(ENEM - 2016 - 2ª aplicação)
Salvador, 10 de maio de 2012.
Consultoria PC Speed
Sr. Pedro Alberto
Prezado Senhor,
Manifestamos nossa apreciação pelo excelente trabalho executado pela equipe de consultores na revisão de todos os controles internos relativos às áreas administrativas.
As contribuições feitas pelos membros da equipe serão de grande valia para o aperfeiçoamento dos processos de trabalho que estão sendo utilizados.
Queira, por gentileza, transmitir-lhes nossos cumprimentos.
Atenciosamente,
Rivaldo Oliveira Andrade
Diretor Administrativo e Financeiro
Disponível em: www.pcspeed.com.br. Acesso em: 1 maio 2012 (adaptado).
A carta manifesta reconhecimento de uma empresa pelos serviçoes prestados pelos consultores da PC Speed. Nesse contexto, o uso da norma-padrão
constitui uma exigência restrita ao universo financeiro e é substituível por linguagem informal.
revela um exagero por parte do remetente e torna o texto rebuscado linguisticamente.
expressa o formalismo próprio do gênero e atribui profissionalismo à relação comunicativa.
torna o texto de difícil leitura e atrapalha a compreensão das intenções do remetente.
sugere elevado nível de escolaridade do diretor e realça seus atributos intelectuais.
Gabarito:
expressa o formalismo próprio do gênero e atribui profissionalismo à relação comunicativa.
A) INCORRETA: a modalidade formal da língua não é algo restrito ao universo financeiro, mas possui aplicabilidade em diversos outros contextos sociais formais. Além disso, por se tratar de uma modalidade formal, não podemos substituí-la pela informal nesse contexto.
B) INCORRETA: não se trata de um exagero, porque nas relações profissionais é de conhecimento comum que deve ser utilizada a norma padrão da língua, como forma de demonstrar conhecimento, respeito e importância.
C) CORRETA: por ser uma carta que parte de um agente para um paciente, sendo que ambos estão inseridos no contexto profissional (que exige a modalidade padrão da língua nas atribuições) a carta vai exigir que a escrita siga o rigor técnico e formal: o vocativo mais formal possível, a desenvoltura conforme é predita na gramática normativa, o vocabulário rebuscado e sem expressões coloquiais e a construção adequada da pontuação e dos parágrafos.
D) INCORRETA: as palavras utilizadas não são, em sua maioria, difíceis de compreender, mas apenas são palavras mais formais para o contexto, o que ainda permite que as pessoas possam ler, mas sendo um texto formal.
E) INCORRETA: pode ser que o diretor tenha, de fato, um nível de escolaridade muito alto, mas não podemos dizer que a linguagem por ela mesma realça os atributos intelectuais, uma vez que é o conteúdo aliado com a linguagem que vai trazer tal percepção.
(ENEM - 2015)
Exmº Sr. Governador:
Trago a V. Exa. um resumo dos trabalhos realizados pela Prefeitura de Palmeira dos Índios em 1928.
[...]
ADMINISTRAÇÃO
Relativamente à quantia orçada, os telegramas custaram pouco. De ordinário vai para eles dinheiro considerável. Não há vereda aberta pelos matutos que prefeitura do interior não ponha no arame, proclamando que a coisa foi feita por ela; comunicam-se as datas históricas ao Governo do Estado, que não precisa disso; todos os acontecimentos políticos são badalados. Porque se derrubou a Bastilha - um telegrama; porque se deitou pedra na rua - um telegrama; porque o deputado F. esticou a canela - um telegrama.
Palmeira dos Índios, 10 de janeiro de 1929.
GRACILlANO RAMOS
RAMOS, G. Viventes das Alagoas. São Paulo: Martins Fontes, 1962.
O relatório traz a assinatura de Graciliano Ramos, na época, prefeito de Palmeira dos Índios, e é destinado ao governo do estado de Alagoas. De natureza oficial, o texto chama a atenção por contrariar a norma prevista para esse gênero, pois o autor
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(ENEM - 2015)
Um dia, meu pai tomou-me pela mão, minha mãe beijou-me a testa, molhando-me de lágrimas os cabelos e eu parti.
Duas vezes fora visitar o Ateneu antes da minha instalação.
Ateneu era o grande colégio da época. Afamado por um sistema de nutrido reclame, mantido por um diretor que de tempos a tempos reformava o estabelecimento, pintando-o jeitosamente de novidade, como os negociantes que liquidam para recomeçar com artigos de última remessa; o Ateneu desde muito tinha consolidado crédito na preferência dos pais, sem levar em conta a simpatia da meninada, a cercar de aclamações o bombo vistoso dos anúncios.
O Dr. Aristarco Argolo de Ramos, da conhecida família do Visconde de Ramos, do Norte, enchia o império com o seu renome de pedagogo. Eram boletins de propaganda pelas províncias, conferências em diversos pontos da cidade, a pedidos, à substância, atochando a imprensa dos lugarejos, caixões, sobretudo, de livros elementares, fabricados às pressas com o ofegante e esbaforido concurso de professores prudentemente anônimos, caixões e mais caixões de volumes cartonados em Leipzig, inundando as escolas públicas de toda a parte com a sua invasão de capas azuis, róseas, amarelas, em que o nome de Aristarco, inteiro e sonoro, oferecia-se ao pasmo venerador dos esfaimados de alfabeto dos confins da pátria. Os lugares que os não procuravam eram um belo dia surpreendidos pela enchente, gratuita, espontânea, irresistível! E não havia senão aceitar a farinha daquela marca para o pão do espírito.
POMPEIA, R. O Ateneu. São Paulo: Scipione, 2005.
Ao descrever o Ateneu e as atitudes de seu diretor, o narrador revela um olhar sobre a inserção social do colégio demarcado pela
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Primeiro surgiu o homem nu de cabeça baixa. Deus veio num raio. Então apareceram os bichos que comiam os homens. E se fez o fogo, as especiarias, a roupa, a espada e o dever. Em seguida se criou a filosofia, que explicava como não fazer o que não devia ser feito. Então surgiram os números racionais e a História, organizando os eventos sem sentido. A fome desde sempre, das coisas e das pessoas. Foram inventados o calmante e o estimulante. E alguém apagou a luz. E cada um se vira como pode, arrancando as cascas das feridas que alcança.
BONASSI, F. 15 cenas do descobrimento de Brasis. In: MORICONI, I. (Org.). Os cem melhores contos do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
A narrativa enxuta e dinâmica de Fernando Bonassi configura um painel evolutivo da história da humanidade. Nele, a projeção do olhar contemporâneo manifesta uma percepção que
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(ENEM - 2015)
Tudo era harmonioso, sólido, verdadeiro. No princípio. As mulheres, principalmente as mortas do álbum, eram maravilhosas. Os homens, mais maravilhosos ainda, ah, difícil encontrar família mais perfeita. A nossa família, dizia a bela voz de contralto da minha avó. Na nossa família, frisava, lançado em redor olhares complacentes, lamentando os que não faziam parte do nosso clã. [...]
Quando Margarida resolveu contar os podres todos que sabia naquela noite negra da rebelião, fiquei furiosa. [...]
É mentira, é mentira!, gritei tapando os ouvidos. Mas Margarida seguia em frente: tio Maximiliano se casou com a inglesa de cachos só por causa do dinheiro, não passava de um pilantra, a loirinha feiosa era riquíssima. Tia Consuelo? Ora, tia Consuelo chorava porque sentia falta de homem, ela queria homem e não Deus, ou o convento ou o sanatório. O dote era tão bom que o convento abriu-lhe as portas com loucura e tudo. “E tem mais coisas ainda, minha queridinha”, anunciou Margarida fazendo um agrado no meu queixo. Reagi com violência: uma agregada, uma cria e, ainda por cima, mestiça. Como ousava desmoralizar meus heróis?
TELLES, L. F. A estrutura da bolha de sabão. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.
Representante da ficção contemporânea, a prosa de Lygia Fagundes Telles configura e desconstrói modelos sociais. No trecho, a percepção do núcleo familiar descortina um(a)
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