FUVEST 2012

Questão 51707

(UNESP - 2012 - 1a Fase) Leia o texto a seguir:

O fim do Marketing

A empresa vende ao consumidor - com a web não é mais assim

Com a internet se tornando onipresente, os Quatro Ps do marketing — produto, praça, preço e promoção — não funcionam mais. O paradigma era simples e unidirecional: as empresas vendem aos consumidores. Nós criamos produtos; fixamos preços; definimos os locais onde vendê-los; e fazemos anúncios. Nós controlamos a mensagem. A internet transforma todas essas atividades.
(...)
Os produtos agora são customizados em massa, envolvem serviços e são marcados pelo conhecimento e os gostos dos consumidores. Por meio de comunidades online, os consumidores hoje participam do desenvolvimento do produto. Produtos estão se tornando experiências. Estão mortas as velhas concepções industriais na definição e marketing de produtos.
(...)
Graças às vendas online e à nova dinâmica do mercado, os preços fixados pelo fornecedor estão sendo cada vez mais desafiados. Hoje questionamos até o conceito de “preço”, à medida que os consumidores ganham acesso a ferramentas que lhes permitem determinar quanto querem pagar. Os consumidores vão oferecer vários preços por um produto, dependendo de condições específicas. Compradores e vendedores trocam mais informações e o preço se torna fluido. Os mercados, e não as empresas, decidem sobre os preços de produtos e serviços.
(...)
A empresa moderna compete em dois mundos: um físico (a praça, ou marketplace) e um mundo digital de informação (o espaço mercadológico, ou marketspace). As empresas não devem preocupar-se com a criação de um web site vistoso, mas sim de uma grande comunidade online e com o capital de relacionamento. Corações, e não olhos, são o que conta. Dentro de uma década, a maioria dos produtos será vendida no espaço mercadológico. Uma nova fronteira de comércio é a marketface — a interface entre o marketplace e o marketspace.
(...)
Publicidade, promoção, relações públicas etc. exploram “mensagens” unidirecionais, de um-para-muitos e de tamanho único, dirigidas a consumidores sem rosto e sem poder. As comunidades online perturbam drasticamente esse modelo. Os consumidores com frequência têm acesso a informações sobre os produtos, e o poder passa para o lado deles. São eles que controlam as regras do mercado, não você. Eles escolhem o meio e a mensagem. Em vez de receber mensagens enviadas por profissionais de relações públicas, eles criam a “opinião pública” online.
Os marqueteiros estão perdendo o controle, e isso é muito bom.

(Don Tapscott. O fim do marketing. INFO, São Paulo, Editora Abril, janeiro 2011, p. 22)

 

São eles que controlam as regras do mercado, não você. Eles escolhem o meio e a mensagem. Em vez de receber mensagens enviadas por profissionais de relações públicas, eles criam a “opinião pública” online.
Nesta passagem do penúltimo parágrafo do texto, o autor repete por três vezes o pronome eles, para referir-se enfaticamente aos

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Questão 51708

(UNESP - 2012 - 1a Fase) Leia o texto a seguir:

O fim do Marketing

A empresa vende ao consumidor - com a web não é mais assim

Com a internet se tornando onipresente, os Quatro Ps do marketing — produto, praça, preço e promoção — não funcionam mais. O paradigma era simples e unidirecional: as empresas vendem aos consumidores. Nós criamos produtos; fixamos preços; definimos os locais onde vendê-los; e fazemos anúncios. Nós controlamos a mensagem. A internet transforma todas essas atividades.
(...)
Os produtos agora são customizados em massa, envolvem serviços e são marcados pelo conhecimento e os gostos dos consumidores. Por meio de comunidades online, os consumidores hoje participam do desenvolvimento do produto. Produtos estão se tornando experiências. Estão mortas as velhas concepções industriais na definição e marketing de produtos.
(...)
Graças às vendas online e à nova dinâmica do mercado, os preços fixados pelo fornecedor estão sendo cada vez mais desafiados. Hoje questionamos até o conceito de “preço”, à medida que os consumidores ganham acesso a ferramentas que lhes permitem determinar quanto querem pagar. Os consumidores vão oferecer vários preços por um produto, dependendo de condições específicas. Compradores e vendedores trocam mais informações e o preço se torna fluido. Os mercados, e não as empresas, decidem sobre os preços de produtos e serviços.
(...)
A empresa moderna compete em dois mundos: um físico (a praça, ou marketplace) e um mundo digital de informação (o espaço mercadológico, ou marketspace). As empresas não devem preocupar-se com a criação de um web site vistoso, mas sim de uma grande comunidade online e com o capital de relacionamento. Corações, e não olhos, são o que conta. Dentro de uma década, a maioria dos produtos será vendida no espaço mercadológico. Uma nova fronteira de comércio é a marketface — a interface entre o marketplace e o marketspace.
(...)
Publicidade, promoção, relações públicas etc. exploram “mensagens” unidirecionais, de um-para-muitos e de tamanho único, dirigidas a consumidores sem rosto e sem poder. As comunidades online perturbam drasticamente esse modelo. Os consumidores com frequência têm acesso a informações sobre os produtos, e o poder passa para o lado deles. São eles que controlam as regras do mercado, não você. Eles escolhem o meio e a mensagem. Em vez de receber mensagens enviadas por profissionais de relações públicas, eles criam a “opinião pública” online.
Os marqueteiros estão perdendo o controle, e isso é muito bom.

(Don Tapscott. O fim do marketing. INFO, São Paulo, Editora Abril, janeiro 2011, p. 22)

 

Nós criamos produtos; fixamos preços; definimos os locais onde vendê-los; e fazemos anúncios. Nós controlamos a mensagem.
Nas orações que compõem os dois períodos transcritos, os termos destacados exercem a função de

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Questão 51709

(UNESP - 2012 - 1a Fase) Leia o texto a seguir:

O fim do Marketing

A empresa vende ao consumidor - com a web não é mais assim

Com a internet se tornando onipresente, os Quatro Ps do marketing — produto, praça, preço e promoção — não funcionam mais. O paradigma era simples e unidirecional: as empresas vendem aos consumidores. Nós criamos produtos; fixamos preços; definimos os locais onde vendê-los; e fazemos anúncios. Nós controlamos a mensagem. A internet transforma todas essas atividades.
(...)
Os produtos agora são customizados em massa, envolvem serviços e são marcados pelo conhecimento e os gostos dos consumidores. Por meio de comunidades online, os consumidores hoje participam do desenvolvimento do produto. Produtos estão se tornando experiências. Estão mortas as velhas concepções industriais na definição e marketing de produtos.
(...)
Graças às vendas online e à nova dinâmica do mercado, os preços fixados pelo fornecedor estão sendo cada vez mais desafiados. Hoje questionamos até o conceito de “preço”, à medida que os consumidores ganham acesso a ferramentas que lhes permitem determinar quanto querem pagar. Os consumidores vão oferecer vários preços por um produto, dependendo de condições específicas. Compradores e vendedores trocam mais informações e o preço se torna fluido. Os mercados, e não as empresas, decidem sobre os preços de produtos e serviços.
(...)
A empresa moderna compete em dois mundos: um físico (a praça, ou marketplace) e um mundo digital de informação (o espaço mercadológico, ou marketspace). As empresas não devem preocupar-se com a criação de um web site vistoso, mas sim de uma grande comunidade online e com o capital de relacionamento. Corações, e não olhos, são o que conta. Dentro de uma década, a maioria dos produtos será vendida no espaço mercadológico. Uma nova fronteira de comércio é a marketface — a interface entre o marketplace e o marketspace.
(...)
Publicidade, promoção, relações públicas etc. exploram “mensagens” unidirecionais, de um-para-muitos e de tamanho único, dirigidas a consumidores sem rosto e sem poder. As comunidades online perturbam drasticamente esse modelo. Os consumidores com frequência têm acesso a informações sobre os produtos, e o poder passa para o lado deles. São eles que controlam as regras do mercado, não você. Eles escolhem o meio e a mensagem. Em vez de receber mensagens enviadas por profissionais de relações públicas, eles criam a “opinião pública” online.
Os marqueteiros estão perdendo o controle, e isso é muito bom.

(Don Tapscott. O fim do marketing. INFO, São Paulo, Editora Abril, janeiro 2011, p. 22)

 

Os marqueteiros estão perdendo o controle, e isso é muito bom.
O termo marqueteiro, presente nesta frase, foi formado em português por influência do inglês e tem como uma de suas acepções usuais:

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Questão 51710

(UNESP - 2012 - 1a Fase)

Elegia na morte de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, poeta e cidadão

 

A morte chegou pelo interurbano em longas espirais metálicas.

Era de madrugada. Ouvi a voz de minha mãe, viúva.

De repente não tinha pai.

No escuro de minha casa em Los Angeles procurei recompor tua lembrança

Depois de tanta ausência. Fragmentos da infância

Boiaram do mar de minhas lágrimas. Vi-me eu menino

Correndo ao teu encontro. Na ilha noturna

Tinham-se apenas acendido os lampiões a gás, e a clarineta

De Augusto geralmente procrastinava a tarde.

Era belo esperar-te, cidadão. O bondinho

Rangia nos trilhos a muitas praias de distância...

Dizíamos: “Ê-vem meu pai!”. Quando a curva

Se acendia de luzes semoventes*, ah, corríamos

Corríamos ao teu encontro. A grande coisa era chegar antes

Mas ser marraio** em teus braços, sentir por último

Os doces espinhos da tua barba.

Trazias de então uma expressão indizível de fidelidade e paciência

Teu rosto tinha os sulcos fundamentais da doçura

De quem se deixou ser. Teus ombros possantes

Se curvavam como ao peso da enorme poesia

Que não realizaste. O barbante cortava teus dedos

Pesados de mil embrulhos: carne, pão, utensílios

Para o cotidiano (e frequentemente o binóculo

Que vivias comprando e com que te deixavas horas inteiras

Mirando o mar). Dize-me, meu pai

Que viste tantos anos através do teu óculo de alcance

Que nunca revelaste a ninguém?

Vencias o percurso entre a amendoeira e a casa como o atleta [exausto no último lance da maratona.

Te grimpávamos. Eras penca de filho. Jamais

Uma palavra dura, um rosnar paterno. Entravas a casa humilde

A um gesto do mar. A noite se fechava

Sobre o grupo familial como uma grande porta espessa.

Muitas vezes te vi desejar. Desejavas. Deixavas-te olhando o mar

Com mirada de argonauta. Teus pequenos olhos feios

Buscavam ilhas, outras ilhas... — as imaculadas, inacessíveis

Ilhas do Tesouro. Querias. Querias um dia aportar

E trazer — depositar aos pés da amada as joias fulgurantes

Do teu amor. Sim, foste descobridor, e entre eles

Dos mais provectos***. Muitas vezes te vi, comandante

Comandar, batido de ventos, perdido na fosforência

De vastos e noturnos oceanos

Sem jamais.

Deste-nos pobreza e amor.

A mim me deste

A suprema pobreza: o dom da poesia, e a capacidade de amar

Em silêncio. Foste um pobre. Mendigavas nosso amor

Em silêncio. Foste um no lado esquerdo. Mas

Teu amor inventou. Financiaste uma lancha

Movida a água: foi reta para o fundo. Partiste um dia

Para um brasil além, garimpeiro sem medo e sem mácula.

Doze luas voltaste. Tua primogênita — diz-se —

Não te reconheceu. Trazias grandes barbas e pequenas águas-marinhas.

(Vinicius de Moraes. Antologia poética. 11 ed. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1974, p. 180-181.)

 

(*) Semovente: “Que ou o que anda ou se move por si próprio.”

(**) Marraio: “No gude e noutros jogos, palavra que dá, a quem primeiro a grita, o direito de ser o último a jogar.

(***) Provecto: “Que conhece muito um assunto ou uma ciência, experiente, versado, mestre.”

(Dicionário Eletrônico Houaiss)

 

Compare o conteúdo das frases a seguir com o que o eu-poemático afirma no poema.

I. A notícia da morte do pai chegou por telefone.
II. O falecimento foi informado pela primogênita.
III. A morte do pai provocou reminiscências da infância.
IV. Apesar de não ter sido um bom pai, o filho perdoa e sente saudades.

As frases que correspondem ao que é efetivamente expresso no poema estão contidas apenas em

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Questão 51711

(UNESP - 2012 - 1a Fase)

Elegia na morte de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, poeta e cidadão

 

A morte chegou pelo interurbano em longas espirais metálicas.
Era de madrugada. Ouvi a voz de minha mãe, viúva.
De repente não tinha pai.
No escuro de minha casa em Los Angeles procurei recompor tua lembrança
Depois de tanta ausência. Fragmentos da infância
Boiaram do mar de minhas lágrimas. Vi-me eu menino
Correndo ao teu encontro. Na ilha noturna
Tinham-se apenas acendido os lampiões a gás, e a clarineta
De Augusto geralmente procrastinava a tarde.
Era belo esperar-te, cidadão. O bondinho
Rangia nos trilhos a muitas praias de distância...
Dizíamos: “Ê-vem meu pai!”. Quando a curva
Se acendia de luzes semoventes*, ah, corríamos
Corríamos ao teu encontro. A grande coisa era chegar antes
Mas ser marraio** em teus braços, sentir por último
Os doces espinhos da tua barba.
Trazias de então uma expressão indizível de fidelidade e paciência
Teu rosto tinha os sulcos fundamentais da doçura
De quem se deixou ser. Teus ombros possantes
Se curvavam como ao peso da enorme poesia
Que não realizaste. O barbante cortava teus dedos
Pesados de mil embrulhos: carne, pão, utensílios
Para o cotidiano (e frequentemente o binóculo
Que vivias comprando e com que te deixavas horas inteiras
Mirando o mar). Dize-me, meu pai
Que viste tantos anos através do teu óculo de alcance
Que nunca revelaste a ninguém?
Vencias o percurso entre a amendoeira e a casa como o atleta [exausto no último lance da maratona.
Te grimpávamos. Eras penca de filho. Jamais
Uma palavra dura, um rosnar paterno. Entravas a casa humilde
A um gesto do mar. A noite se fechava
Sobre o grupo familial como uma grande porta espessa.
Muitas vezes te vi desejar. Desejavas. Deixavas-te olhando o mar
Com mirada de argonauta. Teus pequenos olhos feios
Buscavam ilhas, outras ilhas... — as imaculadas, inacessíveis
Ilhas do Tesouro. Querias. Querias um dia aportar
E trazer — depositar aos pés da amada as joias fulgurantes
Do teu amor. Sim, foste descobridor, e entre eles
Dos mais provectos***. Muitas vezes te vi, comandante
Comandar, batido de ventos, perdido na fosforência
De vastos e noturnos oceanos
Sem jamais.
Deste-nos pobreza e amor.
A mim me deste
A suprema pobreza: o dom da poesia, e a capacidade de amar
Em silêncio. Foste um pobre. Mendigavas nosso amor
Em silêncio. Foste um no lado esquerdo. Mas
Teu amor inventou. Financiaste uma lancha
Movida a água: foi reta para o fundo. Partiste um dia
Para um brasil além, garimpeiro sem medo e sem mácula.
Doze luas voltaste. Tua primogênita — diz-se —
Não te reconheceu. Trazias grandes barbas e pequenas águas-marinhas.

(Vinicius de Moraes. Antologia poética. 11 ed. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1974, p. 180-181.)

 

(*) Semovente: “Que ou o que anda ou se move por si próprio.”
(**) Marraio: “No gude e noutros jogos, palavra que dá, a quem primeiro a grita, o direito de ser o último a jogar.
(***) Provecto: “Que conhece muito um assunto ou uma ciência, experiente, versado, mestre.”

(Dicionário Eletrônico Houaiss)

O barbante cortava teus dedos / Pesados de mil embrulhos:
O emprego da expressão mil embrulhos no verso mencionado caracteriza-se como figura de linguagem denominada hipérbole, porque

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Questão 51712

(UNESP - 2012 - 1a Fase)

Elegia na morte de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, poeta e cidadão

 

A morte chegou pelo interurbano em longas espirais metálicas.

Era de madrugada. Ouvi a voz de minha mãe, viúva.

De repente não tinha pai.

No escuro de minha casa em Los Angeles procurei recompor tua lembrança

Depois de tanta ausência. Fragmentos da infância

Boiaram do mar de minhas lágrimas. Vi-me eu menino

Correndo ao teu encontro. Na ilha noturna

Tinham-se apenas acendido os lampiões a gás, e a clarineta

De Augusto geralmente procrastinava a tarde.

Era belo esperar-te, cidadão. O bondinho

Rangia nos trilhos a muitas praias de distância...

Dizíamos: “Ê-vem meu pai!”. Quando a curva

Se acendia de luzes semoventes*, ah, corríamos

Corríamos ao teu encontro. A grande coisa era chegar antes

Mas ser marraio** em teus braços, sentir por último

Os doces espinhos da tua barba.

Trazias de então uma expressão indizível de fidelidade e paciência

Teu rosto tinha os sulcos fundamentais da doçura

De quem se deixou ser. Teus ombros possantes

Se curvavam como ao peso da enorme poesia

Que não realizaste. O barbante cortava teus dedos

Pesados de mil embrulhos: carne, pão, utensílios

Para o cotidiano (e frequentemente o binóculo

Que vivias comprando e com que te deixavas horas inteiras

Mirando o mar). Dize-me, meu pai

Que viste tantos anos através do teu óculo de alcance

Que nunca revelaste a ninguém?

Vencias o percurso entre a amendoeira e a casa como o atleta [exausto no último lance da maratona.

Te grimpávamos. Eras penca de filho. Jamais

Uma palavra dura, um rosnar paterno. Entravas a casa humilde

A um gesto do mar. A noite se fechava

Sobre o grupo familial como uma grande porta espessa.

Muitas vezes te vi desejar. Desejavas. Deixavas-te olhando o mar

Com mirada de argonauta. Teus pequenos olhos feios

Buscavam ilhas, outras ilhas... — as imaculadas, inacessíveis

Ilhas do Tesouro. Querias. Querias um dia aportar

E trazer — depositar aos pés da amada as joias fulgurantes

Do teu amor. Sim, foste descobridor, e entre eles

Dos mais provectos***. Muitas vezes te vi, comandante

Comandar, batido de ventos, perdido na fosforência

De vastos e noturnos oceanos

Sem jamais.

Deste-nos pobreza e amor.

A mim me deste

A suprema pobreza: o dom da poesia, e a capacidade de amar

Em silêncio. Foste um pobre. Mendigavas nosso amor

Em silêncio. Foste um no lado esquerdo. Mas

Teu amor inventou. Financiaste uma lancha

Movida a água: foi reta para o fundo. Partiste um dia

Para um brasil além, garimpeiro sem medo e sem mácula.

Doze luas voltaste. Tua primogênita — diz-se —

Não te reconheceu. Trazias grandes barbas e pequenas águas-marinhas.

(Vinicius de Moraes. Antologia poética. 11 ed. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1974, p. 180-181.)

 

(*) Semovente: “Que ou o que anda ou se move por si próprio.”

(**) Marraio: “No gude e noutros jogos, palavra que dá, a quem primeiro a grita, o direito de ser o último a jogar.

(***) Provecto: “Que conhece muito um assunto ou uma ciência, experiente, versado, mestre.”

(Dicionário Eletrônico Houaiss)

 

Marque a alternativa cujo verso contém um pleonasmo, ou seja, uma redundância de termos com bom efeito estilístico.

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Questão 51713

(UNESP - 2012 - 1a Fase)

Elegia na morte de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, poeta e cidadão

 

A morte chegou pelo interurbano em longas espirais metálicas.

Era de madrugada. Ouvi a voz de minha mãe, viúva.

De repente não tinha pai.

No escuro de minha casa em Los Angeles procurei recompor tua lembrança

Depois de tanta ausência. Fragmentos da infância

Boiaram do mar de minhas lágrimas. Vi-me eu menino

Correndo ao teu encontro. Na ilha noturna

Tinham-se apenas acendido os lampiões a gás, e a clarineta

De Augusto geralmente procrastinava a tarde.

Era belo esperar-te, cidadão. O bondinho

Rangia nos trilhos a muitas praias de distância...

Dizíamos: “Ê-vem meu pai!”. Quando a curva

Se acendia de luzes semoventes*, ah, corríamos

Corríamos ao teu encontro. A grande coisa era chegar antes

Mas ser marraio** em teus braços, sentir por último

Os doces espinhos da tua barba.

Trazias de então uma expressão indizível de fidelidade e paciência

Teu rosto tinha os sulcos fundamentais da doçura

De quem se deixou ser. Teus ombros possantes

Se curvavam como ao peso da enorme poesia

Que não realizaste. O barbante cortava teus dedos

Pesados de mil embrulhos: carne, pão, utensílios

Para o cotidiano (e frequentemente o binóculo

Que vivias comprando e com que te deixavas horas inteiras

Mirando o mar). Dize-me, meu pai

Que viste tantos anos através do teu óculo de alcance

Que nunca revelaste a ninguém?

Vencias o percurso entre a amendoeira e a casa como o atleta [exausto no último lance da maratona.

Te grimpávamos. Eras penca de filho. Jamais

Uma palavra dura, um rosnar paterno. Entravas a casa humilde

A um gesto do mar. A noite se fechava

Sobre o grupo familial como uma grande porta espessa.

Muitas vezes te vi desejar. Desejavas. Deixavas-te olhando o mar

Com mirada de argonauta. Teus pequenos olhos feios

Buscavam ilhas, outras ilhas... — as imaculadas, inacessíveis

Ilhas do Tesouro. Querias. Querias um dia aportar

E trazer — depositar aos pés da amada as joias fulgurantes

Do teu amor. Sim, foste descobridor, e entre eles

Dos mais provectos***. Muitas vezes te vi, comandante

Comandar, batido de ventos, perdido na fosforência

De vastos e noturnos oceanos

Sem jamais.

Deste-nos pobreza e amor.

A mim me deste

A suprema pobreza: o dom da poesia, e a capacidade de amar

Em silêncio. Foste um pobre. Mendigavas nosso amor

Em silêncio. Foste um no lado esquerdo. Mas

Teu amor inventou. Financiaste uma lancha

Movida a água: foi reta para o fundo. Partiste um dia

Para um brasil além, garimpeiro sem medo e sem mácula.

Doze luas voltaste. Tua primogênita — diz-se —

Não te reconheceu. Trazias grandes barbas e pequenas águas-marinhas.

(Vinicius de Moraes. Antologia poética. 11 ed. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1974, p. 180-181.)

 

(*) Semovente: “Que ou o que anda ou se move por si próprio.”

(**) Marraio: “No gude e noutros jogos, palavra que dá, a quem primeiro a grita, o direito de ser o último a jogar.

(***) Provecto: “Que conhece muito um assunto ou uma ciência, experiente, versado, mestre.”

(Dicionário Eletrônico Houaiss)

 

Quando a curva / Se acendia de luzes semoventes, Esta imagem significa, nos versos em que surge,

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Questão 51714

(UNESP - 2012 - 1a Fase) Leia o texto a seguir:

A literatura em perigo

A análise das obras feita na escola não deveria mais ter por objetivo ilustrar os conceitos recém-introduzidos por este ou aquele linguista, este ou aquele teórico da literatura, quando, então, os textos são apresentados como uma aplicação da língua e do discurso; sua tarefa deveria ser a de nos fazer ter acesso ao sentido dessas obras — pois postulamos que esse sentido, por sua vez, nos conduz a um conhecimento do humano, o qual importa a todos. Como já o disse, essa ideia não é estranha a uma boa parte do próprio mundo do ensino; mas é necessário passar das ideias à ação. Num relatório estabelecido pela Associação dos Professores de Letras, podemos ler: “O estudo de Letras implica o estudo do homem, sua relação consigo mesmo e com o mundo, e sua relação com os outros.” Mais exatamente, o estudo da obra remete a círculos concêntricos cada vez mais amplos: o dos outros escritos do mesmo autor, o da literatura nacional, o da literatura mundial; mas seu contexto final, o mais importante de todos, nos é efetivamente dado pela própria existência humana. Todas as grandes obras, qualquer que seja sua origem, demandam uma reflexão dessa dimensão.

O que devemos fazer para desdobrar o sentido de uma obra e revelar o pensamento do artista? Todos os “métodos” são bons, desde que continuem a ser meios, em vez de se tornarem fins em si mesmos. (...)
(...)
(...) Sendo o objeto da literatura a própria condição humana, aquele que a lê e a compreende se tornará não um especialista em análise literária, mas um conhecedor do ser humano. Que melhor introdução à compreensão das paixões e dos comportamentos humanos do que uma imersão na obra dos grandes escritores que se dedicam a essa tarefa há milênios? E, de imediato: que melhor preparação pode haver para todas as profissões baseadas nas relações humanas? Se entendermos assim a literatura e orientarmos dessa maneira o seu ensino, que ajuda mais preciosa poderia encontrar o futuro estudante de direito ou de ciências políticas, o futuro assistente social ou psicoterapeuta, o historiador ou o sociólogo? Ter como professores Shakespeare e Sófocles, Dostoievski e Proust não é tirar proveito de um ensino excepcional? E não se vê que mesmo um futuro médico, para exercer o seu ofício, teria mais a aprender com esses mesmos professores do que com os manuais preparatórios para concurso que hoje determinam o seu destino? Assim, os estudos literários encontrariam o seu lugar no coração das humanidades, ao lado da história dos eventos e das ideias, todas essas disciplinas fazendo progredir o pensamento e se alimentando tanto de obras quanto de doutrinas, tanto de ações políticas quanto de mutações sociais, tanto da vida dos povos quanto da de seus indivíduos.

Se aceitarmos essa finalidade para o ensino literário, o qual não serviria mais unicamente à reprodução dos professores de Letras, podemos facilmente chegar a um acordo sobre o espírito que o deve conduzir: é necessário incluir as obras no grande diálogo entre os homens, iniciado desde a noite dos tempos e do qual cada um de nós, por mais ínfimo que seja, ainda participa. “É nessa comunicação inesgotável, vitoriosa do espaço e do tempo, que se afirma o alcance universal da literatura”, escrevia Paul Bénichou. A nós, adultos, nos cabe transmitir às novas gerações essa herança frágil, essas palavras que ajudam a viver melhor.

(Tzvetan Todorov. A literatura em perigo. 2 ed. Trad. Caio Meira. Rio de Janeiro: DIFEL, 2009, p. 89-94.)

 

Observe as seguintes opiniões referentes ao ensino de literatura.

I. O estudo de obras literárias na escola tem como objetivo fundamental ensinar os fundamentos da Linguística.
II. A análise das obras feita na escola deve levar o estudante a ter acesso ao sentido dessas obras.
III. O objetivo do ensino da literatura na escola não é formar teóricos da literatura.
IV. De nada adianta a leitura das obras literárias sem a prévia fundamentação das teorias literárias.

Das quatro opiniões, as que se enquadram na argumentação manifestada por Todorov em seu texto estão contidas apenas em:

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Questão 51715

(UNESP - 2012 - 1a Fase) Leia o texto a seguir:

A literatura em perigo

A análise das obras feita na escola não deveria mais ter por objetivo ilustrar os conceitos recém-introduzidos por este ou aquele linguista, este ou aquele teórico da literatura, quando, então, os textos são apresentados como uma aplicação da língua e do discurso; sua tarefa deveria ser a de nos fazer ter acesso ao sentido dessas obras — pois postulamos que esse sentido, por sua vez, nos conduz a um conhecimento do humano, o qual importa a todos. Como já o disse, essa ideia não é estranha a uma boa parte do próprio mundo do ensino; mas é necessário passar das ideias à ação. Num relatório estabelecido pela Associação dos Professores de Letras, podemos ler: “O estudo de Letras implica o estudo do homem, sua relação consigo mesmo e com o mundo, e sua relação com os outros.” Mais exatamente, o estudo da obra remete a círculos concêntricos cada vez mais amplos: o dos outros escritos do mesmo autor, o da literatura nacional, o da literatura mundial; mas seu contexto final, o mais importante de todos, nos é efetivamente dado pela própria existência humana. Todas as grandes obras, qualquer que seja sua origem, demandam uma reflexão dessa dimensão.

O que devemos fazer para desdobrar o sentido de uma obra e revelar o pensamento do artista? Todos os “métodos” são bons, desde que continuem a ser meios, em vez de se tornarem fins em si mesmos. (...)
(...)
(...) Sendo o objeto da literatura a própria condição humana, aquele que a lê e a compreende se tornará não um especialista em análise literária, mas um conhecedor do ser humano. Que melhor introdução à compreensão das paixões e dos comportamentos humanos do que uma imersão na obra dos grandes escritores que se dedicam a essa tarefa há milênios? E, de imediato: que melhor preparação pode haver para todas as profissões baseadas nas relações humanas? Se entendermos assim a literatura e orientarmos dessa maneira o seu ensino, que ajuda mais preciosa poderia encontrar o futuro estudante de direito ou de ciências políticas, o futuro assistente social ou psicoterapeuta, o historiador ou o sociólogo? Ter como professores Shakespeare e Sófocles, Dostoievski e Proust não é tirar proveito de um ensino excepcional? E não se vê que mesmo um futuro médico, para exercer o seu ofício, teria mais a aprender com esses mesmos professores do que com os manuais preparatórios para concurso que hoje determinam o seu destino? Assim, os estudos literários encontrariam o seu lugar no coração das humanidades, ao lado da história dos eventos e das ideias, todas essas disciplinas fazendo progredir o pensamento e se alimentando tanto de obras quanto de doutrinas, tanto de ações políticas quanto de mutações sociais, tanto da vida dos povos quanto da de seus indivíduos.

Se aceitarmos essa finalidade para o ensino literário, o qual não serviria mais unicamente à reprodução dos professores de Letras, podemos facilmente chegar a um acordo sobre o espírito que o deve conduzir: é necessário incluir as obras no grande diálogo entre os homens, iniciado desde a noite dos tempos e do qual cada um de nós, por mais ínfimo que seja, ainda participa. “É nessa comunicação inesgotável, vitoriosa do espaço e do tempo, que se afirma o alcance universal da literatura”, escrevia Paul Bénichou. A nós, adultos, nos cabe transmitir às novas gerações essa herança frágil, essas palavras que ajudam a viver melhor.

(Tzvetan Todorov. A literatura em perigo. 2 ed. Trad. Caio Meira. Rio de Janeiro: DIFEL, 2009, p. 89-94.)

 

Ter como professores Shakespeare e Sófocles, Dostoievski e Proust não é tirar proveito de um ensino excepcional?
Esta questão levantada por Todorov, no contexto do terceiro parágrafo, significa:

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Questão 51716

(UNESP - 2012 - 1a Fase) Leia o texto a seguir:

A literatura em perigo

A análise das obras feita na escola não deveria mais ter por objetivo ilustrar os conceitos recém-introduzidos por este ou aquele linguista, este ou aquele teórico da literatura, quando, então, os textos são apresentados como uma aplicação da língua e do discurso; sua tarefa deveria ser a de nos fazer ter acesso ao sentido dessas obras — pois postulamos que esse sentido, por sua vez, nos conduz a um conhecimento do humano, o qual importa a todos. Como já o disse, essa ideia não é estranha a uma boa parte do próprio mundo do ensino; mas é necessário passar das ideias à ação. Num relatório estabelecido pela Associação dos Professores de Letras, podemos ler: “O estudo de Letras implica o estudo do homem, sua relação consigo mesmo e com o mundo, e sua relação com os outros.” Mais exatamente, o estudo da obra remete a círculos concêntricos cada vez mais amplos: o dos outros escritos do mesmo autor, o da literatura nacional, o da literatura mundial; mas seu contexto final, o mais importante de todos, nos é efetivamente dado pela própria existência humana. Todas as grandes obras, qualquer que seja sua origem, demandam uma reflexão dessa dimensão.

O que devemos fazer para desdobrar o sentido de uma obra e revelar o pensamento do artista? Todos os “métodos” são bons, desde que continuem a ser meios, em vez de se tornarem fins em si mesmos. (...)
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(...) Sendo o objeto da literatura a própria condição humana, aquele que a lê e a compreende se tornará não um especialista em análise literária, mas um conhecedor do ser humano. Que melhor introdução à compreensão das paixões e dos comportamentos humanos do que uma imersão na obra dos grandes escritores que se dedicam a essa tarefa há milênios? E, de imediato: que melhor preparação pode haver para todas as profissões baseadas nas relações humanas? Se entendermos assim a literatura e orientarmos dessa maneira o seu ensino, que ajuda mais preciosa poderia encontrar o futuro estudante de direito ou de ciências políticas, o futuro assistente social ou psicoterapeuta, o historiador ou o sociólogo? Ter como professores Shakespeare e Sófocles, Dostoievski e Proust não é tirar proveito de um ensino excepcional? E não se vê que mesmo um futuro médico, para exercer o seu ofício, teria mais a aprender com esses mesmos professores do que com os manuais preparatórios para concurso que hoje determinam o seu destino? Assim, os estudos literários encontrariam o seu lugar no coração das humanidades, ao lado da história dos eventos e das ideias, todas essas disciplinas fazendo progredir o pensamento e se alimentando tanto de obras quanto de doutrinas, tanto de ações políticas quanto de mutações sociais, tanto da vida dos povos quanto da de seus indivíduos.

Se aceitarmos essa finalidade para o ensino literário, o qual não serviria mais unicamente à reprodução dos professores de Letras, podemos facilmente chegar a um acordo sobre o espírito que o deve conduzir: é necessário incluir as obras no grande diálogo entre os homens, iniciado desde a noite dos tempos e do qual cada um de nós, por mais ínfimo que seja, ainda participa. “É nessa comunicação inesgotável, vitoriosa do espaço e do tempo, que se afirma o alcance universal da literatura”, escrevia Paul Bénichou. A nós, adultos, nos cabe transmitir às novas gerações essa herança frágil, essas palavras que ajudam a viver melhor.

(Tzvetan Todorov. A literatura em perigo. 2 ed. Trad. Caio Meira. Rio de Janeiro: DIFEL, 2009, p. 89-94.)

 

Que melhor introdução à compreensão das paixões e dos comportamentos humanos do que uma imersão na obra dos grandes escritores que se dedicam a essa tarefa há milênios?
Com base no fato de que a palavra “imersão”, usada na expressão uma imersão na obra, caracteriza uma metáfora, indique a alternativa que elimina essa metáfora sem perda relevante de sentido:

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