Questão 36945

(FUVEST - 2018 - 2ª FASE)

Leia o texto e responda ao que se pede.

- Não veem teus olhos lá o formoso jacarandá, que vai subindo às nuvens? A seus pés ainda está a seca raiz da murta* frondosa, que todos os invernos se cobria de rama e bagos vermelhos, para abraçar o tronco irmão. Se ela não morresse, o jacarandá não teria sol para crescer tão alto.

José de Alencar, Iracema

* murta: arbusto, árvore pequena

a) É possível relacionar a imagem da murta ao destino de Iracema no romance? Explique.

b) A frase “Se ela não morresse, o jacarandá não teria sol para crescer tão alto” pode ser entendida como uma alegoria do processo de colonização do Brasil? Explique.

Gabarito:

Resolução:

a) José de Alencar, em "Iracema", frequentemente encadeia metáforas e alegorias da natureza para representar a vida, a beleza e os sentimentos da heroína do romance. Iracema pode, sim, ser simbolizada pela murta nessa passagem: raiz fincada na terra, mas que cede sua vida até secar por um tronco frondoso, Martim, que depende de seu sacrifício para sobreviver. Iracema morre pra amamentar seu filho e protegê-lo na ausência do guerreiro branco e, como o arbusto amazônico, se martiriza em prol de seu instinto de proteção do outro. 

b) A imagem da morte da murta, Iracema (ou, no caso da alegoria, a América) aos pés do sólido e imponente tronco do jacarandá, Martim (que alegoriza o guerreiro português colonizador) pode, sim, simbolizar o processo violento de dominação dos povos e conquista de terras indígenas no século XVI. A presença do nativo é essencial para a sobrevivência do dominador, enquanto a ação portuguesa é destrutiva e condena os povos orginais a abdicar de seu solo. Se os indígenas tivessem sido capazes de resistir à violência portuguesa, estes últimos não teriam "sol" para concretizar sua expansão em terras brasileiras. 



Questão 1779

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado

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Questão 1780

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:

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Questão 1794

(Fuvest 2016)

Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:

Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...

Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:

Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...

E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.

Jorge Amado, Capitães da Areia.

1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.

Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento

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Questão 1804

(Fuvest 2012)

Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo. 

Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:

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