FUVEST 2018

Questão 53723

(UFPR - 2018 - 2ª FASE) Leia o texto a seguir, do jornalista francês Thomas Pietrois-Chabassier, traduzido pelo jornalista Inácio Araújo e publicado no site UOL Cinema, acerca do personagem Harry Potter, de J.K. Rowling.

 

O insuportável Harry Potter

A revista francesa Les Inrockuptibles não está entre aquelas que fazem do último filme de “Harry Potter” um sucesso. Em sua carta de 20/7, Thomas Pietrois-Chabassier expõe sua crítica ao personagem de J. K. Rowling. Mesmo para os fãs do jovem aprendiz de feiticeiro, me parece que será interessante conhecer o seu inverso.

Por isso, eu fiz a tradução da carta de Pietrois-Chabassier, ali, em cima da perna, mas acho que o total está fiel ao sentido:

“Personagem inodoro, incolor e sem gosto, Harry Potter é um adolescente sem grande interesse, um rapaz intelectualmente banal em um universo extraordinário. Seus únicos traços de caráter são qualidades de idiota: bravura e suscetibilidade. Ele só não fica nervoso quando fala de seus pais. Suas forças são inatas e tudo o que Harry Potter adquire deve a seus protetores, que são seus amigos ou seus professores. O que o torna excepcional (sua vitória sobre Voldemort, quando bebê, sua cicatriz, seu lado “eu sou o eleito”) ele deve apenas a sua mãe. E é aí que se situa toda a questão da criatura de J. K. Rowling.

Em cada filme (muito fiel aos livros), os personagens que ele encontra pela primeira vez têm sempre a mesma frase: “Então você é Harry Potter. Você parece com seu pai. Só os olhos que não, os olhos são da sua mãe”.

Mas Harry Potter não apenas tem os olhos de sua mãe, como é os olhos de sua mãe. Ele é um ponto de vista neutro, uma porta de entrada nesse mundo fabuloso, uma verdadeira câmera viva, levando, como prova, essa capa de invisibilidade que ele veste todo o tempo ou esses óculos redondos que se tornaram o símbolo do personagem, convertendo-o num par de olhos e lhe oferecendo o ponto de vista onisciente do narrador.

Obra maternal, a saga Harry Potter é sobretudo maternalista, vampirisando a figura do filho até em seus pesadelos, para não fazer dele senão um garotinho sabido, respeitador das regras, bom aluno, bom em esportes. Ele só é subversivo quando tem autorização do diretor. Harry Potter é zeloso da memória de sua mãe e virgem. Seu coração bate por uma garota tão enfadonha quanto ele, que ele beija só no final do último episódio, com 18 anos, e com quem se casará. As peripécias que enfrenta surgem ao acaso, para transformá-lo em herói, em líder apesar dele.

Harry Potter é o filho de plástico sonhado por J. K. Rowling, o filho sem paixão nem falhas, seu orgulho, o antipunk, o bom filhinho de mamãe. É por isso que nós nunca gostaremos dele”.

Thomas Pietrois-Chabassier

(Texto disponível em: <https://inacio-a.blogosfera.uol.com.br/2011/07/22/o-insuportavel-harry-potter/>. Acesso em 02/10/2018. Adaptado.)

 

Faça um resumo desse texto de no mínimo 8 e no máximo 12 linhas, respeitando as características do gênero discursivo solicitado.

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Questão 53731

(UFPR - 2018 2ª FASE) O texto a seguir é um trecho do depoimento da surfista brasileira Mayra Gabeira à revista Veja (ed. 2603, de 10/10/2018), no qual ela conta episódios marcantes da sua trajetória profissional. Um trecho dessa narrativa foi suprimido, resultando em duas partes.

Dê continuidade à narrativa a partir do ponto em que foi interrompida, garantindo a coerência entre o trecho inicial e o trecho posterior à interrupção.

Seu texto deverá:

  • ter no mínimo 8 e no máximo 10 linhas;
  • obedecer aos elementos formais necessários ao desenvolvimento do gênero discursivo solicitado.

 

Sou surfista de ondas gigantes e passei muitos anos perseguindo a maior de todas. Cismei que ia ter esse título, mais difícil ainda por eu ser uma mulher disputando em um mundo de homens, e fui atrás dele com persistência. Quase morri em 2013 no mar de Nazaré, em Portugal, hoje o local onde se formam as ondas mais altas do mundo, e mesmo assim não desisti. Neste ano, aconteceu: surfei uma onda de mais de 20 metros, a maior da minha vida. Eu consegui, mas a conta não foi nada barata. Tive meu primeiro contato com o oceano revolto de Nazaré há exatamente cinco anos. Era um mar ainda pouco explorado, mas cheguei e pensei: se eu quiser ser reconhecida como surfista de onda grande, é aqui que tenho de praticar.

Fui a primeira mulher a enfrentar as ondas de lá. Depois de vinte dias treinando, o mapa meteorológico apontou uma ondulação enorme para o dia 28 de outubro daquele 2013.

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Acho que foi ali que quebrei o tornozelo. Começaram naquele instante as cenas do afogamento que ficaram famosas e até hoje podem ser vistas em vídeo na internet. Fiquei nove minutos tomando ondas na cabeça e acabei apagando. Finalmente o Carlos Burle [surfista da mesma equipe] conseguiu me resgatar de jet ski e me levou para a areia. Fizeram-se os procedimentos de ressuscitação, e eu recuperei a consciência. Lembro-me de abrir os olhos e ver a praia extensa, o dia nublado, só areia e céu. Entendi que estava viva e fiquei surpresa, porque eu já tinha me despedido. Morri e voltei.

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Questão 53741

(UFPR - 2018 - 2ª FASE) Leia o texto abaixo.

A web já faz parte do cotidiano de pesquisadores, editoras e instituições científicas. Publicamos e lemos periódicos on-line, e utilizamos plataformas da web social (Twitter, Facebook, blogues, YouTube etc.) para divulgar nossos trabalhos, fazer contatos, encontrar novos colaboradores... Nossas produções e resultados de pesquisa também circulam no ambiente on-line, recebendo curtidas e comentários, sinalizando um interesse que, até pouco tempo atrás, era muito mais difícil de acompanhar. O padrão ouro da avaliação dos artigos científicos até a década passada era a citação. Diante da possibilidade de se ver e monitorar todo esse diálogo da ciência em ação na internet, não seria interessante considerar essa uma nova forma de medir os impactos da ciência?

Quando olhamos para as citações que um artigo recebeu, estamos considerando um grupo relativamente limitado de pessoas que o usaram: aquele grupo que se interessou, leu e utilizou aquele texto para construir e publicar o seu próprio trabalho. Esse grupo com certeza é muito importante – afinal, é assim que se faz ciência, com pesquisadores usando trabalhos de outros pesquisadores para construir conhecimento novo. Mas a citação não é o único uso que um artigo científico pode ter. Estudantes leem artigos como parte da sua formação profissional. Profissionais leem artigos para ficar em dia com novas tendências da área e para resolver questões específicas, como definir um diagnóstico médico. Pacientes, gestores, ativistas, amadores, wikipedistas, curiosos, muita gente pode se interessar pela literatura científica, pelos mais diversos motivos.

Hoje, nas redes sociais, encontramos traços desses interesses por artigos científicos e pela ciência. O biólogo compartilha seu artigo novo no Facebook. A astrônoma explica sua pesquisa em um vídeo no YouTube. A cientista social escreve uma sequência no Twitter mostrando com o que a pesquisa acadêmica pode contribuir para a sociedade... São atos que não necessariamente geram citações, mas demonstram que a utilidade da ciência não se resume ao que é publicado formalmente em periódicos consagrados.

As métricas dessa disseminação de trabalhos científicos nas redes sociais, que chamamos altmetrias (do inglês altmetrics, encurtamento da expressão alternative metrics – métricas alternativas, em português), vão aos poucos se incorporando ao nosso cotidiano. Em alguns periódicos e repositórios, encontramos, junto aos dados de download, informações sobre quantas vezes o arquivo foi compartilhado. Para alguns, as altmetrias podem ser indicadores do impacto social da ciência, algo importante para a sociedade que quer e deve acompanhar o que se faz com os recursos públicos investidos em ciência.

Mas quais seriam essas métricas? Podemos lançar o olhar para a disseminação dos conteúdos em tuítes e posts de divulgação, ver a interação dos usuários a partir desses posts (as tais curtidas e reações do Facebook e corações do Twitter), os downloads dos artigos e sua incorporação em gestores de referência como o Mendeley e a geração de conteúdo a partir do uso dos artigos em documentos como blogues, sites e Wikipedia. Podemos avaliar quantitativamente as diferentes reações (no caso do Facebook), redes de relações e compartilhamentos dos usuários, ler os comentários e respostas, enfim, ver todo esse processo que vai da divulgação científica ao diálogo entre pares, em um olhar sobre a ciência e sua disseminação e comunicação.

Outro ponto importante é reconhecer os diferentes níveis de engajamento representados por cada ato nas redes sociais. Um clique no botão ‘curtir’, por exemplo, é um tipo de engajamento superficial, que pode ser uma demonstração de interesse mas demanda pouco esforço do usuário. Se queremos transformar os tais polegares e corações em indicadores, eles precisam estar refletindo mais do que mera repercussão viral e ir mais fundo.

(Fábio Castro Gouveia (Fundação Oswaldo Cruz) e Iara Vidal Pereira de Souza (UFRJ). Revista Ciência Hoje, edição 348, outubro de 2018. Disponível em: <http://cienciahoje.org.br/artigo/a-ciencia-compartilhada-na-rede>. Adaptado.)

 

Com base nessa leitura, escreva um texto argumentativo sobre a relação entre ciência e redes sociais, procurando dar uma resposta à questão que se levanta no primeiro parágrafo: não seria interessante considerar a altmetria uma nova forma de medir os impactos da ciência?

Seu texto deverá:

  • contextualizar o tema;
  • conter um posicionamento, com as devidas justificativas, acerca do uso da altmetria para avaliar os impactos da ciência;
  • identificar e opor pontos positivos e pontos negativos do uso da altmetria;
  • apresentar os elementos formais e discursivos característicos de um texto argumentativo;
  • ter no mínimo 10 e no máximo 12 linhas.

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Questão 54024

(UEM - 2018 - Adaptada)

Sobre as propriedades coligativas, analise as seguintes afirmativas:

I) Tonoscopia, ebuloscopia, microscopia e crioscopia são exemplos de propriedades coligativas.

II) A pressão de vapor de uma solução de 100g de água e 1g de KCl é maior que a de uma solução de 100g de água e 1g de NaCl.

III) Uma pessoa pode morrer de desidratação celular se beber apenas água do mar.

IV)  O ponto de ebulição de uma solução preparada pela dissolução de 1mol de ureia (CH4N2O) em 1000g de água é igual ao ponto de ebulição de uma solução preparada pela dissolução de 1mol de glicose (C6H12O6) em 1000g de água.

V) Se o ponto de fusão de uma solução de 1mol de glicose em 1000g de água é –1,86ºC, então o ponto de fusão de uma solução de 1mol de NaCl em 1000g de água será de –3,72ºC.

Dados de massa molar:

K = 39g/mol

Cl = 35,5g/mol

Na = 23g/mol

Estão corretas as afirmativas:

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Questão 54037

(UECE - 2018)

Considerando a equação de formação da glicose não balanceada C + H2 + O2 → C6H12O6 , atente às seguintes equações:

I) C + O2 → CO2        ΔH = - 94,1 kcal
II) H2 + 1/2O2 → H2 ΔH = - 68,3 kcal
III) C6H12O6 + 6O2 → 6CO2 + 6H2O ΔH = - 673,0 kcal

A massa de glicose formada a partir da reação de 14,4g de carbono e sua entalpia de formação em kcal/mol serão, respectivamente,

Dados: C = 12; H = 1; O = 16

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Questão 54089

(UFPR - 2018 - 1ª FASE)

Atualmente, no Brasil, as eleições para os representantes do povo nos poderes legislativo e executivo são decididas pelo voto obrigatório, direto, secreto e universal. Sobre as eleições e os direitos políticos em nosso território, desde o período colonial até o século XX, considere as seguintes afirmativas:

1. No período do Império (1822-1889), com a Constituição de 1824, para escolha de representantes políticos legislativos, os homens de todos os grupos sociais podiam votar.

2. No início da República (1891), foi instituído o voto a descoberto, que podia ser conhecido ou declarado, e logo foi apelidado de “voto de cabresto”.

3. Após mobilização do movimento sufragista feminino no início do século XX, as mulheres receberam o direito de votar a partir de 1932.

4. Com o Estado Novo em 1937, as eleições diretas para presidente foram mantidas, por meio de voto censitário.

Assinale a alternativa correta.

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Questão 54090

(UFPR - 2018 - 1ª FASE) 

Leia o trecho abaixo, escrito por Agostinho de Hipona (354-430) em 410, sobre a devastação de Roma:

Não, irmãos, não nego o que ocorreu em Roma. Coisas horríveis nos são anunciadas: devastação, incêndios, rapinas, mortes e tormentos de homens. É verdade. Ouvimos muitos relatos, gememos e muito choramos por tudo isso, não podemos consolar-nos ante tantas desgraças que se abateram sobre a cidade.

(Santo Agostinho. Sermão sobre a devastação de Roma. Tradução de Jean Lauand. Disponível em: . Acesso em 11 de agosto de 2018.)

Considerando os conhecimentos sobre a história do Império Romano (27 a.C. – 476 d.C.) e as informações do trecho acima, assinale a alternativa que situa o contexto histórico em que ocorreram os problemas relatados sobre Roma e a sua consequência para o Império, entre os séculos IV e V.

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Questão 54091

(UFPR - 2018 - 1ª FASE) 

Em 5 de outubro de 1988 foi promulgada a Constituição que se encontra em vigência no Brasil. A respeito da história da construção e da aplicação dessa Constituição, considere as seguintes afirmativas:

1. Essa Constituição ampliou os direitos civis, políticos e sociais, tais como a previdência social, a proteção à maternidade e à infância e a garantia ao acesso universal à educação e à saúde.

2. Após 30 anos da promulgação dessa constituição, comemora-se o cumprimento do item III do artigo 3º da Constituição: “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”.

3. Essa Constituição foi elaborada por uma Assembleia Nacional Constituinte eleita por voto indireto em colégio eleitoral, por conta da rejeição da emenda das “Diretas Já” pelo Congresso Nacional.

4. Essa Constituição foi elaborada com a finalidade de romper com o período da ditadura civil-militar (1964-1985) e atender ao processo de redemocratização.

Assinale a alternativa correta.

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Questão 54092

(UFPR - 2018 - 1ª FASE) 

A usina de energia de Hellisheidi, na Islândia, vem testando um novo método para combater o aquecimento global: transformar o gás carbônico (CO2) em pedra. O processo ocorre em duas etapas: primeiro o CO2 é dissolvido em água em altas pressões (25 bar) e depois injetado no solo numa temperatura de 230 oC. A mineralização do gás carbônico ocorre de maneira rápida, devido à reatividade e composição do solo da região, rica em ferro, cálcio e magnésio. As duas etapas da remoção de CO₂ estão esquematizadas de maneira simplificada ao lado.

A remoção desse gás da atmosfera ocorre por:

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Questão 54093

(UFPR - 2018 - 1ª FASE) 

O níquel é empregado na indústria como catalisador de diversas reações, como na reação de reforma do etileno glicol, que produz hidrogênio a ser utilizado como combustível. O processo ocorre num tempo muito menor quando é utilizado 1 g de níquel em uma forma porosa desse material, em comparação à reação utilizando uma única peça cúbica de 1 g de níquel. Abaixo está esquematizada a equação de reforma do etileno glicol e ao lado uma imagem de microscopia eletrônica de uma amostra de níquel na forma porosa.

  

Nas condições mencionadas, a reação de reforma ocorre num tempo menor quando usado o níquel poroso porque:

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