Questão 44009

(ENEM - 2019)

Uma casa tem um cabo elétrico mal dimensionado, de resistência igual a 10 Omega, o que conecta à rede elétrica de 120 V. Nessa casa, cinco lâmpadas, de resistência igual a 200Omega, estão conectadas ao mesmo circuito que uma televisão de resistência igual a 50Omega, conforme ilustrado no esquema. A televisão funciona apenas com tensão entre 90V e 130 V. 

O número máximo de lâmpadas que podem ser ligadas sem que a televisão pare de funcionar é: 

A

1

B

2

C

3

D

4

E

5

Gabarito:

2



Resolução:

Para que a televisão continue a funcionar ela precisa estar ligada sob uma tensão de pelo menos 90 V.

A tensão nos terminais da televisão é dada por 120 - 10i, em que i é a corrente total no circuito.

 

A cada lâmpada que se conecta no circuito a corrente total aumenta logo há um limite no número de lâmpadas que podem ser ligadas pois a nossa corrente máxima possível é 3 A.

Vamos analisar a situação do número central de lâmpadas que é 3, se a corrente for maior que 3 A então analisaremos o que acontece com duas lâmpadas e se for menor analisaremos o que acontece com 4 lâmpadas.

 

A corrente no circuito com 3 lâmpadas será dada por i = frac{120}{(10 + 200 cdot frac{50}{350})}

 

i = frac{120}{((10 + frac{200}{7}))} = frac{120}{(frac{270}{7})}

i = frac{840}{270}. Esse é um valor maior que 3, logo com 3 lâmpadas já não será possível ligar a televisão.

 

Com 2 lâmpadas:

 

i = frac{120}{(10 + 200 cdot frac{frac{50}{2}}{frac{300}{2}})} = frac{120}{10 + 200 cdot frac{50}{30}}

i = frac{120}{10 + frac{200}{6}}

i = frac{720}{260}. Esse número é menor que 3, logo com 2 lâmpadas a televisão permanece ligada.

 

Outra forma de fazer essa questão é analisar o seguinte:

Quando a televisão estiver ligada com 90 V ela estará com 3/4 da tensão da fonte.

Essa razão é também a seguinte razão (R_ab)/(10+R_ab), em que R_ab é a resistência equivalente da associação em paralelo do circuito.

frac{3}{4} = frac{R_{ab}}{10 + R_{ab}}

R_{ab} = 30, esse é o valor mínimo da resistência equivalente da associação em paralelo para que a televisão fique ligada.

A resistência equivalente da associação em paralelo pode ser escrita como frac{200}{(4+n)}em que n é o número de lâmpadas ligadas.

Isso se deve ao fato de a televisão poder ser escrita como 4 resistências de 200 ohms ligadas em paralelo.

frac{200}{4+n} > 30

200 > 30n + 120

80 > 30n

O maior inteiro que satisfaz essa inequação é n =2.



Questão 1778

(ENEM - 2015)

Exmº Sr. Governador:

Trago a V. Exa. um resumo dos trabalhos realizados pela Prefeitura de Palmeira dos Índios em 1928.
[...]

ADMINISTRAÇÃO
Relativamente à quantia orçada, os telegramas custaram pouco. De ordinário vai para eles dinheiro considerável. Não há vereda aberta pelos matutos que prefeitura do interior não ponha no arame, proclamando que a coisa foi feita por ela; comunicam-se as datas históricas ao Governo do Estado, que não precisa disso; todos os acontecimentos políticos são badalados. Porque se derrubou a Bastilha - um telegrama; porque se deitou pedra na rua - um telegrama; porque o deputado F. esticou a canela - um telegrama.

Palmeira dos Índios, 10 de janeiro de 1929.
GRACILlANO RAMOS

RAMOS, G. Viventes das Alagoas. São Paulo: Martins Fontes, 1962.

O relatório traz a assinatura de Graciliano Ramos, na época, prefeito de Palmeira dos Índios, e é destinado ao governo do estado de Alagoas. De natureza oficial, o texto chama a atenção por contrariar a norma prevista para esse gênero, pois o autor

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Questão 1781

(ENEM - 2015)

Um dia, meu pai tomou-me pela mão, minha mãe beijou-me a testa, molhando-me de lágrimas os cabelos e eu parti.

Duas vezes fora visitar o Ateneu antes da minha instalação.

Ateneu era o grande colégio da época. Afamado por um sistema de nutrido reclame, mantido por um diretor que de tempos a tempos reformava o estabelecimento, pintando-o jeitosamente de novidade, como os negociantes que liquidam para recomeçar com artigos de última remessa; o Ateneu desde muito tinha consolidado crédito na preferência dos pais, sem levar em conta a simpatia da meninada, a cercar de aclamações o bombo vistoso dos anúncios.

O Dr. Aristarco Argolo de Ramos, da conhecida família do Visconde de Ramos, do Norte, enchia o império com o seu renome de pedagogo. Eram boletins de propaganda pelas províncias, conferências em diversos pontos da cidade, a pedidos, à substância, atochando a imprensa dos lugarejos, caixões, sobretudo, de livros elementares, fabricados às pressas com o ofegante e esbaforido concurso de professores prudentemente anônimos, caixões e mais caixões de volumes cartonados em Leipzig, inundando as escolas públicas de toda a parte com a sua invasão de capas azuis, róseas, amarelas, em que o nome de Aristarco, inteiro e sonoro, oferecia-se ao pasmo venerador dos esfaimados de alfabeto dos confins da pátria. Os lugares que os não procuravam eram um belo dia surpreendidos pela enchente, gratuita, espontânea, irresistível! E não havia senão aceitar a farinha daquela marca para o pão do espírito.

POMPEIA, R. O Ateneu. São Paulo: Scipione, 2005.

Ao descrever o Ateneu e as atitudes de seu diretor, o narrador revela um olhar sobre a inserção social do colégio demarcado pela

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Questão 1782

Primeiro surgiu o homem nu de cabeça baixa. Deus veio num raio. Então apareceram os bichos que comiam os homens. E se fez o fogo, as especiarias, a roupa, a espada e o dever. Em seguida se criou a filosofia, que explicava como não fazer o que não devia ser feito. Então surgiram os números racionais e a História, organizando os eventos sem sentido. A fome desde sempre, das coisas e das pessoas. Foram inventados o calmante e o estimulante. E alguém apagou a luz. E cada um se vira como pode, arrancando as cascas das feridas que alcança.

BONASSI, F. 15 cenas do descobrimento de Brasis. In: MORICONI, I. (Org.). Os cem melhores contos do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

 

A narrativa enxuta e dinâmica de Fernando Bonassi configura um painel evolutivo da história da humanidade. Nele, a projeção do olhar contemporâneo manifesta uma percepção que

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Questão 1783

(ENEM - 2015)

Tudo era harmonioso, sólido, verdadeiro. No princípio. As mulheres, principalmente as mortas do álbum, eram maravilhosas. Os homens, mais maravilhosos ainda, ah, difícil encontrar família mais perfeita. A nossa família, dizia a bela voz de contralto da minha avó. Na nossa família, frisava, lançado em redor olhares complacentes, lamentando os que não faziam parte do nosso clã. [...]

Quando Margarida resolveu contar os podres todos que sabia naquela noite negra da rebelião, fiquei furiosa. [...]

É mentira, é mentira!, gritei tapando os ouvidos. Mas Margarida seguia em frente: tio Maximiliano se casou com a inglesa de cachos só por causa do dinheiro, não passava de um pilantra, a loirinha feiosa era riquíssima. Tia Consuelo? Ora, tia Consuelo chorava porque sentia falta de homem, ela queria homem e não Deus, ou o convento ou o sanatório. O dote era tão bom que o convento abriu-lhe as portas com loucura e tudo. “E tem mais coisas ainda, minha queridinha”, anunciou Margarida fazendo um agrado no meu queixo. Reagi com violência: uma agregada, uma cria e, ainda por cima, mestiça. Como ousava desmoralizar meus heróis?

TELLES, L. F. A estrutura da bolha de sabão. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Representante da ficção contemporânea, a prosa de Lygia Fagundes Telles configura e desconstrói modelos sociais. No trecho, a percepção do núcleo familiar descortina um(a)

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