Enem/2023

Questão 82267

(ENEM PPL - 2023)

O grande hall do hotel estava repleto. [...] Os criados passavam apressados, erguendo numa azáfama os pratos de metal. Ao alto, os ventiladores faziam um rumor de colmeias. Senhoras e cavalheiros, perfeitamente felizes, as senhoras quase todas com largos boás de plumas brancas, chalravam e sorriam. Estávamos bem na bizarra sociedade de entalhe que é o escol dos hotéis. Alta, longa, comprida, com uma cintura de esmaltes translúcidos e o ar empoado de uma íntima do general Lafayette, a escritora americana cuja admiração por Gonçalves Dias chegara a fazê-la estudar e propagar o Brasil, mastigava gravemente. Logo ao lado, um grupo de engenheiros, também americanos, bebia, com gargalhadas brutais e decerto inconvenientes, champanhe Mumm. [...] De vez em quando parava à porta um novo hóspede, hesitava, percorria com o olhar a extensa fila de mesas onde o debinage se acalorava. A um canto, Mlles. Peres, filhas de um rico argentino, yatch-recorderman nas horas vagas e vendedor de gado nas outras, perlavam risadinhas de flerte para o solitário e divino Alberto Guerra, seguro dos seus bíceps, dos seus brilhantes e quiçá dos seus versos.

JOÃO DO RIO. Dentro da noite. São Paulo: Antiqua, 2002 (fragmento).

 

Nessa descrição, o narrador traça um panorama sociocultural das primeiras décadas do século XX. Sua perspectiva revela uma

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Questão 82268

(ENEM PPL - 2023)

Para começar, ele nos olha na cara. Não é como a máquina de escrever, que a gente olha de cima, com superioridade. Com ele é olho no olho ou tela no olho. Ele nos desafia. Parece estar dizendo: vamos lá, seu desprezível pré-eletrônico, mostre o que você sabe fazer. A máquina de escrever faz tudo que você manda, mesmo que seja a tapa. Com o computador é diferente. Você faz tudo que ele manda. Ou precisa fazer tudo ao modo dele, senão ele não aceita. Às vezes, quando a gente erra, ele faz “bip”. Assim, para todo mundo ouvir. Comecei a usar o computador na redação do jornal e volta e meia errava. E lá vinha ele: “Bip!” “Olha aqui, pessoal: ele errou.” “O burro errou!”.

Outra coisa: ele é mais inteligente que você. Esse negócio de que qualquer máquina só é tão inteligente quanto quem a usa não vale com ele. Está subentendido, nas suas relações com o computador, que você jamais aproveitará metade das coisas que ele tem para oferecer. A máquina de escrever podia ter recursos que você nunca usaria, mas não tinha o mesmo ar de quem só aguentava os humanos por falta de coisa melhor, no momento. E a máquina, mesmo nos seus instantes de maior impaciência conosco, jamais faria “bip” em público.

VERISSIMO, L. F. Pai não entende nada. Porto Alegre: L&PM, 1990.

 

Ao descrever sua relação com a máquina de escrever e o computador, o cronista adota uma perspectiva que

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Questão 82269

(ENEM PPL - 2023)

 

Sob a perspectiva em que o artista deve trabalhar com as coisas que o tocam profundamente, a singularidade da obra Bastidores, produzida com objetos do cotidiano e de pouco valor material, mostra a boca, que expressa uma

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Questão 82270

(ENEM PPL - 2023)

 

TEXTO I

 

TEXTO II

 

Produzidas com mais de 400 anos de diferença, as obras de Vik Muniz e Giuseppe Arcimboldo têm em comum a referência a alimentos. Contudo, enquanto na obra de Arcimboldo os alimentos fazem parte de um jogo de representação, em Muniz, são empregados como matéria-prima, sinalizando uma

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Questão 82271

(ENEM PPL - 2023)

Basquiat representa uma das classes da sociedade americana às quais as barreiras sociais impedem, geralmente, o acesso à arte. Os seus quadros, objetos pictóricos e desenhos apresentam-se cheios de sinais, transcrições de textos e elementos figurativos, encadeados em ritmos pictóricos de uma precisão empolgante — um misto de pintura gráfica, símbolos populares americanos, gírias de rua e alusões a obras de arte famosas.

HONNEF, K. Arte contemporânea. São Paulo: 1994 (adaptado).

 

As características pictóricas das obras de Basquiat apresentadas no texto aproximam-se das que encontramos no Brasil no

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Questão 82272

(ENEM PPL - 2023)

Plantas superpoderosas

A bióloga Joanne Chory já tinha 60 anos e um diagnóstico de Parkinson quando decidiu se dedicar a um projeto que capturasse gás carbônico da atmosfera — coisa que as plantas fazem regularmente há 2,8 bilhões de anos. Para isso, a pesquisadora começou a estudar algumas espécies e alterá-las por meio de técnicas de horticultura e manipulação genética. A ideia é que capturem mais carbono e o armazenem em suas raízes. Uma dessas plantas, um tipo de mostarda, já cresce no delta do rio Mississipi. Caso funcione, a pesquisa tem potencial para diminuir em 46% o excesso de CO2 jogado anualmente na atmosfera. “Provavelmente não estarei aqui para ver os resultados. Mas prefiro ser parte da solução a me sentar e reclamar”, diz Joanne. Que as superplantas criadas pela bióloga vinguem e vicejem!

CARNEIRO, F. Disponível em: https://veja.abril.com.br. Acesso em: 23 out. 2021 (adaptado).

 

Esse texto descreve a pesquisa inovadora realizada por uma bióloga de 60 anos com diagnóstico de Parkinson. O trecho que permite uma referência indireta a essa condição física é

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Questão 82273

(ENEM PPL - 2023)

Proclamação do amor antigramática

  “Dá-me um beijo”, ela me disse,
  E eu nunca mais voltei lá.
  Quem fala “dá-me” não ama,
  Quem ama fala “me dá”
  “Dá-me um beijo” é que é correto,
  É linguagem de doutor,
  Mas “me dá” tem mais afeto,
  Beijo me-dado é melhor.
  A gramática foi feita
  Por um velho professor,
  Por isso é tão má receita
  Pra dizer coisas de amor.
  O mestre pune com zero
  Quem não diz “amo-te”. Aposto
  Que em casa ele é mais sincero
  E diz pra mulher: “te gosto”
  Delírio dos olhos meus,
  Estás ficando antipática.
  Pelo diabo ou por deus
  Manda às favas a gramática.
  Fala, meu cheiro de rosa,
  Do jeito que estou pedindo:
  “Hoje estou menas formosa,
  Com licença, vou se indo”.
  Comete miles de erros,
  Mistura tu com você,
  E eu proclamarei aos berros:
  “Vós és o meu bem querer”.
  LAGO, M. Disponível em: www.mariolago.com.br. Acesso em: 30 out. 2021.

 

Nesse poema, o eu lírico defende o uso de algumas estruturas consideradas inadequadas na norma-padrão da língua. Esse uso, exemplificado por “me dá” e “te gosto”, é legitimado

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Questão 82274

(ENEM PPL - 2023)

Eu gosto muito de todas as festas de Diamantina; mas quando são na igreja do Rosário, que é quase pegada à chácara de vovó, eu gosto ainda mais. Até parece que a festa é nossa. E este ano foi mesmo. Foi sorteada para rainha do Rosário uma ex-escrava de vovó chamada Júlia e para rei um negro muito entusiasmado que eu não conhecia. Coitada de Júlia! Ela vinha há muito tempo ajuntando dinheiro para comprar um rancho. Gastou tudo na festa e ainda ficou devendo. Agora é que eu vi como fica caro para os pobres dos negros serem reis por um dia. Júlia com o vestido e a coroa já gastou muito. Além disso, teve de dar um jantar para a corte toda. A rainha tem uma caudatária que vai atrás segurando na capa que tem uma grande cauda. Esta também é negra da chácara e ajudou no jantar. Eu acho graça é no entusiasmo dos pretos neste reinado tão curto. Ninguém rejeita o cargo, mesmo sabendo a despesa que dá!

MORLEY, H. Minha vida de menina. São Paulo: Cia. das Letras, 1998.

 

O trecho apresenta marcas textuais que justificam o emprego da linguagem coloquial. O tom informal do discurso se deve ao fato de que se trata de um(a)

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Questão 82275

(ENEM PPL - 2023)

 

Nesse cartum, a predominância da função poética da linguagem manifesta-se na

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Questão 82276

(ENEM PPL - 2023)

Uma marca de eletrodomésticos que retornou para o mercado brasileiro posicionou painéis em pontos estratégicos da cidade de São Paulo com frases que trazem histórias reais de mulheres que desafiaram padrões e estereótipos, com a premissa de trazer uma reflexão sobre o Dia da Igualdade Feminina.

Cada uma das 9 frases traz um contraponto instigante e atualiza uma nova ideia em sintonia com o ambiente, dialogando com a cidade, como “O cara que inventou a cerveja foi uma mulher”, perto de bares, e “O melhor artilheiro da seleção é uma mulher nordestina”, em frente a estádios de futebol.

Frases como “O pai do wi-fi foi uma mulher, atriz e refugiada”; “O gênio por trás do GPS foi uma mulher negra”; “O arquiteto que projetou o MASP foi uma mulher imigrante”; “O ator que mais vezes venceu o Oscar foi uma mulher”; “O cientista precursor da energia limpa foi uma mulher”; “O primeiro piloto de testes da história foi uma mulher” e “O autor do primeiro romance do mundo foi uma mulher japonesa” estavam presentes em 15 pontos da cidade de São Paulo.

ALVES, S. Disponível em: www.b9.com.br. Acesso em: 5 nov. 2021 (adaptado).

 

Ao provocar a reflexão sobre o Dia da Igualdade Feminina, a campanha descrita nesse texto fundamenta-se no(a)

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