(FUVEST - 2013)
Ata
Acredito que o mau tempo haja concorrido para que os sabadoyleanos* hoje não estivessem na casa de José Mindlin, em São Paulo, gozando das delícias do cuscuz paulista aqui amavelmente prometido. Depois do almoço, visita aos livros dialogantes, na expressão de Drummond, não sabemos se no rigoroso sistema de vigilância de Plínio Doyle, mas de qualquer forma com as gentilezas das reuniões cariocas. Para o amigo de São Paulo as saudações afetuosas dos ausentespresentes, que neste instante todos nos voltamos para o seu palácio, aquele que se iria desvestir dos ares aristocráticos para receber camaradescamente os descamisados da Rua Barão de Jaguaribe.
Guarde, amigo Mindlin, para breve o cuscuz da tradição bandeirante, que hoje nos conformamos com os biscoitos à la Plínio Doyle.
Rio, 20-11-1976.
Signatários: Carlos Drummond de Andrade, Gilberto de Mendonça Teles, Plínio Doyle e outros.
Cartas da biblioteca Guita e José Mindlin. Adaptado.
* “sabadoyleanos”: frequentadores do sabadoyle, nome dado ao encontro de intelectuais, especialmente escritores, realizado habitualmente aos sábados, na casa do bibliófilo Plínio Doyle, situada no Rio de Janeiro.
As expressões “ares aristocráticos” e “descamisados” relacionam-se, respectivamente,
aos “sabadoyleanos” e a Plínio Doyle.
a José Mindlin e a seus amigos cariocas.
a “gentilezas” e a “camaradescamente”.
aos signatários do documento e aos amigos de São Paulo.
a “reuniões cariocas” e a “tradição bandeirante”.
Gabarito:
a José Mindlin e a seus amigos cariocas.
A) INCORRETA: pois em "ares aristocráticos" a referência se faz a um "aquele", isto é, um personagem apenas do sexo masculino. Sabadoyleanos se referem a mais de um personagem. Além disso, descamisados está no plural, não podendo ser Plínio Doyle.
B) CORRETA: pois quando o autor fala em "aquele que se iria desvestir dos ares aristocráticos" está se referindo a uma pessoa que vive em um local que é tido como a aristocracia daquela época (e talvez nos dias atuais): São Paulo. O único que se enquadra nessa adescrição é "José Mindlin, (que tem uma casa) em São Paulo". Além disso, quando é falado dos "descamisados" é feito uma referência a um local, "os descamisados da Rua Barão de Jaguaribe". Essa é uma rua muito importante do bairro de Ipanema, do Rio de Janeiro.
C) INCORRETA: pois a característica de "ares aristocráticos" se refere a uma pessoa unicamente, e não a um gesto. Além disso, "descaimisados" se refere a pessoas em específico e não ao modo que se realizou algo (camaradescamente).
D) INCORRETA: pois "ares aristocráticos" faz referência a apenas uma pessoa, e não várias. Além disso, a ideia de "descamisados" não está de acordo com aqueles que vêm de São Paulo (visto como o local da aristocracia), mas sim com quem vem do Rio de Janeiro, segundo a descrição do autor.
E) INCORRETA: pois "ares aristocráticos" se refere a uma pessoa, e não um envento, além de ser uma pessoa única, e não pessoas no plural. Outrossim, a tradição bandeirante é visto com apreço pelos aristocráticos, então não poderia ser referência de "descamisados".
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado
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(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:
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(Fuvest 2016)
Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:
Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...
E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.
Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento
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(Fuvest 2012)
Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo.
Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:
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