(ENEM - 2018) A rebelião luso-brasileira em Pernambuco começou a ser urdida em 1644 e explodiu em 13 de junho de 1645 , dia de Santo Antônio. Uma das primeiras medidas de João Fernandes foi decretar nulas as dividas que os rebeldes tinham com os holandeses. Houve grande adesão da “nobreza da terra”, entusiasmada com esta proclamação heroica.
VANFAS, R. Guerra declarada e paz fingida na restauração portuguesa. Tempo, n. 27, 2009.
O desencadeamento dessa revolta na América portuguesa seiscentista foi o resultado do(a)
Fraqueza bélica dos protestantes batavos.
Comércio transatlântico da África ocidental.
Auxílio financeiro dos negociantes flamengos.
Diplomacia internacional dos Estados ibéricos.
Interesse econômico dos senhores de engenho.
Gabarito:
Interesse econômico dos senhores de engenho.
a) Fraqueza bélica dos protestantes batavos.
Incorreta. A Companhia das Índias Ocidentais dotava de forte poderio bélico.
b) Comércio transatlântico da África ocidental.
Incorreta. Tal fator não enfraqueceu os holandeses nem mesmo suscitou as revoltas em questão.
c) Auxílio financeiro dos negociantes flamengos.
Incorreta. Tal fato não suscitou as revoltas em questão.
d) Diplomacia internacional dos Estados ibéricos.
Incorreta. A diplomacia empenhada pelos Estados Ibéricos pouco fez em reação aos colonos holandeses no Brasil.
e) interesse econômico dos senhores de engenho.
Correta. O trecho faz referência à Insurreição Pernambucana, movimento revoltoso que ajudou Portugal a expulsar os holandeses do Nordeste brasileiro em 1645. Como fica claro, houve maciça adesão da nobreza da terra a partir da promessa de suspensão das dívidas obtidas junto à CIA das Índias Ocidentais. Ou seja, houve interesse econômico por parte dos senhores de engenho na luta. João Fernandes citado no texto é um dos líderes da Insurreição Pernambucana.
As invasões holandesas seguem a seguinte sequência:
1624-1625 - Invasão de Salvador, na Bahia
1630-1654 - Invasão de Pernambuco
1637-1644 - Administração de Maurício de Nassau
1644-1654 - Insurreição Pernambucana
Em 1630 os holandeses liderados por Hendrick Lonck realização a Invasão de Pernambuco, dominando Olinda e Recife com o intuito de restabelecer o comércio do açúcar; os invasores enfrentam muita resistência nesta região, mas mesmo assim venceram.
Maurício de Nassau foi o responsável por administrar as regiões conquistadas no Brasil. Nesta administração de Nassau destacam-se os seguintes pontos: tolerância religiosa com os judeus e protestante, incentivo às artes, fortalecimento do tráfico de escravos e a reforma urbana em Recife.
A Insurreição Pernambucana (Guerra da Luz Divina) ocorreu entre 1645 e 1654 dentro deste contexto foi um movimento que lutava contra o domínio holandês na capitania de Pernambuco. Foi uma revolta organizada majoritariamente por portugueses mas que contou com a importante participação de Henrique Dias, um afro-descendente e Felipe Camarão, um indígena. Em 1640 há o fim da União Ibérica e Portugal assina com a Inglaterra (que também estava invadindo a colônia portuguesa juntamente com os holandeses) uma trégua e um acordo para expulsão dos holandeses. Em 1642 Nassau é dispensado do cargo de administrador de Pernambuco uma vez que a Companhia das Índias Ocidentais requisitava seus serviços em outros processos de conquista e na Europa (É interessante dizer aqui que Nassau não queria sair de Pernambuco e avisou a Companhia sobre os riscos de uma possível insurreição). Os novos administradores de Pernambuco diferentemente de Nassau que tinha como prioridade o desenvolvimento da região passaram a utilizar a região como uma típica colônia de exploração e cobravam cada vez mais que os senhores de engenho pagassem financiamentos cedidos principalmente para construção e reforma dos engenhos na região e aumentam cada vez mais as taxas de impostos. Outro fato importante a ser destacado é a questão religiosa: após Nassau promover a tolerância a região foi cada vez mais habitada por judeus e protestante o que no contexto da Reforma e Contrarreforma foi um importante fator motivador para Portugal (católico) retomar a região. A insurreição culminou na expulsão dos holandeses e a restauração de Portugal.
(ENEM - 2015)
Exmº Sr. Governador:
Trago a V. Exa. um resumo dos trabalhos realizados pela Prefeitura de Palmeira dos Índios em 1928.
[...]
ADMINISTRAÇÃO
Relativamente à quantia orçada, os telegramas custaram pouco. De ordinário vai para eles dinheiro considerável. Não há vereda aberta pelos matutos que prefeitura do interior não ponha no arame, proclamando que a coisa foi feita por ela; comunicam-se as datas históricas ao Governo do Estado, que não precisa disso; todos os acontecimentos políticos são badalados. Porque se derrubou a Bastilha - um telegrama; porque se deitou pedra na rua - um telegrama; porque o deputado F. esticou a canela - um telegrama.
Palmeira dos Índios, 10 de janeiro de 1929.
GRACILlANO RAMOS
RAMOS, G. Viventes das Alagoas. São Paulo: Martins Fontes, 1962.
O relatório traz a assinatura de Graciliano Ramos, na época, prefeito de Palmeira dos Índios, e é destinado ao governo do estado de Alagoas. De natureza oficial, o texto chama a atenção por contrariar a norma prevista para esse gênero, pois o autor
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(ENEM - 2015)
Um dia, meu pai tomou-me pela mão, minha mãe beijou-me a testa, molhando-me de lágrimas os cabelos e eu parti.
Duas vezes fora visitar o Ateneu antes da minha instalação.
Ateneu era o grande colégio da época. Afamado por um sistema de nutrido reclame, mantido por um diretor que de tempos a tempos reformava o estabelecimento, pintando-o jeitosamente de novidade, como os negociantes que liquidam para recomeçar com artigos de última remessa; o Ateneu desde muito tinha consolidado crédito na preferência dos pais, sem levar em conta a simpatia da meninada, a cercar de aclamações o bombo vistoso dos anúncios.
O Dr. Aristarco Argolo de Ramos, da conhecida família do Visconde de Ramos, do Norte, enchia o império com o seu renome de pedagogo. Eram boletins de propaganda pelas províncias, conferências em diversos pontos da cidade, a pedidos, à substância, atochando a imprensa dos lugarejos, caixões, sobretudo, de livros elementares, fabricados às pressas com o ofegante e esbaforido concurso de professores prudentemente anônimos, caixões e mais caixões de volumes cartonados em Leipzig, inundando as escolas públicas de toda a parte com a sua invasão de capas azuis, róseas, amarelas, em que o nome de Aristarco, inteiro e sonoro, oferecia-se ao pasmo venerador dos esfaimados de alfabeto dos confins da pátria. Os lugares que os não procuravam eram um belo dia surpreendidos pela enchente, gratuita, espontânea, irresistível! E não havia senão aceitar a farinha daquela marca para o pão do espírito.
POMPEIA, R. O Ateneu. São Paulo: Scipione, 2005.
Ao descrever o Ateneu e as atitudes de seu diretor, o narrador revela um olhar sobre a inserção social do colégio demarcado pela
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Primeiro surgiu o homem nu de cabeça baixa. Deus veio num raio. Então apareceram os bichos que comiam os homens. E se fez o fogo, as especiarias, a roupa, a espada e o dever. Em seguida se criou a filosofia, que explicava como não fazer o que não devia ser feito. Então surgiram os números racionais e a História, organizando os eventos sem sentido. A fome desde sempre, das coisas e das pessoas. Foram inventados o calmante e o estimulante. E alguém apagou a luz. E cada um se vira como pode, arrancando as cascas das feridas que alcança.
BONASSI, F. 15 cenas do descobrimento de Brasis. In: MORICONI, I. (Org.). Os cem melhores contos do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
A narrativa enxuta e dinâmica de Fernando Bonassi configura um painel evolutivo da história da humanidade. Nele, a projeção do olhar contemporâneo manifesta uma percepção que
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(ENEM - 2015)
Tudo era harmonioso, sólido, verdadeiro. No princípio. As mulheres, principalmente as mortas do álbum, eram maravilhosas. Os homens, mais maravilhosos ainda, ah, difícil encontrar família mais perfeita. A nossa família, dizia a bela voz de contralto da minha avó. Na nossa família, frisava, lançado em redor olhares complacentes, lamentando os que não faziam parte do nosso clã. [...]
Quando Margarida resolveu contar os podres todos que sabia naquela noite negra da rebelião, fiquei furiosa. [...]
É mentira, é mentira!, gritei tapando os ouvidos. Mas Margarida seguia em frente: tio Maximiliano se casou com a inglesa de cachos só por causa do dinheiro, não passava de um pilantra, a loirinha feiosa era riquíssima. Tia Consuelo? Ora, tia Consuelo chorava porque sentia falta de homem, ela queria homem e não Deus, ou o convento ou o sanatório. O dote era tão bom que o convento abriu-lhe as portas com loucura e tudo. “E tem mais coisas ainda, minha queridinha”, anunciou Margarida fazendo um agrado no meu queixo. Reagi com violência: uma agregada, uma cria e, ainda por cima, mestiça. Como ousava desmoralizar meus heróis?
TELLES, L. F. A estrutura da bolha de sabão. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.
Representante da ficção contemporânea, a prosa de Lygia Fagundes Telles configura e desconstrói modelos sociais. No trecho, a percepção do núcleo familiar descortina um(a)
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