(FUVEST - 2005 - 1 FASE) Texto para as questões
“- Assim, pois, o sacristão da Sé, um dia, ajudando a missa, viu entrar a dama, que devia ser sua colaboradora na vida de D. Plácida. Viu-a outros dias, durante semanas inteiras, gostou, disse-lhe alguma graça, pisou-lhe o pé, ao acender os altares, nos dias de festa.
Ela gostou dele, acercaram-se, amaram-se.
Dessa conjunção de luxúrias vadias brotou D. Plácida. É de crer que D. Plácida não falasse ainda quando nasceu, mas se falasse podia dizer aos autores de seus dias:
- Aqui estou. Para que me chamastes? E o sacristão e a sacristã naturalmente lhe responderiam:
- Chamamos-te para queimar os dedos nos tachos, os olhos na costura, comer mal, ou não comer, andar de um lado para outro, na faina, adoecendo e sarando, com o fim de tornar a adoecer e sarar outra vez, triste agora, logo desesperada, amanhã resignada, mas sempre com as mãos no tacho e os olhos na costura, até acabar um dia na lama ou no hospital; foi para isso que te chamamos, num momento de simpatia".
(Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas)
________________________________________________________________________________________________________________________________________
A palavra assinalada no trecho “que devia ser sua colaboradora na vida de Dona Plácida” mantém uma relação sinonímica com a palavra dia(s) em:
"um dia, (...), viu entrar a dama".
"Viu-a outros dias".
"ao acender os altares, nos dias de festa".
"podia dizer aos autores de seus dias".
"até acabar um dia na lama".
Gabarito:
"podia dizer aos autores de seus dias".
A questão pede para que se assinale a alternativa que tem relação sinonímica, de semelhança de sentido, com o termo destacado (VIDA) com DIA(s). O sentido denotado por vida, no excerto do enunciado, corresponde ao significado comum da palavra: existência/modo de viver. Analisemos, então, as opções, salientado o sentido empregado do termo DIA(S):
a) "um dia, (...), viu entrar a dama". (SENTIDO DE TEMPO INEXATO)
b) "Viu-a outros dias". (SENTIDO DE TEMPO RECORRENTE)
c) "ao acender os altares, nos dias de festa". (SENTIDO DE TEMPO)
d) "podia dizer aos autores de seus dias". (SENTIDO DE EXISTÊNCIA)
e) "até acabar um dia na lama". (SENTIDO DE TEMPO INEXATO)
Portanto, a alternativa correta é a letra [d]. A expressão "de seus dias", poderia ser substituída, sem perda de sentido, por "de sua vida". O significado do trecho faz referência aos autores/leituras que a acompanharam durante a vida.
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado
Ver questão
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:
Ver questão
(Fuvest 2016)
Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:
Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...
E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.
Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento
Ver questão
(Fuvest 2012)
Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo.
Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:
Ver questão