(ENEM - 2014)
SANZIO, R. Detalhe do afresco A Escola de Atenas. Disponível em: http://fil.cfh.ufsc.br.
Acesso em: 20 mar. 2013.
No centro da imagem, o filósofo Platão é retratado apontando para o alto. Esse gesto significa que o conhecimento se encontra em uma instância na qual o homem descobre a
suspensão do juízo como reveladora da verdade.
realidade inteligível por meio do método dialético.
salvação da condição mortal pelo poder de Deus.
essência das coisas sensíveis no intelecto divino.
ordem intrínseca ao mundo por meio da sensibilidade.
Gabarito:
realidade inteligível por meio do método dialético.
b) Correta. realidade inteligível por meio do método dialético.
A imagem retrata o filósofo Platão apontando para o alto, gesto que alude à origem do conhecimento: uma realidade inteligível que pode ser atingida a partir da dialética. Em toda a metafísica platônica é marcante a importância da dialética, considerada a ponte capaz de realizar a passagem do mundo sensível para o mundo inteligível. Especificamente no “mito da caverna”, aborda a importância do diálogo construído com argumentos racionais, fundamentado na razão e no intelecto (encontro com o mundo inteligível, de produção da verdade), e na sua relação com o processo da formação de um bom governante para a cidade.
Extra: O filósofo ao lado de Platão é Aristóteles, segurando a Ética. Ambos os filósofos estão representados, enquanto usam a toga romana e têm uma atitude majestosa. Platão tem na mão um de seus diálogos, que é chamado de Timeu, enquanto Aristóteles tem sua Ética em mãos.
a) Incorreta. retomar o método da tradição para edificar a ciência com legitimidade.
suspensão do juízo como reveladora da verdade. Para Platão, o conhecimento não existe num plano em que o homem descobre a suspensão do juízo como reveladora da verdade. A ausência do juízo não poderia determinar a verdade.
c) Incorreta. investigar os conteúdos da consciência dos homens menos esclarecidos.
Ao apontar para o alto, Platão não expressava que o conhecimento existe num plano em que o homem descobre o poder de salvação de deus. O homem não encontraria o conhecimento ao compreender que deus, com seu poder, pode salvá-lo da sua condição mortal.
d) Incorreta. buscar uma via para eliminar da memória saberes antigos e ultrapassados.
O conhecimento, segundo Platão, não existe num plano de encontro entre o homem e a essência das coisas sensíveis no intelecto divino, onde a verdade, o fundamento daquilo que os sentidos revelam, existiria na racionalidade divina. Essa explicação não se aproxima de Platão: ele acreditava que o conhecimento existia num plano em que o homem encontra as ideias verdadeiras, a realidade inteligível, através da dialética.
e) Incorreta. encontrar ideias e pensamentos evidentes que dispensam ser questionados.
Platão não concebe que a ordem intrínseca ao mundo esteja ligada a uma ideia da sensibilidade.
(ENEM - 2015)
Exmº Sr. Governador:
Trago a V. Exa. um resumo dos trabalhos realizados pela Prefeitura de Palmeira dos Índios em 1928.
[...]
ADMINISTRAÇÃO
Relativamente à quantia orçada, os telegramas custaram pouco. De ordinário vai para eles dinheiro considerável. Não há vereda aberta pelos matutos que prefeitura do interior não ponha no arame, proclamando que a coisa foi feita por ela; comunicam-se as datas históricas ao Governo do Estado, que não precisa disso; todos os acontecimentos políticos são badalados. Porque se derrubou a Bastilha - um telegrama; porque se deitou pedra na rua - um telegrama; porque o deputado F. esticou a canela - um telegrama.
Palmeira dos Índios, 10 de janeiro de 1929.
GRACILlANO RAMOS
RAMOS, G. Viventes das Alagoas. São Paulo: Martins Fontes, 1962.
O relatório traz a assinatura de Graciliano Ramos, na época, prefeito de Palmeira dos Índios, e é destinado ao governo do estado de Alagoas. De natureza oficial, o texto chama a atenção por contrariar a norma prevista para esse gênero, pois o autor
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(ENEM - 2015)
Um dia, meu pai tomou-me pela mão, minha mãe beijou-me a testa, molhando-me de lágrimas os cabelos e eu parti.
Duas vezes fora visitar o Ateneu antes da minha instalação.
Ateneu era o grande colégio da época. Afamado por um sistema de nutrido reclame, mantido por um diretor que de tempos a tempos reformava o estabelecimento, pintando-o jeitosamente de novidade, como os negociantes que liquidam para recomeçar com artigos de última remessa; o Ateneu desde muito tinha consolidado crédito na preferência dos pais, sem levar em conta a simpatia da meninada, a cercar de aclamações o bombo vistoso dos anúncios.
O Dr. Aristarco Argolo de Ramos, da conhecida família do Visconde de Ramos, do Norte, enchia o império com o seu renome de pedagogo. Eram boletins de propaganda pelas províncias, conferências em diversos pontos da cidade, a pedidos, à substância, atochando a imprensa dos lugarejos, caixões, sobretudo, de livros elementares, fabricados às pressas com o ofegante e esbaforido concurso de professores prudentemente anônimos, caixões e mais caixões de volumes cartonados em Leipzig, inundando as escolas públicas de toda a parte com a sua invasão de capas azuis, róseas, amarelas, em que o nome de Aristarco, inteiro e sonoro, oferecia-se ao pasmo venerador dos esfaimados de alfabeto dos confins da pátria. Os lugares que os não procuravam eram um belo dia surpreendidos pela enchente, gratuita, espontânea, irresistível! E não havia senão aceitar a farinha daquela marca para o pão do espírito.
POMPEIA, R. O Ateneu. São Paulo: Scipione, 2005.
Ao descrever o Ateneu e as atitudes de seu diretor, o narrador revela um olhar sobre a inserção social do colégio demarcado pela
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Primeiro surgiu o homem nu de cabeça baixa. Deus veio num raio. Então apareceram os bichos que comiam os homens. E se fez o fogo, as especiarias, a roupa, a espada e o dever. Em seguida se criou a filosofia, que explicava como não fazer o que não devia ser feito. Então surgiram os números racionais e a História, organizando os eventos sem sentido. A fome desde sempre, das coisas e das pessoas. Foram inventados o calmante e o estimulante. E alguém apagou a luz. E cada um se vira como pode, arrancando as cascas das feridas que alcança.
BONASSI, F. 15 cenas do descobrimento de Brasis. In: MORICONI, I. (Org.). Os cem melhores contos do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
A narrativa enxuta e dinâmica de Fernando Bonassi configura um painel evolutivo da história da humanidade. Nele, a projeção do olhar contemporâneo manifesta uma percepção que
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(ENEM - 2015)
Tudo era harmonioso, sólido, verdadeiro. No princípio. As mulheres, principalmente as mortas do álbum, eram maravilhosas. Os homens, mais maravilhosos ainda, ah, difícil encontrar família mais perfeita. A nossa família, dizia a bela voz de contralto da minha avó. Na nossa família, frisava, lançado em redor olhares complacentes, lamentando os que não faziam parte do nosso clã. [...]
Quando Margarida resolveu contar os podres todos que sabia naquela noite negra da rebelião, fiquei furiosa. [...]
É mentira, é mentira!, gritei tapando os ouvidos. Mas Margarida seguia em frente: tio Maximiliano se casou com a inglesa de cachos só por causa do dinheiro, não passava de um pilantra, a loirinha feiosa era riquíssima. Tia Consuelo? Ora, tia Consuelo chorava porque sentia falta de homem, ela queria homem e não Deus, ou o convento ou o sanatório. O dote era tão bom que o convento abriu-lhe as portas com loucura e tudo. “E tem mais coisas ainda, minha queridinha”, anunciou Margarida fazendo um agrado no meu queixo. Reagi com violência: uma agregada, uma cria e, ainda por cima, mestiça. Como ousava desmoralizar meus heróis?
TELLES, L. F. A estrutura da bolha de sabão. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.
Representante da ficção contemporânea, a prosa de Lygia Fagundes Telles configura e desconstrói modelos sociais. No trecho, a percepção do núcleo familiar descortina um(a)
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