Questão 2857

(FUVEST - 2006 - 1 FASE )

Noite de S. João para além do muro do meu quintal.
Do lado de cá, eu sem noite de S. João.
Porque há S. João onde o festejam.
Para mim há uma sombra de luz de fogueiras na noite,
Um ruído de gargalhadas, os baques dos saltos.
E um grito casual de quem não sabe que eu existo.

(Alberto Caeiro, "Poesia".)

Considerando-se este poema no contexto das tendências dominantes da poesia de Caeiro, pode-se afirmar que, neste texto, o afastamento da festa de São João é vivido pelo eu-lírico como

A

oportunidade de manifestar seu desapreço pelas festividades que mesclam indevidamente o sagrado e o profano.

B

ânsia de integração em uma sociedade que o rejeita por causa de sua excentricidade e estranheza.

C

uma ocasião de criticar a persistência de costumes tradicionais, remanescentes no Portugal do Modernismo.

D

frustração, uma vez que não experimenta as emoções profundas nem as reflexões filosóficas que tanto aprecia.

E

reconhecimento de que só tem realidade efetiva o que corresponde à experiência dos próprios sentidos.

Gabarito:

reconhecimento de que só tem realidade efetiva o que corresponde à experiência dos próprios sentidos.



Resolução:

a) oportunidade de manifestar seu desapreço pelas festividades que mesclam indevidamente o sagrado e o profano.

não há um desprezo pelo tradicional e pela mistura entre o sagrado e profano na obra de Caeiro.

b) ânsia de integração em uma sociedade que o rejeita por causa de sua excentricidade e estranheza.

ele que rejeita a sociedade e a reduz ao nada, sempre comparando os elementos. 

c) uma ocasião de criticar a persistência de costumes tradicionais, remanescentes no Portugal do Modernismo.

o modernismo tem como objetivo o rompimento com os costumes tradicionais. 

d) frustração, uma vez que não experimenta as emoções profundas nem as reflexões filosóficas que tanto aprecia.

ele é adepto a não-filosofia, ao não pensar. 

e) reconhecimento de que só tem realidade efetiva o que corresponde à experiência dos próprios sentidos.

sua poesia é permeadas pelas sensações puras e simples, e essas correspondem à real experiência.

Dessa maneira, a alternativa correta é a letra [E]. 



Questão 1779

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado

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Questão 1780

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:

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Questão 1794

(Fuvest 2016)

Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:

Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...

Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:

Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...

E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.

Jorge Amado, Capitães da Areia.

1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.

Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento

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Questão 1804

(Fuvest 2012)

Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo. 

Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:

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