(CEFET - MG - 2015)
A falácia do mundo justo e a culpabilização das vítimas
Por Ana Carolina Prado
“É claro que o cara que estuprou é o culpado, mas as mulheres também ficam andando na rua de saia curta e em hora errada!”. “O hacker que roubou as fotos dessas celebridades nuas está errado, mas ninguém mandou tirar as fotos!”. “Se você trabalhar duro vai ser bem-sucedido, não importa quem você seja. Quem morreu pobre é porque não se esforçou o bastante.” Você sabe o que essas afirmações têm em comum?
Há algum tempo falei aqui sobre como os humanos têm diversas formas de se enganar em relação à ideia que têm de si mesmos, quase sempre para proteger sua autoestima ou para saciar sua vontade de estar sempre certos. Mas nosso cérebro não nos engana só em relação a como vemos a nós mesmos: temos também a tendência de nos iludir em relação aos outros e à vida em geral. E as frases acima exemplificam uma maneira como isso pode acontecer: por meio da falácia do mundo justo.
Por exemplo, embora os estupros raramente tenham qualquer coisa a ver com o comportamento ou vestimenta da vítima e sejam normalmente cometidos por um conhecido e não por um estranho numa rua deserta, a maioria das campanhas de conscientização são voltadas para as mulheres, não para os homens — e trazem a absurda mensagem de “não faça algo que poderia levá-la a ser violentada”.
Em um estudo sobre bullying feito em 2010 na Universidade Linkoping, na Suécia, 42% dos adolescentes culparam a vítima por ser “um alvo fácil”. Para os pesquisadores, esses julgamentos estão relacionados à noção — amplamente difundida na ficção — de que coisas boas acontecem a quem é bom e coisas más acontecem a quem merece. 1A tendência a acreditar que o mundo é assim é chamada, na psicologia, de falácia do mundo justo. “Não importa quão liberal ou conservador você seja, alguma noção dela entra na sua reação emocional quando ouve sobre o sofrimento dos outros”, diz o jornalista David McRaney no livro “Você não é tão esperto quanto pensa”. 4Ele acrescenta que, embora muitas pessoas não acreditem conscientemente em carma, no fundo ainda acreditam em alguma versão disso, adaptando o conceito para a sua própria cultura.
E dá para entender por que somos levados a pensar assim: viver em um mundo injusto e imprevisível é meio assustador e queremos nos sentir seguros e no controle. 3O problema é que crer cegamente nisso leva a ainda mais injustiças, como o julgamento de que pessoas pobres ou viciadas em drogas são vagabundas [...], que mulher de roupa curta merece ser maltratada ou que programas sociais são um desperdício de dinheiro e uma muleta para preguiçosos. Todas essas crenças são falaciosas porque partem do princípio de que o sistema em que vivemos é justo e cada um tem exatamente o que merece.
2[...] a falácia do mundo justo desconsidera os inúmeros outros fatores que influenciam quão bem-sucedida a pessoa vai ser, como o local onde ela nasceu, a situação socioeconômica da sua família, os estímulos e situações pelas quais passou ao longo da vida e o acaso. 5Programas sociais e ações afirmativas não rompem o equilíbrio natural das coisas, como seus críticos podem crer — pelo contrário, a ideia é justamente minimizar os efeitos da injustiça social. 6Uma pessoa extremamente pobre pode virar a dona de uma empresa multimilionária, mas o esforço que vai ter de fazer para chegar lá é muito maior do que o esforço de alguém nascido em uma família rica que sempre teve acesso à melhor educação e a bons contatos. “Se olhar os excluídos e se questionar por que eles não conseguem sair da pobreza e ter um bom emprego como você, está cometendo a falácia do mundo justo. Está ignorando as bênçãos não merecidas da sua posição”, diz McRaney.
Em casos de abusos contra outras pessoas, como bullying ou estupro, a injustiça é ainda maior, pois eles nunca são justificados — e aí a falácia do mundo justo se mostra ainda mais perversa. Portanto, toda vez que você se sentir movido a dizer coisas como “O estuprador é quem está errado, é claro, mas…”, pare por aí. O que vem depois do “mas” é quase sempre fruto de uma tendência a ver o mundo de uma forma distorcida só para ele parecer menos injusto.
Disponível em: <http://super.abril.com.br/blogs>. Acesso em: 02 set. 2014 (Adaptado)
“´E as frases acima exemplificam uma maneira como isso pode acontecer: por meio da falácia do mundo justo.`”
Nessa frase, o trecho em destaque é classificado sintaticamente como
adjunto adverbial.
agente da passiva.
objeto indireto.
aposto.
Gabarito:
adjunto adverbial.
Alternativa correta. Pode-se afirmar que um adjunto adverbial é o termo da oração que serve para modificar o verbo, neste caso, o verbo acontecer. Porém, esta é uma questão facilmente confundível com o aposto por causa dos dois pontos. No entanto, a locução adverbial por meio de muda o contexto sintático da oração, tornando o termo nela destacado um adjunto adverbial de meio.
Alternativa incorreta. Agente da Passiva é o termo que indica quem ou o que executa a ação de um verbo na voz passiva. Esse termo vem sempre depois de preposição. Mas o termo "por meio da falácia do mundo justo" não apresenta essa finalidade.
Alternativa incorreta. No caso do verbo "acontecer" é classificado como intransitivo.
[A]
Pode-se afirmar que um adjunto adverbial é o termo da oração que serve para modificar o verbo, neste caso, o verbo acontecer. Porém, esta é uma questão facilmente confundível com o aposto por causa dos dois pontos. No entanto, a locução adverbial por meio de muda o contexto sintático da oração, tornando o termo nela destacado um adjunto adverbial de meio.
(CEFET - MG - 2006)
A regência nominal está conforme a norma culta em:
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(CEFET - 2011) Numa pesquisa com 2000 pessoas no Bairro Nova Cintra sobre a audiência de três programas de TV, obteve-se o seguinte resultado:
Programas | Nº de telespectadores |
A | 1220 |
B | 400 |
C | 1080 |
A e B | 220 |
A e C | 800 |
B e C | 180 |
A, B e C | 100 |
Analisando os resultados, a porcentagem de telespectadores que não assistem a nenhum desses programas é
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(CEFET - 2010) A é o conjunto dos divisores de 30 e B o conjunto dos números constituídos pela soma de dois elementos distintos de A. Desse modo, o conjunto que NÃO possui interseção com B é
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(CEFET - 2010) Uma enquete intitulada "O que mais falta no seu celular?" foi realizada em um site da internet, apresentando o seguinte resultado:
Itens do celular | Nº de Internautas |
TV | 97 |
Touch Screen | 44 |
Wi Fi | 37 |
TV e Touch Screen | 10 |
Wi Fi e Touch Screen | 15 |
Wi Fi e TV | 18 |
Wi Fi e TV e Touch Screen | 5 |
Nenhum | 15 |
O número de internautas que responderam a essa enquete foi
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