(ENEM -2014) Os vidros para veículos produzidos por certo fabricante têm transparências entre 70% e 90%, dependendo do lote fabricado. Isso significa que, quando um feixe luminoso incide no vidro, uma parte entre 70% e 90% da luz consegue atravessá-lo. Os veículos equipados com vidros desse fabricante terão instaladas, nos vidros das portas, películas protetoras cuja transparência, dependendo do lote fabricado, estará entre 50% e 70%. Considere que uma porcentagem P da intensidade da luz, proveniente de uma fonte externa, atravessa o vidro e a película.
De acordo com as informações, o intervalo das porcentagens que representam a variação total possível
de P é:
[35 ; 63].
[40 ; 63].
[50 ; 70]
[50 ; 90].
[70 ; 90].
Gabarito:
[35 ; 63].
Quando a luz passa pela película ou pelo vidro, segundo o enunciado, apenas uma porcentagem dessa luz realmente os atravessa.
De acordo com o enunciado, no vidro, essa porcentagem de luz que de fato o atravessa varia entre 70% à 90%, isto é, podem haver vidros em que apenas 80% da luz atravessa, vidros em que apenas 85% da luz atravessa etc, sempre com o valor da porcentagem entre 70% e 90%.
Sendo assim, vemos que o mínimo de luz que atravessará o vidro ocorre quando o vidro tem a porcentagem de transparência igual a 70% e para o máximo de luz que atravessa, o vidro deve ter a maior porcentagem de transparência permitida, ou seja, de 90%.
Analogamente, para a película temos que as porcentagens de transparência delas estão entre 50% e 70%, isto é, há películas que deixa 50% da luz passar, tem aquelas que deixam 67% da luz passar etc, sempre com o valor de porcentagem entre 50% e 70%.
Assim, o mínimo de luz que atravessará a película ocorrerá quando ela tiver transparência de 50% e o máximo de luz que atravessará a película ocorre quando for usada uma película de transparência máxima permitida, ou seja, de 70%.
Por fim, sabemos que a luz deve atravessar a película e o vidro, assim, ela passará por dois meios perdendo intensidade ao atravessar cada um.
1) Do que foi dito, temos que o caso em que o MÍNIMO de luz atravessa o sistema ocorre quando usamos a película de 50% e o vidro de 70%. Assim, temos uma transparência do sistema igual a 50%*70% = 35%.
2) De modo análogo, temos que o caso em que o MÁXIMO de luz atravessa o sistema ocorre quando usamos a película de 70% e o vidro de 90%. Assim, temos uma transparência do sistema igual a 70%*90% = 63%.
Lembremos que esses são os casos de MÍNIMA e MÁXIMA transparência, isto é, há ainda infinitas combinações de películas com diferentes transparências (entre 50% e 70%) e de vidros (entre 70% e 90% de transparência) em que o sistema terá diferentes transparências entre 35% e 63%.
Exemplos:
-A película pode ter transparência de 54% e o vidro de 82%, assim a transparência do sistema será de 54%*82% = 44,28%;
-A película pode ter transparência de 69% e o vidro de 71%, assim a transparência do sistema será de 69%*71% = 48,99%;
-A película pode ter 70% de transparência e o vidro de 89%, assim a transparência do sistema será de 70%*89% = 62,3%.
(ENEM - 2015)
Exmº Sr. Governador:
Trago a V. Exa. um resumo dos trabalhos realizados pela Prefeitura de Palmeira dos Índios em 1928.
[...]
ADMINISTRAÇÃO
Relativamente à quantia orçada, os telegramas custaram pouco. De ordinário vai para eles dinheiro considerável. Não há vereda aberta pelos matutos que prefeitura do interior não ponha no arame, proclamando que a coisa foi feita por ela; comunicam-se as datas históricas ao Governo do Estado, que não precisa disso; todos os acontecimentos políticos são badalados. Porque se derrubou a Bastilha - um telegrama; porque se deitou pedra na rua - um telegrama; porque o deputado F. esticou a canela - um telegrama.
Palmeira dos Índios, 10 de janeiro de 1929.
GRACILlANO RAMOS
RAMOS, G. Viventes das Alagoas. São Paulo: Martins Fontes, 1962.
O relatório traz a assinatura de Graciliano Ramos, na época, prefeito de Palmeira dos Índios, e é destinado ao governo do estado de Alagoas. De natureza oficial, o texto chama a atenção por contrariar a norma prevista para esse gênero, pois o autor
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(ENEM - 2015)
Um dia, meu pai tomou-me pela mão, minha mãe beijou-me a testa, molhando-me de lágrimas os cabelos e eu parti.
Duas vezes fora visitar o Ateneu antes da minha instalação.
Ateneu era o grande colégio da época. Afamado por um sistema de nutrido reclame, mantido por um diretor que de tempos a tempos reformava o estabelecimento, pintando-o jeitosamente de novidade, como os negociantes que liquidam para recomeçar com artigos de última remessa; o Ateneu desde muito tinha consolidado crédito na preferência dos pais, sem levar em conta a simpatia da meninada, a cercar de aclamações o bombo vistoso dos anúncios.
O Dr. Aristarco Argolo de Ramos, da conhecida família do Visconde de Ramos, do Norte, enchia o império com o seu renome de pedagogo. Eram boletins de propaganda pelas províncias, conferências em diversos pontos da cidade, a pedidos, à substância, atochando a imprensa dos lugarejos, caixões, sobretudo, de livros elementares, fabricados às pressas com o ofegante e esbaforido concurso de professores prudentemente anônimos, caixões e mais caixões de volumes cartonados em Leipzig, inundando as escolas públicas de toda a parte com a sua invasão de capas azuis, róseas, amarelas, em que o nome de Aristarco, inteiro e sonoro, oferecia-se ao pasmo venerador dos esfaimados de alfabeto dos confins da pátria. Os lugares que os não procuravam eram um belo dia surpreendidos pela enchente, gratuita, espontânea, irresistível! E não havia senão aceitar a farinha daquela marca para o pão do espírito.
POMPEIA, R. O Ateneu. São Paulo: Scipione, 2005.
Ao descrever o Ateneu e as atitudes de seu diretor, o narrador revela um olhar sobre a inserção social do colégio demarcado pela
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Primeiro surgiu o homem nu de cabeça baixa. Deus veio num raio. Então apareceram os bichos que comiam os homens. E se fez o fogo, as especiarias, a roupa, a espada e o dever. Em seguida se criou a filosofia, que explicava como não fazer o que não devia ser feito. Então surgiram os números racionais e a História, organizando os eventos sem sentido. A fome desde sempre, das coisas e das pessoas. Foram inventados o calmante e o estimulante. E alguém apagou a luz. E cada um se vira como pode, arrancando as cascas das feridas que alcança.
BONASSI, F. 15 cenas do descobrimento de Brasis. In: MORICONI, I. (Org.). Os cem melhores contos do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
A narrativa enxuta e dinâmica de Fernando Bonassi configura um painel evolutivo da história da humanidade. Nele, a projeção do olhar contemporâneo manifesta uma percepção que
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(ENEM - 2015)
Tudo era harmonioso, sólido, verdadeiro. No princípio. As mulheres, principalmente as mortas do álbum, eram maravilhosas. Os homens, mais maravilhosos ainda, ah, difícil encontrar família mais perfeita. A nossa família, dizia a bela voz de contralto da minha avó. Na nossa família, frisava, lançado em redor olhares complacentes, lamentando os que não faziam parte do nosso clã. [...]
Quando Margarida resolveu contar os podres todos que sabia naquela noite negra da rebelião, fiquei furiosa. [...]
É mentira, é mentira!, gritei tapando os ouvidos. Mas Margarida seguia em frente: tio Maximiliano se casou com a inglesa de cachos só por causa do dinheiro, não passava de um pilantra, a loirinha feiosa era riquíssima. Tia Consuelo? Ora, tia Consuelo chorava porque sentia falta de homem, ela queria homem e não Deus, ou o convento ou o sanatório. O dote era tão bom que o convento abriu-lhe as portas com loucura e tudo. “E tem mais coisas ainda, minha queridinha”, anunciou Margarida fazendo um agrado no meu queixo. Reagi com violência: uma agregada, uma cria e, ainda por cima, mestiça. Como ousava desmoralizar meus heróis?
TELLES, L. F. A estrutura da bolha de sabão. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.
Representante da ficção contemporânea, a prosa de Lygia Fagundes Telles configura e desconstrói modelos sociais. No trecho, a percepção do núcleo familiar descortina um(a)
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