(ENEM - 2017)
Revista Bolsa, 1986. In: CARRASCOZA, J. A. A evolução do texto publicitário: a associação de palavras como
elemento de sedução na publicidade. São Paulo: Futura, 1999 (adaptado).
Nesse cartaz publicitário de uma empresa de papel e celulose, a combinação dos elementos verbais e não verbais visa
justificar os prejuízos ao meio ambiente, ao vincular a empresa à difusão da cultura.
incentivar a leitura de obras literárias, ao referir-se a títulos consagrados do acervo mundial.
seduzir o consumidor, ao relacionar o anunciante às histórias clássicas da literatura universal.
promover uma reflexão sobre a preservação ambiental ao aliar o desmatamento aos clássicos da literatura.
construir uma imagem positiva do anunciante, ao associar a exploração alegadamente sustentável à produção de livros.
Gabarito:
construir uma imagem positiva do anunciante, ao associar a exploração alegadamente sustentável à produção de livros.
A) INCORRETA: Não é estabelecido a relação da imagem com o texto verbal no rodapé do anúncio e que inviabiliza justificar os prejuízos ao meio ambiente.
B) INCORRETA: O elemento verbal (as árvores) não relaciona a importância do incentivo pela leitura de livros renomados pela literatura universal.
C) INCORRETA: É tomado como exemplo as histórias clássicas da literatura como forma de criar de forma inovadora e interessante por meio da associação da exploração alegada sustentável à produção de livros.
D) INCORRETA: A campanha não promove uma reflexão sobre a preservação ambiental.O cartaz objetiva construir uma imagem positiva do anunciante, ao associar a exploração alegadamente sustentável à produção de livros.
E) CORRETA: O anúncio deseja construir uma imagem positiva da empresa de papel e celulose. Percebemos que no texto verbal, temos algo como "apesar de desmatar para produzir papel, com eles fazemos livros infantis". E na imagem (texto não-verbal), percebemos uma floresta com árvores preservadas. Com isso, por combinação dos tipos de texto, intuímos que há exploração, mas que ela está ligada a um bem maior: a produção de livros infantis e que, ainda assim, mantém preservada a floresta (podendo indicar um reflorestamento). Ou seja, é como se a empresa dissesse "desmatamos a floresta, mas para produzir livros para criancinhas, mas olha, ainda que sejam produzidos esses materiais e que haja desmatamento para tal, a floresta continua preservada.". Por isso a ideia de sustentabilidade está correta. Os elementos visuais da peça comercial marcam essa alegação de sustentabilidade. Uma floresta cheia de árvores plantadas (e não derrubadas, como era de se esperar) mostram uma possível preocupação da empresa com a pauta do reflorestamento e a adoção de uma produção que concilie cultura - através do papel e suas narrativas - e ecologia.
(ENEM - 2015)
Exmº Sr. Governador:
Trago a V. Exa. um resumo dos trabalhos realizados pela Prefeitura de Palmeira dos Índios em 1928.
[...]
ADMINISTRAÇÃO
Relativamente à quantia orçada, os telegramas custaram pouco. De ordinário vai para eles dinheiro considerável. Não há vereda aberta pelos matutos que prefeitura do interior não ponha no arame, proclamando que a coisa foi feita por ela; comunicam-se as datas históricas ao Governo do Estado, que não precisa disso; todos os acontecimentos políticos são badalados. Porque se derrubou a Bastilha - um telegrama; porque se deitou pedra na rua - um telegrama; porque o deputado F. esticou a canela - um telegrama.
Palmeira dos Índios, 10 de janeiro de 1929.
GRACILlANO RAMOS
RAMOS, G. Viventes das Alagoas. São Paulo: Martins Fontes, 1962.
O relatório traz a assinatura de Graciliano Ramos, na época, prefeito de Palmeira dos Índios, e é destinado ao governo do estado de Alagoas. De natureza oficial, o texto chama a atenção por contrariar a norma prevista para esse gênero, pois o autor
Ver questão
(ENEM - 2015)
Um dia, meu pai tomou-me pela mão, minha mãe beijou-me a testa, molhando-me de lágrimas os cabelos e eu parti.
Duas vezes fora visitar o Ateneu antes da minha instalação.
Ateneu era o grande colégio da época. Afamado por um sistema de nutrido reclame, mantido por um diretor que de tempos a tempos reformava o estabelecimento, pintando-o jeitosamente de novidade, como os negociantes que liquidam para recomeçar com artigos de última remessa; o Ateneu desde muito tinha consolidado crédito na preferência dos pais, sem levar em conta a simpatia da meninada, a cercar de aclamações o bombo vistoso dos anúncios.
O Dr. Aristarco Argolo de Ramos, da conhecida família do Visconde de Ramos, do Norte, enchia o império com o seu renome de pedagogo. Eram boletins de propaganda pelas províncias, conferências em diversos pontos da cidade, a pedidos, à substância, atochando a imprensa dos lugarejos, caixões, sobretudo, de livros elementares, fabricados às pressas com o ofegante e esbaforido concurso de professores prudentemente anônimos, caixões e mais caixões de volumes cartonados em Leipzig, inundando as escolas públicas de toda a parte com a sua invasão de capas azuis, róseas, amarelas, em que o nome de Aristarco, inteiro e sonoro, oferecia-se ao pasmo venerador dos esfaimados de alfabeto dos confins da pátria. Os lugares que os não procuravam eram um belo dia surpreendidos pela enchente, gratuita, espontânea, irresistível! E não havia senão aceitar a farinha daquela marca para o pão do espírito.
POMPEIA, R. O Ateneu. São Paulo: Scipione, 2005.
Ao descrever o Ateneu e as atitudes de seu diretor, o narrador revela um olhar sobre a inserção social do colégio demarcado pela
Ver questão
Primeiro surgiu o homem nu de cabeça baixa. Deus veio num raio. Então apareceram os bichos que comiam os homens. E se fez o fogo, as especiarias, a roupa, a espada e o dever. Em seguida se criou a filosofia, que explicava como não fazer o que não devia ser feito. Então surgiram os números racionais e a História, organizando os eventos sem sentido. A fome desde sempre, das coisas e das pessoas. Foram inventados o calmante e o estimulante. E alguém apagou a luz. E cada um se vira como pode, arrancando as cascas das feridas que alcança.
BONASSI, F. 15 cenas do descobrimento de Brasis. In: MORICONI, I. (Org.). Os cem melhores contos do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
A narrativa enxuta e dinâmica de Fernando Bonassi configura um painel evolutivo da história da humanidade. Nele, a projeção do olhar contemporâneo manifesta uma percepção que
Ver questão
(ENEM - 2015)
Tudo era harmonioso, sólido, verdadeiro. No princípio. As mulheres, principalmente as mortas do álbum, eram maravilhosas. Os homens, mais maravilhosos ainda, ah, difícil encontrar família mais perfeita. A nossa família, dizia a bela voz de contralto da minha avó. Na nossa família, frisava, lançado em redor olhares complacentes, lamentando os que não faziam parte do nosso clã. [...]
Quando Margarida resolveu contar os podres todos que sabia naquela noite negra da rebelião, fiquei furiosa. [...]
É mentira, é mentira!, gritei tapando os ouvidos. Mas Margarida seguia em frente: tio Maximiliano se casou com a inglesa de cachos só por causa do dinheiro, não passava de um pilantra, a loirinha feiosa era riquíssima. Tia Consuelo? Ora, tia Consuelo chorava porque sentia falta de homem, ela queria homem e não Deus, ou o convento ou o sanatório. O dote era tão bom que o convento abriu-lhe as portas com loucura e tudo. “E tem mais coisas ainda, minha queridinha”, anunciou Margarida fazendo um agrado no meu queixo. Reagi com violência: uma agregada, uma cria e, ainda por cima, mestiça. Como ousava desmoralizar meus heróis?
TELLES, L. F. A estrutura da bolha de sabão. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.
Representante da ficção contemporânea, a prosa de Lygia Fagundes Telles configura e desconstrói modelos sociais. No trecho, a percepção do núcleo familiar descortina um(a)
Ver questão