Questão 34067

(ENEM - 2018 - PROVA AMARELA)

TEXTO I

TEXTO II

     A body art põe o corpo tão em evidência e o submete a experimentações tão variadas, que sua influência estende-se aos dias de hoje. Se na arte atual as possibilidades de investigação do corpo parecem ilimitadas -  pode-se escolher entre representar, apresentar, ou ainda apenas evocar o corpo - isso ocorre graças ao legado dos artistas pioneiros.

SILVA, P.R. Corpo na arte, body art, body modification: fronteiras. II Encontro de História da Arte: IFCH-Unicamp, 2006 (adaptado)

Nos textos, a concepção de body art está relacionada à intenção de

A

estabelecer limites entre o corpo e a composição.

B

fazer do corpo um suporte privilegiado de expressão.

C

discutir políticas e ideologias sobre o corpo como arte.

D

compreender a autonomia do corpo no contexto da obra.

E

destacar o corpo do artista em contato com o expectador.

Gabarito:

fazer do corpo um suporte privilegiado de expressão.



Resolução:

A) INCORRETA: pois a estética do body art é totalmente diferente do que o exposto da alternativa, uma vez que o corpo não é visto como algo com limites, mas sim a exploração sem limites do corpo (como a colocação dos espelhos) é a ferramenta utilizada.

B) CORRETA: Surgida nos anos 1960 a "body art" ( arte do corpo ) tem por objetivo manifestar no próprio corpo os mais variados tipos de arte: piercing, pinturas corporais e tatuagens. Tomando como base os textos, compreende-se que concepção de “body art” está relacionada à intenção de fazer do corpo um suporte de expressão, como descrito na alternativa B. No texto II afirma-se que, “se na arte atual as possibilidades de investigação do corpo parecem ilimitadas,” com a ‘body art’ “pode-se escolher entre representar, apresentar, ou ainda apenas evocar o corpo”.

C) INCORRETA: ao pensar em discutir políticas e ideologias, a alternativa propõe dizer que o corpo como arte assume um lado ou outro no espectro político e ideológico, algo inverídico, já que o corpo possui uma liberdade e autonomia maior no body art.

D) INCORRETA: pois é ressaltado a questão da autonomia do corpo nessa alternativa, que não é bem o objetivo do body art, onde o corpo não é totalmente autônomo, mas deve seguir uma lógica, deve conter uma especificidade particular para o tornar realmente uma obra de arte. É como se dissesse que o body art é uma forma de expressão totalmente livre e sem parâmetros, quando na verdade não é por aí, já que existem regras, criadas pelos pioneiros, que tornam as expressões corporais arte.

E) INCORRETA: é muito profundo o uso do body art, não se limitando apenas a destacar o corpo, como nos sugere a alternativa, mas, a partir do corpo, apresentar uma arte mais humana, mais introspectiva, que investiga mais o interior do ser humano. Então o corpo é apenas um suporte para o verdadeiro intuito desse estilo de arte: expressar aquilo que está dentro dos seres humanos.



Questão 1778

(ENEM - 2015)

Exmº Sr. Governador:

Trago a V. Exa. um resumo dos trabalhos realizados pela Prefeitura de Palmeira dos Índios em 1928.
[...]

ADMINISTRAÇÃO
Relativamente à quantia orçada, os telegramas custaram pouco. De ordinário vai para eles dinheiro considerável. Não há vereda aberta pelos matutos que prefeitura do interior não ponha no arame, proclamando que a coisa foi feita por ela; comunicam-se as datas históricas ao Governo do Estado, que não precisa disso; todos os acontecimentos políticos são badalados. Porque se derrubou a Bastilha - um telegrama; porque se deitou pedra na rua - um telegrama; porque o deputado F. esticou a canela - um telegrama.

Palmeira dos Índios, 10 de janeiro de 1929.
GRACILlANO RAMOS

RAMOS, G. Viventes das Alagoas. São Paulo: Martins Fontes, 1962.

O relatório traz a assinatura de Graciliano Ramos, na época, prefeito de Palmeira dos Índios, e é destinado ao governo do estado de Alagoas. De natureza oficial, o texto chama a atenção por contrariar a norma prevista para esse gênero, pois o autor

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Questão 1781

(ENEM - 2015)

Um dia, meu pai tomou-me pela mão, minha mãe beijou-me a testa, molhando-me de lágrimas os cabelos e eu parti.

Duas vezes fora visitar o Ateneu antes da minha instalação.

Ateneu era o grande colégio da época. Afamado por um sistema de nutrido reclame, mantido por um diretor que de tempos a tempos reformava o estabelecimento, pintando-o jeitosamente de novidade, como os negociantes que liquidam para recomeçar com artigos de última remessa; o Ateneu desde muito tinha consolidado crédito na preferência dos pais, sem levar em conta a simpatia da meninada, a cercar de aclamações o bombo vistoso dos anúncios.

O Dr. Aristarco Argolo de Ramos, da conhecida família do Visconde de Ramos, do Norte, enchia o império com o seu renome de pedagogo. Eram boletins de propaganda pelas províncias, conferências em diversos pontos da cidade, a pedidos, à substância, atochando a imprensa dos lugarejos, caixões, sobretudo, de livros elementares, fabricados às pressas com o ofegante e esbaforido concurso de professores prudentemente anônimos, caixões e mais caixões de volumes cartonados em Leipzig, inundando as escolas públicas de toda a parte com a sua invasão de capas azuis, róseas, amarelas, em que o nome de Aristarco, inteiro e sonoro, oferecia-se ao pasmo venerador dos esfaimados de alfabeto dos confins da pátria. Os lugares que os não procuravam eram um belo dia surpreendidos pela enchente, gratuita, espontânea, irresistível! E não havia senão aceitar a farinha daquela marca para o pão do espírito.

POMPEIA, R. O Ateneu. São Paulo: Scipione, 2005.

Ao descrever o Ateneu e as atitudes de seu diretor, o narrador revela um olhar sobre a inserção social do colégio demarcado pela

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Questão 1782

Primeiro surgiu o homem nu de cabeça baixa. Deus veio num raio. Então apareceram os bichos que comiam os homens. E se fez o fogo, as especiarias, a roupa, a espada e o dever. Em seguida se criou a filosofia, que explicava como não fazer o que não devia ser feito. Então surgiram os números racionais e a História, organizando os eventos sem sentido. A fome desde sempre, das coisas e das pessoas. Foram inventados o calmante e o estimulante. E alguém apagou a luz. E cada um se vira como pode, arrancando as cascas das feridas que alcança.

BONASSI, F. 15 cenas do descobrimento de Brasis. In: MORICONI, I. (Org.). Os cem melhores contos do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

 

A narrativa enxuta e dinâmica de Fernando Bonassi configura um painel evolutivo da história da humanidade. Nele, a projeção do olhar contemporâneo manifesta uma percepção que

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Questão 1783

(ENEM - 2015)

Tudo era harmonioso, sólido, verdadeiro. No princípio. As mulheres, principalmente as mortas do álbum, eram maravilhosas. Os homens, mais maravilhosos ainda, ah, difícil encontrar família mais perfeita. A nossa família, dizia a bela voz de contralto da minha avó. Na nossa família, frisava, lançado em redor olhares complacentes, lamentando os que não faziam parte do nosso clã. [...]

Quando Margarida resolveu contar os podres todos que sabia naquela noite negra da rebelião, fiquei furiosa. [...]

É mentira, é mentira!, gritei tapando os ouvidos. Mas Margarida seguia em frente: tio Maximiliano se casou com a inglesa de cachos só por causa do dinheiro, não passava de um pilantra, a loirinha feiosa era riquíssima. Tia Consuelo? Ora, tia Consuelo chorava porque sentia falta de homem, ela queria homem e não Deus, ou o convento ou o sanatório. O dote era tão bom que o convento abriu-lhe as portas com loucura e tudo. “E tem mais coisas ainda, minha queridinha”, anunciou Margarida fazendo um agrado no meu queixo. Reagi com violência: uma agregada, uma cria e, ainda por cima, mestiça. Como ousava desmoralizar meus heróis?

TELLES, L. F. A estrutura da bolha de sabão. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Representante da ficção contemporânea, a prosa de Lygia Fagundes Telles configura e desconstrói modelos sociais. No trecho, a percepção do núcleo familiar descortina um(a)

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