(FUVEST - 2018 - 1ª FASE)
TEXTOS PARA A QUESTÃO:
(...) procurei adivinhar o que se passa na alma duma cachorra. Será que há mesmo alma em cachorro? Não me importo. O meu bicho morre desejando acordar num mundo cheio de preás. Exatamente o que todos nós desejamos. A diferença é que eu quero que eles apareçam antes do sono, e padre Zé Leite pretende que eles nos venham em sonhos, mas no fundo todos somos como a minha cachorra Baleia e esperamos preás. (...)
Carta de Graciliano Ramos a sua esposa.
(...)
Uma angústia apertou-lhe o pequeno coração. Precisava vigiar as cabras: àquela hora cheiros de suçuarana deviam andar pelas ribanceiras, rondar as moitas afastadas. Felizmente os meninos dormiam na esteira, por baixo do caritó onde sinha Vitória guardava o cachimbo.
(...)
Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.
Graciliano Ramos, Vidas secas
A comparação entre os fragmentos, respectivamente, da Carta e de Vidas secas, permite afirmar que
“será que há mesmo” e “acordaria feliz” sugerem dúvida.
“procurei adivinhar” e “precisava vigiar” significam necessidade.
“no fundo todos somos” e “andar pelas ribanceiras” indicam lugar.
“ padre Zé Leite pretende” e “Baleia queria dormir” indicam intencionalidade.
“todos nós desejamos” e “dormiam na esteira” indicam possibilidade.
Gabarito:
“ padre Zé Leite pretende” e “Baleia queria dormir” indicam intencionalidade.
Alternativas:
“será que há mesmo” e “acordaria feliz” sugerem dúvida. Comentário: alternativa incorreta, pois em ambos os fragmentos não é possível perceber um sentido em comum. O primeiro fragmento apresenta uma ideia de dúvida(“será que há mesmo”). Já a segunda expressão apresenta uma ideia de possibilidadea( “acordaria feliz”).
“procurei adivinhar” e “precisava vigiar” significam necessidade.Comentário: alternativa incorreta, pois em ambos os fragmentos não é possível perceber um sentido em comum. A primeira oração apresenta o sentido de ter a intenção em praticar a ação de adivinhar. Diferentemente da segunda expressão que é colocada como indicativo de necessidade.
“no fundo todos somos” e “andar pelas ribanceiras” indicam lugar. Comentário: alternativa incorreta, pois em ambos os fragmentos não é possível perceber um sentido em comum.Comentário: alternativa incorreta, pois em ambos os fragmentos não é possível perceber um sentido em comum. A primeira expressão apresenta como uma afirmação(sigifica:"de fato"/"realmente"). Já a outra expressão “andar pelas ribanceiras” indica o sentido de lugar.
“ padre Zé Leite pretende” e “Baleia queria dormir” indicam intencionalidade. Comentário: alternativa correta, pois ambos os fragmentos apresentam a ideia de intenção ou desejo de praticar alguma ação, por meio da indicação dos respectivos modos verbais “pretende” e “queria dormir”.
“todos nós desejamos” e “dormiam na esteira” indicam possibilidade.Comentário: alternativa incorreta, pois em ambos os fragmentos não é possível perceber um sentido em comum. Em “todos nós desejamos” apresenta o sentido de certeza( é certo que todos nós desejamos). E em “dormiam na esteira” é indicativo de lugar("esteira").
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado
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(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:
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(Fuvest 2016)
Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:
Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...
E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.
Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento
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(Fuvest 2012)
Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo.
Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:
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