Questão 81647

(ENEM - 2023)

 

Things We Carry on the Sea We carry tears in our eyes: good-bye father, good-bye

[mother

We carry soil in small bags: may home never fade in our

[hearts

We carry carnage of mining, droughts, floods, genocides

We carry dust of our families and neighbors incinerated

[in mushroom clouds

We carry our islands sinking under the sea

We carry our hands, feet, bones, hearts and best minds

[for a new life

We carry diplomas: medicine, engineer, nurse,

[education, math, poetry, even if they mean

[nothing to the other shore

We carry railroads, plantations, laundromats,

[bodegas, taco trucks, farms, factories, nursing

[homes, hospitals, schools, temples... built on

[our ancestors’ backs

We carry old homes along the spine, new dreams in our

[chests

We carry yesterday, today and tomorrow

We’re orphans of the wars forced upon us

We’re refugees of the sea rising from industrial wastes

And we carry our mother tongues

[...]

As we drift... in our rubber boats... from shore... to shore...

[to shore...

PING, W. Disponível em: https://poets.org. Acesso em: 1 jun. 2023 (fragmento).

 

Ao retratar a trajetória de refugiados, o poema recorre à imagem de viagem marítima para destacar o(a)

A

risco de choques culturais.

B

impacto do ensino de história.

C

importância da luta ambiental.

D

existência de experiências plurais

E

necessidade de capacitação profissional.

Gabarito:

existência de experiências plurais



Resolução:

a) INCORRETA, já que no texto não são mencionados choques culturais. E também, não há uma relação clara entre as viagens marítimas e os choques culturais.

b) INCORRETA, uma vez que o ensino de história pode ser pensado apenas como a forma que a história dos refugiados é contada, mas não há uma relação direta com o texto.

c) INCORRETA, posto que a viagem marítima, nesse caso aqui, não está diretamente relacionada à luta ambiental. Não há indicativo no texto que se tratam de refugiados ambientais. Essa alternativa poderia ser considerada por causa do verso "We carry carnage of mining, droughts, floods, genocides", mas não há uma relação entre esse trecho e as viagens marítimas, que são o foco do enunciado.

d) CORRETA, considerando que ao longo de todo o trecho são mencionadas experiências diversas que os refugiados possuem, especialmente no terceiro, sexto, sétimo e oitavo versos. Todos esses se relacionam em uma experiência comum, que é a travessia marítima que eles fazem rumo a um outro destino.

e) INCORRETA, dado que no trecho fica claro que são pessoas capacitadas, especialmente no verso "We carry diplomas: medicine, engineer, nurse, education, math, poetry, even if they mean nothing to the other shore".



Questão 1778

(ENEM - 2015)

Exmº Sr. Governador:

Trago a V. Exa. um resumo dos trabalhos realizados pela Prefeitura de Palmeira dos Índios em 1928.
[...]

ADMINISTRAÇÃO
Relativamente à quantia orçada, os telegramas custaram pouco. De ordinário vai para eles dinheiro considerável. Não há vereda aberta pelos matutos que prefeitura do interior não ponha no arame, proclamando que a coisa foi feita por ela; comunicam-se as datas históricas ao Governo do Estado, que não precisa disso; todos os acontecimentos políticos são badalados. Porque se derrubou a Bastilha - um telegrama; porque se deitou pedra na rua - um telegrama; porque o deputado F. esticou a canela - um telegrama.

Palmeira dos Índios, 10 de janeiro de 1929.
GRACILlANO RAMOS

RAMOS, G. Viventes das Alagoas. São Paulo: Martins Fontes, 1962.

O relatório traz a assinatura de Graciliano Ramos, na época, prefeito de Palmeira dos Índios, e é destinado ao governo do estado de Alagoas. De natureza oficial, o texto chama a atenção por contrariar a norma prevista para esse gênero, pois o autor

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Questão 1781

(ENEM - 2015)

Um dia, meu pai tomou-me pela mão, minha mãe beijou-me a testa, molhando-me de lágrimas os cabelos e eu parti.

Duas vezes fora visitar o Ateneu antes da minha instalação.

Ateneu era o grande colégio da época. Afamado por um sistema de nutrido reclame, mantido por um diretor que de tempos a tempos reformava o estabelecimento, pintando-o jeitosamente de novidade, como os negociantes que liquidam para recomeçar com artigos de última remessa; o Ateneu desde muito tinha consolidado crédito na preferência dos pais, sem levar em conta a simpatia da meninada, a cercar de aclamações o bombo vistoso dos anúncios.

O Dr. Aristarco Argolo de Ramos, da conhecida família do Visconde de Ramos, do Norte, enchia o império com o seu renome de pedagogo. Eram boletins de propaganda pelas províncias, conferências em diversos pontos da cidade, a pedidos, à substância, atochando a imprensa dos lugarejos, caixões, sobretudo, de livros elementares, fabricados às pressas com o ofegante e esbaforido concurso de professores prudentemente anônimos, caixões e mais caixões de volumes cartonados em Leipzig, inundando as escolas públicas de toda a parte com a sua invasão de capas azuis, róseas, amarelas, em que o nome de Aristarco, inteiro e sonoro, oferecia-se ao pasmo venerador dos esfaimados de alfabeto dos confins da pátria. Os lugares que os não procuravam eram um belo dia surpreendidos pela enchente, gratuita, espontânea, irresistível! E não havia senão aceitar a farinha daquela marca para o pão do espírito.

POMPEIA, R. O Ateneu. São Paulo: Scipione, 2005.

Ao descrever o Ateneu e as atitudes de seu diretor, o narrador revela um olhar sobre a inserção social do colégio demarcado pela

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Questão 1782

Primeiro surgiu o homem nu de cabeça baixa. Deus veio num raio. Então apareceram os bichos que comiam os homens. E se fez o fogo, as especiarias, a roupa, a espada e o dever. Em seguida se criou a filosofia, que explicava como não fazer o que não devia ser feito. Então surgiram os números racionais e a História, organizando os eventos sem sentido. A fome desde sempre, das coisas e das pessoas. Foram inventados o calmante e o estimulante. E alguém apagou a luz. E cada um se vira como pode, arrancando as cascas das feridas que alcança.

BONASSI, F. 15 cenas do descobrimento de Brasis. In: MORICONI, I. (Org.). Os cem melhores contos do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

 

A narrativa enxuta e dinâmica de Fernando Bonassi configura um painel evolutivo da história da humanidade. Nele, a projeção do olhar contemporâneo manifesta uma percepção que

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Questão 1783

(ENEM - 2015)

Tudo era harmonioso, sólido, verdadeiro. No princípio. As mulheres, principalmente as mortas do álbum, eram maravilhosas. Os homens, mais maravilhosos ainda, ah, difícil encontrar família mais perfeita. A nossa família, dizia a bela voz de contralto da minha avó. Na nossa família, frisava, lançado em redor olhares complacentes, lamentando os que não faziam parte do nosso clã. [...]

Quando Margarida resolveu contar os podres todos que sabia naquela noite negra da rebelião, fiquei furiosa. [...]

É mentira, é mentira!, gritei tapando os ouvidos. Mas Margarida seguia em frente: tio Maximiliano se casou com a inglesa de cachos só por causa do dinheiro, não passava de um pilantra, a loirinha feiosa era riquíssima. Tia Consuelo? Ora, tia Consuelo chorava porque sentia falta de homem, ela queria homem e não Deus, ou o convento ou o sanatório. O dote era tão bom que o convento abriu-lhe as portas com loucura e tudo. “E tem mais coisas ainda, minha queridinha”, anunciou Margarida fazendo um agrado no meu queixo. Reagi com violência: uma agregada, uma cria e, ainda por cima, mestiça. Como ousava desmoralizar meus heróis?

TELLES, L. F. A estrutura da bolha de sabão. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Representante da ficção contemporânea, a prosa de Lygia Fagundes Telles configura e desconstrói modelos sociais. No trecho, a percepção do núcleo familiar descortina um(a)

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