Questão 43904

(ENEM - 2019 - PROVA AMARELA)

TEXTO I

A promessa da felicidade

JU LOYOLA. The promise of happiness.

LOYOLA, J. Disponível em: http://ladyscomics.com.br. Acesso em: 8 dez. 2018 (adaptada)

TEXTO II

Quadrinista surda faz sucesso na CCXP com narrativas silenciosas 

A área de artistas independentes da Comic Con Experience (CCXP) deste ano é a maior da história do evento geek, são mais de 450 quadrinistas e ilustradores no Artists’ Alley.

E a diversidade vai além do estilo do estilo das HQs. Em uma das mesas na fila F senta a quadrinista com deficiência auditiva Ju Loyola, com suas histórias que classifica como “narrativas silenciosas”. São histórias que podem ser compreendidas por crianças e adultos, e pessoas de qualquer nacionalidade, pelos simples motivo de não terem uma única palavra.

A artista não escreve roteiros convencionais para suas obras. Sua experiência de ter que entender a comunicação pelo que vê faz com que ela se identifique muito mais com o que observa do que o que as pessoas dizem.

E basta folhear suas obras que fica claro que elas não são histórias em quadrinhos que perderam as palavras, mas sim que ganharam uma nova perspectiva.

Disponível em: https://catracalivre.com.br. Acesso em: 8 dez. 2018 (adaptada)

O Texto I exemplifica a obra de uma artista surda, que promove uma experiência de leitura inovadora, divulgada no Texto II. Independentemente de seus objetivos, ambos os textos:

A

incentivam a produção de roteiros compostos por imagens.

B

colaboram para a valorização de enredos românticos.

C

revelam o sucesso de um evento de cartunistas.

D

contribuem com o processo de acessibilidade. 

E

questionam o padrão tradicional das HQs.

Gabarito:

contribuem com o processo de acessibilidade. 



Resolução:

A) INCORRETA: não há um incentivo explicitamente dito de produção de textos só por imagens, mas o texto I exemplifica o texto II no que tange a questão de ser possível produzir material que pessoas do mundo inteiro podem consumir e que represente a parcela da sociedade surda.

B) INCORRETA: No Texto II, a reportagem, não há nenhuma menção à natureza temática dos enredos, e a perspectiva de narrativas "românticas" não é trabalhada. O autor desse texto evidencia, justamente, a diversidade e universalidade dos enredos de Ju Loyola, destacando-os pela possibilidade que suas HQs têm de serem "compreendidas por crianças e adultos, e pessoas de qualquer nacionalidade, pelos simples motivo de não terem uma única palavra.", ou seja, o aspecto da acessibilidade e inclusão. 

C) INCORRETA: o objetivo dos textos não é de revelar o sucesso que a Comic Con tem, mas sim de salientar como se decorre a produção de material sobre pessoas com deficiência auditiva e como que isso pode representar um ganho para a sociedade.

D) CORRETA: "contribuem com o processo de acessibilidade." é considerada como a resposta correta. Percebe-se que há presença de gêneros textuais bem distintos entre ambos os textos, consequentemente, contribui para os diferentes meios de acessibilidade. Além disso, é evidente a proposta de inclusão de pessoas com necessidade especial, no que se refere à prática de leitura. 

E) INCORRETA: pois é incorreto afirmar que o texto 2 questiona o padrão das HQs. O autor não faz uma crítica aos modelos tradicionais, nem elabora uma linguagem, como Ju Loyola, que subverta os paradigmas da literatura gráfica. O que o segundo texto faz é, somente, apresentar a inovação da quadrinista e revelar a boa recepção que essas obras "diferentes" têm na CCXP. O segundo texto mostra, justamente, que a diversidade estética para as HQs é uma espécie de novo padrão, que têm muitos artistas (além da jovem surda) envolvidos. 



Questão 1778

(ENEM - 2015)

Exmº Sr. Governador:

Trago a V. Exa. um resumo dos trabalhos realizados pela Prefeitura de Palmeira dos Índios em 1928.
[...]

ADMINISTRAÇÃO
Relativamente à quantia orçada, os telegramas custaram pouco. De ordinário vai para eles dinheiro considerável. Não há vereda aberta pelos matutos que prefeitura do interior não ponha no arame, proclamando que a coisa foi feita por ela; comunicam-se as datas históricas ao Governo do Estado, que não precisa disso; todos os acontecimentos políticos são badalados. Porque se derrubou a Bastilha - um telegrama; porque se deitou pedra na rua - um telegrama; porque o deputado F. esticou a canela - um telegrama.

Palmeira dos Índios, 10 de janeiro de 1929.
GRACILlANO RAMOS

RAMOS, G. Viventes das Alagoas. São Paulo: Martins Fontes, 1962.

O relatório traz a assinatura de Graciliano Ramos, na época, prefeito de Palmeira dos Índios, e é destinado ao governo do estado de Alagoas. De natureza oficial, o texto chama a atenção por contrariar a norma prevista para esse gênero, pois o autor

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Questão 1781

(ENEM - 2015)

Um dia, meu pai tomou-me pela mão, minha mãe beijou-me a testa, molhando-me de lágrimas os cabelos e eu parti.

Duas vezes fora visitar o Ateneu antes da minha instalação.

Ateneu era o grande colégio da época. Afamado por um sistema de nutrido reclame, mantido por um diretor que de tempos a tempos reformava o estabelecimento, pintando-o jeitosamente de novidade, como os negociantes que liquidam para recomeçar com artigos de última remessa; o Ateneu desde muito tinha consolidado crédito na preferência dos pais, sem levar em conta a simpatia da meninada, a cercar de aclamações o bombo vistoso dos anúncios.

O Dr. Aristarco Argolo de Ramos, da conhecida família do Visconde de Ramos, do Norte, enchia o império com o seu renome de pedagogo. Eram boletins de propaganda pelas províncias, conferências em diversos pontos da cidade, a pedidos, à substância, atochando a imprensa dos lugarejos, caixões, sobretudo, de livros elementares, fabricados às pressas com o ofegante e esbaforido concurso de professores prudentemente anônimos, caixões e mais caixões de volumes cartonados em Leipzig, inundando as escolas públicas de toda a parte com a sua invasão de capas azuis, róseas, amarelas, em que o nome de Aristarco, inteiro e sonoro, oferecia-se ao pasmo venerador dos esfaimados de alfabeto dos confins da pátria. Os lugares que os não procuravam eram um belo dia surpreendidos pela enchente, gratuita, espontânea, irresistível! E não havia senão aceitar a farinha daquela marca para o pão do espírito.

POMPEIA, R. O Ateneu. São Paulo: Scipione, 2005.

Ao descrever o Ateneu e as atitudes de seu diretor, o narrador revela um olhar sobre a inserção social do colégio demarcado pela

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Questão 1782

Primeiro surgiu o homem nu de cabeça baixa. Deus veio num raio. Então apareceram os bichos que comiam os homens. E se fez o fogo, as especiarias, a roupa, a espada e o dever. Em seguida se criou a filosofia, que explicava como não fazer o que não devia ser feito. Então surgiram os números racionais e a História, organizando os eventos sem sentido. A fome desde sempre, das coisas e das pessoas. Foram inventados o calmante e o estimulante. E alguém apagou a luz. E cada um se vira como pode, arrancando as cascas das feridas que alcança.

BONASSI, F. 15 cenas do descobrimento de Brasis. In: MORICONI, I. (Org.). Os cem melhores contos do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

 

A narrativa enxuta e dinâmica de Fernando Bonassi configura um painel evolutivo da história da humanidade. Nele, a projeção do olhar contemporâneo manifesta uma percepção que

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Questão 1783

(ENEM - 2015)

Tudo era harmonioso, sólido, verdadeiro. No princípio. As mulheres, principalmente as mortas do álbum, eram maravilhosas. Os homens, mais maravilhosos ainda, ah, difícil encontrar família mais perfeita. A nossa família, dizia a bela voz de contralto da minha avó. Na nossa família, frisava, lançado em redor olhares complacentes, lamentando os que não faziam parte do nosso clã. [...]

Quando Margarida resolveu contar os podres todos que sabia naquela noite negra da rebelião, fiquei furiosa. [...]

É mentira, é mentira!, gritei tapando os ouvidos. Mas Margarida seguia em frente: tio Maximiliano se casou com a inglesa de cachos só por causa do dinheiro, não passava de um pilantra, a loirinha feiosa era riquíssima. Tia Consuelo? Ora, tia Consuelo chorava porque sentia falta de homem, ela queria homem e não Deus, ou o convento ou o sanatório. O dote era tão bom que o convento abriu-lhe as portas com loucura e tudo. “E tem mais coisas ainda, minha queridinha”, anunciou Margarida fazendo um agrado no meu queixo. Reagi com violência: uma agregada, uma cria e, ainda por cima, mestiça. Como ousava desmoralizar meus heróis?

TELLES, L. F. A estrutura da bolha de sabão. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Representante da ficção contemporânea, a prosa de Lygia Fagundes Telles configura e desconstrói modelos sociais. No trecho, a percepção do núcleo familiar descortina um(a)

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