(UNESP - 2014 - 2 FASE) As questões abaixo tomam por base um trecho da conferência Sobre algumas lendas do Brasil, de Olavo Bilac (1865-1918), e um soneto do mesmo autor, utilizado por ele para ilustrar seus argumentos.
Sendo cada homem todo o universo, tem dentro de si todos os deuses, todas as potestades superiores e inferiores que dirigem o universo. (Tudo, se existe objetivamente, é porque existe subjetivamente; tudo existe em nós, porque tudo é criado e alimentado por nós). E esta consideração nos leva ao assunto e à explanação do meu tema. Existem em nós todas as entidades fantásticas, que, segundo a crença popular, enchem a nossa terra: são sentimentos humanos, que, saindo de cada um de nós, personalizam-se, e
começam a viver na vida exterior, como mitos da comunhão.
Tupã, demiurgo criador, e o seu Anhangá, demiurgo destruidor. É o eterno dualismo, governando todas as fases religiosas, toda a história mitológica da humanidade. Já entre os persas e os iranianos, na religião de Zoroastro, havia um deus de bondade, Ormuz, e um deus de maldade, Ahriman. A religião de Manés, na Babilônia, não criou a ideia do dualismo; acentuou-a, precisou-a; a base da religião dos maniqueus era a oposição e o contraste da luz e da treva: o mundo visível, segundo eles, era o resultado da mistura
desses dois elementos eternamente inimigos. Mas em todos os grandes povos, e em todas as pequenas tribos, sempre houve, em todos os tempos, a concepção desse conflito: e esse conflito perdura no catolicismo, fixado na concepção de Deus e do Diabo. Os nossos índios sempre tiveram seu Tupã e o seu Anhangá... Ora, o selvagem das margens do Amazonas, do São Francisco e do Paraná compreende os dois demiurgos, porque os sente dentro de si mesmo. E nós, os civilizados do litoral, compreendemos e contemos em nós esses dois princípios antagônicos, Deus e o Diabo. Cada um de vós tem uma arena íntima em que a todo o instante combatem um gênio do bem e um gênio do mal:
Não és bom, nem és mau: és triste e humano...
Vives ansiando em maldições e preces,
Como se, a arder, no coração tivesses
O tumulto e o clamor de um largo oceano.
Pobre, no bem como no mal, padeces;
E, rolando num vórtice vesano*,
Oscilas entre a crença e o desengano,
Entre esperanças e desinteresses.
Capaz de horrores e de ações sublimes,
Não ficas das virtudes satisfeito,
Nem te arrependes, infeliz, dos crimes:
E, no perpétuo ideal que te devora,
Residem juntamente no teu peito
Um demônio que ruge e um deus que chora...
* Vesano: louco, demente, delirante, insensato.
(Últimas conferências e discursos, 1927.)
No soneto, Bilac explicita sua concepção do homem. Apresente o aspecto mais importante dessa concepção.
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(UNESP - 2014 - 2 FASE) As questões abaixo tomam por base um trecho da conferência Sobre algumas lendas do Brasil, de Olavo Bilac (1865-1918), e um soneto do mesmo autor, utilizado por ele para ilustrar seus argumentos.
Sendo cada homem todo o universo, tem dentro de si todos os deuses, todas as potestades superiores e inferiores que dirigem o universo. (Tudo, se existe objetivamente, é porque existe subjetivamente; tudo existe em nós, porque tudo é criado e alimentado por nós). E esta consideração nos leva ao assunto e à explanação do meu tema. Existem em nós todas as entidades fantásticas, que, segundo a crença popular, enchem a nossa terra: são sentimentos humanos, que, saindo de cada um de nós, personalizam-se, e
começam a viver na vida exterior, como mitos da comunhão.
Tupã, demiurgo criador, e o seu Anhangá, demiurgo destruidor. É o eterno dualismo, governando todas as fases religiosas, toda a história mitológica da humanidade. Já entre os persas e os iranianos, na religião de Zoroastro, havia um deus de bondade, Ormuz, e um deus de maldade, Ahriman. A religião de Manés, na Babilônia, não criou a ideia do dualismo; acentuou-a, precisou-a; a base da religião dos maniqueus era a oposição e o contraste da luz e da treva: o mundo visível, segundo eles, era o resultado da mistura
desses dois elementos eternamente inimigos. Mas em todos os grandes povos, e em todas as pequenas tribos, sempre houve, em todos os tempos, a concepção desse conflito: e esse conflito perdura no catolicismo, fixado na concepção de Deus e do Diabo. Os nossos índios sempre tiveram seu Tupã e o seu Anhangá... Ora, o selvagem das margens do Amazonas, do São Francisco e do Paraná compreende os dois demiurgos, porque os sente dentro de si mesmo. E nós, os civilizados do litoral, compreendemos e contemos em nós esses dois princípios antagônicos, Deus e o Diabo. Cada um de vós tem uma arena íntima em que a todo o instante combatem um gênio do bem e um gênio do mal:
Não és bom, nem és mau: és triste e humano...
Vives ansiando em maldições e preces,
Como se, a arder, no coração tivesses
O tumulto e o clamor de um largo oceano.
Pobre, no bem como no mal, padeces;
E, rolando num vórtice vesano*,
Oscilas entre a crença e o desengano,
Entre esperanças e desinteresses.
Capaz de horrores e de ações sublimes,
Não ficas das virtudes satisfeito,
Nem te arrependes, infeliz, dos crimes:
E, no perpétuo ideal que te devora,
Residem juntamente no teu peito
Um demônio que ruge e um deus que chora...
* Vesano: louco, demente, delirante, insensato.
(Últimas conferências e discursos, 1927.)
Indique a pessoa gramatical dos verbos empregados no soneto e identifique, no plano do conteúdo, a quem o eu lírico se dirige por meio dessa pessoa gramatical.
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(UNESP - 2014 - 2 FASE) As questões abaixo tomam por base um trecho da conferência Sobre algumas lendas do Brasil, de Olavo Bilac (1865-1918), e um soneto do mesmo autor, utilizado por ele para ilustrar seus argumentos.
Sendo cada homem todo o universo, tem dentro de si todos os deuses, todas as potestades superiores e inferiores que dirigem o universo. (Tudo, se existe objetivamente, é porque existe subjetivamente; tudo existe em nós, porque tudo é criado e alimentado por nós). E esta consideração nos leva ao assunto e à explanação do meu tema. Existem em nós todas as entidades fantásticas, que, segundo a crença popular, enchem a nossa terra: são sentimentos humanos, que, saindo de cada um de nós, personalizam-se, e
começam a viver na vida exterior, como mitos da comunhão.
Tupã, demiurgo criador, e o seu Anhangá, demiurgo destruidor. É o eterno dualismo, governando todas as fases religiosas, toda a história mitológica da humanidade. Já entre os persas e os iranianos, na religião de Zoroastro, havia um deus de bondade, Ormuz, e um deus de maldade, Ahriman. A religião de Manés, na Babilônia, não criou a ideia do dualismo; acentuou-a, precisou-a; a base da religião dos maniqueus era a oposição e o contraste da luz e da treva: o mundo visível, segundo eles, era o resultado da mistura
desses dois elementos eternamente inimigos. Mas em todos os grandes povos, e em todas as pequenas tribos, sempre houve, em todos os tempos, a concepção desse conflito: e esse conflito perdura no catolicismo, fixado na concepção de Deus e do Diabo. Os nossos índios sempre tiveram seu Tupã e o seu Anhangá... Ora, o selvagem das margens do Amazonas, do São Francisco e do Paraná compreende os dois demiurgos, porque os sente dentro de si mesmo. E nós, os civilizados do litoral, compreendemos e contemos em nós esses dois princípios antagônicos, Deus e o Diabo. Cada um de vós tem uma arena íntima em que a todo o instante combatem um gênio do bem e um gênio do mal:
Não és bom, nem és mau: és triste e humano...
Vives ansiando em maldições e preces,
Como se, a arder, no coração tivesses
O tumulto e o clamor de um largo oceano.
Pobre, no bem como no mal, padeces;
E, rolando num vórtice vesano*,
Oscilas entre a crença e o desengano,
Entre esperanças e desinteresses.
Capaz de horrores e de ações sublimes,
Não ficas das virtudes satisfeito,
Nem te arrependes, infeliz, dos crimes:
E, no perpétuo ideal que te devora,
Residem juntamente no teu peito
Um demônio que ruge e um deus que chora...
* Vesano: louco, demente, delirante, insensato.
(Últimas conferências e discursos, 1927.)
E nós, os civilizados do litoral, compreendemos e contemos em nós esses dois princípios [...]. Qual a forma infinitiva do verbo destacado e em que tempo e modo está flexionado?
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(UNESP - 2014 - 2 FASE) Leia o texto para responder, em português, a questão.
Land in Brazil: Farmers v Amerindians
June 15th 2013
When Brazil’s constitution was adopted in 1988, five years was meant to be enough to decide which areas should be declared Amerindian tribal lands. Nearly 25 years later, the country has 557 indigenous territories covering 13% of its area, most of them in the
Amazon. But more than 100 others are still being considered. The delay is causing conflict in long-farmed regions farther south.
In the past month several Terena Indians have been injured and one killed in confrontations with police and farmers in Sidrolândia in Mato Grosso do Sul (see map). Funai started studying the region the Terena tribe claims as its ancestral home in 1993. In 2001 it proposed an indigenous territory of 17,200 hectares (42,500 acres). Landowners whose farms fell within it challenged the decision in court; some have titles dating from 1928, when the government ceded 2,090 hectares to the tribe and encouraged settlers to farm neighbouring land. Since then Funai, the justice ministry, the public prosecutor’s office and various judges have argued over the territory’s status. Last year owners ofsome of the 33 affected farms won a ruling granting them continued possession.
The Terena, supported by Funai, continue to lay claim to the land. Last month they invaded several disputed farms. During a failed attempt by police to evict them from one owned by a former state politician, an Indian was killed. On June 4th another was shot in the back on a neighbouring property. He is unlikely to walk again. The evictions have now been suspended and the occupations continue. The justice ministry is trying to gather together local and federal politicians and tribal leaders to negotiate an end to the impasse.
Brazil’s powerful farm lobby is now trying to change the constitution to give Congress the final say over future demarcations. That would probably mean few or no more indigenous territories. The government wants the power to demarcate territories to remain with
the justice minister and the presidency. But in states where Funai’s rulings are fiercely contested, such as Mato Grosso do Sul, it plans to start seeking second opinions from agencies seen as friendlier to farmers.
(www.economist.com. Adaptado.)
Qual é a situação atual da demarcação dos territórios indígenas no Brasil em relação ao que foi estabelecido pela Constituição brasileira de 1988?
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(UNESP - 2014 - 2 FASE) Leia o texto para responder, em português, a questão.
Land in Brazil: Farmers v Amerindians
June 15th 2013
When Brazil’s constitution was adopted in 1988, five years was meant to be enough to decide which areas should be declared Amerindian tribal lands. Nearly 25 years later, the country has 557 indigenous territories covering 13% of its area, most of them in the
Amazon. But more than 100 others are still being considered. The delay is causing conflict in long-farmed regions farther south.
In the past month several Terena Indians have been injured and one killed in confrontations with police and farmers in Sidrolândia in Mato Grosso do Sul (see map). Funai started studying the region the Terena tribe claims as its ancestral home in 1993. In 2001 it proposed an indigenous territory of 17,200 hectares (42,500 acres). Landowners whose farms fell within it challenged the decision in court; some have titles dating from 1928, when the government ceded 2,090 hectares to the tribe and encouraged settlers to farm neighbouring land. Since then Funai, the justice ministry, the public prosecutor’s office and various judges have argued over the territory’s status. Last year owners ofsome of the 33 affected farms won a ruling granting them continued possession.
The Terena, supported by Funai, continue to lay claim to the land. Last month they invaded several disputed farms. During a failed attempt by police to evict them from one owned by a former state politician, an Indian was killed. On June 4th another was shot in the back on a neighbouring property. He is unlikely to walk again. The evictions have now been suspended and the occupations continue. The justice ministry is trying to gather together local and federal politicians and tribal leaders to negotiate an end to the impasse.
Brazil’s powerful farm lobby is now trying to change the constitution to give Congress the final say over future demarcations. That would probably mean few or no more indigenous territories. The government wants the power to demarcate territories to remain with
the justice minister and the presidency. But in states where Funai’s rulings are fiercely contested, such as Mato Grosso do Sul, it plans to start seeking second opinions from agencies seen as friendlier to farmers.
(www.economist.com. Adaptado.)
O que originou os conflitos entre a tribo Terena e os fazendeiros a partir de 2001?
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(UNESP - 2014 - 2 FASE) Leia o texto para responder, em português, a questão.
Land in Brazil: Farmers v Amerindians
June 15th 2013
When Brazil’s constitution was adopted in 1988, five years was meant to be enough to decide which areas should be declared Amerindian tribal lands. Nearly 25 years later, the country has 557 indigenous territories covering 13% of its area, most of them in the
Amazon. But more than 100 others are still being considered. The delay is causing conflict in long-farmed regions farther south.
In the past month several Terena Indians have been injured and one killed in confrontations with police and farmers in Sidrolândia in Mato Grosso do Sul (see map). Funai started studying the region the Terena tribe claims as its ancestral home in 1993. In 2001 it proposed an indigenous territory of 17,200 hectares (42,500 acres). Landowners whose farms fell within it challenged the decision in court; some have titles dating from 1928, when the government ceded 2,090 hectares to the tribe and encouraged settlers to farm neighbouring land. Since then Funai, the justice ministry, the public prosecutor’s office and various judges have argued over the territory’s status. Last year owners ofsome of the 33 affected farms won a ruling granting them continued possession.
The Terena, supported by Funai, continue to lay claim to the land. Last month they invaded several disputed farms. During a failed attempt by police to evict them from one owned by a former state politician, an Indian was killed. On June 4th another was shot in the back on a neighbouring property. He is unlikely to walk again. The evictions have now been suspended and the occupations continue. The justice ministry is trying to gather together local and federal politicians and tribal leaders to negotiate an end to the impasse.
Brazil’s powerful farm lobby is now trying to change the constitution to give Congress the final say over future demarcations. That would probably mean few or no more indigenous territories. The government wants the power to demarcate territories to remain with
the justice minister and the presidency. But in states where Funai’s rulings are fiercely contested, such as Mato Grosso do Sul, it plans to start seeking second opinions from agencies seen as friendlier to farmers.
(www.economist.com. Adaptado.)
De acordo com o texto, por que a Funai é questionada em estados fortemente agrícolas?
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(UNESP - 2014 - 2 FASE) Leia o texto para responder, em português, a questão.
Land in Brazil: Farmers v Amerindians
June 15th 2013
When Brazil’s constitution was adopted in 1988, five years was meant to be enough to decide which areas should be declared Amerindian tribal lands. Nearly 25 years later, the country has 557 indigenous territories covering 13% of its area, most of them in the
Amazon. But more than 100 others are still being considered. The delay is causing conflict in long-farmed regions farther south.
In the past month several Terena Indians have been injured and one killed in confrontations with police and farmers in Sidrolândia in Mato Grosso do Sul (see map). Funai started studying the region the Terena tribe claims as its ancestral home in 1993. In 2001 it proposed an indigenous territory of 17,200 hectares (42,500 acres). Landowners whose farms fell within it challenged the decision in court; some have titles dating from 1928, when the government ceded 2,090 hectares to the tribe and encouraged settlers to farm neighbouring land. Since then Funai, the justice ministry, the public prosecutor’s office and various judges have argued over the territory’s status. Last year owners ofsome of the 33 affected farms won a ruling granting them continued possession.
The Terena, supported by Funai, continue to lay claim to the land. Last month they invaded several disputed farms. During a failed attempt by police to evict them from one owned by a former state politician, an Indian was killed. On June 4th another was shot in the back on a neighbouring property. He is unlikely to walk again. The evictions have now been suspended and the occupations continue. The justice ministry is trying to gather together local and federal politicians and tribal leaders to negotiate an end to the impasse.
Brazil’s powerful farm lobby is now trying to change the constitution to give Congress the final say over future demarcations. That would probably mean few or no more indigenous territories. The government wants the power to demarcate territories to remain with
the justice minister and the presidency. But in states where Funai’s rulings are fiercely contested, such as Mato Grosso do Sul, it plans to start seeking second opinions from agencies seen as friendlier to farmers.
(www.economist.com. Adaptado.)
De acordo com o texto, por que os ruralistas estão tentando transferir a decisão sobre as demarcações de terras indígenas para o Congresso?
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(UNESP - 2014/2 - 2 FASE) Determine os zeros do polinômio p(x) = x3 + 8 e identifique a que conjunto numérico eles pertencem.
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(UNESP - 2014/2 - 2 FASE)
A questão toma por base um trecho do artigo Horror a aprender (06.01.1957), escrito pelo historiador e crítico literário Afrânio Coutinho (1911-2000), e uma tira blogue Blogoides.
Horror a aprender
Se quiséssemos numa fórmula definir a mentalidade mais ou menos generalizada dos que militam na vida literária brasileira, não lograríamos descobrir outra que melhor se prestasse do que esta: horror a aprender. Nosso autodidatismo enraizado, nossa falta de hábito universitário, fazem com que aprender, entre nós, seja motivo de inferioridade intelectual. Ninguém gosta de aprender. Ninguém se quer dar ao trabalho de aprender. Porque já se nasce sabendo. Todos somos mestres antes de ser discípulos. Aprender o quê? Pois já sabemos tudo de nascença! Ignoramos essa verdade de extrema sabedoria: só os bons discípulos dão grandes mestres, e só é bom mestre quem foi um dia bom discípulo e continua com o espírito aberto a um perpétuo aprendizado. Quem sabe aprender sabe ensinar, e só quem gosta de aprender tem o direito de dar lições. Como pode divulgar e orientar conhecimentos quem mantém o espírito impermeável a qualquer aprendizagem?
Nossos jovens intelectuais, em sua maioria, primam pelo pedantismo, autossuficiência e falta de humildade de espírito. São mestres antes de ter sido discípulos. Saber não os preocupa, estudar, ninguém lhes viu os estudos. É só meter-lhes na mão uma pena e cair-lhes ao alcance uma coluna de jornal, e lá vem doutrinação leviana e prosa de meia-tigela. Não lhes importa verificar se estão arrombando portas abertas ou chovendo no molhado.
(No hospital das letras, 1963.)
No primeiro parágrafo, Afrânio Coutinho acusa uma inversão de valores no meio intelectual brasileiro. Explique em que consiste essa inversão e qual a sua consequência, segundo o autor sugere, em termos de ensino.
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(UNESP - 2014/2 - 2 FASE)
A questão toma por base um trecho do artigo Horror a aprender (06.01.1957), escrito pelo historiador e crítico literário Afrânio Coutinho (1911-2000), e uma tira blogue Blogoides.
Horror a aprender
Se quiséssemos numa fórmula definir a mentalidade mais ou menos generalizada dos que militam na vida literária brasileira, não lograríamos descobrir outra que melhor se prestasse do que esta: horror a aprender. Nosso autodidatismo enraizado, nossa falta de hábito universitário, fazem com que aprender, entre nós, seja motivo de inferioridade intelectual. Ninguém gosta de aprender. Ninguém se quer dar ao trabalho de aprender. Porque já se nasce sabendo. Todos somos mestres antes de ser discípulos. Aprender o quê? Pois já sabemos tudo de nascença! Ignoramos essa verdade de extrema sabedoria: só os bons discípulos dão grandes mestres, e só é bom mestre quem foi um dia bom discípulo e continua com o espírito aberto a um perpétuo aprendizado. Quem sabe aprender sabe ensinar, e só quem gosta de aprender tem o direito de dar lições. Como pode divulgar e orientar conhecimentos quem mantém o espírito impermeável a qualquer aprendizagem?
Nossos jovens intelectuais, em sua maioria, primam pelo pedantismo, autossuficiência e falta de humildade de espírito. São mestres antes de ter sido discípulos. Saber não os preocupa, estudar, ninguém lhes viu os estudos. É só meter-lhes na mão uma pena e cair-lhes ao alcance uma coluna de jornal, e lá vem doutrinação leviana e prosa de meia-tigela. Não lhes importa verificar se estão arrombando portas abertas ou chovendo no molhado.
(No hospital das letras, 1963.)
No segundo parágrafo, para reforçar sua argumentação, Coutinho se vale de duas expressões idiomáticas que apresentam praticamente o mesmo sentido. Identifique estas duas expressões idiomáticas e, com base no sentido comum a ambas, esclareça o argumento do autor.
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