(UFPR - 2016 - 2ª FASE)
Leia os fragmentos abaixo, reproduzidos de Theodor W. Adorno, do livro intitulado A indústria cultural:
Tudo indica que o termo “indústria cultural” foi empregado pela primeira vez no livro Dialética do esclarecimento, que Horkheimer e eu publicamos em 1947, em Amsterdã. Em nossos esboços, tratava-se do problema da cultura de massa. Abandonamos essa última expressão para substituí-la por “indústria cultural”, a fim de excluir de antemão a interpretação que agrada aos advogados da coisa; estes pretendem, com efeito, que se trata de algo como uma cultura surgindo espontaneamente das próprias massas, em suma, da forma contemporânea da arte popular. Ora, desta arte a indústria cultural se distingue radicalmente.
(ADORNO, 1986, p. 92).
[...] As mercadorias culturais da indústria se orientam, como disseram Brecht e Suhrkamp há já trinta anos, segundo o princípio de sua comercialização e não segundo seu próprio conteúdo e sua figuração adequada. Toda a prática da indústria cultural transfere, sem mais, a motivação do lucro às criações espirituais. A partir do momento em que essas mercadorias asseguram a vida de seus produtores no mercado, elas já estão contaminadas por essa motivação.
(ADORNO, 1986, p. 92)
[...] O que na indústria cultural se apresenta como um progresso, o insistentemente novo que ela oferece permanece, em todos os seus ramos, a mudança da indumentária de um sempre semelhante; em toda parte a mudança encobre um esqueleto no qual houve tão poucas mudanças como na própria motivação do lucro desde que ela ganhou ascendência sobre a cultura.
(ADORNO, 1986, p. 94)
[…] A satisfação compensatória que a indústria cultural oferece às pessoas ao despertar nelas a sensação confortável de que o mundo está em ordem frustra-as na própria felicidade que ela ilusoriamente lhes propicia. O efeito do conjunto da indústria cultural é o de uma antidesmistificação, a de um anti-iluminismo; […] Ela impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de decidir conscientemente. Mas estes constituem, contudo, a condição prévia de uma sociedade democrática, que não poderia salvaguardar e desabrochar senão através de homens não tutelados.
(ADORNO, 1986, p. 99)
(ADORNO, Theodor W. A indústria cultural. In: COHN, Gabriel (org.). Adorno, Theodor W. São Paulo: Ática, 1986.)
Com base nesses fragmentos e nos conhecimentos sociológicos, discorra sobre a indústria cultural, abordando em seu texto os seguintes aspectos:
• a razão pela qual Adorno substituiu a expressão “cultura de massa” por “indústria cultural”;
• de que forma a prática da indústria cultural transfere a motivação do lucro para as criações espirituais.
• o que Adorno quer dizer com a metáfora sobre o progresso da indústria cultural como uma indumentária que recobre um esqueleto.
• a relação entre indústria cultural e democracia na perspectiva de Adorno.
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(UFPR - 2016 - 2ª FASE)
Leia o texto a seguir, sobre a taxa de fecundidade no Brasil.
A taxa de fecundidade total no Brasil, que até 1960 era de mais de 6,0 filhos por mulher, tem apresentado desde então sucessivas e significativas quedas, chegando a 1,90 filho em 2010, situando-se abaixo do nível de reposição, de 2,1 filhos, valor que garante a substituição das gerações. A redução dos níveis de fecundidade nos últimos 50 anos foi a principal razão para a queda do ritmo de crescimento da população brasileira, que chegou a crescer cerca de 3,0% ao ano, sendo de 1,17% na última década. Além disso, a fecundidade teve influência determinante também na mudança da estrutura etária populacional do País, que se apresenta bem mais envelhecida, em função do aumento proporcional de idosos e da diminuição de crianças. Apesar da queda da fecundidade ter se dado em todas as Grandes Regiões e grupos populacionais, o momento e a velocidade em que ela ocorreu foram diferenciados em relação a essas populações. A oportunidade de efetivação do tamanho desejado da família em função da maior disseminação de práticas contraceptivas a partir da década de 1980, em especial a esterilização feminina, possibilitou uma redução mais significativa da fecundidade nas Regiões Norte e no Nordeste do País, contribuindo para a diminuição dos diferenciais regionais da fecundidade. Essa tendência prosseguiu nas últimas duas décadas, já que as duas regiões com os maiores níveis de fecundidade foram as que apresentaram as maiores reduções em suas taxas nos períodos 1991/2000 e 2000/2010. A Região Norte, contudo, é a única que ainda apresentava, em 2010, uma fecundidade acima do nível de reposição, situando-se em um patamar um pouco acima das demais regiões. O declínio dos níveis de fecundidade no Brasil foi resultante da queda nas taxas específicas por idade em todas as faixas etárias no período de 2000 a 2010. Contudo, essa queda foi maior nos grupos mais jovens, o que fez com que o padrão de fecundidade brasileiro, que é indicado pela intensidade com que as mulheres têm filhos ao longo das idades, também sofresse alterações nesse período.
(Disponível em:https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/98/cd_2010_nupcialidade_fecundidade_migracao_amostra.pdf .)
Escreva um texto destacando do fragmento acima dados relevantes para a compreensão das mudanças ocorridas na taxa de fecundidade da população brasileira nas últimas décadas, discorrendo sobre o que esse quadro nos permite projetar em relação ao futuro cenário das políticas públicas no Brasil.
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(UFPR - 2016 - 2ª FASE)
Considere o seguinte texto: Uma janela para o mundo
Escrever é um ato não natural. Como observou Charles Darwin, “o homem tem uma tendência instintiva para falar, basta ver o balbucio de nossas crianças pequenas, ao passo que criança alguma tem tendência instintiva para cozinhar, preparar infusões ou escrever”. A palavra falada é mais velha do que nossa espécie, e o instinto para a linguagem permite que as crianças engatem em conversas articuladas anos antes de entrar numa escola. Mas a palavra escrita é uma invenção recente que não deixou marcas em nosso genoma e precisa ser adquirida mediante esforço ao longo da infância e depois.
A fala e a escrita diferem em seus mecanismos, é claro, e essa é uma das razões pelas quais as crianças precisam lutar com a escrita: reproduzir os sons da língua com um lápis ou com o teclado requer prática. Mas a fala e a escrita diferem também de outra maneira, o que faz da aquisição da escrita um desafio para toda uma vida, mesmo depois que seu funcionamento foi dominado. Falar e escrever envolvem tipos diferentes de relacionamentos humanos, e somente o que diz respeito à fala nos chega naturalmente. A conversação falada é instintiva porque a interação social é instintiva: falamos às pessoas “com quem temos diálogo”. Quando começamos um diálogo com nossos interlocutores, temos uma suposição de que já sabem e do que poderiam estar interessados em aprender, e durante a conversa monitoramos seus olhares, expressões faciais e atitudes. Se eles precisam de esclarecimentos, ou não conseguem aceitar uma afirmação, ou têm algo a acrescentar, podem interromper ou replicar.
Não gozamos dessa troca de feedbacks quando lançamos ao vento um texto. Os destinatários são invisíveis e imperscrutáveis, e temos que chegar até eles sem conhecê-los bem ou sem ver suas reações. No momento em que escrevemos, o leitor existe somente em nossa imaginação. Escrever é, antes de tudo, um ato de faz de conta. Temos que nos imaginar em algum tipo de conversa, ou correspondência, ou discurso, ou solilóquio, e colocar palavras na boca do pequeno avatar que nos representa nesse mundo simulado. [...]
(Pinker, Steven. Guia de escrita: como conceber um texto com clareza, precisão e elegância. São Paulo: Contexto, 2016, p. 41-2.)
- Elabore um resumo desse texto, entre 10 e 15 linhas, respeitando as características do gênero textual.
- Apresente as bases da comparação que o autor faz.
- Escreva com suas próprias palavras, sem copiar trechos do texto
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(UFPR - 2016 - 2ª FASE)
Considere o seguinte texto:
Esquerda, Direita ou Centro?
Vivemos, no Brasil de hoje, um momento curioso em que todos, de repente, resolveram politizar-se. Até pouco tempo atrás, vigorava um senso comum de que não valeria a pena discutir a respeito de política, porque, afinal de contas, políticos são todos corruptos. Opinião política era considerada uma coisa tão pessoal, que não era de bom tom perguntar a respeito disso a ninguém, assim como não se perguntaria quanto uma pessoa ganha ou qual seria a sua fé (ou ao menos assim ditavam os bons costumes). Agora, em especial no que concerne à política, já não me parece que as coisas são assim. Um maior acesso à informação, aliado à abertura de um novo canal de diálogo nas redes sociais, tem feito com que as pessoas passem mais frequentemente a dar voz às suas opiniões, entrando, por isso mesmo, muitas vezes em confronto com conhecidos e familiares. Nisso, há um agravante: justamente por não termos prática de debater a respeito de política, há uma enorme confusão de conceitos dentro do que hoje constitui o diálogo político médio no Brasil, o que em nada ajuda a mitigar a situação de confronto.
É notório que tenha havido, recentemente, um crescimento no número de pessoas que se identificam como de direita (sabendo bem o que é isso ou não). Esse crescimento tem ocorrido não sem um enorme esforço de desinformar essas mesmas pessoas a respeito do que é ser de esquerda e, por extensão, também a respeito do que é ser de direita. Reitero o caráter pessoal deste texto por um motivo simples: não há uma única acepção possível do que é ser de esquerda ou ser de direita. Isso ocorre evidentemente porque existe um espectro de possibilidades entre o máximo da esquerda e o máximo da direita.
Dentro de uma sociedade humana organizada, a vida política envolve questões atuantes em dois eixos, o econômico e o social, que caracterizam, mediante leis (da parte do governo) e costumes (da parte da sociedade), a existência humana em comum. Cada um desses eixos abrange uma pluralidade de questões, as quais, por vezes, têm participação em ambos os eixos simultaneamente.
Há, basicamente, dois tipos de indivíduo no centro: os que têm de fato uma postura comedida e apregoam um posicionamento moderado em todas as questões; e aqueles que simplesmente têm um posicionamento misto, sem fortes inclinações nem para um lado nem para o outro. Alguns talvez não tenham interesse em política; outros podem estar indiferentes com a situação atual, sem grandes intenções de mudá-la nem de perpetuá-la; outros ainda podem apenas ser cautelosos e acreditar que é preciso moderação para abordar questões complexas e polêmicas. A partir da definição do que é ser de centro, podemos tentar identificar o que poderia significar ser de esquerda e ser de direita, ao menos em uma definição inicial, por mais insuficiente que ela possa ser para um diálogo mais aprofundado.
Não é difícil ver que essas posições extremas são perigosíssimas. Entretanto, certamente há ocasiões em que ambas têm seu valor: em uma situação de extrema injustiça e ausência de qualquer outra solução, é compreensível que pessoas adotem uma posição revolucionária, da mesma forma como é compreensível que, em uma situação de extremo contentamento geral, pessoas estejam prontas para impedir, até por meios violentos, que se estrague o bom funcionamento da sociedade. O grande perigo reside no erro de diagnose, tanto de se fazer a revolução quando ela não é necessária como de se defender a manutenção de uma situação injusta.
Mais do que isso: há enorme perigo em não perceber que essas posições extremas não são o único caminho para se orientar a sociedade mais para a esquerda ou mais para a direita, isto é, operando mudanças sociais a fim de buscar melhorias para a qualidade de vida da maioria (movimento à esquerda) ou focando em coibir mudanças sociais a fim de preservar o funcionamento atual da sociedade (movimento à direita).
Há que se notar ainda que os dois movimentos podem ser feitos ao mesmo tempo, para áreas diferentes de nossa sociedade, preservando as leis e tradições que são frutuosas, mas dando espaço para mudanças nos pontos em que elas são necessárias.
Quando digo vida política, claro, não me refiro apenas à política como o exercício de cargos governamentais; refiro-me à vida do ser humano como organismo político, isto é, um organismo partícipe de uma πόλις (pólis), ou seja, um πολίτης (polítēs), um membro de uma sociedade humana organizada.
Por democracia próspera e saudável, defino uma sociedade não perfeita, mas em que há o bastante para todos de forma mais ou menos semelhante, a ponto de não haver necessidade para uma revolução, mas, ao mesmo tempo, a ponto de ainda haver (como talvez sempre haja) questões sociais e/ou econômicas a serem resolvidas. Antes de estar pensando em um exemplo real, penso aqui em um ideal do qual as diferentes sociedades humanas se aproximam mais ou menos.
(Adaptado de Leonardo Antunes. Disponível em: . Acesso em 06/07/2016.)
Segundo o autor, o maior acesso à informação modificou a participação das pessoas no debate a respeito de política. Escreva um texto explicitando como o autor caracteriza o cenário atual no tocante a essa participação e, com base na distinção que ele faz entre os diferentes posicionamentos políticos, defina em qual deles você se enquadra.
O seu texto deve:
- ter de 10 a 12 linhas;
- definir sua posição atendo-se aos elementos apresentados no texto-base;
- justificar a posição assumida por você.
IMPORTANTE: Você será avaliado pela consistência dos argumentos escolhidos e pela clareza e organização de seu texto, NÃO pela posição que tomar.
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(UFPR - 2016 - 2ª FASE)
Considere o texto ao lado, em que Neil Degrasse Tyson aborda a relação entre equilíbrio social e desenvolvimento científico e tecnológico:
Escreva um texto em que você explicite e desenvolva a linha de raciocínio do autor.
Seu texto deve:
- ter no mínimo 6 e no máximo 8 linhas;
- ser desenvolvido em dois parágrafos;
- citar, de forma contextualizada, pelo menos um dos cientistas apresentados no quadro.
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(UFPR - 2016 - 2ª FASE)
Considere o texto abaixo:
A ascensão política de Donald Trump nos EUA, a decisão britânica de deixar a União Europeia e a definição contrária ao acordo de paz na Colômbia têm sido elencados como exemplos de uma crise da democracia global e dos sistemas de representação política. [...]
Para o filósofo norte-americano Jason Brennan, os três casos são símbolo de problemas na tomada de decisões políticas. Esses impasses favorecem a participação das pessoas em detrimento do conhecimento que elas têm sobre a realidade em questão – o que leva, segundo ele, a escolhas irracionais.
Este é o caso específico do “brexit”, na visão de Brennan, em que as pessoas tomaram “uma decisão estúpida” porque não tinham informações sobre a realidade britânica. E é o modelo que aproximou Trump da Presidência dos EUA, apesar de fazer campanha com pouco apego a fatos reais e a mentir em 71% das suas declarações, segundo o site PolitiFact, que checa discursos políticos. [...]
Em entrevista à Folha, por telefone, Brennan falou sobre suas críticas aos sistemas democráticos, reunidas no recente livro “Against Democracy” (contra a democracia), em que sugere a implementação de um sistema político diferente: a epistocracia. Ele defende que apenas uma elite com conhecimento aprofundado sobre temas de relevância nacional possa tomar decisões.
Criticado por sua visão de mundo “elitista”, ele diz que a democracia ainda é o melhor sistema de governo, mas que isso não significa que não precise evoluir.
Epistocracia (ou epistemocracia, como também aparece citado em trabalhos acadêmicos no Brasil), é um conceito de sistema político baseado na ideia de epistem. O termo foi usado por Platão na filosofia grega, no século 4º a.C., para se referir ao “conhecimento verdadeiro”, em oposição à opinião infundada, sem reflexão. Por esse sistema, o poder político não deveria ser distribuído igualmente a todos os cidadãos, em contraposição à democracia, mas sim estas nas mãos das pessoas sábias. (Fonte:https://www1.folha.uol.com.br/ )
Escreva um texto argumentativo posicionando-se em relação à proposta apresentada por Jason Brennan.
O seu texto deve:
- ter de 10 a 12 linhas;
- explicitar em linhas gerais as ideias de Jason Brennan;
- assumir uma posição contra ou a favor dela, contrapondo argumentos se for contra, ou reforçando os já apresentados se for a favor.
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(UFPR - 2016 - 2ª FASE)
O gráfico a seguir apresenta os resultados da 4a edição da pesquisa nacional Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo
Ibope e encomendada pelo Instituto Pró-Livro. O país possui, atualmente, 104,7 milhões de leitores (56% da população), o
que representa um crescimento de 6 pontos percentuais em relação à última apuração, feita em 2011. Foram ouvidas, ao
todo, 5.012 pessoas em todas as regiões do Brasil, com uma população de 5 anos ou mais.
Escreva um texto, com no mínimo 10 e no máximo 12 linhas, em que você apresente a um leitor as informações do
enunciado e do infográfico, explicitando as correlações possíveis entre os dados.
(UFPR - 2016 - 1ª FASE)
A épica narrativa de nosso caminho até aqui
Quando viajamos para o exterior, muitas vezes passamos pela experiência de aprender mais sobre o nosso país. Ao nos
depararmos com uma realidade diferente daquela em que estamos imersos cotidianamente, o estranhamento serve de alerta: deve
haver uma razão, um motivo, para que as coisas funcionem em cada lugar de um jeito. Presentes diferentes só podem resultar de
passados diferentes. Essa constatação pode ser um poderoso impulso para conhecer melhor a nossa história.
Algo assim vem ocorrendo no campo de estudos sobre o Sistema Solar. O florescimento da busca de planetas extrassolares –
aqueles que orbitam em torno de outras estrelas – equivaleu a dar uma espiadinha no país vizinho, para ver como vivem “seus
habitantes”. Os resultados são surpreendentes. Em certos sistemas, os planetas estão tão perto de suas estrelas que completam
uma órbita em poucos dias. Muitos são gigantes feitos de gás, e alguns chegam a possuir mais de seis vezes a massa e quase sete
vezes o raio de Júpiter, o grandalhão do nosso sistema. Já os nossos planetas rochosos, classe em que se enquadram Terra,
Mercúrio, Vênus e Marte, parecem ser mais bem raros do que imaginávamos a princípio.
A constatação de que somos quase um ponto fora da curva (pelo menos no que tange ao nosso atual estágio de conhecimento
de sistemas planetários) provocou os astrônomos a formular novas teorias para explicar como o Sistema Solar adquiriu sua atual
configuração. Isso implica responder perguntas tais como quando se formaram os planetas gasosos, por que estão nas órbitas em
que estão hoje, de que forma os planetas rochosos surgiram etc.
Nosso artigo de capa traz algumas das respostas que foram formuladas nos últimos 15 a 20 anos. Embora não sejam
consensuais, teorias como o Grand Tack, o Grande Ataque e o Modelo de Nice têm desfrutado de grande prestígio na comunidade
astronômica e oferecem uma fascinante narrativa da cadeia de eventos que pode ter permitido o surgimento da Terra e, em última
instância, da vida por aqui. [...]
(Paulo Nogueira, editorial de Scientific American – Brasil – no 168, junho 2016.)
Na 3a linha do terceiro parágrafo, “Isso” se refere:
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(UFPR - 2016 - 1ª FASE)
A épica narrativa de nosso caminho até aqui
Quando viajamos para o exterior, muitas vezes passamos pela experiência de aprender mais sobre o nosso país. Ao nos
depararmos com uma realidade diferente daquela em que estamos imersos cotidianamente, o estranhamento serve de alerta: deve
haver uma razão, um motivo, para que as coisas funcionem em cada lugar de um jeito. Presentes diferentes só podem resultar de
passados diferentes. Essa constatação pode ser um poderoso impulso para conhecer melhor a nossa história.
Algo assim vem ocorrendo no campo de estudos sobre o Sistema Solar. O florescimento da busca de planetas extrassolares –
aqueles que orbitam em torno de outras estrelas – equivaleu a dar uma espiadinha no país vizinho, para ver como vivem “seus
habitantes”. Os resultados são surpreendentes. Em certos sistemas, os planetas estão tão perto de suas estrelas que completam
uma órbita em poucos dias. Muitos são gigantes feitos de gás, e alguns chegam a possuir mais de seis vezes a massa e quase sete
vezes o raio de Júpiter, o grandalhão do nosso sistema. Já os nossos planetas rochosos, classe em que se enquadram Terra,
Mercúrio, Vênus e Marte, parecem ser mais bem raros do que imaginávamos a princípio.
A constatação de que somos quase um ponto fora da curva (pelo menos no que tange ao nosso atual estágio de conhecimento
de sistemas planetários) provocou os astrônomos a formular novas teorias para explicar como o Sistema Solar adquiriu sua atual
configuração. Isso implica responder perguntas tais como quando se formaram os planetas gasosos, por que estão nas órbitas em
que estão hoje, de que forma os planetas rochosos surgiram etc.
Nosso artigo de capa traz algumas das respostas que foram formuladas nos últimos 15 a 20 anos. Embora não sejam
consensuais, teorias como o Grand Tack, o Grande Ataque e o Modelo de Nice têm desfrutado de grande prestígio na comunidade
astronômica e oferecem uma fascinante narrativa da cadeia de eventos que pode ter permitido o surgimento da Terra e, em última
instância, da vida por aqui. [...]
(Paulo Nogueira, editorial de Scientific American – Brasil – no 168, junho 2016.)
Ser “quase um ponto fora da curva” significa:
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(UFPR - 2016 - 1ª FASE)
Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores dizem uma cousa e fazem outra; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que dizem. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores se pregam a si e não a Cristo; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem a seus apetites. Não é tudo isto verdade? Ainda mal!
(Antônio Vieira, Sermão de Santo Antônio, em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000033.pdf>.)
O texto trabalha fundamentalmente com duas metáforas: o sal e a terra, que representam, respectivamente, os pregadores (aqueles que deveriam propagar a palavra de Cristo) e os ouvintes (aqueles que deveriam ser convertidos). O tema central do texto é a reflexão sobre as possíveis causas da ineficiência dos pregadores. Para tanto, o autor levanta algumas hipóteses. Tendo isso em vista, considere as seguintes afirmativas:
1. Os pregadores não pregam o que deveriam pregar.
2. Os ouvintes se recusam a aceitar o que os pregadores pregam.
3. Os pregadores não agem de acordo com os valores que pregam.
4. Os ouvintes agem como os pregadores em vez de agir de acordo com o que eles pregam.
5. Os pregadores promovem a si mesmos na pregação ao invés de promover as palavras de Cristo.
Constituem hipóteses levantadas pelo autor do texto:
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