(FUVEST - 2019 - 1ª FASE)
I. Surge então a pergunta: se a fantasia funciona como nosso eu; se o que há de mais profundo em nós é no fim de contas a opinião dos outros; se estamos condenados a não atingir o que nos parece realmente valioso –, qual a diferença entre o bem e o mal, o justo e o injusto, o certo e o errado? O autor passou a vida a ilustrar esta pergunta, que é modulada de maneira exemplar no primeiro e mais conhecido dos seus grandes romances de maturidade.
II. É preciso todavia lembrar que essa ligação com o problema geográfico e social só adquire significado pleno, isto é, só atua sobre o leitor, graças à elevada qualidade artística do livro. O seu autor soube transpor o ritmo mesológico para a própria estrutura da narrativa, mobilizando recursos que a fazem parecer movida pela mesma fatalidade sem saída. (...) Da consciência mortiça da personagem podem emergir os transes periódicos em que se estorce o homem esmagado pela paisagem e pelos outros homens.
Nos fragmentos I e II, aqui adaptados, o crítico Antonio Candido avalia duas obras literárias, que são, respectivamente,
A Relíquia e Sagarana.
O Cortiço e Iracema.
Sagarana e O Cortiço.
Mayombe e Minha Vida de Menina.
Memórias Póstumas de Brás Cubas e Vidas Secas.
Gabarito:
Memórias Póstumas de Brás Cubas e Vidas Secas.
No texto I, Antonio Candido refere-se a uma primeira obra de um autor em sua fase madura: “O autor passou a vida a ilustrar esta pergunta, que é modulada de maneira exemplar no primeiro e mais conhecido dos seus grandes romances de maturidade”, o que faz referência ao autor Machado de Assis e sua obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, responsável pela inauguração do Realismo no Brasil. Além disso, o movimento realista procura expor os problemas sociais de forma verdadeira e clara, processo contrário ao movimento romântico que buscava idealizar a realidade. Dessa forma, no trecho: “ se estamos condenados a não atingir o que nos parece realmente valioso”, além de apresentar essa realidade de forma nua e crua, também apresenta uma referência ao personagem principal da obra, Brás Cubas, que tenta criar um emplasto para a felicidade e fracassa.
Já no texto II, o crítico menciona uma obra em que os personagens têm total relação com o meio em que vivem, além de mencionar que os problemas sociais apresentados na narrativa se fundem com a história através da qualidade artística do livro, ou seja, da construção de personagens e da linguagem utilizada, fazendo referência a obra “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos. Nela as características dos personagens se assemelham à rudeza da paisagem seca e pobre do sertão, como mencionado no trecho: “Da consciência mortiça da personagem podem emergir os transes periódicos em que se estorce o homem esmagado pela paisagem e pelos outros homens.”
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado
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(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:
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(Fuvest 2016)
Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:
Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...
E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.
Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento
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(Fuvest 2012)
Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo.
Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:
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