(FUVEST 2014 - 2 fase) Observe o seguinte trecho de Til, de José de Alencar, no qual o narrador caracteriza a personagem Berta:
Contradição viva, seu gênio é o ser e o não ser. Busquem nela a graça da moça e encontrarão o estouvamento do menino; porém mal se apercebam da ilusão, que já a imagem da mulher despontará em toda sua esplêndida fascinação. A antítese banal do anjo-demônio torna-se realidade nela, em quem se cambiam no sorriso ou no olhar a serenidade celeste com os fulvos lampejos da paixão, à semelhança do firmamento onde ao radiante matiz da aurora sucedem os fulgores sinistros da procela.
a) Segundo o narrador, Berta é uma “contradição viva”, cujo “gênio é o ser e o não ser”. Como essa característica da personagem se relaciona à principal função que ela desempenha na trama do romance?
b) Considerando a expressão “anjo-demônio” no contexto cultural da época em que foi escrito o romance, justifica-se o fato de o narrador classificá-la como “antítese banal”? Explique resumidamente.
Gabarito:
Resolução:
a) O papel da persoangem Berta na trama alencariana é o de redimir as demais personagens. Sendo assim, a heroína de "Til" tem que adquirir esse aspecto volúvel, entre o "ser e o não ser" para, através de engenhosas atitudes, conseguir seus objetivo de tirar o mal dos outros e fazê-los felizes. A versatilidade é um traço importante da personagem, o que justifica sua astúcia combinada à delicadeza e formosura. É um tipo idealizado, comum a personagens femininas do autor romântico, como Iracema e Aurélia, de outros romances.
b) Pensando-se o contexto das letras e da sociedade oitocentistas, o paradoxo "anjo-demônio" utilizado por Alencar na descrição de Berta é, sim, "banal". Além de uma presença ainda marcante do ideário e dos mitos cristãos no pensamento comum, o romantismo apropriou-se da dualidade de caráter como uma tópica para a construção de personagens complexas, em especial femininas. A conjugação de doçura e aspereza, ingenuidade e astúcia, virtude e pecado é um lugar comum da prosa romântica, que se estenderá por muito tempo na história da literatura.
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado
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(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:
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(Fuvest 2016)
Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:
Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...
E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.
Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento
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(Fuvest 2012)
Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo.
Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:
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