(FUVEST 2012 - 2 fase) Leia atentamente este texto:
“Dos púlpitos dessa igreja, o padre Antônio Vieira pronunciara com sua voz de fogo os sermões mais célebres de sua carreira”, escreveu Jorge Amado, protestando [contra o projeto de demolição da igreja da Sé]. Conta Jorge que correu na época [decênio de 1930] a notícia de que o arcebispo embolsou gorjeta grande para permitir que a Companhia Linha Circular de Carris da Bahia abatesse o templo. Não há provas do suborno, é certo, mas o fato é que o arcebispo, em documento assinado por ele mesmo, deu a sua “inteira aquiescência” à obra destrutiva. A irritação anticlerical de Jorge Amado subiu então ao ponto de ele fazer o elogio dos “índios patriotas” que, nos primeiros dias coloniais, haviam realizado uma “experiência culinária” com o bispo Sardinha. Acrescentando ainda que, naquela década de 1930, baiano já não gostava de bispo nem como alimento.
Antonio Risério, Uma história da cidade da Bahia. Adaptado.
a) As expressões “inteira aquiescência” e “índios patriotas”, citadas no texto, procedem, ambas, da mesma fonte (autor que utilizou tais expressões)? Justifique sua resposta.
b) Tendo em vista o contexto, é correto afirmar que a expressão “experiência culinária” é usada com sentido irônico?
Gabarito:
Resolução:
a) Não. As expressões correspondem a falas atribuídas, respectivamente, ao arcebispo baiano e ao escritor Jorge Amado.
b) Sim. A "experiência culinária" mencionada pelo escritor baiano é, na realidade, uma experiência antropofágica, ou seja, o bispo Sardinha foi comido pelos "índios patriotas". Além das aspas, que podem indicar esse uso irônico, a frase final "baiano já não gostava de bispo nem como alimento" comprova o sentido bem humorado da expressão nesse contexto.
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado
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(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:
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(Fuvest 2016)
Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:
Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...
E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.
Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento
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(Fuvest 2012)
Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo.
Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:
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