FUVEST 2006

Questão 51614

(UNICAMP - 2006 - 2 FASE ) Na sua coluna diária do Jornal Folha de S. Paulo de 17 de agosto de 2005, José Simão escreve: “No Brasil nem a esquerda é direita!”.


a) Nessa afirmação, a polissemia da língua produz ironia. Em que palavras está ancorada essa ironia?
b) Quais os sentidos de cada uma das palavras envolvidas na polissemia acima referida?
c) Comparando a afirmação “No Brasil nem a esquerda é direita” com “No Brasil a esquerda não é direita”, qual a diferença de sentido estabelecida pela substituição de ‘nem’ por ‘não’?

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Questão 51615

(UNICAMP - 2006 - 2 FASE ) Na capa do caderno Aliás do jornal O Estado de S. Paulo de 10 de julho de 2005, encontramos o seguinte conjunto de afirmações que também fazem referência à crise política do Governo Lula:


Getúlio tanto sabia que preparou a carta-testamento. Juscelino sabia que seria absolvido pela História. Jânio sabia que sua renúncia embutia um projeto autoritário. Jango sabia o tamanho da conspiração ao seu redor. Médici ia ao futebol, mas sabia de tudo. Geisel sabia que Golbery entendera o projeto de abertura. (...)


a) Em todas as afirmações, há um padrão que se repete. Qual é esse padrão e como ele estabelece a relação com a crise política do atual governo?
b) Apresente, por meio de paráfrases, duas interpretações para a palavra ‘tanto’ na frase “Getúlio tanto sabia que preparou a carta-testamento”. 

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Questão 51616

(UNICAMP - 2006 - 2 FASE )  O trecho abaixo corresponde ao desfecho do conto A causa secreta, de Machado de Assis:


... Garcia inclinou-se ainda para beijar outra vez o cadáver, mas então não pôde mais. O beijo rebentou em soluços, e os olhos não puderam conter as lágrimas, que vieram em borbotões*, lágrimas de amor calado, e irremediável desespero. Fortunato, à porta, onde ficara, saboreou tranqüilo essa explosão de dor moral que foi longa, muito longa, deliciosamente longa.
(Machado de Assis, “A causa secreta”, em Obra Completa, Vol. II. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1979, p. 519.)
*em borbotões: em jorros, em grande quantidade


a) Explique a reação de Garcia diante do cadáver.
b) Explique a repetição do adjetivo ‘longa’ no desfecho do conto.
c) Que relação há entre a atitude de Fortunato e o poema Suave mari magno? 

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Questão 51617

(UNICAMP - 2006 - 2 FASE ) A novela de Guimarães Rosa “Uma estória de amor (Festa de Manuelzão)”, além de ser ela própria uma estória de vaqueiro, contém outras estórias de boi narradas pelas personagens. Uma delas é a de “Destemida e a vaquinha Cumbuquinha” narrada por Joana Xaviel. Ao ouvirem a história, as pessoas presentes na festa de Manuelzão têm a seguinte reação:

Todos que ouviam, estranhavam muito: estória desigual das outras, danada de diversa. Mas essa estória estava errada, não era toda! Ah ela tinha de ter outra parte – faltava a segunda parte? A Joana Xaviel dizia que não, que assim era que sabia, não havia doutra maneira. Mentira dela? A ver que sabia o restante, mas se esquecendo, escondendo. Mas – uma segunda parte, o final – tinha de ter!
(João Guimarães Rosa, “Uma estória de amor (Festa de Manuelzão)”, em Manuelzão e Miguilim. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984, p.181.)


a) Por que os ouvintes têm a impressão de que a estória está inacabada?
b) Cite outra estória de boi narrada dentro novela.
c) A novela é narrada em discurso indireto livre, misturando as falas e pensamentos das personagens com a fala do narrador. Identifique uma passagem do trecho citado acima em que essa mistura ocorre. 

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Questão 51618

(UNICAMP - 2006 - 2 FASE )  Leia o seguinte diálogo de O demônio Familiar, de José de Alencar:


Eduardo – Assim, não amas a tua noiva?
Azevedo – Não, decerto.
Eduardo – É rica, talvez; casas por conveniências?
Azevedo – Ora, meu amigo, um moço de trinta anos, que tem, como eu, uma fortuna independente, não precisa tentar a chasse au mariage. Com trezentos contos pode-se viver.
Eduardo – E viver brilhantemente; porém não compreendo então o motivo...
Azevedo – Eu te digo! Estou completamente blasé, estou gasto para essa vida de flaneur dos salões; Paris me saciou. Mabille e Château des Fleurs embriagaram-me tantas vezes de prazer que me deixaram insensível. O amor é hoje para mim um copo de Cliqcot que espuma no cálice, mas já não me tolda o espírito!
(José de Alencar, “O demônio familiar” (Cena XIII, Ato Primeiro), em Obra Completa, Vol. IV. Rio de Janeiro: J. Aguilar, 1960, p. 92.)


a) O que o diálogo acima revela sobre a visão que Azevedo tem do casamento?
b) Em que essa visão difere da opinião de Eduardo sobre o casamento?
c) Que ponto de vista prevalece no desfecho da peça? Justifi que sua resposta.

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Questão 51619

(UNICAMP - 2006 - 2 FASE ) Leia o poema abaixo de António Osório:

Ignição
Meus versos, desejo-vos na rua,
nas padiolas, pelo chão, encardidos
como quem ganha com eles a vida,
e o papel vá escurecendo ao sol,
a chuva o manche, a capa
ganhe dedadas, a companhia
aderente de um insecto,
as palavras se humildem mais
e chegue a sua vez de comoverem alguém
que compre, um faminto ajudando.
Meus versos, desejo-vos nas bibliotecas
itinerantes, gostaríeis de viajar
por aldeias, praias, escolas primárias,
despertar o rápido olhar das crianças,
estar nas suas mãos
completamente indefeso
e, sobretudo, que não vos compreendam.
Oxalá escrevam, risquem, atirem no recreio
umas às outras como pélas* os livros
e sonhem, se possível, com algum verso
que súbito se esgueire pela sua alma
* pélas: bolas

a) A quem o eu lírico se dirige no início de cada estrofe?
b) No início da segunda estrofe, que reações contraditórias ele espera das crianças?
c) Ao final da segunda estrofe, que desejo ele manifesta a respeito do futuro da poesia? 

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Questão 51620

(UNICAMP - 2006 - 2 FASE)  Leia a seguinte passagem de Os Cus de Judas, de António Lobo Antunes:


Deito um centímetro mentolado de guerra na escova de dentes matinal, e cuspo no lavatório a espuma verde-escura dos eucaliptos de Ninda, a minha barba é a floresta do Chalala a resistir ao napalm da gillete, um grande rumor de trópicos ensanguentados cresce-me nas vísceras, que protestam.
(Antonio Lobo Antunes, Os cus de Judas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2003, p.213.)


a) A que guerra se refere o narrador?
b) Por que o narrador utiliza o presente do indicativo ao falar sobre a guerra?
c) Que recurso estilístico ele utiliza para aproximar a guerra de seu cotidiano? Cite dois exemplos.

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Questão 51622

(UNICAMP - 2006 - 2 FASE ) As figuras A e B representam o útero de duas mulheres grávidas de gêmeos.


a) Diferencie os tipos de gêmeos representados nas figuras A e B e explique como são originados.
b) Que sexo os fetos podem apresentar em cada um dos úteros?
c) O cordão umbilical liga o feto à placenta. Quais são as funções gerais da placenta?

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Questão 51623

(UNICAMP - 2006 - 2 FASE )  Para estancar hemorragias, é necessário que ocorra o processo de coagulação sanguínea. No coágulo, estão presentes células, plaquetas e uma rede de fibrina. Na hemofilia, doença geneticamente determinada, o processo de coagulação não ocorre.


a) A formação da rede de fibrina é o final de uma série de reações que se inicia com a lesão do tecido. Explique o processo de formação da rede de fibrina.
b) Explique como a hemofilia é geneticamente determinada.

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Questão 51624

(UNICAMP - 2006 - 2 FASE ) No ser humano, a ausência de pigmento (albinismo: dd) e a cor da pele (cor branca: aabb; cor negra: AABB) são características autossômicas. Do casamento entre um homem e uma mulher negros, nasceu um menino albino. Do casamento desse rapaz com uma mulher branca, nasceram dois filhos mulatos intermediários e uma filha albina.
Com base nesses dados:
a) Indique os genótipos de todas as pessoas citadas no texto. (Use as notações indicadas no texto para identificar os alelos.)
b) Se um dos descendentes mulatos intermediários se casar com uma mulher branca albina, qual será a proporção esperada de filhos albinos?
c) A que tipo de herança se refere a característica cor de pele? Justifique.

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