(FUVEST 2020 - 2 fase) Observe a imagem e leia o texto.
Felipe Guamán Poma de Ayala, o autor da imagem, foi um cronista ameríndio de ascendência incaica que viveu no Peru entre 1534 e 1615. A imagem faz parte de sua Nueva Corónica y Buen Gobierno, finalizada no começo do século XVII e endereçada ao rei Felipe III, sendo acompanhada da seguinte legenda, traduzida do espanhol:
“Pobre dos índios, de seis animais que comem e a que temem os pobres dos índios deste reino: serpente, corregedor; tigre, espanhóis das cidades; leão, encomendero; cadela, padre da doutrina; gato, escrivão; rato, cacique principal. Estes ditos animais que não temem a Deus esfolam aos pobres índios deste reino, e não há remédio, pobre Jesus Cristo”.
a) Identifique a situação do Peru quando da elaboração da obra.
b) Descreva as estruturas de poder político e econômico que são comentadas na imagem e no texto que a acompanha.
c) Analise as tensões no mundo indígena sugeridas por texto e imagem.
Gabarito:
Resolução:
a) Felipe Guamán viveu entre os anos 1534-1615 período da consolidação da conquista espanhola na América, seu texto retrata este momento. Período marcado pela violência sistemática contra as diversas sociedades indígenas para garantir a supremacia espanhola. Guamán possui ascendência incaica, Império que foi destruído em 1572 com a morte do seu último líder.
b) A maior estrutura de poder nesse momento baseava-se nos Vice Reinos que representavam extensões locais do poder da metrópole, a economia era gerida por meio do sistema de mita e encomienda, que organizavam o trabalho compulsório que era imposto aos indígenas, e, todas essas instituições, eram geridas por um espanhol colono, escolhido pelo Rei. A figura do encomendero e dos padre jesuítas em missão são destacadas no texto: “espanhóis das cidades; leão, encomendero; cadela, padre da doutrina”. evidenciando as relações de poder, seja pelo trabalho ou pela doutrinação cristã, instauradas na qual o indígena encontrava-se sempre em posição inferior após a destruição dos seus Impérios.
c) O texto e a imagem representam os conflitos entre europeus e indígenas no período da Conquista da América que levaram ao genocídio das sociedades indígenas e a destruição dos grandes impérios nativos do período. O texto e a imagem apresentam o indígena na posição de vítima de diversos predadores, entre estes destaca-se o espanhol, que é equiparado a outros predadores nativos, animais selvagens. “Estes ditos animais que não temem a Deus esfolam aos pobres índios deste reino”
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado
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(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:
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(Fuvest 2016)
Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:
Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...
E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.
Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento
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(Fuvest 2012)
Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo.
Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:
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