(IFSP 2015)
Em A disseminação (1972), Derrida ilustra a desconstrução com um exemplo tomado da história da filosofia. No Fedro, Platão narra o mito de Tot - o deus que inventou a escrita - e Tamuz - o rei egípcio a quem ele ofereceu a criação. Tamuz recusa o presente, julgando que seus perigos suplantam seus benefícios para a humanidade.
FEARN, Nicholas. Aprendendo a filosofar em 25 lições. Do poço de Tales à desconstrução de Derrida. Trad. Maria Luiza S. de A. Borges. Rio de janeiro: Editora Zahar, 2004. p.175
A partir dessa referência e com base nos estudos realizados, para Derrida é CORRETO afirmar que:
o conceito é uma construção possível, devido às necessárias e inevitáveis lacunas que acompanham todo o processo de conhecimento.
o desejo de desconstrução é uma marca do espírito humano em busca de um sentido que possa ser universalizado.
o sentido consiste em uma correspondência ideal entre o som de uma palavra falada e o sentido que ela exprime.
o sentido inerente à realidade é captado somente através da articulação do olhar interdisciplinar.
Gabarito:
o conceito é uma construção possível, devido às necessárias e inevitáveis lacunas que acompanham todo o processo de conhecimento.
A desconstrução em Derrida deve ser entendida como a tentativa de reorganizar, de certa forma, o pensamento ocidental, frente uma variedade heterogênea de contradições e desigualdades não lógicas discursivas de todos os tipos. Essas são as lacunas mencionadas pela alternativa, que acompanham todo o processo de conhecimento, e que são preenchidas pela desconstrução, pois esta implica a possibilidade de outra construção, o conceito.
A desconstrução não é uma doutrina, uma filosofia ou um método: é, antes, uma “estratégia” de decomposição para a metafísica ocidental. Do ponto de vista da análise textual, a desconstrução se assimila à leitura cuidadosa de um texto, qualquer que seja ele, de modo a revelar suas incompatibilidades e ambiguidades retóricas, demonstrando que é o próprio texto que as assimila e dissimula.
O termo desconstrução foi proposto para um processo de análise crítico-filosófica que visa, objetivamente, a crítica da metafísica ocidental e sua tendência para o logocentrismo, assim como a crítica a determinados conceitos que essa tradição impôs como estáveis (tais como o significado e o significante; o sensível e o inteligível; a origem do ser; a presença do centro; o logos, etc.).
Logocentrismo é outro termo cunhado por Derrida, na mesma critica ao pensamento ocidental: é a centralidade da palavra (o “logos”), das ideias e dos sistemas de pensamento, de forma que esses são compreendidos como matéria inalterável, fixadas no tempo por uma qualquer autoridade exterior. São verdades sempre tomadas como definitivas e irrefutáveis, da mesma forma que o discurso oral de uma autoridade também é tomado como fonte fiel de construção de sentido. Isso leva ao fonocentrismo, que designa o privilégio da fala sobre a escrita. A autoridade, que é exterior à linguagem, não faz sentido quando não pode existir nada fora da linguagem (como afirma Derrida em De la grammatologie): não há nada fora do texto, não há nenhuma autoridade que possa fixar o sentido de um texto para além do próprio texto.
Em suma, então, a tradição metafísica ocidental fomenta o logocentrismo (valorização da palavra e da consciência) e o fonocentrismo (primazia da fala em detrimento da escrita). Contra essas duas noções, Derrida defende a existência da escritura, que não se submete à autoridade de quem escreve. Um texto vale pelas diferenças que veicula, porque tudo nele é diferição e diferenciação de sentido. O sentido de um texto está sempre adiado e nunca pode ser fixado; só a participação no jogo desconstrutivo pode alcançar a verdadeira compreensão do texto, porque toda a linguagem é metafórica e está sempre a denunciar aquilo que não é.
B: O "espírito humano" não tem o desejo de desconstrução, nem busca um sentido que possa ser universalizado. A desconstrução é a análise cuidadosa das estruturas de pensamento, dos textos, para encontrar as incoerências que o discurso sustenta. Não pode ser definida como um "desejo do espírito humano".
C: O autor defende a primazia da palavra escrita sobre a fala. O sentido parte da linguagem, da leitura, da escrita, do próprio texto.
D: O autor afirma que o sentido pode ser captado somente através de uma análise que questione as noções previamente dadas e estabelecidas por autoridades, tais como a metafísica ocidental. O sentido do texto está dentro do texto e não em nenhuma outra parte.
(IFSP - 2016)
Assinale a alternativa correta no que se refere às cantigas de amor trovadorescas.
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(IFSP - 2016)
A poesia do Trovadorismo português tem íntima relação com a música, pois era composta para ser entoada ou cantada, sempre acompanhada de instrumental, como o alaúde, a viola, a flauta, ou mesmo com a presença do coro.
A respeito dessa escola literária, assinale a alternativa correta.
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(IFSP - 2013)
Leia atentamente o texto abaixo.
Com’ousará parecer ante mi
o meu amigo, ai amiga, por Deus,
e com’ousará catar estes meus
olhos se o Deus trouxer per aqui,
pois tam muit’há que nom veo veer
mi e meus olhos e meu parecer?
(Com’ousará parecer ante mi de Dom Dinis. Fonte:http://pt.wikisource.org/wiki/Com%27ousar%C3%A1_parecer_ante_mi. Acesso em:05.12.2012.)
per = por
tam = tão
nom = não
veer = ver
mi = mim, me
parecer = semblante
Sobre o fragmento anterior, pode-se afirmar que pertence a uma cantiga de
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(IFSP - 2013) No verso – Ai, madre, moiro d’amor! – a função sintática do termo madre é a seguinte:
Non chegou, madre, o meu amigo,
e oje est o prazo saido!
Ai, madre, moiro d’amor!
Non chegou, madre, o meu amado,
e oje est o prazo passado!
Ai, madre, moiro d’amor!
E oje est o prazo saido!
Por que mentiu o desmentido?
Ai, madre, moiro d’amor!
E oje, est o prazo passado!
Por que mentiu o perjurado?
Ai, madre, moiro d’amor!
João Garcia de Guilhade
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