ultrapassando os limites do direito de vizinhança, no âmbito do direito privado, abrangem o campo dos direitos da coletividade, visando o bem-estar geral, no âmbito do direito público.
JELINEK. R. O princípio da função social da propriedade e sua repercussão sobre o sistema do Código Civil. Disponível em www.mp.rs.gov.br. Acesso em 20 fev 2013.
Os movimentos em prol da reforma agrária, que atuam com base no conceito de direito à propriedade apresentado no texto, propõem-se a
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