FUVEST 2017

Questão 53774

(UFPR - 2017 - 2ª FASE)

Escreva um texto apresentando os processos de formação do relevo da superfície da Terra e explique os fatores responsáveis pelas formas de relevo resultantes.

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Questão 53775

(UFPR - 2017 - 2ª FASE)

O filósofo alemão Walter Benjamin produziu uma vasta obra que contempla temas que vão da filosofia, passando pela literatura, crítica cultural, teoria da história, religião e arte. Em seu ensaio sobre o cinema, intitulado “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica” (1936), Benjamin demonstra que dadas as transformações estruturais pelas quais passaram as sociedades ocidentais e o modo como foram remodeladas pelas dinâmicas do capitalismo, a arte não fazia mais sentido se concebida apenas como objeto de culto, portadora de identidade estética única. Nas palavras de Benjamin, “com a reprodutibilidade técnica, a obra de arte se emancipa, pela primeira vez na história, de sua existência parasitária, destacandose do ritual. A obra de arte reproduzida é cada vez mais a reprodução de uma obra de arte criada para ser reproduzida. A chapa fotográfica, por exemplo, permite uma grande variedade de cópias; a questão da autenticidade das cópias não tem nenhum sentido. Mas, no momento em que critério de autenticidade deixa de aplicar-se à produção artística, toda a função social da arte se transforma. Em vez de fundar-se no ritual, ela passa a fundar-se em outra práxis: a política”.
(BENJAMIN, Walter. “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”. In: Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 171-172.)

Considerando esse fragmento do ensaio de Benjamin, responda:

Como as transformações históricas podem impactar a produção artística e de que maneira a noção de “ritual” é substituída pela “prática da política” na arte produzida pelas sociedades capitalistas?

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Questão 53776

(UFPR - 2017 - 2ª FASE)

Em As consequências da modernidade, Anthony Giddens afirma:

“A modernidade é inerentemente globalizante – isso é evidente em algumas das mais básicas características das instituições modernas [...]. Mas o que é exatamente a globalização e como pode ser melhor conceituado o fenômeno? [...] A globalização pode ser assim definida como a intensificação das relações sociais em escala mundial, que ligam localidades distantes de tal maneira que acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a muitas milhas de distância e vice-versa. Este é um processo dialético porque tais acontecimentos locais podem se deslocar numa direção anversa às relações muito distanciadas que os modelam. A transformação local é tanto uma parte da globalização quanto a extensão lateral das conexões sociais através do tempo e do espaço. Assim, quem quer que estude as cidades hoje em dia, em qualquer parte do mundo, está ciente de que o que ocorre numa vizinhança local tende a ser influenciado por fatores – tais como dinheiro mundial e mercado de bens – operando a uma distância indefinida da vizinhança em questão. O resultado não é, necessariamente, ou mesmo usualmente, um conjunto generalizado de mudanças atuando numa direção uniforme, mas consiste em tendências mutuamente opostas. A prosperidade crescente de uma área urbana em Singapura pode ter causas relacionadas, via uma complicada rede de laços econômicos globais, ao empobrecimento de uma vizinhança em Pittsburgh, cujos produtos locais não são competitivos nos mercados mundiais”.
(GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. São Paulo: Edunesp, 191, p. 60-61.)

A partir das conclusões de Giddens, compare os aspectos locais aos globais presentes na formação da modernidade e da globalização.

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Questão 53777

(UFPR - 2017 - 2ª FASE)

Os processos históricos cumprem um papel de fundamental importância na teoria social marxista. A história e suas diferentes formas de representação auxiliaram Karl Marx e Friedrich Engels na composição de suas análises sobre as sociedades capitalistas, bem como na elaboração de conceitos como de “alienação”, “dialética”, “materialismo”, “práxis” ou mesmo “capital”. Noutras palavras: qualquer teoria, por mais abstrata que possa nos parecer, somente fará sentido se compreendida a partir dos processos históricos que a engendram e a tornam necessária no momento em que é formulada. Assim, segundo argumento de Tânia Quintaneiro, “os economistas do tempo de Marx não reconhecem a historicidade dos fenômenos que se manifestam na sociedade capitalista, por isso suas teorias são comparáveis às dos teólogos, para os quais ‘toda religião estranha é pura invenção humana, enquanto a deles próprios é uma emanação de Deus’. Ele questiona a perspectiva para a qual as relações burguesas de produção são naturais, estão de acordo com as leis da natureza, como se fossem ‘independentes da influência do tempo’, sendo por isso consideradas como ‘leis eternas que devem reger sempre a sociedade. De modo que até agora houve na história, mas agora já não há’. Assim, as instituições feudais teriam sido históricas, ironiza, mas as burguesas seriam naturais e, portanto, ‘imutáveis’. Para Marx, tanto os processos ligados à produção são transitórios, como as ideias, gostos, crenças, categorias dos conhecimentos e ideologias, os quais, gerados socialmente, dependem do modo como os indivíduos se organizam para produzir. Portanto, o pensamento e a consciência são, em última instância, decorrência da relação homem/natureza, isto é, das relações materiais”
(QUINTANEIRO, Tânia et. al. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim, Weber. Belo Horizonte, 2003, p. 31).

A partir da passagem acima, explique como esse entendimento de Marx sobre a história e seus processos materiais de produção oferece-nos uma explicação sobre a formação do capitalismo moderno, bem como das teorias que o consideram “natural” no processo de “evolução” das sociedades humanas.

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Questão 53778

(UFPR - 2017 - 2ª FASE)

Em As prisões da miséria, Loïc Wacquant afirma:

“A expansão sem precedentes das atividades carcerárias do Estado americano foi acompanhada pelo desenvolvimento frenético de uma indústria privada da carceragem. Nascida em 1983, já conseguiu englobar perto de 7% da população carcerária, fortalecida com uma taxa de crescimento anual de 45% [...]. Dezessete firmas dividem aproximadamente 140 estabelecimentos espalhados em duas dezenas de estados [...]. Algumas se contentam em gerir penitenciárias existentes, às quais fornecem pessoal de vigilância e serviços. Outras fornecem a gama completa dos bens e atividades necessários à detenção: concepção arquitetônica, financiamento, construção, manutenção, administração, seguro, empregados e até mesmo o recrutamento e o transporte dos prisioneiros oriundos de outras jurisdições [...]. Ao mesmo tempo, a implantação das penitenciárias se afirmou como um poderoso instrumento de desenvolvimento econômico e de fomento do território. As populações das zonas rurais decadentes, em particular, não poupam esforços para atraí-las. ‘Já vai longe a época em que a perspectiva de acolher uma prisão lhes inspirava esse grito de protesto: Not in my backyard. As prisões não utilizam produtos químicos, não fazem barulho, não expelem poluentes na atmosfera e não despedem funcionários durante as recessões’. Muito pelo contrário, trazem consigo empregos estáveis, comércios permanentes e entradas regulares e impostos. A indústria da carceragem é um empreendimento próspero e de futuro radioso, e com ela todos aqueles que partilham do grande encarceramento dos pobres nos Estados Unidos”.
(WACQUANT, Loic. As prisões da miséria. Rio de Janeiro: Zahar, 2001, p. 58-59.)

Segundo o autor, o sistema prisional nos Estados Unidos e sua expansão devem ser compreendidos levando em consideração um conjunto de fatores. Um dos mais importantes fatores é o econômico. Assim, como podemos explicar a ampliação das unidades prisionais norte-americanas e sua relação com criminalização da pobreza e da miséria nas sociedades atuais?

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Questão 53779

(UFPR - 2017 - 2ª FASE)

Considere a citação abaixo, do livro organizado por Ricardo Antunes e Ruy Braga:

“A utilização intensiva das novas tecnologias da informação e da comunicação (TICs) nas grandes empresas decorre da suma relevância que a inovação passou a ter no quadro de intensa competitividade engendrado pela quebra dos monopólios estatais e com o advento das políticas neoliberais que assolaram todo o mundo capitalista nos anos 1990. Com efeito, a convergência tecnológica entre a informática e as redes de telecomunicações, a telemática, foi altamente otimizada com a privatização deste setor, que passou assim a ser concebido e efetivado como um bem de capital dos mais cruciais do capitalismo contemporâneo. Em uma economia mundializada, é pelas redes telemáticas que toda sorte de informações estratégicas, isto é, aquelas relativas às últimas tendências de consumo e tecnologia de produção, podem chegar mais rapidamente de todos os cantos do mundo a grandes empresas-rede, cuja característica mais fundamental é ter suas cadeias de produção espalhadas nos mais diferentes pontos do planeta. Com isso, para além de uma coisa tangível, a concepção de mercadoria se alarga e consubstancia-se em ideias e imagens que podem se materializar tanto em novas mercadorias como em estratégias de marketing. Essa é a grande novidade trazida pela tecnologia digital: a possibilidade de se manipular e transformar as informações tal como se fazia com as matérias-primas da dimensão material, o que permite ao capitalismo de hoje transformar e explorar mercadorias não só no plano material, mas também no plano imaterial”.
(WOLFF, Simone. “O trabalho informacional e a reificação da informação sob os novos paradigmas organizacionais”. In: ANTUNES, Ricardo; BRAGA, Ruy. Infoproletários: degradação real do trabalho virtual. São Paulo: Boitempo, 2009, p. 90.)

A partir do excerto, como podemos diferenciar o capitalismo material do capitalismo imaterial com a abrangência crescente das tecnologias de informação?

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Questão 53780

(UFPR - 2017 - 2ª FASE)

Considere o fragmento abaixo:

“Como tem sido bem documentado, desde o final do iluminismo estudos sobre a variação humana distinguiram diferenças raciais como aspectos cruciais da realidade, e um extenso discurso sobre a desigualdade racial começou a ser elaborado. Com a atenção voltada cada vez mais para as diferenças de gênero e sexo no século XIX, o gênero era notavelmente considerado análogo à raça, de modo que o cientista podia usar a diferença racial para explicar a diferença entre gênero e vice-versa. Assim, afirma-se que o leve peso do cérebro feminino e as estruturas cerebrais deficientes eram análogos aos das raças ‘inferiores’, e isto explicava as baixas capacidades intelectuais destas raças. Observou-se que a mulher se igualava aos negros pelo crânio estreito, infantil e delicado, tão diferente das mais robustas e arredondadas cabeças que caracterizavam os machos de raças ‘superiores’. De modo semelhante, as mulheres de raças superiores tinham a tendência às mandíbulas ligeiramente salientes, análogas, ou tão exageradas quanto as mandíbulas protuberantes de raças inferiores como os macacos. As mulheres e as raças inferiores eram consideradas impulsivas por natureza, emocionais, mais imitadoras que originais e incapazes do raciocínio abstrato e profundo igual ao do homem branco. A biologia evolucionista estipulou, ainda, mais analogias. A mulher era, em termos evolutivos, o ‘elemento conservador’ para o homem ‘progressivo’, preservando os traços mais ‘primitivos’ encontrados em raças inferiores, enquanto os homens de raças superiores indicavam o caminho para novas direções culturais e biológicas”.
(STEPAN, Nancy Leys, “Raça e gênero: o papel da analogia na ciência”. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de. Tendências e impasses: o feminismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 1994, p. 74.)

Partindo da analogia entre raça e gênero e “metáforas científicas” no século XIX, conforme demonstra Nancy Leys Stepan, de que maneira podemos problematizar o discurso científico produzido a partir de concepções hierarquizadas da realidade social e por que elas não fazem mais sentido nos dias de hoje?

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Questão 53781

(UFPR - 2017 - 2ª FASE)

Sobre os processos de colonização levados a cabo por países ocidentais e a construção de uma identidade cultural imperialista, Edward Said aponta:

“As formas culturais ocidentais podem ser retiradas dos compartimentos autônomos em que se mantêm protegidas e colocadas no meio dinâmico global criado pelo imperialismo, ele mesmo revisto como uma disputa viva entre Norte e Sul, metrópole e periferia, brancos e nativos. Assim, podemos considerar o imperialismo como um processo que ocorre como parte da cultura metropolitana, a qual às vezes reconhece, às vezes obscurece a atividade sustentada do próprio império. A questão fundamental – bastante gramsciana – é a maneira pela qual as culturas nacionais inglesa, francesa e americana mantiveram a hegemonia nas periferias. Como se obteve dentro delas e como se consolidou sem cessar a anuência para se exercer o domínio distante de povos e territórios e povos nativos? [...] Mesmo que concedêssemos, como muitos o fazem, que a política externa norte-americana é sobretudo altruísta e devotada a objetivos irreprocháveis, como a liberdade e a democracia, há espaço para o ceticismo. [...] Não estamos repetindo, como nação, o que a França e a Inglaterra, Espanha e Portugal, Holanda e Alemanha, fizeram antes de nós? E, no entanto, não tendemos a nos considerar de alguma forma alheios às aventuras imperiais mais sórdidas que precederam as nossas? Ademais, não há um pressuposto inquestionado de nossa parte de que nosso destino é governar e liderar o mundo, destino este que atribuímos a nós mesmos como parte de nossa errância por regiões bravias?”.
(SAID, Edward. Imperialismo e cultura. São Paulo: Companhia das Letras, 1999, p. 87-92.)

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Questão 53792

(UFPR - 2017 - 1ª FASE)

Olá, meus queridos amigos. Tudo bem com vocês? Eu sou Felipe Castanhari. E vocês devem ouvir falar muito sobre a tal guerra na Síria. Que estamos o tempo todo na tevê e na internet. E eu notei que a grande maioria das pessoas não fazem ideia do que tá rolando. Por que uma galera tá enchendo os barcos com risco de morrer só pra sair de um país? Mano, o que está acontecendo? Basicamente, o que tá rolando ali é uma guerra civil que está devastando o país. São centenas de milhares de pessoas mortas. E tem muita gente desesperada tentando sair desta M. Pessoas que perderam suas casas, perderam suas famílias estão tentando deixar o país a procura de uma vida decente. Mas como assim, a Síria chegou nessa situação de M.? Vamos imaginar que a Síria é um grande colégio, uma grande escola. E esse colégio é governado por um cara chamado Bashar al-Assad, que está comandando esse grande colégio desde 2000. Antes disso, quem comandava esse grande colégio era seu pai, um rapaz chamado Hafez alAssad. Digamos que a democracia não é um conceito muito cultuado nesse colégio, porque é a mesma família que manda naquela P. há 40 anos. Só que aconteceu uma grande M. em 2011 e tudo mudou. Lembra que estamos fazendo de conta que a Síria é um grande colégio, certo? Então temos várias turmas no ensino médio. Cada uma delas com 30 alunos mais ou menos. Ninguém gostava do diretor, do dono da escola. Só que mesmo assim o pessoal ficava meio de boa. Ficava todo mundo meio que passando de ano, sabe? [...] Só que em 2011 a galera de uma das salas resolveu descer pro pátio e protestar contra o diretor. Porque ele dava meio que uns privilégios só pra umas turmas. E o resto do colégio meio que se F., meio que se F. legalmentis. Então, tinha uma galera que tava meio cansada disso e foi lá pro pátio protestar. Eles foram lá e fizeram um protesto pacífico. Ele chegou lá e viu aquela confusão no pátio e resolveu expulsar todo mundo que tava ali protestando. [...] Meteu bala geral. [...] Só que foi aí que começou a virar uma loucura, porque as próprias salas começaram a se dividir. Então ao invés do colégio inteiro partir pra cima do diretor, eles começaram meio que formar panelinhas. E quando as panelinhas se encontravam no pátio, elas começavam a brigar entre elas. [...] Véio, isso é um P. absurdo [...]. Pessoal, vamo entender isso. As pessoas preferem arriscar suas vidas e morrer afogado no mar do que ficar lá na Síria. Olha a M. que tá acontecendo. [...] Além de ter bombardeio, as pessoas de Alepo, a principal cidade do conflito da Síria, elas estão sem água, sem comida, remédios, energia elétrica. Alepo virou um verdadeiro inferno. E a gente pode fazer um pouquinho mais do que ficar indignado. Talvez isso esteja muito longe da gente. Mas a gente aqui no Brasil tem como ajudar. Existem várias entidades como a Unicef que estão fazendo um trabalho de socorro aos civis na Síria, especialmente as crianças, galera. A gente pode fazer doações para essas entidades. E às vezes uma pequena quantia pra você pode fazer uma P. diferença pruma criança lá na guerra.

 

A fala do youtuber Felipe Castanhari tem características fortes da oralidade, que são diferentes das características da variante escrita da língua. Assinale a alternativa que apresenta uma comparação correta.

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Questão 53795

(UFPR - 2017 - 1ª FASE)

TV a Serviço da Tecnologia e do Racismo Os meios de comunicação, todos eles, têm sido braço direito e esquerdo da propagação das tecnologias da estrutura racista. Isso é uma verdade que se pode confirmar com absoluta facilidade em todos os veículos de comunicação disponíveis, em especial a televisão.

O poderoso e influente jornalista Assis Chateaubriand foi o responsável pela primeira transmissão televisiva no Brasil, em 18 de setembro de 1950, pela TV Tupi, em São Paulo. No ano seguinte, seria a vez de o Rio de Janeiro ser contemplado com essa novíssima ferramenta, viabilizada por recursos importados dos Estados Unidos. O Brasil, então, passou a ser o quarto país do mundo a operar esse tipo de veículo, ficando atrás apenas da Inglaterra, França e dos próprios Estados Unidos. O país seguia pouco mais de meio século de pós-abolição. Uma pós-abolição que ora tentava se livrar das sobras humanas, cuja exploração explícita já não era mais permitida pela lei, ora se valia da fragilidade dessas sobras vivas para prosseguir com os acúmulos de riqueza construída à custa da exploração histórica e não reparada. [...]

(Joice Beth, Le Monde Diplomatique Brasil, junho/2017, p. 38. Adaptado.)

Com relação à palavra “sobras” citada na última frase do texto, é correto afirmar que refere:

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