(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
— Pois, Grilo, agora realmente bem podemos dizer que o sr. D. Jacinto está firme.
O Grilo arredou os óculos para a testa, e levantando para o ar os cinco dedos em curva como pétalas de uma tulipa:
— Sua Excelência brotou!
Profundo sempre o digno preto! Sim! Aquele ressequido galho da Cidade, plantado na Serra, pegara, chupara o húmus do torrão herdado, criara seiva, afundara raízes, engrossara de tronco, atirara ramos, rebentara em flores, forte, sereno, ditoso, benéfico, nobre, dando frutos, derramando sombra. E abrigados pela grande árvore, e por ela nutridos, cem casais* em redor o bendiziam.
Eça de Queirós, A cidade e as serras.
*casal: pequena propriedade rústica; pequeno povoado.
O teor das imagens empregadas no texto para caracterizar a mudança pela qual passara Jacinto indica que a causa principal dessa transformação foi
o retorno a sua terra natal.
a conversão religiosa.
o trabalho manual na lavoura.
a mudança da cidade para o campo.
o banimento das inovações tecnológicas.
Gabarito:
a mudança da cidade para o campo.
O teor das imagens empregadas no texto para caracterizar a mudança pela qual passara Jacinto indica que a causa principal dessa transformação foi
Alternativas
o retorno a sua terra natal.Comentário: alternativa incorreta. O personagem Jacinto de Tormes, em dia com todas as novidades da técnica e da ciência, ao chegar a Tormes, uma fictícia cidade no campo português, deparou-se com uma realidade bucólica imensamente diversa da que vivenciava em Paris.
a conversão religiosa.Comentário: alternativa incorreta. Não há o destaque da questão da conversão religiosa presente na obra literária em questão.
o trabalho manual na lavoura.Comentário: alternativa incorreta. O hábito no campo pelo personagem Jacinto é bastante presente na obra, contudo, o tema central da caracterização da mudança pela qual ele passa não é em si o trabalho manual da lavoura, mas a mudança da cidade para o campo.
a mudança da cidade para o campo.Comentário: alternativa correta.O contato com o campo fez a personagem renascer tal qual o Jacinto mitológico que se imortaliza na flor, daí a metáfora empregada pelo criado Grilo fazer-se significativa: em Paris, Jacinto era um “vivo-morto”; no campo português, renasceu para a vida, “brotou”.
o banimento das inovações tecnológicas.Comentário: alternativa incorreta.Não há o banimento das inovações tecnológicas, mas um resgate da vida campesina vivenciada pelo personagem principal.
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado
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(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:
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(Fuvest 2016)
Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:
Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...
E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.
Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento
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(Fuvest 2012)
Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo.
Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:
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