Questão 44466

(FUVEST 2014 - 2 fase) No poema “Sentimento do mundo”, que abre o livro homônimo de Carlos Drummond de Andrade, dizem os versos iniciais:

Tenho apenas duas mãos

e o sentimento do mundo,

Considerando esses versos no contexto da obra a que pertencem, responda ao que se pede.

a) Que desejo do poeta fica pressuposto no verso “Tenho apenas duas mãos”?

b) No poema de abertura do primeiro livro de Carlos Drummond de Andrade – Alguma poesia (1930) – apareciam os conhecidos versos

Mundo mundo vasto mundo

mais vasto é meu coração.

Quando, anos depois, o poeta afirma ter “o sentimento do mundo”, ele ratifica ou altera o ponto de vista que expressara nos citados versos de seu livro de estreia? Explique sucintamente.

Gabarito:

Resolução:

a) As "duas mãos", referidas no verso de Drummond, revelam um eu lírico que, numa fase engajada do autor, deseja superar a impotência que a própria condição contingente de sua humanidade o impõe. Suas ações são limitadas, mas ele carrega em si o "sentimento" e, portanto, a empatia e o ímpeto de provocar mudança. O advérbio "apenas", de intensidade negativa, revela a fraqueza do individual, ao mesmo tempo que é capaz de conclamar, a partir da unidade desse sentimento, um despertar do coletivo - como vemos em diversos outros momentos nessa obra drummondiana. 

b) A passagem do "vasto coração" do eu lírico drummondiano a um coração que carrega o "sentimento do mundo" nota-se uma importante inflexão na obra e no pensamento do poeta. Enquanto em "Alguma poesia", seus versos colocam o leitor diante de um eu lírico voltado para o "eu", irônico, melancólico e viajante em seus próprios sentimentos, na fase da segunda obra cria-se uma importante transfiguração. Um "eu", portanto, mais envolvido com a realidade, em que as angústias do outro e os problemas do mundo substituem a autorreflexão é quem guia liricamente o leitor de "Sentimento do mundo". 



Questão 1779

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado

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Questão 1780

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:

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Questão 1794

(Fuvest 2016)

Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:

Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...

Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:

Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...

E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.

Jorge Amado, Capitães da Areia.

1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.

Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento

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Questão 1804

(Fuvest 2012)

Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo. 

Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:

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