Questão 41076

(UEM - 2009)

Observe a seguinte afirmação sobre o pensamento de Emmanuel Levinas (1906-1995): “Uma primeira fase da filosofia ocidental, da Antiguidade à Idade Média, foi centrada no estudo do ser. Esse estudo apaga a noção de alteridade, pois o ser é aquilo que é ele mesmo. Estudar o ser é sempre estudar o mesmo, nunca o outro. Depois de pensar o ser, a filosofia pensou o eu e a filosofia moderna constitui-se como uma filosofia do sujeito. Também nessa filosofia do sujeito o outro ficou de fora, pois ele é sempre tematizado com base no eu. É necessário, portanto, voltar-se para o outro. Essa é, pensa Levinas, a tarefa da filosofia contemporânea. Isso significa colocar a ética em primeiro lugar, pois é da relação com o outro que surge o questionamento moral.” (GALLO, S. Filosofia: experiência do pensamento. São Paulo: Scipione, 2013, p. 281).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

I- A alteridade é uma temática contemplada pelos tratados de ontologia que estudam o ser enquanto ser.
II- Apesar de apresentar avanços em relação à Antiguidade, a epistemologia moderna não deu a devida importância ao estatuto filosófico do outro.
III- Ao criticar a filosofia do sujeito, a ética ganha destaque, pois a liberdade e a autonomia dos indivíduos devem ser pensadas à luz da questão moral.
IV- Ao descrever as categorias transcendentais do sujeito, a filosofia clássica contempla a experiência do outro.
V- O outro não se reduz ao conhecimento do que eu sou, razão pela qual a alteridade não se limita ao problema epistemológico.

A

Somente I, II e III são verdadeiras.

B

Somente I, II e IV são verdadeiras.

C

Somente I, III e IV são verdadeiras.

D

Somente II, III e V são verdadeiras.

E

Todas as alternativas são verdadeiras.

Gabarito:

Somente II, III e V são verdadeiras.



Resolução:

d) Somente II, III e V são verdadeiras.

 

I- Incorreta. A alteridade é uma temática contemplada pelos tratados de ontologia que estudam o ser enquanto ser.
A alteridade, segundo Levinas, não é uma temática contemplada pelos tratados de ontologia que estudam o ser enquanto ser. O próprio texto desconfirma essa hipótese: “Uma primeira fase da filosofia ocidental, da Antiguidade à Idade Média, foi centrada no estudo do ser. Esse estudo apaga a noção de alteridade, pois o ser é aquilo que é ele mesmo. [...]". Levinas questiona esse intuito clássico da metafísica que aponta para a ontologia e substitui pela étca. A filosofia de Levinas fundamenta-se na ética ao propor como saída ao problema da razão totalizante numa ideia de ética enquanto relação entre eu e o Outro, aquele que foge, totalmente, às categorias de compreensão do sujeito.

II- Correta. Apesar de apresentar avanços em relação à Antiguidade, a epistemologia moderna não deu a devida importância ao estatuto filosófico do outro.
Segundo Levinas, o pensamento moderno trouxe novas concepções sobre o ser e o conhecimento a partir do sujeito, porém ignorou o outro. "[...] Depois de pensar o ser, a filosofia pensou o eu e a filosofia moderna constitui-se como uma filosofia do sujeito. Também nessa filosofia do sujeito o outro ficou de fora, pois ele é sempre tematizado com base no eu. [...]". O eu, nesse sentido, é determinado como o ego moderno; na era moderna, a razão torna-se senhora, com sociedades mais estruturadas a partir dela, e o ego moderno se estrutura em torno da razão. Portanto, funda-se sob o cogito de Descartes, numa relação de sujeito e objeto. O conhecimento obtido por meio da relação sujeito/objeto, típica da racionalização científica, foi incorporada no ego moderno; o pensamento submete à realidade a si mesmo como objeto, e pode submeter a si mesmo também como objeto de si. Esse princípio de perspectiva, logo, estabelece uma cisão do eu com o resto do mundo, com o outro; o outro, na relação sujeito/objeto, é submetido à compreensão, à racionalização do sujeito em seus próprios critérios. A resposta de Levinas encontra-se na ética, na relação do eu com o outro, sob a ideia do infinito; pois o plano ético precede ao ontológico.

O conceito de ética, em Levinas, é fundamentado a partir do Rosto. Segundo o filosofo, o rosto é epifania do outro; a relação entre eu e outrem se dá, sobremaneira, pela absoluta transcendência e estranheza de outrem, cuja manifestação é o rosto – não passível de se tornar um conteúdo apreensível pela razão. A diferença do outro não pode ser explicada em termos lógicos; o outro não pode ser compreendido e traduzido pelas categorias do sujeito, pois é absolutamente outro. Nessa absoluta diferença entre o eu e o outro se dá o infinito. Logo, o encontro ético ocorre quando o sujeito, arrancado de seu ego, abraça o infinito da distância do outro, não a destrói, mas se responsabiliza por esse encontro; portanto, a ética de Levinas se dá por meio do infinito.

III- Correta. Ao criticar a filosofia do sujeito, a ética ganha destaque, pois a liberdade e a autonomia dos indivíduos devem ser pensadas à luz da questão moral.
Levinas critica a filosofia moderna como a filosofia do sujeito, uma concepção que se concentra no ego fechado em si mesmo, e traz a questão da ética a partir da alteridade, pensando temas éticos como liberdade e autonomia à luz dessa questão moral sobre o outro.

IV- Incorreta. Ao descrever as categorias transcendentais do sujeito, a filosofia clássica contempla a experiência do outro.
A filosofia clássica, segundo Levinas, não contempla a experiência do outro: “Uma primeira fase da filosofia ocidental, da Antiguidade à Idade Média, foi centrada no estudo do ser. Esse estudo apaga a noção de alteridade, pois o ser é aquilo que é ele mesmo. [...]".

V- Correta. O outro não se reduz ao conhecimento do que eu sou, razão pela qual a alteridade não se limita ao problema epistemológico.
O outro não é redutível ao ego e ao sujeito.  A resposta de Levinas encontra-se na ética, na relação do eu com o outro, sob a ideia do infinito; pois o plano ético precede ao ontológico. O conceito de ética, em Levinas, é fundamentado a partir do Rosto. Segundo o filosofo, o rosto é epifania do outro; a relação entre eu e outrem se dá, sobremaneira, pela absoluta transcendência e estranheza de outrem, cuja manifestação é o rosto – não passível de se tornar um conteúdo apreensível pela razão. A diferença do outro não pode ser explicada em termos lógicos; o outro não pode ser compreendido e traduzido pelas categorias do sujeito, pois é absolutamente outro. Nessa absoluta diferença entre o eu e o outro se dá o infinito. Logo, o encontro ético ocorre quando o sujeito, arrancado de seu ego, abraça o infinito da distância do outro, não a destrói, mas se responsabiliza por esse encontro; portanto, a ética de Levinas se dá por meio do infinito.



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