(UNCISAL 2015)
Segundo o filósofo Michel Foucault “O controle da sociedade sobre os indivíduos não opera simplesmente pela consciência ou pela ideologia, mas começa no corpo e com o corpo. Foi no biológico, no somático, no corporal que, antes de tudo, investiu a sociedade capitalista. O corpo é uma realidade biopolítica”.
Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1986, p. 80.
Então, se o corpo é uma realidade biopolítica, conforme acredita Foucault, como esse corpo deve ser visto na atividade física?
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(UFSM 2015) A tese de Foucault segundo a qual o poder é uma estratégia e um conjunto de práticas que varia conforme as instituições em que é exercido foi formulada para criticar, entre outras coisas, os postulados políticos do marxismo. Sua teoria foi construída a partir do exame de instituições como hospitais e escolas. Essas instituições revelam, segundo Foucault, que as relações de poder se exercem prioritariamente
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(UPE 2015)
Texto I
A educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não se encontram ainda preparadas para a vida social; tem por objeto suscitar e desenvolver, na criança, certo número de estados físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política, no seu conjunto, e pelo meio especial a que a criança, particularmente, se destine.
DURKHEIM, Émile. Educação e Sociedade. 10. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1975, p. 41.
Texto II
Da família à comunidade, a educação existe difusa em todos os mundos sociais, entre as incontáveis práticas dos mistérios do aprender; primeiro, sem classes de alunos, sem livros e sem professores especialistas; mais adiante, com escolas, salas, professores e métodos pedagógicos.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação? São Paulo: Brasiliense, 2007, p. 10.
A educação como instituição social é um instrumento de análise sociológica, pois promove a socialização dos indivíduos nas sociedades modernas e
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(FGV - 2015)
Leia o texto para responder à questão
Pela tarde apareceu o Capitão Vitorino. Vinha numa burra velha, de chapéu de palha muito alvo, com a fita verde- -amarela na lapela do paletó. O mestre José Amaro estava sentado na tenda, sem trabalhar. E quando viu o compadre alegrou-se. Agora as visitas de Vitorino faziam-lhe bem. Desde aquele dia em que vira o compadre sair com a filha para o Recife, fazendo tudo com tão boa vontade, que Vitorino não lhe era mais o homem infeliz, o pobre bobo, o sem-vergonha, o vagabundo que tanto lhe desagradava. Vitorino apeou-se para falar do ataque ao Pilar. Não era amigo de Quinca Napoleão, achava que aquele bicho vivia de roubar o povo, mas não aprovava o que o capitão fizera com a D. Inês.
– Meu compadre, uma mulher como a D. Inês é para ser respeitada.
– E o capitão desrespeitou a velha, compadre?
– Eu não estava lá. Mas me disseram que botou o rifle em cima dela, para fazer medo, para ver se D. Inês lhe dava a chave do cofre. Ela não deu. José Medeiros, que é homem, borrou-se todo quando lhe entrou um cangaceiro no estabelecimento. Me disseram que o safado chorava como bezerro desmamado. Este cachorro anda agora com o fogo da força da polícia fazendo o diabo com o povo.
(José Lins do Rego, Fogo Morto)
Sem que haja alteração de sentido do texto, assinale a alternativa correta quanto à regência verbal
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(PUC - GO - 2015/1)
Vendo passar o cortejo fúnebre, o menino falou:
— Mãe: eu também quero ir em caixa daquelas.
A alma da mãe, na mão do miúdo, estremeceu. O menino sentiu esse arrepio, como descarga da alma na corrente do corpo. A mãe puxou-o pelo braço, em repreensão.
— Não fale nunca mais isso.
Um esticão enfatizava cada palavra.
— Porquê, mãe? Eu só queria ir a enterrar como aquele falecido.
— Viu? Já está a falar outra vez?
Ele sentiu a angústia em sua mãe já vertida em lágrima. Calou-se, guardado em si. Ainda olhou o desfile com inveja. Ter alguém assim que chore por nós, quanto vale uma tristeza dessas?
À noite, o pai foi visitá-lo na penumbra do quarto. O menino suspeitou: nunca o pai lhe dirigira um pensamento. O homem avançou uma tosse solene, anunciando a seriedade do assunto. Que a mãe lhe informara sobre seus soturnos comentários no funeral. Que se passava, afinal?
— Eu não quero mais ser criança.
— Como assim?
— Quero envelhecer rápido, pai. Ficar mais velho que o senhor.
Que valia ser criança se lhe faltava a infância? Este mundo não estava para meninices. Porque nos fazem com esta idade, tão pequenos, se a vida aparece sempre adiada para outras idades, outras vidas? Deviam-nos fazer já graúdos, ensinados a sonhar com conta medida. Mesmo o pai passava a vida louvando a sua infância, seu tempo de maravilhas. Se foi para lhe roubar a fonte desse tempo, porque razão o deixaram beber dessa água?
— Meu filho, você tem que gostar viver, Deus nos deu esse milagre. Faça de conta que é uma prenda, a vida.
Mas ele não gostava dessa prenda. Não seria que Deus lhe podia dar outra, diferente?
— Não diga disso, Deus lhe castiga.
E a conversa não teve mais diálogo. Fechou-se sob ameaça de punição divina.
O menino permanecia em desistência de tudo. Sem nenhum portanto nem consequência. Até que, certa vez, ele decidiu visitar seu avô. Certamente ele o escutaria com maiores paciências.
— Avô, o que é preciso para se ser morto?
— Necessita ficar nu como um búzio.
— Mas eu tanta vez estou nuzinho.
— Tem que ser leve como lua.
— Mas eu já sou levinho como a ave penugenta.
— Precisa mais: precisa ficar escuro na escuridão.
— Mas eu sou tinto e retinto. Pretinho como sou, até de noite me indistinto do pirilampo avariado.
Então, o avô lhe propôs o negócio. As leis do tempo fariam prever que ele fosse retirado primeiro da vida.
[…]
(COUTO, Mia. O fio das missangas.
São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 111-112. Adaptado.)
Observe las oraciones recortadas del texto de Mia Couto: “Meu filho, você tem que gostar viver” e “Mas ele não gostava dessa prenda”. En lengua española, el verbo “gustar” funciona de forma diferente del portugués. Así, marque la única opción que traduce correctamente al español la siguiente frase del portugués: “Você gosta de mim?”
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(UCS - 2015)
Cartas de mamá (Las armas secretas, 1959)
Julio Cortázar (1914-1984)
01Muy bien hubiera podido llamarse libertad condicional. Cada vez que la portera le entregaba un sobre, a Luis le 02bastaba reconocer la minúscula cara familiar de José de San Martín para comprender que otra vez más habría de 03franquear el puente. San Martín, Rivadavia, pero esos nombres eran también imágenes de calles y de cosas, Rivadavia 04al seis mil quinientos, el caserón de Flores, mamá, el café de San Martín y Corrientes donde lo esperaban a 05veces los amigos, donde el mazagrán tenía un leve gusto a aceite de ricino. Con el sobre en la mano, después del 06Merci bien, madame Durand, salir a la calle no era ya lo mismo que el día anterior, que todos los días anteriores. 07Cada carta de mamá (aun antes de eso que acababa de ocurrir, este absurdo error ridículo) cambiaba de golpe la 08vida de Luis, lo devolvía al pasado como un duro rebote de pelota. __________ antes de eso que acababa de leer 09– y que ahora releía en el autobús entre enfurecido y perplejo, sin acabar de convencerse –, las cartas de mamá; 10eran siempre una alteración del tiempo, un pequeño escándalo inofensivo dentro del orden de cosas que Luis había 11querido y trazado y conseguido, calzándolo en su vida como había calzado a Laura en su vida y a París en su vida. 12Cada nueva carta insinuaba por un rato (porque después él las borraba en el acto mismo de contestarlas cariñosamente) 13que su libertad duramente conquistada, esa nueva vida recortada con feroces golpes de tijera en la madeja 14 de lana, que los demás habían llamado su vida, cesaba de justificarse, perdía pie, se borraba como el fondo de las 15 calles mientras el autobús corría por la rue de Richelieu. No quedaba más que una parva libertad condicional, la irrisión 16 de vivir a la manera de una palabra entre paréntesis, divorciada de la frase principal de la que sin embargo es 17 casi siempre sostén y explicación. Y desazón, y una necesidad de contestar en seguida, como quien vuelve a cerrar 18 una puerta.
19 Esa mañana había sido una de las tantas mañanas en que llegaba carta de mamá. Con Laura hablaban poco 20 del pasado, casi nunca del caserón de Flores. No es que a Luis no le gustara acordarse de Buenos Aires. 21 __________ se trataba de evadir nombres (las personas, evadidas hacía ya tanto tiempo, los verdaderos fantasmas 22 que son los nombres, esa duración pertinaz). Un día se había animado a decirle a Laura: “Si se pudiera romper y tirar 23 el pasado como el borrador de una carta o de un libro. __________ ahí queda siempre, manchando la copia en limpio, 24 y yo creo que eso es el verdadero futuro”. En realidad, por qué no habían de hablar de Buenos Aires donde vivía 25 la familia, donde los amigos de cuando en cuando adornaban una postal con frases cariñosas. Y el roto-grabado de 26 La Nación con los sonetos de tantas señoras entusiastas, esa sensación de ya leído, de para qué. Y de cuando em 27 cuando alguna crisis de gabinete, algún coronel enojado, algún boxeador magnífico. ¿Por qué no habían de hablar 28 de Buenos Aires con Laura? Pero tampoco ella volvía al tiempo de antes, solo al azar de algún diálogo, y sobre todo 29 cuando llegaban cartas de mamá, dejaba caer un nombre o una imagen como monedas fuera de circulación, objetos 30 de un mundo caduco en la lejana orilla del río.
Disponível em:< http://www.enperu.org/informacion-arequipa-
clima-en-arequipa-ubicacion-geografica-ciudad-blanca.html>
Acesso em: 3 fev. 15. (Parcial e adaptado.)
De acordo com o texto, é correto afirmar que
I. as formas verbais entregaba (Ref. 01), bastaba (Ref. 02) e esperaban (Ref. 04) estão todas empregadas neste pretérito imperfeito, porque o autor quer destacar hábitos do cotidiano do personagem.
II. as formas verbais habría (Ref. 02) e había (Ref. 19) encontram-se, ambas, no passado.
III. a forma verbal gustara (Ref. 20) – que se encontra no subjuntivo – pode ser melhor traduzida por gostasse.
Das proposições acima,
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(UPE - 2015) Não causa admiração o fato de os historiadores falarem de uma "Europa Bismarckiana". Em todos os Estados Europeus, a questão das relações com o Império alemão está no centro das preocupações dos homens de governo: é para Bismarck que todos olham.
(DUROSELLE. Jean Baptiste. A Europa de 1815 aos nossos dias. São Paulo: Pioneira, 1970, p. 37.)
Dentre as principais características políticas do governo desse influente líder alemão, a que mais se destacou foi a
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(UEPG - 2015/ Adaptada)
Consumo também é ato político
Diz o "Houaiss" que o capitão Charles C. Boycott (1832-1897), um rico proprietário irlandês, no outono de 1880, recusando-se a baixar o preço que cobrava pelo arrendamento de suas terras, foi vítima de represália, tendo os agricultores da época se articulado para não negociar com ele. Daí a palavra "boycott" e, em português, boicote.
Quase 130 anos depois, o termo em inglês ganhou uma espécie de antônimo, o "buycott". Numa livre tradução seria a compra orientada de produtos.
A partir disso, a pesquisadora Michele Micheletti, da Karlstad University, na Suécia, defende que o ato de consumo pode se transformar em ativismo político, pois, segundo ela, a falta de uma regulamentação global transferiu para os consumidores parte da responsabilidade sobre o mercado. Por meio de "boycotts" e de "buycotts", é possível aos consumidores forçar mudanças no sistema produtivo e colaborar, utilizando o seu poder de compra, a fim de atenuar problemas como a exploração da mão de obra, o desrespeito ambiental e os desvios éticos e políticos de grandes empresas.
O "buycotter" é o consumidor politizado, informado, responsável. Micheletti cita estudos que mostram que, na Suécia, o percentual de cidadãos que se envolveu em algum tipo de "consumo politizado" nos 12 meses anteriores à pesquisa era de 50%. No Brasil, não chegava a 7%. A pesquisadora concluiu que o resultado está vinculado ao nível de informação e aos recursos disponíveis dos consumidores. "É um movimento basicamente da classe média", afirma.
Adaptado de: https://br.noticias.yahoo.com/blogs/plinio-fraga/consumo-tambeme-ato-politico-130126426.html. Acesso em 30/03/2015.
Sobre regência nominal e verbal nos trechos abaixo, assinale o que for correto.
1. "...recusando-se a baixar o preço que cobrava pelo arrendamento de suas terras..."
2. "...na Suécia, o percentual de cidadãos que se envolveu em algum tipo de "consumo politizado" nos 12 meses anteriores à pesquisa era de 50%."
01) Caso a crase fosse retirada no trecho 2, o sentido ficaria comprometido, pois seria possível compreender que a pesquisa ainda estava incompleta, ou seja, na metade.
02) No trecho 1 ocorre um erro devido à regência, pois o sinal indicativo da crase deveria estar presente: "...recusando-se à baixar...".
04) No trecho 2, trata-se de um caso de regência nominal, uma vez que "anteriores" é um adjetivo.
08) Nos trechos 1 e 2, há casos de regência sobre a preposição a, entretanto, diferem entre si uma vez que são casos de regência nominal (trecho 1) e verbal (trecho 2).
A soma das alternativas corretas é:
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(UFRGS - 2015)
Ventura y desventura del cuento
[1] Muchos editores suelen huir de los
volúmenes de cuento como de la peste
argumentando que el cuento no vende. En el
mundo anglosajón, en cambio, el cuento es
[5] un género canónico, que posee, ........,
revistas dedicadas al relato breve.
En tal ambiente, un cuentista puede
imponerse en el canon literario de su propio
país y de su lengua como una figura central.
[10] En los países latinos, curiosamente, esto es
mucho más difícil. Este hecho tiene que ver
con dos de los aspectos que entretejen la
existencia social de toda literatura, esto es,
una tradición y las modificaciones de dicha
[15] tradición o, en términos más generales, con la
manera de evolucionar de la cultura. En el
caso de la literatura anglófona, los cuentistas
“canónicos” se remontan a figuras como Poe,
Hawthorne o, más tarde, Sherwood Anderson.
[20] El mismo James Joyce es conocido como
autor de Dublinenses antes de publicar Ulises .
En el contexto hispanoamericano, no hay
un país que tenga una tradición tan potente
de cuentistas como Argentina. Pensemos solo
[25] en Borges y Cortázar, dos de los escritores
más importantes del siglo pasado. Borges se
hizo su canon personal con poetas, filósofos
cultores de la metafísica y de la paradoja y,
en el universo de la narrativa, con escritores
[30] de lengua inglesa como Chesterton, Wilde y
Shaw. En Cortázar, que puede ser visto como
un alter ego posmoderno de Borges, “laten”
Poe y Lovecraft, ........ Julio Verne, entre
otros.
[35] De ahí a afirmar que la pervivencia y la
importancia del cuento en Argentina tienen
que ver con la (mayor) asimilación por parte
de los escritores argentinos de la tradición
anglosajona no hay mucho trecho.
[40] Por qué no leemos cuentos? El problema
tiene que ver también con lo que algunos
críticos llaman de pacto entre el lector y el
texto: los lectores de nuestra latitud prefieren
adentrarse en el mundo más complejo y en el
[45] tiempo más largo de la novela que en la
velocidad y síntesis del cuento. Otras causas
son la desaparición en nuestros países de las
revistas literarias y la primacía del formato del
largomentraje en el cine, que es el gran
[50] género narrativo de nuestra cultura.
Adaptado de: Mauricio Electorat, Ventura y desventura del cuento, El Mercurio , n. 41278, 27 jul. 2014, p. E 14.
Se no trecho Borges se hizo su canon personal con poetas (l. 26-27), Borges fosse substituído por Borges y Cortázar, o verbo hizo (l. 27) deveria ser alterado para
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(UDESC - 2015/2)
Beatriz, la polución
[1] Dijo el tío Rolando que esta ciudad se está poniendo imbancable de tanta polución que tiene. Yo no dije nada para no quedar como burra pero de toda la frase sólo entendí la palabra ciudad. Después fui al diccionario y busqué la palabra imbancable y no está. El domingo, cuando fui a visitar al abuelo le regunté qué quería decir imbancable y él se [5] ríó y me explicó con buenos modos que quería decir insoportable. Ahí sí comprendí el significado porque Graciela, o sea mi mami, me dice algunas veces, o más bien casi todos los días, por favor Beatriz por favor a veces te pones verdaderamente insoportable. Precisamente ese mismo domingo a la tarde me lo dijo, aunque esta vez repitió tres veces por favor por favor por favor Beatriz a veces te pones verdaderamente [10] insoportable, y yo muy serena, habrás querido decir que estoy imbancable, y a ella le hizo gracia, aunque no demasiada pero me quitó la penitencia y eso fue muy importante. La otra palabra, polución, es bastante más difícil. Esa sí está en el diccionario. Dice, polución: efusión de semen. Qué será efusión y qué será semen.
Busqué efusión y dice: derramamiento de un líquido. También me fijé en semen y dice: [15] semilla, simiente, líquido que sirve para la reprodución. O sea que lo que dijo el tío Rolando quiere decir esto: esta ciudad se está poniendo insoportable de tanto derramamiento de semen. Tampoco entendí, así que la primera vez que me encontré con Rosita mi amiga, le dije mi grave problema y todo lo que decía el diccionario. Y ella: tengo la impresión de que semen es una palabra sensual, pero no sé qué quiere decir.
[20] Entonces me prometió que lo consultaría con su prima Sandra, porque es mayor y en su escuela dan clase de educación sensual. El jueves vino a verme muy misteriosa, yo la conozco bien cuando tiene un misterio se le arruga la nariz, y como en la casa estaba Graciela, esperó con muchísima paciencia que se fuera a la cocina a preparar las milanesas, para decirme, ya averigué, semen es una cosa que tienen los hombres [25] grandes, no los niños, y yo, entonces nosotras todavía no tenemos semen, y ella, no seas bruta, ni ahora ni nunca, semen sólo tienen los hombres cuando son viejos como mi padre o tu papi el que está preso, las niñas no tenemos semen ni siquiera cuando seamos abuelas, y yo, qué raro eh, y ella, Sandra dice que todos los niños y las niñas venimos del semen porque este liquido tiene bichitos que se llaman espermatozoides y [30] Sandra estaba contenta porque en la clase había aprendido que espermatozoide se escribe con zeta. Cuando se fue Rosita yo me quedé pensando y me pareció que el tíoRolando quizá había querido decir que la ciudad estaba insoportable de tantosespermatozoides (con zeta) que tenía. Así que fui otra vez a lo del abuelo, porque él siempre me entiende y me ayuda aunque no exageradamente, y cuando le conté lo que [35] había dicho tío Rolando y le pregunté si era cierto que la ciudad estaba poniéndose imbancable porque tenía muchos espermatozoides, al abuelo le vino una risa tan grande que casi se ahoga y tuve que traerle un vaso de agua y se puso bien colorado y a mí me dio miedo de que le diera un patatús y conmigo solita en una situación tan espantosa. Por suerte de apoco se fue calmando y cuando pudo hablar me dijo, entre [40] tos y tos, que lo que tío Rolando había dicho se refería a la contaminación atmosférica.
Yo me sentí más bruta todavía, pero enseguida él me explicó que la atmósfera era el aire, y como en esta ciudad hay muchas fábricas y automóviles todo ese humo ensucia el aire o sea la atmósfera y eso es la maldita polución y no el semen que dice el diccionario, y no tendríamos que respirarla pero como si no respiramos igualito nos [45] morimos, no tenemos más remedio que respirar toda esa porquería. Yo le dije al abuelo que ahora sacaba la cuenta que mi papá tenía entonces una ventajita allá donde está preso porque en ese lugar no hay muchas fábricas y tampoco hay muchos automóviles porque los familiares de los presos políticos son pobres y no tienen automóviles. Y el abuelo dijo que sí, que yo tenía mucha razón, y que siempre había que encontrarle el [50] lado bueno a las cosas. Entonces yo le di un beso muy grande y la barba me pinchó más que otras veces y me fui corriendo a buscar a Rosita y como en su casa estaba la mami de ella que se llama Asunción, igualito que la capital de Paraguay, esperamos las dos con mucha paciencia hasta que por fin se fue a regar las plantas y entonces yo muy misteriosa, vas a decirle de mi parte a tu prima Sandra que ella es mucho más burra [55] que vos y que yo, porque ahora sí lo averigué todo y nosotras no venimos del semen sino de la atmósfera.
Mario Benedetti www.ciudadseva.com
Marque en que tiempo y modo verbal están los verbos "Dijo" (línea 1), "hizo" (línea 11) y "vino" (línea 21)
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