(FUVEST 2013 - 2 fase)
Embora seja, com frequência, irônico a respeito do livro e de si mesmo, o narrador das Viagens na minha terra não deixa de declarar ao leitor que essa obra é “primeiro que tudo”, “um símbolo” , na medida em que, diz ele, “uma profunda ideia (...) está oculta debaixo desta ligeira aparência de uma viagenzita que parece feita a brincar, e no fim de contas é uma coisa séria, grave, pensada (...)”. Tendo em vista essas declarações do narrador e considerando a obra em seu contexto histórico e literário, responda ao que se pede.
a) Do ponto de vista da história social e política de Portugal, o que está simbolizado nessa viagem?
b) Considerada, agora, do ponto de vista da história literária, o que essa obra de Garrett representa na evolução da prosa portuguesa? Explique resumidamente.
Gabarito:
Resolução:
a) A viagem do narrador de Garret, em suas viagens por Portugal, ressucita a história da fundação da cultura e da sociedade lusitana, fazendo uma ampla coletânea de lendas, fatos e referências formadoras da identidade e do passado português. A patir desse procedimento, fortemente apegado à tradição, o romance revela um tom nacionalista e, em certa medida, quase conservador. A busca de um resgate identitária e da conservação de uma essência sociocultural é uma marca do movimento estético romântico do qual Garret e sua obra participam.
b) Garret e seu romance marcam o início da prosa moderna portuguesa. Sendo um dos primeiros e mais importantes românticos da literatura em Portgal, o autor inaugura na língua-mãe procedimentos como a coloquialidade, a transgressão dos gêneros clássicos, o estilo pessoal e digressivo e as estratégias estéticas idealizantes que marcam o romance "pós-clássico" na Europa, do qual Garret é precursor nacional.
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado
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(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:
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(Fuvest 2016)
Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:
Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...
E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.
Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento
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(Fuvest 2012)
Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo.
Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:
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