FUVEST 2008

Questão 51406

(UNICAMP - 2008 - 2a FASE)

Nada é mais presente na vida cotidiana da coletividade do que a oratória, que partilha com o teatro a característica de ser a manifestação cultural mais popular e mais praticada na Atenas clássica. A civilização da Atenas clássica é uma civilização do debate. As reações dos atenienses na Assembleia eram influenciadas por sua experiência como público do teatro e vice-versa. Trata-se de uma civilização substancialmente oral. O grego era educado para escutar. O caminho de Sócrates a Aristóteles ilustra perfeitamente o percurso da cultura grega da oralidade à civilização da escrita, que corresponde, no plano político e social, à passagem da cidade-estado ao ecumenismo helenístico.

(Adaptado de Agostino Masaracchia, “La prosa greca del V e del IV secolo a.C.”. In: Giovanni D’Anna (org.). Storia della letteratura greca. Roma: Tascabile Economici Newton, 1995, p. 52-54.)

a) Estabeleça relações entre o modelo político vigente na Atenas clássica e a importância assumida pelo teatro e pela oratória nesse período.

b) Aponte características do período helenístico que o diferenciam da Atenas clássica.

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Questão 51407

(UNICAMP - 2008 - 2 fase - Questão 2)

Em 1478, o Papa Sisto IV assinou uma bula, através da qual fundou uma nova Inquisição na Espanha. Redigida como resposta às petições dos Reis católicos, essa bula atribuía a difusão das crenças e dos ritos judaicos entre cristãos-novos de Castela e Aragão à tolerância dos bispos e autorizava os reis a nomear três inquisidores para cada uma das cidades ou dioceses dos reinos. Esse poder concedido aos príncipes era até então reservado ao Papa.

(Adaptado de Francisco Bethencourt, História das Inquisições. Portugal, Espanha e Itália. Lisboa: Círculo de Leitores, 1994, p. 17.)

a) A partir do texto, identifique os aspectos que definem a novidade da Inquisição fundada pelo papa Sisto IV.

b) Quais as mudanças vividas pelos judeus na Espanha entre os séculos XV e XVI?

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Questão 51408

(UNICAMP - 2008 - 2 fase - Questão 3)

Como defensor dos índios e denunciante das atrocidades dos conquistadores, frei Bartolomé de Las Casas desenvolveu a imagem da “destruição das Índias”, que era produto da preocupação do frade com o futuro da sociedade que se organizava: a nova sociedade começava distorcida, prenhe de desequilíbrios e de injustiças, carente dos mais elementares direitos. Com exceção de Las Casas, no século XVI prevaleceu a visão otimista da conquista: acreditava-se que a nova sociedade era inteiramente benéfica para os aborígenes, pois se partia da premissa de que a civilização europeia era superior à civilização americana. O importante era o resultado final, a propagação de valores cristãos e a organização de uma sociedade alicerçada nesses valores.

(Adaptado de Hector Hernán Bruit, Bartolomé de Las Casas e a simulação dos vencidos: ensaio sobre a conquista hispânica da América. Campinas: Editora da Unicamp; São Paulo: Iluminuras, 1995, p. 17, 55.)

a) A partir do texto, identifique duas visões opostas sobre a conquista da América, presentes no século XVI.

b) Cite dois exemplos de mobilização política das populações indígenas na América Latina contemporânea.

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Questão 51409

(UNICAMP - 2008 - 2 fase - Questão 4)

Em 1750, o governador do Rio de Janeiro, conde de Bobadela, enviou uma carta ao Rei de Portugal, D. João V, na qual comentava a assinatura do Tratado de Madri:

No tratado, a nossa demarcação passa por parte das Missões jesuítas, e surpreende-me como os jesuítas, tão poderosos na Corte de Madri, não embaraçaram a conclusão desse tratado. Porém, pode ser que armem tantas dificuldades à execução do tratado, que tenhamos barreira para muitos anos. Como me persuado, Sua Majestade determinará não seja evacuada a Colônia do Sacramento, enquanto não houverem sido evacuadas as áreas das Missões.

(Adaptado de http://www.historiacolonial.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm)

a) Quais as resoluções do Tratado de Madri em relação às fronteiras coloniais?

b) Quais as consequências do Tratado de Madri para a atuação dos jesuítas na América portuguesa?

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Questão 51410

(UNICAMP - 2008 - 2 fase - Questão 5)

Em meados do século XVIII, o abade português Diogo Barbosa Machado colecionava vários tipos de impressos: retratos, mapas e, principalmente, pequenas obras escritas, chamadas de folhetos. Esses folhetos divulgavam os mais diversos acontecimentos naquele mundo após a invenção da imprensa, em 1450. Eram produzidos em rápidas e pequenas tiragens para agilizar sua difusão, dinamizando assim a comunicação nas sociedades da época moderna. Essa coleção abrangia muitos folhetos relativos a Portugal e a seu império ultramarino, do século XVI ao XVIII.

(Adaptado de Rodrigo Bentes Monteiro & Jorge Miranda Leite, “Os ‘manifestos de Portugal’. Reflexões acerca de um Estado moderno”. In: Martha Abreu, Rachel Soihet, Rebeca Gontijo (orgs.). Cultura política e leituras do passado: historiografia e ensino de história. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007, p. 113-114.)

a) A partir do texto, explique a importância dos folhetos em Portugal no século XVIII.

b) Indique duas características da cultura letrada na América portuguesa entre os séculos XVI e XVIII.

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Questão 51411

(UNICAMP - 2008 - 2 fase - Questão 6)

Sobre a transferência da Corte de D. João VI para o Brasil, o historiador Kenneth Maxwell afirma:

Novas instituições foram criadas pela coroa portuguesa, e a maioria delas foi estabelecida no Rio de Janeiro, que, assim, assumiu um papel centralizador dentro de uma América portuguesa que antes era muito fragmentada no sentido administrativo. Houve resistência a isso, principalmente em Pernambuco, em 1817. Mas, no final, o poder central foi mantido.

(Adaptado de Kenneth Maxwell, “Para Maxwell, país não permite leituras convencionais”. Entrevista concedida a Marcos Strecker. Folha de São Paulo, 25/11/2007, Mais, p. 5.)

a) Segundo o texto, quais as mudanças suscitadas pela transferência da Corte portuguesa para o Rio de Janeiro em 1808?

b) Quais os objetivos do movimento de Pernambuco em 1817?

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Questão 51412

(UNICAMP - 2008 - 2 fase - Questão 7)

Na década de 1840, com a perspectiva do fim do tráfico negreiro, o governo brasileiro começou a interessar-se por fontes alternativas de mão-de-obra, encorajando a imigração de “trabalhadores pobres, moços e robustos” e tentando fixá-los nas fazendas de café. Se os imigrantes tivessem de comprar terras e os preços fossem mantidos em alta, eles seriam obrigados a trabalhar alguns anos antes de poderem comprar seu próprio lote. A Lei de Terras foi aprovada em 18 de setembro de 1850, duas semanas após a aprovação da lei contra o tráfico de escravos.

(Adaptado de Leslie Bethell e José Murilo de Carvalho, “O Brasil da Independência a meados do século XIX”. In: Leslie Bethell (org.), História da América Latina: da Independência a 1870, vol. III. São Paulo: Edusp / Imprensa Oficial, 2001, p. 753-54, 766.)

a) Como se dava o acesso à terra antes e depois da promulgação da Lei de Terras de 1850?

b) De que maneira a Lei de Terras de 1850 buscou promover o trabalho livre?

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Questão 51413

(UNICAMP - 2008 - 2 fase - Questão 8)

A biologia era essencial para uma ideologia burguesa teoricamente igualitária, pois deslocava a culpa das desigualdades humanas da sociedade para a natureza. As vinculações entre biologia e ideologia são evidentes no intercâmbio entre a eugenia e a genética. A eugenia era essencialmente um movimento político, que acreditava que as condições do homem e da sociedade só poderiam melhorar através do incentivo à reprodução de tipos humanos valorizados e da eliminação dos indesejáveis. A eugenia só passou a ser considerada científica após 1900, com o surgimento da genética, que parecia sugerir que o cruzamento seletivo dos seres humanos segundo o processo mendeliano era possível.

(Adaptado de Eric Hobsbawm, A Era dos Impérios: 1875-1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992, p. 351-353.)

a) Quais as implicações políticas do desenvolvimento da genética, no início do século XX?

b) Relacione a ciência do final do século XIX e a política externa europeia do período.

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Questão 51414

(UNICAMP - 2008 - 2 fase - Questão 9)

São Paulo, quem te viu e quem te vê! Tinhas então as tuas ruas sem calçamento, iluminadas pela luz baça e amortecida de uns lampiões de azeite; tuas casas, quase todas térreas, tinham nas janelas umas rótulas através das quais conversavam os estudantes com as namoradas; os carros de bois guinchavam pelas ruas carregando enormes cargas e guiados por míseros cativos. Eras então uma cidade puramente paulista, hoje és uma cidade italiana!! Estás completamente transformada, com proporções agigantadas, possuindo opulentos e lindíssimos prédios, praças vastas e arborizadas, ruas todas calçadas, cortadas por diversas linhas de bond, centenas de casas de negócios e a locomotiva soltando seus sibilos progressistas.

(Adaptado de Alfredo Moreira Pinto, A cidade de São Paulo em 1900. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, 1979, p. 8-10.)

a) Cite duas transformações mencionadas no texto que marcam a oposição entre atraso e progresso.

b) De que formas a economia cafeeira contribuiu para as transformações observadas pelo autor?

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Questão 51415

(UNICAMP - 2008 - 2 fase - Questão 10)

De 1550 a 1930, o mercado de trabalho brasileiro está desterritorializado. Só nos anos 1930-40 a reprodução ampliada da força de trabalho passa a ocorrer inteiramente no interior do território nacional.

(Adaptado de Luiz Felipe de Alencastro, O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul (séculos XVI e XVII). São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 354.)

a) Quais características do mercado de trabalho brasileiro, entre 1550 e 1930, permitem considerá-lo “desterritorializado”?

b) Indique duas mudanças do mercado de trabalho brasileiro ocorridas nas décadas de 1930 e 1940.

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