FUVEST 2014

Questão 2202

 (UFRGS - 2014) 

Leia o trecho do Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda, do Padre Antônio Vieira, e o soneto de Gregório de Matos Guerra a seguir. 

Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda

Pede razão Jó a Deus, e tem muita razão de a pedir (responde por ele o mesmo santo, que o argüiu), porque, se é condição de Deus usar de misericórdia, e é grande e não vulgar a glória que adquire em perdoar pecados, que razão tem, ou pode dar bastante, de os não perdoar? O mesmo Jó tinha já declarado a força deste seu argumento nas palavras antecedentes com energia para Deus muito forte: Peccavi, quid faciam tibi? Como se dissera: “Se eu fiz, Senhor, como homem em pecar, que razão tendes vós para não fazer, como Deus, em me perdoar?” Ainda disse e quis dizer mais: Peccavi, quid faciam tibi? “Pequei, que mais posso fazer?” E que fizestes vós, Jó, a Deus, em pecar? – Não lhe fiz pouco; porque lhe dei ocasião a me perdoar, e perdoando-me, ganhar muita glória. Eu dever-lhe-ei a ele, como a causa, a graça que me fizer; e ele dever-me-á a mim, como ocasião, a glória que alcançar.

A Jesus Cristo Nosso Senhor

Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Antes, quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.

Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha perdida já cobrada,
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História:

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.

 Considere as seguintes afirmações sobre os dois textos. 

I. Tanto Padre Vieira quanto Gregório de Matos dirigem-se a Deus mediante a segunda pessoa do plural (vós, vos): Gregório argumenta que o Senhor está empenhado em perdoá-lo, enquanto Vieira dirige-se a Deus (E que fizestes vós...) para impedir que Jó seja perdoado.

II. Padre Vieira vale-se das palavras e do exemplo de Jó, figura do Velho Testamento, para argumentar que o homem abusa da misericórdia divina ao pecar, e que Deus, de acordo com a ocasião e os argumentos fornecidos por Jó, inclina-se para o castigo no lugar do perdão.

III. Tanto Padre Vieira como Gregório de Matos argumentam sobre a misericórdia e a glória divinas: assim como Jó, citado por Vieira, declara que Deus lhe deverá a glória por tê-lo perdoado; Gregório compara-se à ovelha desgarrada que, se não for recuperada, pode pôr a perder a glória de Deus.

Quais estão corretas?

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Questão 2220

(Unifesp 2014)Leia o soneto de Cláudio Manuel da Costa para responder à(s) questão(ões).

Onde estou?

Este sítio desconheço:

Quem fez tão diferente aquele prado?

Tudo outra natureza tem tomado;

E em contemplá-lo tímido esmoreço.

Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço

De estar a ela um dia reclinado;

Ali em vale um monte está mudado:

Quanto pode dos anos o progresso!

Árvores aqui vi tão florescentes,

Que faziam perpétua a primavera:

Nem troncos vejo agora decadentes.

Eu me engano: a região esta não era;

Mas que venho a estranhar, se estão presentes

Meus males, com que tudo degenera!

(Obras, 1996.)
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No contexto em que estão empregados, os termos sítio (1.º verso), tímido (4.º verso) e perpétua (10.º verso) significam, respectivamente

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Questão 2231

(FUVEST 2014) Leia o seguinte texto, que faz parte de um anúncio de um produto alimentício:

EM RESPEITO A SUA NATUREZA, SÓ TRABALHAMOS COM O MELHOR DA NATUREZA

     Selecionamos só o que a natureza tem de melhor para levar até a sua casa. Porque faz parte da natureza dos nossos consumidores querer produtos saborosos, nutritivos e, acima de tudo, confiáveis.

www.destakjornal.com.br, 13/05/2013. Adaptado.

Procurando dar maior expressividade ao texto, seu autor

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Questão 2420

(PUC - SP)

O trecho abaixo foi extraído da obra Memórias Sentimentais de João Miramar, de Oswald de Andrade.

  1. BOTAFOGO ETC.

“Beiramarávamos em auto pelo espelho de aluguel arborizado das avenidas marinhas sem sol. Losangos tênues de ouro bandeiranacionalizavam os verdes montes interiores. No outro lado azul da baía a Serra dos Órgãos serrava. Barcos. E o passado voltava na brisa de baforadas gostosas. Rolah ia vinha derrapava em túneis.

Copacabana era um veludo arrepiado na luminosa noite varada pelas frestas da cidade.”

Didaticamente, costuma-se dizer que, em relação à sua organização, os textos podem ser compostos de descrição, narração e dissertação; no entanto, é difícil encontrar um trecho que seja só descritivo, apenas narrativo, somente dissertativo. Levando-se em conta tal afirmação, selecione uma das alternativas abaixo para classificar o texto de Oswald de Andrade:

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Questão 2614

(Acafe 2014)

Assinale a frase que está formulada de acordo com as normas da língua portuguesa escrita padrão.

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Questão 2615

(UNIFESP - 2014)

A sensível

Foi então que ela atravessou uma crise que nada parecia ter a ver com sua vida: uma crise de profunda piedade. A cabeça tão limitada, tão bem penteada, mal podia suportar perdoar tanto. Não podia olhar o rosto de um tenor enquanto este cantava alegre – virava para o lado o rosto magoado, insuportável, por piedade, não suportando a glória do cantor. Na rua de repente comprimia o peito com as mãos enluvadas – assaltada de perdão. Sofria sem recompensa, sem mesmo a simpatia por si própria.
Essa mesma senhora, que sofreu de sensibilidade como de doença, escolheu um domingo em que o marido viajava para procurar a bordadeira. Era mais um passeio que uma necessidade. Isso ela sempre soubera: passear. Como se ainda fosse a menina que passeia na calçada. Sobretudo passeava muito quando “sentia” que o marido a enganava. Assim foi procurar a bordadeira, no domingo de manhã. Desceu uma rua cheia de lama, de galinhas e de crianças nuas – aonde fora se meter! A bordadeira, na casa cheia de filhos com cara de fome, o marido tuberculoso – a bordadeira recusou- se a bordar a toalha porque não gostava de fazer ponto de cruz! Saiu afrontada e perplexa. “Sentia-se” tão suja pelo calor da manhã, e um de seus prazeres era pensar que sempre, desde pequena, fora muito limpa. Em casa almoçou sozinha, deitou-se no quarto meio escurecido, cheia de sentimentos maduros e sem amargura. Oh pelo menos uma vez não “sentia” nada. Senão talvez a perplexidade diante da liberdade da bordadeira pobre. Senão talvez um sentimento de espera. A liberdade.

(Clarice Lispector. Os melhores contos de Clarice Lispector, 1996.)

A alternativa em que o enunciado está de acordo com a norma- padrão da língua portuguesa e coerente com o sentido do texto é:

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Questão 2651

(PUC/RS - 2014) 

          As câmeras de vigilância estão em todos os lugares. No começo, a novidade incomodava, evocava um mundo 13controlado, totalitário. Mas logo nos demos conta de que elas inibem e esclarecem crimes, ajudam em coisas 1prosaicas, como controlar o trânsito. É uma vigilância barata, segura, muitas mais virão.
          Porém, a presença de 4câmeras na 5escola coloca outras questões. O objetivo seria o 12mesmo, proteger e prevenir. As intenções são louváveis, mas não se pode ignorar um fator fundamental: a escola é a primeira socialização não controlada pelos pais e é necessário que assim seja. Com o olhar vigilante e 2onipresente da família não se cresce. Crescemos quando resolvemos sozinhos nossos 6problemas, quando administramos entre os colegas as querelas nem sempre fáceis. Entre as crianças, inúmeras rusgas se resolvem sozinhas, os pais nem ficam sabendo, e é ótimo que assim seja.
          O 7bullying deve ser combatido, mas não dessa forma. O preço a pagar pela suposta segurança compromete a essência de uma das funções da 14escola, que é aprender a viver em sociedade sem os pais e a sua 8proteção, evocada pela presença da câmera.
          Na 9sala de aula e no pátio da escola cada um vale por si. É preciso aprender a respeitar e ser respeitado. Nós todos já passamos por isso e sabemos como era difícil. Não existe outra 16forma, é isso ou a 10infantilização perpétua. A transição da casa para a escola nunca vai ser 3amena.
          Essa proposta de vigilância não se ancora em razões pedagógicas, e sim na angústia dos pais em controlar seus filhos. Não creio que seja 15a escola que reivindica câmeras, mas quem a paga. São os pais inseguros que querem estender seu olhar para onde não devem. Existe uma correlação forte entre pais controladores e filhos imaturos, adolescentes eternos que demoram para assumir responsabilidades. É possível cuidar dos nossos filhos mesmo permitindo a eles experiências longe dos nossos 11olhos. A escola é 17deles, esse é o seu espaço e seu desafio.

CORSO, Mário. Câmeras na escola. Zero Hora, 05/06/2013. (fragmento adaptado)

 

Em relação à pontuação do texto, afirma-se:

I. O uso de dois pontos em lugar da vírgula, na referência 12, reforçaria a coesão entre as ideias.
II. O uso de vírgulas ao invés de “e”, nas referências 13 e 6, denota que a enumeração de tópicos pode conter outros elementos.
III. Seria correto eliminar a vírgula que segue “escola”, na referência 14, pois ela é opcional.
IV. Seria correto e conveniente colocar uma vírgula após “a escola”, na referência 15, para assinalar uma informação intercalada.
V. As vírgulas das referências 16 e 17 poderiam ser substituídas por ponto seguido de letra maiúscula, o que daria mais ênfase às ideias apresentadas.

Estão corretas apenas as afirmativas:

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Questão 2659

(Unifesp 2014) Mantida a norma-padrão da língua portuguesa, a frase que preenche corretamente o segundo
balão é:

 

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Questão 2660

(UNESP - 2014/2 - 1a fase)

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

A(s) questão(ões) a seguir focaliza(m) uma passagem de um artigo de José Francisco Botelho e uma das ilustrações de Carlo Giovani a esse artigo.

Compaixão

        Considerada a maior de todas as virtudes por religiões como o budismo e o hinduísmo, a compaixão é a capacidade humana de compartilhar (ou experimentar de forma parcial) os sentimentos alheios — principalmente o sofrimento. Mas a onipresença da miséria humana faz da compaixão uma virtude potencialmente paralisante. Afogados na enchente das dores alheias, podemos facilmente cair no desespero e na inação. Por isso, a piedade tem uma reputação conturbada na história do pensamento: se alguns a apontaram como o alicerce da ética e da moral, outros viram nela uma armadilha, um mero acréscimo de tristeza a um Universo já suficientemente amargo. Porém, vale lembrar que as virtudes, para funcionarem, devem se encaixar umas às outras: quando aliado à temperança, o sentimento de comiseração pelas dores do mundo pode ser um dos caminhos que nos afastam da cratera de Averno*. Dosando com prudência uma compaixão potencialmente infinita, é possível sentirmos de forma mais intensa a felicidade, a nossa e a dos outros — como alguém que se delicia com um gole de água fresca, lembrando-se do deserto que arde lá fora.

        Isso tudo pode parecer estranho, mas o fato é que a denúncia da compaixão segue um raciocínio bastante rigoroso. O sofrimento — e todos concordam — é algo ruim. A compaixão multiplica o sofrimento do mundo, fazendo com que a dor de uma criatura seja sentida também por outra. E o que é pior: ao passar a infelicidade adiante, ela não corrige, nem remedia, nem alivia a dor original. Como essa infiltração universal da tristeza poderia ser uma virtude? No século 1 a.C., Cícero escreveu: “Por que sentir piedade, se em vez disso podemos simplesmente ajudar os sofredores? Devemos ser justos e caridosos, mas sem sofrer o que os outros sofrem”.

* Os romanos consideravam a cratera vulcânica de Averno, situada perto de Nápoles, como entrada para o mundo inferior, o mundo dos mortos, governado por Plutão.

Devido a um problema de revisão, aparece no artigo uma forma verbal em desacordo com a chamada norma-padrão. Trata-se do emprego equivocado de 

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Questão 2847

(UPE - 2014) 

Vozes da seca

Seu doutô os nordestino têm muita gratidão
Pelo auxílio dos sulista nessa seca do sertão
Mas doutô uma esmola a um homem qui é são
Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão
É por isso que pidimo proteção a vosmicê
Home pur nóis escuído para as rédias do pudê
Pois doutô dos vinte estado temos oito sem chovê
Veja bem, quase a metade do Brasil tá sem cumê
Dê serviço a nosso povo, encha os rio de barrage
Dê cumida a preço bom, não esqueça a açudage
Livre assim nóis da ismola, que no fim dessa estiage
Lhe pagamo inté os juru sem gastar nossa corage
Se o doutô fizer assim salva o povo do sertão
Quando um dia a chuva vim, que riqueza pra nação!
Nunca mais nóis pensa em seca, vai dá tudo nesse chão
Como vê nosso distino mercê tem na vossa mão

Luiz Gonzaga e Zé Dantas. Disponível em: http://letras.mus.br/luiz-gonzaga/47103. Acesso em: 17/07/2013.

Alguns versos da canção se configuram como enunciados que incitam à ação e, por isso, são denominados, quanto à tipologia textual, de “injuntivos”. Exemplificam enunciados injuntivos os seguintes versos

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