Questão 10775

(ENEM - 2010)  Em 2006, a produção mundial de etanol foi de 40 bilhões de litros e a de biodiesel, de 6,5 bilhões. Neste mesmo ano, a produção brasileira de etanol correspondeu a 43% da produção mundial, ao passo que a produção dos Estados Unidos da América, usando milho, foi de 45%. 

Disponível em: planetasustentavel.abril.com. Acesso em: 02 maio 2009. 

 

Considerando que, em 2009, a produção mundial de etanol seja a mesma de 2006 e que os Estados Unidos produzirão somente a metade de sua produção de 2006, para que o total produzido pelo Brasil e pelos Estados Unidos continue correspondendo a 88% da produção mundial, o Brasil deve aumentar sua produção em, aproximadamente,

A

22,5%.

B

50,0%.

C

52,3%.

D

65,5%.

E

77,5%.

Gabarito:

52,3%.



Resolução:

Resolução 1:

1) A produção de Etanol no Brasil (43%) e nos EUA (45%) correspondiam a 88% da produção em 2006.

Logo, 0,43+0,45=0,88

2) Os EUA passaram a produzir em 2009 somente a metade de sua produção de 2006 (45%/2=22,5%).

Para que o total produzido pelo Brasil e pelos Estados Unidos continue correspondendo a 88% da produção mundial, o Brasil deve aumentar sua produção, logo:

0,43x +0,225=0,88

0,43x =0,88- 0,225

0,43x =0,655

x=1,5232

3) Logo, o aumento será: 1,5232-1=0,5232 ou seja 52,32%.

 

Resolução 2:

Queremos que a soma da contribuição percentual do Brasil e dos EUA à produção  mundial de etanol seja a mesma tanto em 2006, quanto em 2009.

Ou seja, sendo:

 B_{2006} : Produção de etanol no Brasil em 2006

B_{2009} : Produção de etanol no Brasil em 2009

E_{2006} : Produção de etanol nos EUA em 2006

E_{2009} : Produção de etanol nos EUA em 2009

M_{2006} : Produção mundial de etanol em 2006

M_{2009} : Produção mundial de etanol em 2009

Logo, do enunciado, devemos ter que a soma dos percentuais de produção dos EUA e do Brasil em 2009 deve permanecer igual a 88% como em 2006:

100 	imes frac{B_{2006}}{M_{2006}} + 100 	imes frac{E_{2006}}{M_{2006}} = 100 	imes frac{B_{2009}}{M_{2009}} + 100 	imes frac{E_{2009}}{M_{2009}}

(cada termo aqui representa a porcentagem em relação à quantia global de etanol. A razão B2006/M2006 , por exemplo, é a fração de etanol produzido pelo Brasil em relação à produção mundial. Se multiplicamos essa razão por 100, teremos a fração percentual)

 

 

Agora é só fazer as contas:

 

Divindo ambos os lados da equação por 100, chegamos em: 

frac{B_{2006}}{M_{2006}} + frac{E_{2006}}{M_{2006}} = frac{B_{2009}}{M_{2009}} + frac{E_{2009}}{M_{2009}} Rightarrow frac{B_{2006} + E_{2006}}{M_{2006}}=frac{B_{2009} + E_{2009}}{M_{2009}}

Multiplicando ambos os lados por M_{2009}, obtemos:

frac{M_{2009}}{M_{2006}}(B_{2006} + E_{2006}) =B_{2009} + E_{2009}

 

Do enunciado, temos que M_{2009} = M_{2006}. Sendo assim  frac{M_{2009}}{M_{2006}}=1 , logo a equação se resume a:

B_{2006} + E_{2006} =B_{2009} + E_{2009}.

Sabemos que E_{2009} = E_{2006} / 2 (a produção de etanol por parte dos EUA em 2009 é a metade da de 2006).  Portanto:

B_{2009} = B_{2006}+frac{E_{2006}}{2} => frac{B_{2009}}{B_{2006}} = 1 + frac{frac{E_{2006}}{B_{2006}}}{2} (aqui dividimos os dois lados da equação por B2006)

 

Dos dados do enunciado temos que frac{B_{2006}}{M_{2006}}=43\% e frac{E_{2006}}{M_{2006}}=45\% . Logo,

frac{E_{2006}}{B_{2006}}=frac{0,45}{0,43} = frac{45}{43}

Substituindo-se este valor na equação anterior, chegamos em:

 

frac{B_{2009}}{B_{2006}} = 1 + frac{45}{86} approx 1,523.

Ou seja, o brasil deve produzir, no ano de 2009, 152,3% de sua produção total em 2006, o que equivale a um aumento de 152,3% - 100% = 52,3% entre os dois anos.

 

 

 

Em outras palavras, como a produção mundial é constante, então o percentual de produção dos dois países é proporcional às suas produções.

Logo, temos que:

(Produção percentual do Br em 2009) + (Produção percentual dos EUA em 2009) = 88% (I)

Mas sabemos que (Produção percentual dos EUA em 2009) = (Produção percentual dos EUA em 2009)/2 = 45%/2 = 22,5 % (II)

Com II em I, temos:

(Produção percentual do Br em 2009) + 22,5% = 88%

(Produção percentual do Br em 2009) = 65,5%

 

Dividindo (Produção percentual do Br em 2009) por (Produção percentual do Br em 2006) teremos:

(Produção percentual do Br em 2009)/(Produção percentual do Br em 2006) = 65,5%/43% = 1,523

Ou seja, a (Produção do Br em 2009) é 52,3% deve maior que (Produção do Br em 2006)

 

3ª Resolução:

 

  • Em 2006 a produção mundial de etanol foi de 40 bilhões de litros = 40 000 000 000 = 4.1010 litros, desse valor, os Estados Unidos produziram 45%

= 0,45*4.1010  = 1,8.1010 litros

 

  • Em 2009, no entanto, os EUA produziram somente metade do que havia produzido em 2006, ou seja, 0,5*1,8.1010 = 9.10litros

 

  • O enunciado diz que a produção MUNDIAL foi a mesma, ou seja, continuou sendo de 4.1010 litros. Então vamos ver qual a participação percentual dos EUA:

 

REGRA de TRÊS:

4.1010   -------- 100%

9.109      ---------  x                         .:. x = 22,5%

 

  • Outra informação do enunciado é que a soma percentual dos EUA e do Brasil continua sendo de 88%, mas se os EUA produziram apenas 22,5%, então o Brasil deve produzir 88 - 22,5 = 65,5%

 

REGRA de TRÊS:

4.1010   -------- 100%

y      ---------  65,5%                        .:. y = 2,62.1010 litros

 

Antes o Brasil produzia 43% do total mundial, ou seja, 0,43*4.1010 = 1,72.1010 

Portanto, o aumento foi de: 

frac{2,62cdot 10^{10}-1,72cdot10^{10}}{1,72cdot10^{10}}=0,523

Ou seja, 52,3%



Questão 1778

(ENEM - 2015)

Exmº Sr. Governador:

Trago a V. Exa. um resumo dos trabalhos realizados pela Prefeitura de Palmeira dos Índios em 1928.
[...]

ADMINISTRAÇÃO
Relativamente à quantia orçada, os telegramas custaram pouco. De ordinário vai para eles dinheiro considerável. Não há vereda aberta pelos matutos que prefeitura do interior não ponha no arame, proclamando que a coisa foi feita por ela; comunicam-se as datas históricas ao Governo do Estado, que não precisa disso; todos os acontecimentos políticos são badalados. Porque se derrubou a Bastilha - um telegrama; porque se deitou pedra na rua - um telegrama; porque o deputado F. esticou a canela - um telegrama.

Palmeira dos Índios, 10 de janeiro de 1929.
GRACILlANO RAMOS

RAMOS, G. Viventes das Alagoas. São Paulo: Martins Fontes, 1962.

O relatório traz a assinatura de Graciliano Ramos, na época, prefeito de Palmeira dos Índios, e é destinado ao governo do estado de Alagoas. De natureza oficial, o texto chama a atenção por contrariar a norma prevista para esse gênero, pois o autor

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Questão 1781

(ENEM - 2015)

Um dia, meu pai tomou-me pela mão, minha mãe beijou-me a testa, molhando-me de lágrimas os cabelos e eu parti.

Duas vezes fora visitar o Ateneu antes da minha instalação.

Ateneu era o grande colégio da época. Afamado por um sistema de nutrido reclame, mantido por um diretor que de tempos a tempos reformava o estabelecimento, pintando-o jeitosamente de novidade, como os negociantes que liquidam para recomeçar com artigos de última remessa; o Ateneu desde muito tinha consolidado crédito na preferência dos pais, sem levar em conta a simpatia da meninada, a cercar de aclamações o bombo vistoso dos anúncios.

O Dr. Aristarco Argolo de Ramos, da conhecida família do Visconde de Ramos, do Norte, enchia o império com o seu renome de pedagogo. Eram boletins de propaganda pelas províncias, conferências em diversos pontos da cidade, a pedidos, à substância, atochando a imprensa dos lugarejos, caixões, sobretudo, de livros elementares, fabricados às pressas com o ofegante e esbaforido concurso de professores prudentemente anônimos, caixões e mais caixões de volumes cartonados em Leipzig, inundando as escolas públicas de toda a parte com a sua invasão de capas azuis, róseas, amarelas, em que o nome de Aristarco, inteiro e sonoro, oferecia-se ao pasmo venerador dos esfaimados de alfabeto dos confins da pátria. Os lugares que os não procuravam eram um belo dia surpreendidos pela enchente, gratuita, espontânea, irresistível! E não havia senão aceitar a farinha daquela marca para o pão do espírito.

POMPEIA, R. O Ateneu. São Paulo: Scipione, 2005.

Ao descrever o Ateneu e as atitudes de seu diretor, o narrador revela um olhar sobre a inserção social do colégio demarcado pela

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Questão 1782

Primeiro surgiu o homem nu de cabeça baixa. Deus veio num raio. Então apareceram os bichos que comiam os homens. E se fez o fogo, as especiarias, a roupa, a espada e o dever. Em seguida se criou a filosofia, que explicava como não fazer o que não devia ser feito. Então surgiram os números racionais e a História, organizando os eventos sem sentido. A fome desde sempre, das coisas e das pessoas. Foram inventados o calmante e o estimulante. E alguém apagou a luz. E cada um se vira como pode, arrancando as cascas das feridas que alcança.

BONASSI, F. 15 cenas do descobrimento de Brasis. In: MORICONI, I. (Org.). Os cem melhores contos do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

 

A narrativa enxuta e dinâmica de Fernando Bonassi configura um painel evolutivo da história da humanidade. Nele, a projeção do olhar contemporâneo manifesta uma percepção que

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Questão 1783

(ENEM - 2015)

Tudo era harmonioso, sólido, verdadeiro. No princípio. As mulheres, principalmente as mortas do álbum, eram maravilhosas. Os homens, mais maravilhosos ainda, ah, difícil encontrar família mais perfeita. A nossa família, dizia a bela voz de contralto da minha avó. Na nossa família, frisava, lançado em redor olhares complacentes, lamentando os que não faziam parte do nosso clã. [...]

Quando Margarida resolveu contar os podres todos que sabia naquela noite negra da rebelião, fiquei furiosa. [...]

É mentira, é mentira!, gritei tapando os ouvidos. Mas Margarida seguia em frente: tio Maximiliano se casou com a inglesa de cachos só por causa do dinheiro, não passava de um pilantra, a loirinha feiosa era riquíssima. Tia Consuelo? Ora, tia Consuelo chorava porque sentia falta de homem, ela queria homem e não Deus, ou o convento ou o sanatório. O dote era tão bom que o convento abriu-lhe as portas com loucura e tudo. “E tem mais coisas ainda, minha queridinha”, anunciou Margarida fazendo um agrado no meu queixo. Reagi com violência: uma agregada, uma cria e, ainda por cima, mestiça. Como ousava desmoralizar meus heróis?

TELLES, L. F. A estrutura da bolha de sabão. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Representante da ficção contemporânea, a prosa de Lygia Fagundes Telles configura e desconstrói modelos sociais. No trecho, a percepção do núcleo familiar descortina um(a)

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