Questão 81692

(ENEM - 2023)

 

Que quede claro

  Cómo es posible que se cierren
  tantas bocas, tantos ojos,
  tantas puertas, muchas mentes ante un
  acto xenofóbico sin precedentes.
   
  Presidentes, ministros, cancilleres,
  autoridades, responsables.
  ¿Quién pagará el daño causado a familiares?
  Por un loco del estrada sin modales. [...]
   
  Se alejó de aquel lugar donde su color era
  mucho más que su color, era su raza.
  Persiguiendo un sueño que desapareció,
  que se fusionó y terminó en una pesadilla. [...]
   
  Déjame que te cuente esta historia
  que sucedió en el metro de Barcelona,
  cuando aquella mañana la injusticia
  y xenofobia se juntaron de la mano,
  protagonizando una de las más feas escenas de racismo.
   
  En aquel vagón viajaba un ángel de color diferente,
  en su camino se interpuso aquel inconsciente,
  que aún sabiendo lo que hacía,
  seguía hablando con su gente.
   
  Le dio al ángel dos patadas en su cara,
  se rió de ella sin cambiar la mirada.
  Y aún anda suelto, aún anda suelto...
  ORISHAS. In: Cosita buena. Delaware: Suerte Publishing LLC, 2008 (fragmento).

 

A letra da canção Que quede claro, da banda cubana Orishas, revela o(a)

A

indignação diante do desrespeito à diversidade.

B

violência característica das grandes metrópoles.

C

preconceito da sociedade com relação ao misticismo.

D

descuido da população com os sonhos dos imigrantes.

E

falta de segurança existente no transporte público urbano.

Gabarito:

indignação diante do desrespeito à diversidade.



Resolução:

a) CORRETA, considerando que a canção, já em sua segunda estrofe, faz questionamentos sobre quem vai se responsabilizar pelo crime xenofóbico ocorrido, e termina, em seus últimos versos, dizendo que a pessoa que cometeu o crime ainda continua solto. Isso indica que há um tom indignado pela impunidade vista diante de um ato triste como esse.

b) INCORRETA, visto que a violência não é colocada como característica, pelo contrário, no trecho "muchas mentes ante um acto xenofóbico sin precedentes." entendemos que o que houve foi singular de forma negativa.

c) INCORRETA, já que o misticismo não é revelado no texto. O termo "ángel de color diferente" é apenas uma alegoria para representar a pessoa que foi vítima de xenofobia.

d) INCORRETA, uma vez que o sonho mencionado na canção pode ser entendido como o sonho daquela pessoa específica, sonho este que terminou em pesadelo. Dessa forma, não é possível relacionar o sonho à população de maneira geral.

e) INCORRETA, dado que o transporte público (el metro de Barcelona) foi apenas o local onde ocorreu o crime, não é realmente o foco da canção.



Questão 1778

(ENEM - 2015)

Exmº Sr. Governador:

Trago a V. Exa. um resumo dos trabalhos realizados pela Prefeitura de Palmeira dos Índios em 1928.
[...]

ADMINISTRAÇÃO
Relativamente à quantia orçada, os telegramas custaram pouco. De ordinário vai para eles dinheiro considerável. Não há vereda aberta pelos matutos que prefeitura do interior não ponha no arame, proclamando que a coisa foi feita por ela; comunicam-se as datas históricas ao Governo do Estado, que não precisa disso; todos os acontecimentos políticos são badalados. Porque se derrubou a Bastilha - um telegrama; porque se deitou pedra na rua - um telegrama; porque o deputado F. esticou a canela - um telegrama.

Palmeira dos Índios, 10 de janeiro de 1929.
GRACILlANO RAMOS

RAMOS, G. Viventes das Alagoas. São Paulo: Martins Fontes, 1962.

O relatório traz a assinatura de Graciliano Ramos, na época, prefeito de Palmeira dos Índios, e é destinado ao governo do estado de Alagoas. De natureza oficial, o texto chama a atenção por contrariar a norma prevista para esse gênero, pois o autor

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Questão 1781

(ENEM - 2015)

Um dia, meu pai tomou-me pela mão, minha mãe beijou-me a testa, molhando-me de lágrimas os cabelos e eu parti.

Duas vezes fora visitar o Ateneu antes da minha instalação.

Ateneu era o grande colégio da época. Afamado por um sistema de nutrido reclame, mantido por um diretor que de tempos a tempos reformava o estabelecimento, pintando-o jeitosamente de novidade, como os negociantes que liquidam para recomeçar com artigos de última remessa; o Ateneu desde muito tinha consolidado crédito na preferência dos pais, sem levar em conta a simpatia da meninada, a cercar de aclamações o bombo vistoso dos anúncios.

O Dr. Aristarco Argolo de Ramos, da conhecida família do Visconde de Ramos, do Norte, enchia o império com o seu renome de pedagogo. Eram boletins de propaganda pelas províncias, conferências em diversos pontos da cidade, a pedidos, à substância, atochando a imprensa dos lugarejos, caixões, sobretudo, de livros elementares, fabricados às pressas com o ofegante e esbaforido concurso de professores prudentemente anônimos, caixões e mais caixões de volumes cartonados em Leipzig, inundando as escolas públicas de toda a parte com a sua invasão de capas azuis, róseas, amarelas, em que o nome de Aristarco, inteiro e sonoro, oferecia-se ao pasmo venerador dos esfaimados de alfabeto dos confins da pátria. Os lugares que os não procuravam eram um belo dia surpreendidos pela enchente, gratuita, espontânea, irresistível! E não havia senão aceitar a farinha daquela marca para o pão do espírito.

POMPEIA, R. O Ateneu. São Paulo: Scipione, 2005.

Ao descrever o Ateneu e as atitudes de seu diretor, o narrador revela um olhar sobre a inserção social do colégio demarcado pela

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Questão 1782

Primeiro surgiu o homem nu de cabeça baixa. Deus veio num raio. Então apareceram os bichos que comiam os homens. E se fez o fogo, as especiarias, a roupa, a espada e o dever. Em seguida se criou a filosofia, que explicava como não fazer o que não devia ser feito. Então surgiram os números racionais e a História, organizando os eventos sem sentido. A fome desde sempre, das coisas e das pessoas. Foram inventados o calmante e o estimulante. E alguém apagou a luz. E cada um se vira como pode, arrancando as cascas das feridas que alcança.

BONASSI, F. 15 cenas do descobrimento de Brasis. In: MORICONI, I. (Org.). Os cem melhores contos do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

 

A narrativa enxuta e dinâmica de Fernando Bonassi configura um painel evolutivo da história da humanidade. Nele, a projeção do olhar contemporâneo manifesta uma percepção que

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Questão 1783

(ENEM - 2015)

Tudo era harmonioso, sólido, verdadeiro. No princípio. As mulheres, principalmente as mortas do álbum, eram maravilhosas. Os homens, mais maravilhosos ainda, ah, difícil encontrar família mais perfeita. A nossa família, dizia a bela voz de contralto da minha avó. Na nossa família, frisava, lançado em redor olhares complacentes, lamentando os que não faziam parte do nosso clã. [...]

Quando Margarida resolveu contar os podres todos que sabia naquela noite negra da rebelião, fiquei furiosa. [...]

É mentira, é mentira!, gritei tapando os ouvidos. Mas Margarida seguia em frente: tio Maximiliano se casou com a inglesa de cachos só por causa do dinheiro, não passava de um pilantra, a loirinha feiosa era riquíssima. Tia Consuelo? Ora, tia Consuelo chorava porque sentia falta de homem, ela queria homem e não Deus, ou o convento ou o sanatório. O dote era tão bom que o convento abriu-lhe as portas com loucura e tudo. “E tem mais coisas ainda, minha queridinha”, anunciou Margarida fazendo um agrado no meu queixo. Reagi com violência: uma agregada, uma cria e, ainda por cima, mestiça. Como ousava desmoralizar meus heróis?

TELLES, L. F. A estrutura da bolha de sabão. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Representante da ficção contemporânea, a prosa de Lygia Fagundes Telles configura e desconstrói modelos sociais. No trecho, a percepção do núcleo familiar descortina um(a)

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