FUVEST 2017

Questão 37961

 

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Para responder à(s) questão(ões) a seguir, leia o poema “Dissolução”, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), que integra o livro Claro enigma, publicado originalmente em 1951.

 

Escurece, e não me seduz

tatear sequer uma lâmpada.

Pois que aprouve ao dia findar,

aceito a noite.

 

E com ela aceito que brote

uma ordem outra de seres

e coisas não figuradas.

Braços cruzados.

 

Vazio de quanto amávamos,

 

mais vasto é o céu. Povoações

surgem do vácuo.

Habito alguma?

 

E nem destaco minha pele

da confluente escuridão.

Um fim unânime concentra-se

e pousa no ar. Hesitando.

 

E aquele agressivo espírito

que o dia carreia consigo,

já não oprime. Assim a paz,

destroçada.

 

Vai durar mil anos, ou

extinguir-se na cor do galo?

Esta rosa é definitiva,

ainda que pobre.

 

Imaginação, falsa demente,

já te desprezo. E tu, palavra.

No mundo, perene trânsito,

calamo-nos.

E sem alma, corpo, és suave.

 

(Claro enigma, 2012.)


 

1 aprazer: causar ou sentir prazer; contentar(-se).

2 carrear: carregar.

O pronome “te”, empregado no segundo verso da última estrofe, refere-se a

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Questão 37964

(UFRGS - 2017)

A(s) questão(ões) a seguir está(ao) relacionada(s) ao texto abaixo.

É preciso estabelecer uma distinção radical entre um “brasil” escrito com letra minúscula, nome de um tipo de madeira de lei ou de uma feitoria interessada em explorar uma terra como outra qualquer, e o Brasil que designa um povo, uma nação, um conjunto de valores, escolhas e ideais de vida. O “brasil” com b minúsculo é apenas um objeto sem vida, pedaço de coisa que morre e não tem a menor condição de se reproduzir como sistema. Mas o Brasil com B maiúsculo é algo muito mais complexo.

Estamos interessados em responder esta pergunta: afinal de contas, o que faz o brasil, BRASIL? Note-se que se trata de uma pergunta relacional que, tal como faz a própria sociedade brasileira, quer juntar e não dividir. Queremos, isto sim, descobrir como é que eles se ligam entre si; como é que cada um depende do outro; e como os dois formam uma realidade única que existe concretamente naquilo que chamamos de “pátria”.

Se a condição humana determina que todos os homens devem comer, dormir, trabalhar, reproduzir-se e rezar, essa determinação não chega  ao ponto de especificar também qual comida ingerir, de que modo produzir e para quantos deuses ou espíritos rezar. É precisamente aqui, nessa espécie de zona indeterminada, mas necessária, que nascem as diferenças e, nelas, os estilos, os modos de ser e estar; os “jeitos” de cada grupo humano. Trata-se, sempre, da questão de identidade.

Como se constrói uma identidade social? Como um povo se transforma em Brasil? A pergunta, na sua discreta singeleza, permite descobrir algo muito importante. É que, no meio de uma multidão de experiências dadas a todos os homens e sociedades, algumas necessárias à  [15]própria sobrevivência – como comer, dormir, morrer, reproduzir-se etc. – outras acidentais ou históricas –, o Brasil ter sido descoberto por portugueses e não por chineses, a geografia do Brasil ter certas características, falarmos português e não francês, a família real ter se transferido para o Brasil no início do século XIX etc. –, cada sociedade (e cada ser humano) apenas se utiliza de um número limitado de “coisas” (e de experiências) para se construir como algo único.

Nessa perspectiva, a chave para entender a sociedade brasileira é uma chave dupla. E, para mim, a capacidade relacional — do antigo com  o moderno – tipifica e singulariza a sociedade brasileira. Será preciso, portanto, discutir o Brasil como uma moeda. Como algo que tem dois lados. E mais: como uma realidade que nos tem iludido, precisamente porque nunca lhe propusemos esta questão relacional e reveladora: afinal de contas, como se ligam as duas faces de uma mesma moeda? O que faz o brasil, Brasil?

Adaptado de: DAMATTA, R. O que faz o brasil, Brasil? A questão da identidade. In:_____. O que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro: Rocco, 1986. p. 9-17.

Considere os seguintes pares de elementos do texto.

 

I. e (linha 2) e E (linha 19).

II. ou (linha 1) e ou (linha 9).

III. se (linha 4) e Se (linha 8).

 

Em quais pares os dois elementos pertencem à mesma classe gramatical?

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Questão 37965

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Parece quase impossível existir algo tão complexo como o cérebro humano. Um neurocientista dedica anos de estudo apenas para se familiarizar com as principais regiões deste órgão, e não é para menos – são bilhões de células e trilhões de conexões. Por trás da fascinante estrutura neural, encontram-se funções bastante simples em seu objetivo. O cérebro existe para que possamos perceber o mundo e saber como reagir. É comum tratarmos a consciência como uma atividade passiva, mas não é bem assim – consciência requer metas, expectativas, capacidade de filtrar informações.

Se a mente lhe parece um espaço ativo, preenchido com mais coisas do que costuma aparecer em uma massa de circuitos, então você está certo ou certa. Você é a expressão física de uma história de desenvolvimento social muito maior do que imaginou. Seu cérebro é uma delicada entidade num constante frenesi de produção de conhecimento. A riqueza de suas vias reflete a riqueza de nossa vida.

 

Adaptado de Como o cérebro funciona, de John McCrone

Assinale a alternativa INCORRETA.

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Questão 38005

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

A Christo S. N. Crucificado estando o poeta na
última hora de sua vida.

 

Meu Deus que estais pendente em um madeiro,
Em cuja lei protesto de viver
Em cuja santa lei hei de morrer
Animoso, constante, firme e inteiro.

Neste lance, por ser o derradeiro,
Pois vejo a minha vida anoitecer,
É, meu Jesus, a hora de se ver
A brandura de um Pai, manso Cordeiro.

Mui grande é vosso amor e meu delito,
Porém pode ter fim todo pecar,
E não o vosso amor, que é infinito.

Esta razão me obriga a confiar,
Que por mais que pequei, neste conflito
Espero em vosso amor de me salvar.
 

MATOS, Gregório. In: AMADO, James (Org.) Obras Completas de Gregório de Matos. Salvador: Ed. Janaína, 1968. V. I, p. 47.

Sobre aspectos de morfossintaxe presentes no texto, é correto afirmar:

I. A forma verbal de segunda pessoa “estais”, no verso 1, é compatível com o uso do pronome “vosso” nos versos 9, 11 e 14.
II. “viver” (v. 2), “morrer” (v. 3), anoitecer (v. 6) e “ver” (v. 7) estão usados no texto como intransitivos.
III. “hei de” (v. 3) é uma expressão verbal que enfatiza promessa, obrigação ou desejo no futuro.
IV. Na sentença “Mui grande é vosso amor e meu delito” (v. 9), aplica-se uma norma de concordância verbal aceitável.
V. As expressões “Meu Deus” (v. 1), “meu Jesus” (v. 7) e “manso Cordeiro” (v. 8) são apostos.

A alternativa em que todas as afirmativas indicadas estão corretas é a

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Questão 38017

(FATEC - 2017) Admita que a população da Síria em 2010 era de 20,7 milhões de habitantes e em 2016, principalmente pelo grande número de mortes e da imigração causados pela guerra civil, o número de habitantes diminuiu para 17,7 milhões. Considere que durante esse período, o número de habitantes da Síria, em milhões, possa ser descrito por uma função h, polinomial do 1º grau, em função do tempo h(x), em número de anos.

Assinale a alternativa que apresenta a lei da função h(x), para x maior que ou igual a 0 e x menor que ou igual a 6, adotando o ano de 2010 como x = 0 e o ano de 2016 como x = 6.

 

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Questão 38157

(UNESP - 2017 - 1ª FASE)

Leia o excerto de Auto da Barca do Inferno do escritor português Gil Vicente (1465?-1536?). A peça prefigura o destino das almas que chegam a um braço de mar onde se encontram duas barcas (embarcações): uma destinada ao Paraíso, comandada pelo anjo, e outra destinada ao Inferno, comandada pelo diabo.

 

Vem um Frade com uma Moça pela mão […]; e ele mesmo fazendo a baixa1 começou a dançar, dizendo

FRADE: Tai-rai-rai-ra-rã     ta-ri-ri-rã;
              Tai-rai-rai-ra-rã     ta-ri-ri-rã;
              Tã-tã-ta-ri-rim-rim-rã, huha!
DIABO: Que é isso, padre? Quem vai lá?
FRADE: Deo gratias2! Sou cortesão. Diabo: Danças também o tordião3?
FRADE: Por que não? Vê como sei.
DIABO: Pois entrai, eu tangerei4 e faremos um serão. E essa dama, porventura?
FRADE: Por minha a tenho eu, e sempre a tive de meu.
DIABO: Fizeste bem, que é lindura! Não vos punham lá censura no vosso convento santo?
FRADE: E eles fazem outro tanto!
DIABO: Que preciosa clausura5! Entrai, padre reverendo!
FRADE: Para onde levais gente?
DIABO: Para aquele fogo ardente que não temestes vivendo.
FRADE: Juro a Deus que não te entendo! E este hábitonão me vai7?
DIABO: Gentil padre mundanal8, a Belzebu vos encomendo!
FRADE: Corpo de Deus consagrado! Pela fé de Jesus Cristo, que eu não posso entender isto! Eu hei de ser condenado? Um padre tão namorado e tanto dado à virtude? Assim Deus me dê saúde, que eu estou maravilhado!
DIABO: Não façamos mais detença9 embarcai e partiremos; tomareis um par de remos.
FRADE: Não ficou isso na avença10.
DIABO: Pois dada está já a sentença!
FRADE: Por Deus! Essa seria ela? Não vai em tal caravela minha senhora Florença? Como? Por ser namorado e folgar c’uma mulher? Se há um frade de perder, com tanto salmo rezado?!
DIABO: Ora estás bem arranjado!
FRADE: Mas estás tu bem servido.
DIABO: Devoto padre e marido, haveis de ser cá pingado11

(Auto da Barca do Inferno, 2007.)

1baixa: dança popular no século XVI.
2Deo gratias: graças a Deus.
3tordião: outra dança popular no século XVI.
4tanger: fazer soar um instrumento.
5clausura: convento.
6hábito: traje religioso.
7val: vale.
8mundanal: mundano.
9detença: demora.
10avença: acordo.
11ser pingado: ser pingado com gotas de gordura fervendo (segundo o imaginário popular, processo de tortura que ocorreria no inferno).

Assinale a alternativa cuja máxima está em conformidade com o excerto e com a proposta do teatro de Gil Vicente.

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Questão 38158

(UNESP - 2017 - 1ª FASE)

Leia o excerto de Auto da Barca do Inferno do escritor português Gil Vicente (1465?-1536?). A peça prefigura o destino das almas que chegam a um braço de mar onde se encontram duas barcas (embarcações): uma destinada ao Paraíso, comandada pelo anjo, e outra destinada ao Inferno, comandada pelo diabo.

 

Vem um Frade com uma Moça pela mão […]; e ele mesmo fazendo a baixa1 começou a dançar, dizendo

FRADE: Tai-rai-rai-ra-rã     ta-ri-ri-rã;
              Tai-rai-rai-ra-rã     ta-ri-ri-rã;
              Tã-tã-ta-ri-rim-rim-rã, huha!
DIABO: Que é isso, padre? Quem vai lá?
FRADE: Deo gratias2! Sou cortesão. Diabo: Danças também o tordião3?
FRADE: Por que não? Vê como sei.
DIABO: Pois entrai, eu tangerei4 e faremos um serão. E essa dama, porventura?
FRADE: Por minha a tenho eu, e sempre a tive de meu.
DIABO: Fizeste bem, que é lindura! Não vos punham lá censura no vosso convento santo?
FRADE: E eles fazem outro tanto!
DIABO: Que preciosa clausura5! Entrai, padre reverendo!
FRADE: Para onde levais gente?
DIABO: Para aquele fogo ardente que não temestes vivendo.
FRADE: Juro a Deus que não te entendo! E este hábitonão me vai7?
DIABO: Gentil padre mundanal8, a Belzebu vos encomendo!
FRADE: Corpo de Deus consagrado! Pela fé de Jesus Cristo, que eu não posso entender isto! Eu hei de ser condenado? Um padre tão namorado e tanto dado à virtude? Assim Deus me dê saúde, que eu estou maravilhado!
DIABO: Não façamos mais detença9 embarcai e partiremos; tomareis um par de remos.
FRADE: Não ficou isso na avença10.
DIABO: Pois dada está já a sentença!
FRADE: Por Deus! Essa seria ela? Não vai em tal caravela minha senhora Florença? Como? Por ser namorado e folgar c’uma mulher? Se há um frade de perder, com tanto salmo rezado?!
DIABO: Ora estás bem arranjado!
FRADE: Mas estás tu bem servido.
DIABO: Devoto padre e marido, haveis de ser cá pingado11

(Auto da Barca do Inferno, 2007.)

1baixa: dança popular no século XVI.
2Deo gratias: graças a Deus.
3tordião: outra dança popular no século XVI.
4tanger: fazer soar um instrumento.
5clausura: convento.
6hábito: traje religioso.
7val: vale.
8mundanal: mundano.
9detença: demora.
10avença: acordo.
11ser pingado: ser pingado com gotas de gordura fervendo (segundo o imaginário popular, processo de tortura que ocorreria no inferno).

No excerto, o escritor satiriza, sobretudo,

Ver questão

Questão 38159

(Mackenzie 2017)

Incidente em Antares (fragmento)

Durante alguns minutos a defunta fica a olhar em torno – para a esplanada, o céu, o muro do cemitério, a lanterna acesa caída no chão... Depois se põe de joelhos e nessa posição, lentamente, faz a volta do esquife vizinho, desatarraxando-lhe a tampa, que tenta em vão erguer, terminada a operação. Bate três vezes com o punho cerrado na tampa do caixão negro, cujo ocupante responde, após segundos, com três batidas semelhantes. D. Quitéria vê a tampa que ela desaparafusou erguer-se lentamente e por fim cair para um lado. Um homem de estatura mediana e vestido de escuro sai do seu féretro, dá alguns passos com uma rigidez de boneco de mola, olha a seu redor, inclina-se, apanha a lanterna, passeia a sua luz pelo muro do cemitério, depois pela copa dos cinamomos, projeta-a contra a esplanada e por fim foca o rosto da dama, que continua ajoelhada.

— D. Quitéria Campolargo! – exclama o desconhecido. — Que honra! Que prazer!

Érico Veríssimo​

Auto da Barca do Inferno (fragmento)

ANJO

Que quereis?

FIDALGO

Que me digais,
pois parti tão sem aviso,
se a barca do Paraíso
é esta em que navegais. 

ANJO

Esta é; que demandais?

FIDALGO

Que me leixeis embarcar.
Sou fidalgo de solar,
é bem que me recolhais. 

ANJO

Não se embarca tirania
neste batel divinal. 

FIDALGO

Não sei porque haveis por mal
que entre a minha senhoria... 

ANJO

Pera vossa fantesia
mui estreita é esta barca. 

FIDALGO

Pera senhor de tal marca
nom há aqui mais cortesia?
Venha a prancha e atavio!
Levai-me desta ribeira!

ANJO

Não vindes vós de maneira
pera entrar neste navio.
Essoutro vai mais vazio:
a cadeira entrará
e o rabo caberá
e todo vosso senhorio.
Ireis lá mais espaçoso,
vós e vossa senhoria,
cuidando na tirania
do pobre povo queixoso.
E porque, de generoso,
desprezastes os pequenos,
achar-vos-eis tanto menos
quanto mais fostes fumoso.

Gil Vicente

A armadilha (fragmento)

Meu nome é Mort. Ed Mort. 1Sou detetive particular. Pelo menos isso é o que está escrito numa plaqueta na minha porta. Estava sem trabalho há meses. Meu último caso tinha sido um flagrante de adultério. 2Fotografias e tudo. 3Quando não me pagaram, vendi as fotografias. Eu sou assim. Duro. Em todos os sentidos. O aluguel da minha sala ― o apelido que eu dou para este cubículo que ocupo, entre uma escola de cabeleireiros e uma pastelaria em alguma galeria de Copacabana ― estava atrasado. 4Meu 38 estava empenhado. Minha gata me deixara por um delegado. A sala estava cheia de baratas. 5E o pior é que elas se reuniam num canto para rir de mim. Mort. Ed Mort. Está na plaqueta.

Luis Fernando Veríssimo

Assinale a alternativa que NÃO pode ser associada ao teatro de Gil Vicente.

Ver questão

Questão 38170

(UFJF - 2017) 

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

O dia em que nasci moura e pereça

O dia em que nasci moura e pereça,
Não o queira jamais o tempo dar;
Não torne mais ao Mundo, e, se tornar,
Eclipse nesse passo o Sol padeça.

A luz lhe falte, O Sol se [lhe] escureça,
Mostre o Mundo sinais de se acabar,
Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar,
A mãe ao próprio filho não conheça.

As pessoas pasmadas, de ignorantes,
As lágrimas no rosto, a cor perdida,
Cuidem que o mundo já se destruiu.

Ó gente temerosa, não te espantes,
Que este dia deitou ao Mundo a vida
Mais desgraçada que jamais se viu!

 

CAMÕES, Luis Vaz de. 200 sonetos. Porto Alegre: L&PM, 1998.


No poema de Camões a visão de mundo expressa pelo eu lírico está baseada na ideia de:

Ver questão

Questão 38172

(UNESP - 2017/2 - 1ª FASE)

Leia o soneto “Alma minha gentil, que te partiste”, do poeta português Luís de Camões (1525?-1580)

Alma minha gentil, que te partiste
tão cedo desta vida descontente,
repousa lá no Céu eternamente,
e viva eu cá na terra sempre triste

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
memória desta vida se consente,
não te esqueças daquele amor ardente
que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
alguma coisa a dor que me ficou
da mágoa, sem remédio, de perder-te,

roga a Deus, que teus anos encurtou,
que tão cedo de cá me leve a ver-te,
quão cedo de meus olhos te levou.

(Sonetos, 2001.)

No soneto, o eu lírico

Ver questão