Questão 35319

(FUVEST - 2019 - 1ª FASE)

TEXTOS PARA A QUESTÃO:
 
Sonetilho do falso Fernando Pessoa

Onde nasci, morri.
Onde morri, existo.  
E das peles que visto  
muitas há que não vi

Sem mim como sem ti
posso durar. Desisto  
de tudo quanto é misto  
e que odiei ou senti.

Nem Fausto nem Mefisto,  
à deusa que se ri  
deste nosso oaristo*,  

eis‐me a dizer: assisto  
além, nenhum, aqui,  
mas não sou eu, nem isto.

Carlos Drummond de Andrade.  Claro Enigma.  

Ulisses

O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus  
É um mito brilhante e mudo ‐  
O corpo morto de Deus,  
Vivo e desnudo.  

Este, que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.  
Por não ter vindo foi vindo  
E nos criou.  

Assim a lenda se escorre  
A entrar na realidade,  
E a fecundá‐la decorre.  
Em baixo, a vida, metade
De nada, morre.

Fernando Pessoa. Mensagem

O oxímoro é uma “figura em que se combinam palavras de sentido oposto que parecem excluir‐se mutuamente, mas que, no contexto, reforçam a expressão” (HOUAISS, 2001). No poema “Sonetilho do falso Fernando Pessoa”, o emprego dessa figura de linguagem ocorre em:

A

“Onde morri, existo” (L. 2).

B

“E das peles que visto / muitas há que não vi” (L. 3‐4).

C

“Desisto / de tudo quanto é misto / e que odiei ou senti” (L. 6‐8).

D

“à deusa que se ri / deste nosso oaristo” (L. 10‐11).

E

“mas não sou eu, nem isto” (L. 14).

Gabarito:

“Onde morri, existo” (L. 2).



Resolução:

Aqui está clara a oposição das duas palavras, algo que é morto, deixa de existir, em sentido real, porém, no poema, ela dá sentido contrário, o de existência. Como o próprio enunciado diz, reforça a ideia da existência. Essa figura de linguagem se difere da Antítese, que traz a ideia das oposições, mas que uma palavra não “anula”, no sentido estrito, para dar ênfase!



Questão 1779

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado

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Questão 1780

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:

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Questão 1794

(Fuvest 2016)

Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:

Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...

Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:

Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...

E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.

Jorge Amado, Capitães da Areia.

1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.

Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento

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Questão 1804

(Fuvest 2012)

Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo. 

Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:

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